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Antes das manifestações programadas nas principais cidades italianas, milhares de opositores à obrigação do passe sanitário para o trabalho, que entrou em vigor nesta sexta-feira (15), se mobilizaram em todo o país com bloqueios nas entradas de portos e armazéns.

O setor de transporte e logística é o principal envolvido nas ações: no transporte rodoviário, até 30% dos 900 mil motoristas, entregadores e trabalhadores de armazéns não estão vacinados, informou à AFP o patrão da organização patronal Confetra, Ivano Russo.

Esta manhã, quase 300 estivadores montaram um piquete na entrada do porto de Gênova (noroeste) para impedir a entrada de caminhões, de acordo com um fotógrafo da AFP.

"Hoje está muito difícil descarregar", testemunhou Marco, um caminhoneiro de 50 anos, citado pela agência Ansa. "Eu me vacinei para trabalhar".

Em Trieste (nordeste), "o porto funciona" apesar da reunião de mais de 6.500 opositores, garantiu o presidente da região de Friul-Veneza Júlia, Massimiliano Fedriga. "Claro que existem algumas dificuldades em alguns pontos, mas funciona".

O mesmo acontece em Nápoles e nos portos do Adriático, em particular em Bari e Brindisi.

"Cidadãos, não fantoches", "Não ao passe sanitário, sem discriminação", diziam as faixas em Trieste.

Em Veneza, a rede dos famosos "vaporetto" operava normalmente, assim como o transporte público em Roma ou Milão. Em Settala, próximo a Milão, cerca de trinta funcionários impediam o acesso a um local da entregadora DHL.

Além disso, um quarto dos 400.000 trabalhadores agrícolas italianos e estrangeiros não são vacinados, de acordo com a confederação agrícola Coldiretti. "Com a colheita de azeitonas e maçãs, isso pode criar algumas dificuldades", comentou à AFP Romano Magrini, funcionário da Coldiretti.

- 1.500 euros de multa -

De acordo com a lei adotada pelo governo de coalizão de Mario Draghi, qualquer funcionário que não tenha sido vacinado ou que não tenha se recuperado recentemente da covid-19 deve apresentar ao seu empregador prova de um teste negativo que ele mesmo pagou, sob pena de ser declarado faltoso e privado de seu salário.

O trabalhador que chegar ao local de trabalho sem o passe incorre em multa de até 1.500 euros.

Mais de 85% dos italianos com mais de 12 anos receberam pelo menos uma dose, mas até três milhões de outras pessoas, não vacinadas, correm o risco de ter o acesso negado a seus locais de trabalho.

Ao tornar o passe de saúde obrigatório, o Executivo quer estimular a imunização. Aposta parcialmente ganha, já que 560.000 novos passes de saúde foram baixados na quarta-feira e 860.000 na quinta.

Mario Draghi espera limitar o risco de surtos epidêmicos e evitar novos confinamentos na Itália, um dos países europeus mais afetados pela pandemia, com mais de 130.000 mortes e uma queda no PIB de 8,9% em 2020.

O programa de vacinação lançado em dezembro do ano passado manteve as taxas de infecção baixas e a terceira maior economia da zono do euro deve crescer 5,8% este ano, de acordo com as últimas previsões do FMI.

Em Roma, as autoridades se preparam para novas mobilizações após a manifestação anti-passe no sábado passado, que degenerou em confrontos violentos.

Um protesto foi marcado para começar às 16h00 (11h00 de Brasília).

No sábado, os sindicatos convocaram uma marcha antifascista para denunciar o ataque à sede da Cgil, principal confederação do país, durante a manifestação anti-passe de 9 de outubro, atribuída a um pequeno grupo de extrema-direita, Forza Nuova.

Milhares de pessoas voltaram às ruas em várias cidades francesas, neste sábado (4), para protestar contra o passaporte sanitário imposto pelo governo de Emmanuel Macron. Na capital, Paris, milhares marcharam da Torre Eiffel até a Esplanade des Invalides, gritando "Liberdade!".

Todos os sábados, desde julho, centenas de milhares de pessoas de vários grupos têm protestado na França contra o certificado, ou "passe sanitário",obrigatório em bares, restaurantes, transportes interurbanos e até hospitais.

Esta heterogênea multidão inclui grupos como os "coletes amarelos", militantes antivacinas, aqueles que apoiam teorias da conspiração sem qualquer sentido e opositores do governo Macron.

Podem ser considerados documentos válidos um certificado de vacinação completo, um teste de coronavírus negativo em menos de 72 horas, ou um certificado de recuperação em menos de seis meses.

Durante a marcha, alguns manifestantes vaiaram clientes em bares e restaurantes, segundo um jornalista da AFP.

Milhares de manifestantes também marcharam em Marselha (sudeste), a segunda maior cidade do país, a maioria sem máscaras e agitando a bandeira francesa. "Não à discriminação. Não à intimidação: liberdade", dizia um banner.

De acordo com a pesquisa da consultoria Odoxa Backbone, 67% dos franceses aprovam o passe sanitário, o qual o presidente Emmanuel Macron não descarta que se estenda para depois de 15 de novembro.

