Tópicos | Patinetes Elétricos

Os patinetes elétricos, alugados com um aplicativo de celular, invadiram o centro de Roma após o fim do confinamento, uma novidade para a cidade que provocou aprovação, mas também frustração.

Graças a um fim de semana muito ensolarado, milhares de usuários, em sua maioria jovens, se deslocaram entre os becos e os magníficos monumentos do centro histórico da capital italiana.

Tudo parece indicar que os italianos, após quase três meses de confinamento obrigatório, saíram de suas casas para o patinete elétrico, um novo sistema de transporte, individual e moderno.

O fenômeno suscita admiração, dúvidas e também irritação entre os romanos, cuja cidade se une às grandes metrópoles invadidas por esse veículo para a mobilidade pessoal.

"Roma está cheia de carros, scooters e, portanto, é importante usar esse tipo de transporte que respeite o meio ambiente", explicou à AFP Vito, um turista de Bari que passeava com sua família. "Somos turistas e, para evitar o transporte público, devido ao coronavírus, decidimos alugar patinetes", conta.

"Não queremos andar de ônibus nem estar com multidões de pessoas", confirma Mariarosa, outra turista, que não tem medo de usar o patinete, embora exija alguma habilidade devido aos clássicos paralelepípedos.

A Cidade Eterna, entre as piores cidades do mundo em engarrafamentos e tráfego, promove há anos o aluguel de bicicletas e pequenos carros elétricos através de aplicativos de celular. Quatro empresas operam na capital desde sua autorização em 1º de março e o projeto prevê uma fase experimental de dois anos com um número máximo de 16.000 patinetes.

Os usuários devem circular com uma velocidade máxima de 25 km/h, ter mais de 14 anos e evitar calçadas, entre outras normas. A nova moda provocou os primeiros protestos de associações de táxis, que temem um aumento do número de acidentes.

A Lime, empresa de patinetes elétricos, anunciou que irá recolher todas as unidades em cerca de 20 países, entre eles Brasil, Estados Unidos e Chile, à medida que se amplia a pandemia de Covid-19.

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, a empresa informou que também irá suspender seus serviços na Espanha, França e Áustria, e manterá na Austrália e Coreia do Sul.

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"A Covid-19 representa um desafio sem precedentes para cidades e comunidades de todo o mundo", disse Brad Bao, diretor-executivo e fundador da Lime. "Assim como vocês, estamos preocupados com as cidades que amamos e chamamos de lar, as pessoas a quem servimos e nossos colegas em campo (...) Estamos interrompendo o serviço para ajudar as pessoas a permaneceram em casa e ficarem a salvo."

A empresa assinalou que, nas cidades onde os patinetes ainda estão disponíveis, estão sendo tomadas medidas extra de precaução, como "a limpeza de todas as partes do aparelho em que as pessoas tocam". Também recomendou ao usuário vestir luvas, por precaução.

Segundo Bao, a empresa continuará ajustando suas operações à medida que a situação evolui.

O uso de patinetes elétricos, que tem se tornado cena comum nos centros das grandes cidades brasileiras, também é uma alternativa cada vez mais popular entre turistas e moradores da capital uruguaia, Montevidéu. O número de veículos dobrou desde fevereiro deste ano, quando tiveram início as operações na cidade. O sucesso é tanto que as empresas já trabalham com a expectativa de aumentar a quantidade de patinetes até junho. 

Os usuários têm aprovado o serviço e aproveitam a novidade para passear pela famosa Rambla, avenida que margeia o Rio da Prata.

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É o caso da dentista brasileira Camila Fernandes, 25 anos, que visita Montevidéu com a família pela primeira vez. Natural de Ubatuba, no litoral de São Paulo, ela aprovou o serviço e disse que achou muito fácil e seguro de conduzir. "Não é perigoso para nós, adultos, que temos noções de direção. Mas realmente seria perigoso para uma criança, por exemplo".

Juntamente com a mãe, a tia e o irmão, Camila baixou o aplicativo que libera o uso dos patinetes e aproveitou o dia de passeio para conhecer o bairro de Pocitos.

