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Em um intervalo de um ano, Pernambuco registrou ao menos 26 linchamentos consumados ou tentados, segundo o estudo "Racismo, o motor da violência", lançado pela Rede de Observatórios da Segurança nesta terça-feira (14). Pernambuco ficou em primeiro no número de casos nos cinco estados analisados.

A pesquisa acompanhou o período de junho de 2019 a maio de 2020. Durante o período, foi registrado um linchamento ou tentativa a cada quatro dias. Além de Pernambuco, o estudo traz dados da Bahia, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo.

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Em Pernambuco, a maior parte das motivações citadas para o linchamento é acusação de roubo. O segundo lugar foi "brigas/rivalidade entre torcidas". Ao todo, o estado teve 12 linchamentos consumados e 14 tentados.

"Em sua maioria, o alvo do linchamento é alguém desconhecido do grupo agressor. Das ocorrências possíveis de terem elemento de identificação, é possível afirmar que o perfil característico da vítima do linchamento é o de uma pessoa do sexo masculino e de cor preta", diz texto da pesquisa. Ceará teve 16 registros de linchamentos e tentativas de linchamento, seguido de Bahia (15), Rio de Janeiro (9) e São Paulo (8). 

A Rede de Observatórios de Segurança, que em Pernambuco é representada pelo Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), destaca a ausência de registros sobre racismo e injúria racial nos dados retirados de jornais, sites, portais noticiosos, perfis de redes sociais e grupos de WhatsApp. O documento aponta também que a predominância de negros entre as vítimas de violência  está ausente do debate público.

Policiamento

A pesquisa monitorou as operações policiais nos cinco estados. No intervalo de um ano, as operações e patrulhamentos resultaram em 984 mortos e 712 feridos, ou seja, uma em cada sete operações monitoradas registrou ao menos uma morte.

O Rio de Janeiro é o estado que mais teve ações ações policiais (2.772), seguido por São Paulo (2.210), Bahia (1.105), Ceará (707) e Pernambuco (358). 

A Rede acompanhou os dados de violência contra a mulher e computou 1.408 casos desta natureza nos cinco estados. Juntos, feminicídios e tentativas de feminicídio correspondem a 68,8% do total. São Paulo foi o estado com mais casos de feminicídio (175), seguido de Pernambuco (90) e Bahia (75).

Houve ainda o registro de 101 chacinas, eventos em que três ou mais pessoas são mortas na mesma ocasião. As três cidades com mais registros do tipo são Rio de Janeiro (23), Salvador (17) e Fortaleza (7).

O bairro de Peixinhos, em Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR), receberá o seminário "Prevenção da Violência: Os caminhos da periferia" na próxima terça-feira (30). O encontro reunirá pesquisadores de cinco estados para discutir segurança pública a partir das perspectivas e prioridades das comunidades.

O evento é uma iniciativa da Rede de Observatórios da Segurança em parceria com o Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop) e apoio local do Grupo Comunidade Assumindo Suas Crianças (Gcasc). Este é o primeiro encontro dos cinco observatórios da segurança que formam a rede e atuam na Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. 

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"A proposta do seminário é reunir vários pontos de vista, tanto de representantes comunitários quanto de especialistas, com foco em uma concepção de segurança que não se resuma à polícia e à repressão, mas que se baseie no acesso a direitos, como o de ir e vir, de educação, saúde e lazer", diz Edna Jatobá, coordenadora do Gajop. A mesa de abertura do evento está marcada para as 9h e o encerramento, previsto para as 19h.

Coordenada pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), a Rede monitora informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos nos cinco estados. “A concepção da Rede de Observatórios não se baseia apenas na colaboração entre centros dedicados à pesquisa, mas também envolve a troca com organizações sociais e coletivos. Esse intercâmbio é essencial para produzir uma análise dos dados qualificada”, diz o coordenador de Pesquisa da Rede, Pablo Nunes. Confira a programação do evento:

8h - Credenciamento e café da manhã

9h - Mesa de abertura: GCASC | GAJOP | Fórum Popular de Segurança Publica | Rede de Observatórios da Segurança

9h20 - Apresentação cultural da comunidade

9h40 - Mesa 1: Olhares sobre a segurança pública nos territórios periféricos 

Representantes dos Observatórios da Segurança (BA, CE, PE, RJ e SP)

13h30 - Mesa 2 : Comunicação popular como forma de prevenção da violência 

Ciara Carvalho (Jornal do Commercio; projeto UmaPorUma)| Coletivo Tururu| Fala Alto | Fogo Cruzado | Comunicação GCASC

15h30 - Mesa 3 : Criminalização da cultura periférica 

Coletivo Ibura Mais Cultura | Policiais Antifascismo | Rayssa Dias (cantora)

19h - Encerramento : Apresentação de Brega Funk

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