A propaganda partidária do PSB, protagonizada pelo governador Eduardo Campos (PSB), rendeu inúmeras críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Sem citar nomes Eduardo citou que “o poder não fala a língua do povo”, “não tem projetos a longo prazo” e se preocupa mais com a imagem do governo e não de mudar a vida das pessoas. O que para o ex-prefeito do Recife, João da Costa (PT), é um equívoco. Segundo ele o PT tem seus problemas, mas fez muito pelo Brasil e o povo sabe reconhecer isso.
“Temos que mostrar que o governo indo bem a população vai reconhecer que algo pode continuar e que tem resultado. Se o desemprego continua bem, a economia cresce, se controla a inflação e se programas sociais, como o Mais Médicos, se consolidam a população vai fazer essa leitura. O povo sabe fazer essas leituras. O PT agora tem que cuidar do próprio PT, onde tem problemas, construir uma relação de unidade interna de pactuação, cuidar das alianças que ainda tem para não perder outros, já perdeu o PSB”, frisou Costa em entrevista a uma rádio local.
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Com relação aos projetos para longo prazo, como Eduardo tem feito em Pernambuco, o ex-prefeito afirmou que desde a gestão de Lula o país tem recebido propostas que visam o futuro. “Tem insuficiências? Tem. Agora toda a política que foi desenvolvida pelo governo federal é de curto prazo, é rápida, sem planejamento. Eu discordo. A visão de trazer, por exemplo, a Fiat para Pernambuco e que Lula foi decisivo, parte de uma visão estratégica de industrializar o Nordeste”, disparou.
“Você pode articular essas políticas com os projetos mais amplos para 20, 30 anos. Agora quais são as forças sociais? É possível uma unidade no Brasil que esse projeto melhore a vida ao mesmo tempo para os empresários e para os trabalhadores? Não pode ser um projeto que leva a concentração de renda e a desigualdade no Brasil. Nos últimos 10 anos se caminhou no sentido contrário, houve o aumento da renda dos mais pobres, virada da miséria e de crescimento econômico. Pode não ter sido no ritmo chinês, mas foi uma meta e o Brasil não parou de crescer nesses últimos 12 anos. Isso é uma rota diferente”, completou o petista.
João da Costa frisou ainda que respeita a decisão de Eduardo em sair da base governista, “faz parte da democracia”. Para ele, após as eleições Dilma deve voltar a conversar com o PSB para refazer a união das forças.
“Depois da eleição, a presidente Dilma, se for reeleita, vai querer conversar com o PSB. E se for o contrário, coisa que eu não estou acreditando, agora que vai acontecer, eles não vão querer dialogar com o PT, com a força do PT, com a força de Lula, com a influência que o PT tem no país? A gente tem que saber entender o momento que estamos vivendo, ele pode representar uma ruptura estratégica”, pontuou.
Desembarque dos governos em Pernambuco
A semana foi preenchida por especulações de que o PT e o PTB estariam entregando os cargos que ocupam no governo estadual e na Prefeitura do Recife, ambos geridos por socialistas. De acordo com João da Costa, nada foi decidido ainda pela Executiva Nacional do PT. Na próxima sexta-feira (18) deve acontecer uma reunião com os dirigentes, que foi solicitada palas lideranças petistas do estado, onde o assunto será discutido.
Para o ex-prefeito desembarcar dos governos socialistas não é tão simples quanto parece.“Nós temos que discutir uma política para o PT, o partido não pode sair pelas portas do fundo e depois não sabe o que é que faz. Faz o quê depois? A bancada vai para a oposição, os 13 prefeitos que quando foram reunidos pediram prudência na condução desta política, o que é que fazem? O PT vai propor o quê para o povo de Pernambuco no ponto de vista programático? A gente saí só porque houve uma briga, isso é muito pouco. O PT hoje, aqui em Pernambuco, é um partido fraturado, dividido. A gente tem que criar as condições, depois dessas eleições internas, para repactuar o partido. Nossas principais lideranças ficam se desmoralizando publicamente”, afirmou.