Tia de Camila, Magali Fernandes disse que os patinetes são ótimos para quem, como ela, curte conhecer a arquitetura e o clima da cidade. "A vista do litoral é maravilhosa. Lá em Ubatuba também temos litoral, mas é muito diferente.”

Em Montevidéu, duas empresas operam os patinetes elétricos. A primeira a se instalar, em fevereiro deste ano, foi a mexicana Grin, que trouxe para as ruas da cidade cerca de 200 "monopatines" (como são conhecidos os patinetes). No final de abril, desembarcou no país a norte-americana Lime, com mais 300 veículos. Há ainda a expectativa da chegada da espanhola Movo, com outros 300 patinetes.

Poluição do ar

O diretor de relações governamentais da Lime para América do Sul, Felipe Daud, afirma que, além da mobilidade urbana, o uso dos patinetes elétricos é um importante aliado para a diminuição da poluição do ar.

"O tema da poluição do ar é muito importante para cidades como Bogotá, Cidade do México e Santiago do Chile, cidades muito poluídas. No Chile, por exemplo, a gente acabou de fazer uma pesquisa e descobrimos que cerca de 30% a 35% das nossas viagens substituem corridas de carro. As corridas de patinete chamamos de "última milha", pois é feita para você andar mais ou menos 1 ou 2 quilômetros, por dez ou quinze minutos, no máximo. Já se sabe que muitas das viagens de Uber ou de táxi são viagens curtas, de até dois quilômetros, com apenas um passageiro. Essa viagem pode ser facilmente substituída pelo patinete", defende Felipe.

De acordo com ele, a Lime é a maior empresa de patinetes elétricos do mundo, presente em mais de cem cidades. Apenas em Santiago, capital do Chile, já foram feitas mais de 700 mil corridas usando o patinete elétrico. Na América Latina, ele afirma que já foram registradas mais de 1 milhão de viagens e, no mundo, mais de 50 milhões.

"A gente estima que o mercado de Bogotá, por exemplo, no futuro, possa ter até 100 mil patinetes (sendo 1 patinete para cada cem habitantes). É um mercado onde você pouparia 48 milhões de toneladas cúbicas de CO2/ano", afirma Felipe.

De acordo com pesquisas globais conduzidas pela Lime em 26 cidades, aproximadamente 1 em cada 3 viagens feitas em patinete substituiu um passeio que, de outra forma, teria sido feito de carro. A empresa estima que, com isso, tenha impedido a emissão de 6.220 toneladas de carbono na atmosfera.

Segurança

Em entrevista à Agência Brasil, o secretário geral da Unidade Nacional de Segurança Viária (Unasev) do Uruguai, Adrián Bringa, explicou que o país vive um boom semelhante ao ocorrido alguns anos antes com as bicicletas elétricas. 

A regulamentação desse tipo de transporte, enquadrado com veículo elétrico, foi fruto de um trabalho técnico rigoroso para definição de regras e normas. Por enquanto, os patinetes são equiparados às bicicletas elétricas e os usuários não estão sujeitos a multas.

Ainda segundo Bringa, os usuários dos patinetes, assim como os ciclistas, devem seguir as normas de trânsito. "Devem sempre circular por ciclovias e vias, nunca nas calçadas; respeitar a velocidade máxima das vias; usar capacetes e coletes refletores. Os veículos elétricos devem ter ainda luzes dianteiras e traseiras. E apenas maiores de idade podem conduzi-los", explica.

Felipe Daud, da empresa Lime, reconhece a importância da regulamentação e afirma que a atividade também deve ser regulada ao redor do mundo. No Brasil, ainda não existem normas que regulem o uso dos patinetes.

"A gente tem uma preocupação muito grande com segurança. Recomendamos em todas as nossas comunicações e no próprio patinete, o uso do capacete. Reforçamos que os usuários não devem usar calçadas e menores de idade estão terminantemente proibidos. A gente sabe que os acidentes vão ser menores quanto melhor for a infraestrutura da cidade. A gente trabalha também com isso, na criação de ciclovias, de vias de baixa velocidade. Ruas onde o carro pode transitar até 30 km, são uma solução para o patinete", afirma.