A pandemia da covid-19 já deixou mais de 115.000 mortos na França. Com o início do ano letivo e o retorno ao trabalho após as férias de verão (inverno no Brasil), os médicos se preparam para um possível aumento do número de casos. Hoje, a média diária é de 17 mil infecções por coronavírus.

Apesar dos protestos semanais, o passe sanitário impulsionou a vacinação contra a Covid-19 em uma França antes atrasada e conseguiu angariar o apoio da maioria da população, sete meses antes da eleição presidencial.

Sete semanas após o anúncio do presidente Emmanuel Macron, os franceses já estão acostumados a exibir seu certificado em restaurantes, bares, academias e museus.

Pessoas totalmente imunizadas têm acesso a essa chave para uma vida social e cultural mais ampla, bem como aqueles que tiveram um teste de diagnóstico negativo ou superaram a Covid-19 nos últimos seis meses.

"No início, não achei que funcionaria", mas "as pessoas entenderam e é relativamente respeitado", diz Djillali Annane, chefe do serviço de reanimação do hospital Raymond-Poincare em Garches, na região de Paris.

Apesar das críticas a uma medida considerada discriminatória para os não vacinados, milhões de pessoas deram um passo em direção à imunização para evitar fazer exames diagnósticos a cada três dias.

Em relação aos vacinados com pelo menos uma dose, a França ultrapassou nas últimas semanas os Estados Unidos e a Alemanha, assim como o Reino Unido e a Itália, segundo dados oficiais analisados pela AFP.

A segunda economia da União Europeia (UE) administrou ao menos uma dose a 72,3% de sua população e, junto com Suécia e Finlândia, vacina em um ritmo acelerado: 0,6% da população por dia.

Mas ainda está longe de alcançar os países europeus mais avançados, como Espanha, Malta e Portugal, onde mais de 80% das pessoas receberam a primeira dose.

- Injeção de moral -

Para Macron, que deve disputar um segundo mandato nas eleições presidenciais marcadas para abril, a resposta favorável ao sistema de passe sanitário fortaleceu seu governo, segundo pesquisas.

De acordo com pesquisas recentes do Elabe, entre 64% e 77% dos franceses apoiam essa medida, e a confiança na gestão governamental da crise está em seu nível mais alto desde o início da pandemia.

Para Bernard Sananes, diretor do Elabe, o presidente de 43 anos "dá a impressão de ter atravessado a crise com momentos difíceis, mas sem deixar espaço para uma alternativa, para que ninguém diga: 'Fulano teria feito melhor'".

A falta de máscaras no início da crise e a lentidão inicial da campanha de vacinação representaram, no entanto, munição para seus adversários, entre eles sua rival de extrema direita Marine Le Pen.

O passe sanitário também provocou a ira de alguns setores, que protestam todos os sábados para denunciar a "ditadura" imposta pelo presidente.

Alguns manifestantes não vacinados até exibiram uma estrela amarela para se comparar aos judeus perseguidos durante a Segunda Guerra Mundial, um paralelo criticado pelos sobreviventes do Holocausto.

Em parte por causa desses excessos, os protestos não angariaram amplo apoio, ao contrário de outros movimentos durante o mandato turbulento de Macron, como os "coletes amarelos" em 2018 e 2019.

"Para a maioria das pessoas, mostrar o celular na entrada de um restaurante se tornou um costume. Os manifestantes não tiveram sucesso no terreno ideológico", comentou Sananes à AFP.

A oposição, porém, é "uma minoria, mas não é marginal", com entre 20% e 25% de apoio, adverte.

Com o início do ano letivo e o retorno ao trabalho após as férias de verão, os médicos se preparam para um possível aumento das infecções, que atualmente chega a uma média de 17 mil por dia.

"O vetor da epidemia serão as pessoas não vacinadas", disse a epidemiologista Catherine Hill à AFP, para quem entre essas quase 20 milhões de pessoas "o vírus pode continuar a circular".

E independente dos sucessos de curto prazo, "estamos à mercê de uma nova variante", enfatiza.

Um certificado de vacinação será exigido em Nova York para entrar em restaurantes, academias e locais de entretenimento, anunciou nesta terça-feira (3) o prefeito democrata Bill de Blasio, tornando sua cidade a primeira nos Estados Unidos a criar um passe sanitário.

O dispositivo, denominado "Key to NYC pass", "exigirá a vacinação de funcionários e clientes de restaurantes fechados, academias e salas de espetáculos", explicou o prefeito durante coletiva de imprensa, especificando que seria necessária "pelo menos uma dose" de vacina.

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"Se você foi vacinado (...), você tem a chave, pode abrir a porta. Mas se você não for vacinado, infelizmente, não poderá participar de muitas atividades", acrescentou Bill de Blasio.

Ele especificou que o dispositivo seria lançado em 16 de agosto, mas que as primeiras verificações para aplicá-lo aconteceriam a partir de 13 de setembro.

Nas últimas duas semanas, o prefeito e o governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, multiplicaram os anúncios para fortalecer a vacinação de funcionários e recomendar o uso de máscaras, diante do ressurgimento do número de casos de covid-19 devido à variante Delta.

Em Nova York, cidade com mais de 8 milhões de habitantes, 71,8% dos adultos receberam pelo menos uma dose da vacina, segundo dados da prefeitura.

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