Requisitos

No Uruguai, enquanto o uso dos patinetes não é regulamentado, o modal é  entendido como veículo elétrico.

Para usar o patinete, o usuário deve ter mais de 18 anos e estar com capacete. Não é permitido “dar carona” – ou seja, mais de uma pessoa por patinete. Os patinetes devem andar nas ruas, o mais próximo possível do meio-fio, ou em ciclovias. É proibido circular nas calçadas.

O uso de capacetes ainda não é respeitado pela maioria dos usuários. A reportagem da Agência Brasil flagrou ainda dezenas de crianças passeando nos patinetes e diversos casos de mais de uma pessoa por veículo.

Como funciona

O aluguel dos patinetes é relativamente simples. O usuário deve, em primeiro lugar, baixar o aplicativo da empresa e cadastrar um cartão de crédito para a cobrança. Uma vez dentro do aplicativo, ele consegue identificar onde estão os patinetes disponíveis mais perto. Após localizar o patinete, deve-se abrir o aplicativo e "ler" o código QR do patinete - essa ação destrava o veículo.

No Uruguai, é preciso desembolsar 20 pesos (aproximadamente R$ 2,50) para destravar o veículo. São cobrados ainda 4 pesos (aproximadamente R$ 0,50 centavos) por minuto de uso.

Em Brasília, o usuário paga R$ 3,50 para destravar o equipamento. A cada minuto de uso é debitado R$ 0,50.

Após destravado, o patinete está pronto para uso. Ao terminar o trajeto, o usuário entra novamente no aplicativo e encerra a “corrida”. Os patinetes podem ser deixados na rua, em local que não bloqueie a circulação de pessoas e de outros veículos, nem impeça acesso a rampas, garagens e paradas de ônibus.

Todos os patinetes são equipados com GPS. Desta forma, funcionários das empresas conseguem identificar os locais onde foram deixados, recolhê-los e levar para os galpões onde são recarregados durante a noite.

A recente oferta de aluguel de patinetes elétricos nas grandes cidades aliada ao aumento no número de usuários tem feito com que governos e prefeituras corram para tentar regulamentar a atividade.

Não há normas sobre o uso do novo modal o que tem transformado ruas em locais sem lei para os patinetes. A reportagem da Agência Brasil flagrou usuários de patinetes elétricos circulando entre os carros e "cortando" pedestres. A maior parte deles não usa capacete, apesar das recomendações das empresas que oferecem o serviço.

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Na avaliação do especialista em mobilidade Ronaldo Balassiano, o estabelecimento de normas para uso do equipamento trará mais segurança para motoristas, pedestres e usuários do serviço. Segundo ele, os governos têm demorado para fazer a regulamentação.

Distrito Federal

No Distrito Federal, a Secretaria de Mobilidade informou que o governo está elaborando um projeto de lei para atualizar a política de mobilidade urbana cicloviária, que já prevê o uso das bicicletas compartilhadas e dos patinetes. Entretanto, ainda não há uma data prevista para apresentar a proposta. 

Na falta de uma regulamentação sobre o serviço, a controvérsia em relação ao uso de patinetes em micro-deslocamentos urbanos fez com que as autoridades se manifestassem com orientações para evitar acidentes. Em nota, na última terça-feira (7), o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), em conjunto com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) e a Polícia Militar (PMDF), orienta o uso desses equipamentos somente em locais de circulação de pedestres, ciclovias ou ciclofaixas.

"Logo, não é permitido o trânsito de patinetes em faixas de rolamento, em razão do risco de compartilhamento de espaço com veículos automotores", diz a nota. 

"Quando houver a necessidade de atravessar a via pública, o usuário do patinete deverá procurar as passarelas, passagens subterrâneas ou faixas de pedestres. Nesse caso, o usuário do patinete deverá descer do equipamento para fazer a travessia segura."

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, a Guarda Municipal afirma que não há regulamentação para aplicação de multa a condutores de patinetes elétricos. Entretanto, a prefeitura afirma que durante o patrulhamento de rotina, os guardas atuam na orientação de condutores de patinetes, bicicletas elétricas e outros tipos de veículo para uma direção defensiva.

Em nota, a Guarda Municipal afirmou que promove ações educativas e distribui folhetos sobre o uso correto das ciclovias e das áreas de lazer na orla da cidade. Entre as informações, está a orientação para o limite de velocidade na ciclovia (20km), a proibição de andar na contramão e a necessidade de respeitar as leis de trânsito.

São Paulo

Em São Paulo, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes criou em janeiro um grupo de trabalho para estudar a regulamentação do sistema de compartilhamento de patinetes elétricos na cidade. A partir de uma chamada pública, 11 empresas demonstraram interesse em participar da elaboração dessas normas. A primeira reunião envolvendo os empreendedores e o Poder Público aconteceu no dia 19 de março.

A secretaria também está consultando outras prefeituras do mundo, como as de Nova York, nos Estados Unidos, e Paris, na França, para analisar as experiências com essa forma de transporte. Entre as preocupações, está o estabelecimento de critérios para que os equipamentos sejam seguros, confiáveis e não sejam estacionados de modo a atrapalhar a circulação de pedestres.

Empresas

As empresas que fornecem o serviço afirmam que disponibilizam as informações de segurança no momento em que o usuário se cadastra no aplicativo. Elas informam que têm como prioridade a prevenção de acidentes e que trabalham para intensificar as campanhas de conscientização em prol do uso correto dos patinetes, através do aplicativo e pelas redes sociais. A velocidade recomendada aos usuários é de 6 km/h nas calçadas e de 20 km/h nas ciclovias ou ciclofaixas.

Em nota à Agência Brasil, a Yellow – que oferece patinetes elétricos no Rio de Janeiro, em São Paulo e Brasília – afirma que a idade mínima para a utilização do equipamento é 18 anos e que demais orientações, como a importância do uso de capacete, constam do termo de uso disponível no aplicativo.

Ainda segundo a empresa, a operação dos patinetes respeita as determinações das resoluções 375 e 465 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), entre elas, a limitação da circulação desses veículos a “áreas de pedestres, ciclovias e ciclofaixas”. 

A empresa também recomenda aos usuários planejar o caminho, não trafegar com mais de uma pessoa, dar sempre preferência ao pedestre e respeitar as regras do trânsito.

Outras recomendações são: jamais conduzir o patinete se houver ingerido álcool, segurar sempre o guidão com as duas mãos e ficar atento a irregularidades nas vias, como buracos, bem como galhos e árvores que possam oferecer riscos no trajeto.

Na capital fluminense, o serviço de patinetes elétricos é oferecido por três empresas: a Yellow e a Grin, muito presentes na área central da cidade, e a Tembici, que atua em parceria com a Petrobras, na orla de Copacabana e Ipanema.

Em São Paulo, o serviço vem sendo oferecido desde agosto de 2018 pela Yellow. A primeira experiência foi com uma estação em um prédio privado na Avenida Faria Lima, na zona oeste da cidade. Desde então, a empresa expandiu a área de atuação e atualmente tem equipamentos disponíveis na Vila Madalena, Pinheiros, Jardins, Vila Mariana e Campo Belo. Atualmente, a Grin também disponibiliza patinetes para locação na cidade.

No Distrito Federal (DF), o serviço de patinetes está disponível no Plano Piloto (região central da cidade) e em Águas Claras e é oferecido pela Yellow e pela Grin, desde janeiro de 2109.

Apenas a Tembici, empresa que opera do Rio, divulga o número de patinetes. Segundo a empresa, 500 modelos elétricos ficam espalhados pela orla da zona sul. Para aumentar a segurança, ainda segundo a empresa, os equipamentos têm uma prancha mais ampla, rodas maiores e um visor que mostra a velocidade, limitada a 15 km/h, com o objetivo de reduzir o risco de acidentes e lesão ao usuário e aos pedestres. Também são oferecidos capacetes nas estações.

Grin e Yellow não divulgam os dados referentes ao número de patinetes disponíveis alegando questões estratégicas.

Quem anda pelo centro de grandes cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, certamente, já esbarrou em patinetes elétricos, verdes ou amarelos, aparentemente largados pelas esquinas ou calçadas. A alternativa de transporte surgiu de forma discreta, levantando a curiosidade do brasileiro e, aos poucos, começou a cair no gosto popular, transformando-se em “febre”. Desde a chegada do serviço de aluguel desses equipamentos, é comum ver pessoas circulando rapidamente entre os pedestres ou mesmo entre os carros em pequenos patinetes elétricos.

Na avaliação de especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a nova opção traz vantagens para a mobilidade de grandes cidades. Entretanto, é necessário que o Poder Público regulamente o uso do equipamento para que haja regras que garantam a segurança de usuários, motoristas e pedestres.

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Professor do Programa de Engenharia de Transporte do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ronaldo Balassiano defende o aumento no número de opções de transporte, sobretudo nos locais onde os carros são os grandes poluidores.

“Do ponto de vista de se locomover em distâncias pequenas, entre 5 km ou 6 km, nas redondezas de casa ou do trabalho, o patinete traz uma contribuição boa para a mobilidade urbana. O grande problema é que as nossas autoridades, responsáveis por regular esses modos, continuam na idade da pedra. O patinete já vem sendo usado nos Estados Unidos e na Europa há alguns anos. Por que nós não nos preparamos para um mínimo de regulamentação?”, questionou.

Os equipamentos, alimentados por uma bateria, podem chegar a uma velocidade máxima de 20 km por hora, tornando difícil frear ou mesmo desviar de um obstáculo a tempo de evitar uma queda ou colisão.

Especialista em mobilidade, Balassiano destacou que a regulamentação do Poder Público trará mais segurança.

Segundo ele, não se trata de “engessar” o modo de transporte, mas evitar acidentes, uma vez que os patinetes alcançam velocidades muito altas para serem usados nas calçadas. “Se atropelar um idoso, uma criança ou uma gestante, a chance de acontecer um acidente grave é muito alta. Por outro lado, nas ruas, a gente sabe que os carros e os ônibus não respeitam nem as bicicletas, o que dirá os patinetes”, advertiu Balassiano.

Na avaliação dele, o ideal é que os patinetes trafeguem em ciclovias ou ciclofaixas, juntamente com as bicicletas.

“O que precisamos é algum tipo de norma para esse veículo, para não causar acidentes com terceiros ou mesmo com os usuários. O mais razoável seria trafegarem, junto com as bicicletas, em faixas específicas e ciclovias. Mas não é isso que acontece”, lamenta o professor.

“Na França, para alugar um patinete, é preciso ter uma carteira de motorista, colocando um veículo que vai ter uma certa velocidade nas mãos de quem já tem alguma ideia de como dirigir”, completou o especialista, sugerindo o desenvolvimento de uma grande campanha conjunta, entre o Poder Público e as empresas, de conscientização dos usuários.

Mobilidade e segurança

Com quase 50 anos de profissão, o taxista Augusto César dos Santos diz que falta respeito por parte das pessoas que andam de patinete no centro do Rio de Janeiro. Eles se misturam ao pesado trânsito urbano das vias centrais, ziguezagueando entre carros e ônibus.

“Eles andam na contramão, não respeitam a legislação, é uma coisa horrível. Eu já tive diversos problemas de quase atropelar, pela imprudência e imperícia deles, principalmente aqui no centro. Tem que se tomar uma atitude, pois isso pode virar morte a qualquer momento”, reclamou o taxista.

Consciente dos riscos e dos benefícios do patinete, a atuária Samara Alce que trabalha no Centro do Rio diz que usa o modal para se deslocar com mais rapidez pelas ruas, mas tem cuidado com a velocidade e não trafega entre os carros.

“Eu tenho muito cuidado para usar o patinete. Quem sabe usar bem, sabe qual o objetivo do patinete, não vai se meter em acidente. Só se envolve em acidente quem quer se arriscar”, disse Samara, que já utilizou quatro vezes o meio de transporte, mas sente falta de que seja oferecido capacete aos usuários.

Para o estudante de direito Igor Santos, o patinete é seguro, desde que se preste atenção ao terreno e se tenha o mínimo de habilidade. Ele costuma usar o equipamento para integrar o transporte de barcas, na Praça 15, com as estações de metrô na Avenida Rio Branco. “É tranquilo. Eu pego daqui para a barca ou de lá para o metrô. É mais rápido”, disse enquanto desbloqueava o equipamento - procedimento padrão feito com o telefone celular, após um cadastramento prévio de dados, incluindo um número de cartão de crédito, para debitar o valor do uso.

Em Brasília, o casal Rodrigo Lima Costa e Claudete Rodrigues experimentou o equipamento pela primeira vez esta semana. Moradores do Entorno do DF e casados há dez anos, eles resolveram usar os patinetes para um momento de lazer, no Parque da Cidade.

“Eu vi um dia desses na rua e me perguntei porque uma pessoa deixava um patinete ali. Depois ela me falou que existia o aplicativo e hoje viemos experimentar. Vamos fazer uma experiência", disse Rodrigo.

Usuário do serviço desde que ele começou na capital, o ex-servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Leonardo Dias disse que a opção pelo patinete para lazer e pequenos deslocamento na cidade coincidiu com o aumento no preço dos combustíveis.

"Eu tenho um carro que consome muito e o patinete serviu nessas horas justamente pela economicidade e praticidade. Todo mundo fala sobre o perigo de se andar no patinete, mas é muito tranquilo. Agora mesmo rodei quase cinco quilômetros e deu R$ 12. Pela economia, eu indico", afirmou Leonardo, ressaltando a limitação dos patinetes para percorrer grandes distâncias em razão da pouca autonomia de bateria.

Em entrevista à Agência Brasil, ele afirmou não ter vivenciado problemas ao se deslocar de patinete para trabalhar, mas ressaltou que os motoristas ainda não veem a alternativa como meio de transporte, mas como equipamento de lazer.

O ex-servidor público disse ainda que, mesmo utilizando os patinetes para se deslocar na cidade, não acredita na necessidade de regulamentação do serviço. "As bikes vieram, mas logo depois vieram os patinetes e tomaram conta. Muita gente, querendo ou não, está optando pelo patinete quando o deslocamento é muito próximo. Mas como o serviço é novo, não acho ainda necessária uma regulamentação", afirmou.

A Yellow, empresa brasileira de soluções de mobilidade urbana individual, passa a oferecer, nesta quarta-feira (13), o serviço de compartilhamento de bicicletas no sistema dockless (sem estação para retirada e devolução) e patinetes elétricos no Recife.

A empresa inicia a operação de bikes e patinetes elétricos na região central e entre Brasília Teimosa e Boa Viagem, na Zona Sul. O preço para o aluguel é R$ 1,50 a cada 15 minutos para as bikes e R$ 3 para o desbloqueio do patinete, acrescido de mais R$ 0,50 a cada minuto de uso.

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As bikes, que estarão disponíveis inicialmente em 30 pontos privados parceiros, podem ser usadas todos os dias da semana, 24 horas por dia, e estacionadas depois em qualquer lugar dentro da área de atuação da Yellow na cidade, em locais onde o estacionamento de bicicletas é permitido. 

Já os patinetes estarão disponíveis todos os dias da semana, das 8 às 20 horas, em um dos 30 pontos parceiros. O usuário pode encerrar a corrida em um desses pontos ou em qualquer local da área de atendimento, contanto que tome cuidado para não atrapalhar o fluxo de pedestres.

No final do dia, a Yellow recolhe os patinetes para recarga, manutenção e limpeza. E na manhã seguinte, os disponibiliza novamente para uso nos pontos privados. Assim como em São Paulo, as corridas podem ser pagas com cartão de crédito e dinheiro.

Os créditos para uso das bicicletas poderão ser comprados em dinheiro em bancas de jornal e lojas espalhadas pela cidade, que vão receber o valor em espécie e transferir, na hora, o montante para o aplicativo do usuário, como já acontece com as recargas de celular. O aplicativo da Yellow para alugueis está disponível para Android e iPhones. Por meio do smartphone, é possível verificar também os pontos de devolução dos equipamentos.

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A Prefeitura de Madri anunciou nesta terça-feira (4) que não concederá licenças a três empresas de aluguel de patinetes elétricos, e deu a elas 72 horas para retirar seus veículos das ruas da capital espanhola.

O consistório alegou que as empresas Lime, Wind e VOI não deram informações suficientes aos clientes sobre as suas condições de uso.

A Lime, de propriedade da Uber e da empresa da Google Alphabet, e as outras duas empresas, haviam começado a operar este ano na capital espanhola sem autorização oficial.

A sua chegada forçou Madri e outras cidades espanholas a regular seu uso.

Na capital, os patinetes não podem circular nas calçadas nem nas áreas de pedestres, mas podem transitar na ciclovia e nas vias onde a velocidade é limitada a 30 km/h, algo que acontece em 80% de sua ruas.

As empresas afetadas podem enviar "a qualquer momento" uma nova solicitação de licença, informou a Prefeitura em em comunicado, no qual afirma que um total de 18 empresas manifestaram interesse em oferecer este serviço.

Contactada pela AFP, a empresa californiana Lime, que havia distribuído a maioria dos patinetes afetados pela medida, não reagiu imediatamente à decisão municipal.

Em Barcelona, a segunda cidade espanhola, que enfrenta um turismo maciço, já é proibido o uso de patinetes elétricos compartilhados. De acordo com seu regulamento, qualquer pessoa que pague para usar esses veículos deve ser acompanhada por um guia.

Em outras cidades europeias, como Paris, Viena e Zurique, foram introduzidos programas similares de aluguel de patinetes.

Diferentemente das bicicletas de aluguel, que normalmente devem ser deixadas em estações designadas, no caso dos patinetes são os usuários que se responsabilizam por estacioná-los em um local seguro.

O próximo usuário pode encontrar o veículo mais próximo com um aplicativo em seu celular, desbloqueá-lo e usá-lo pagando as taxas indicadas.

A Uber lançou seu primeiro serviço de patinetes elétricos em Santa Mônica, Califórnia (EUA). A empresa adquiriu em abril a startup JUMP, que oferece esse tipo de transporte, e agora começou a integrá-lo em seu aplicativo principal. Os modelos foram adicionados à frota da Uber ao lado dos carros que já estavam disponíveis normalmente.

Os clientes podem pegar um modelo de patinete elétrico na rua, seguir até o seu destino e estacioná-los em um local indicado quando terminar o trajeto. O aluguel custa US$ 1 para desbloquear e US$ 0,15 por minuto. No total, 50 modelos estarão disponíveis nas ruas da Califórnia nos próximos 18 meses.

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Os clientes são orientados a deixar seus patinetes em zonas de estacionamento designadas no final da viagem ou devem enfrentar uma multa de US$ 25. Os modelos são fabricados pela Ninebot, a empresa-mãe sediada em Pequim da Segway.

O movimento é parte dos planos da Uber de mudar seu foco de carros para patinetes elétricos e bicicletas para viagens mais curtas - uma iniciativa que foi anunciada pelo CEO Dara Khosrowshahi em agosto.

Publicamente, a empresa diz que está feliz que os passageiros em São Francisco e em outros lugares estejam optando por substituir viagens de carro curtas por transportes alternativos, mesmo que essas corridas lhe tragam menos receita.

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A empresa Ride irá lançar patinetes elétricos como opção de locomoção pela cidade de São Paulo. A ferramenta será oferecida por meio de um aplicativo de smartphone em que o usuário poderá encontrar um patinete mais próximo por GPS, desbloquear e sair guiando (o preço será calculado pelo tempo de uso). Após o uso, o usuário poderá deixar o patinete em um bicicletário, paraciclos e outros locais marcados no aplicativo.

Os patinetes serão rastreados por GPS em tempo real e serão recolhidas por funcionários da empresa, para serem recarregadas. Os instrumentos podem transitar em ciclovias, ciclofaixas e, quando necessário, até em calçadas.

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Os sócios Marcelo Loureiro, Guilherme Freire e Paula Nader tiveram a ideia de trazer a ferramenta para o Brasil após ver que cidades como Los Angeles, Paris e Zurique também estão implantando o patinete como meio de transporte. Ontem (12) ocorreu o pré lançamento do aparelho no Parque Ibirapuera e na Av. Paulista.

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