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Centenas de estudantes de Aceh, no oeste da Indonésia, invadiram, nesta quarta-feira (27), um abrigo temporário onde estavam hospedados mais de 100 refugiados da minoria muçulmana apátrida rohingya, perseguida em Mianmar, obrigando-os a fugirem.

Mais de 1.500 refugiados rohingya chegaram à costa da província de Aceh desde meados de novembro, nesse que é, segundo a ONU, o maior afluxo em oito anos. Alguns deles sofreram a hostilidade por parte da população local e, em alguns casos, foram devolvidos ao mar.

Os estudantes invadiram uma instalação do governo na capital provincial, Banda Aceh, onde estavam hospedados 137 refugiados rohingya, para exigir sua transferência para um escritório de imigração local, visando a sua deportação.

Aos gritos de "expulsem eles" e "rejeitem os rohingyas em Aceh", os estudantes chutaram os pertences dos refugiados, segundo imagens filmadas no local.

Os manifestantes enfrentaram a polícia que protegia os refugiados aterrorizados, mas os agentes acabaram permitindo que os estudantes retirassem-nos de lá, observou um jornalista da AFP presente no local.

Procurada pela AFP, a polícia de Banda Aceh não fez comentários.

O ataque deixou os rohingyas em choque e traumatizados, disse o escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

"O ACNUR continua profundamente preocupado com a segurança dos refugiados e pede às autoridades locais que tomem medidas urgentes para garantir a proteção de todas as pessoas desesperadas e do pessoal humanitário", afirmou, em um comunicado.

"Este ataque contra os refugiados não é um ato isolado, mas o resultado de uma campanha on-line coordenada de desinformação e discurso de ódio contra os refugiados", acrescentou.

A Indonésia não é signatária da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados e afirma que não pode ser forçada a acolher refugiados de Mianmar. Nesse sentido, pede aos países vizinhos que compartilhem a "carga" e recebam os rohingyas que chegam ao seu litoral.

A fronteira de Rafah, na Faixa de Gaza, fechou novamente, na manhã desta sexta-feira (10), e o grupo de brasileiros autorizados a deixar a Palestina em segurança não conseguiu realizar a travessia. São 34 pessoas, que já haviam se deslocado em direção ao Egito na quinta-feira (9). De acordo com o ministro-chefe Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Especial da Presidência do Brasil, é comum que a passagem fique aberta por apenas algumas horas por dia e que as autoridades egípcias e israelenses deem prioridade aos feridos. 

A saída ainda deve acontecer e não há possibilidade de os brasileiros serem "desautorizados", mas não é mais esperada uma travessia nesta sexta-feira. “Estamos em contato com as partes e esperamos que os nomes sejam autorizados a cruzar. Todos os nomes foram autorizados e entregues”, informou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. 

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Segundo o Itamaraty, o grupo "já se encontra no posto fronteiriço de Rafah, desde as 7h, hora local (2h no horário de Brasília), à espera de chamada para os trâmites necessários para a entrada no Egito, e posterior repatriação para o Brasil". 

A expectativa é de que o grupo do Brasil, que inclui nativos e parentes estrangeiros, consiga atravessar para o Egito no sábado (11), após mais de 30 dias de espera. Entre os 34, 22 têm dupla nacionalidade brasileira-palestina, nove são palestinos e dois de outros países. Há 15 menores de idade - três bebês e seis crianças -, e uma idosa na lista. Assim que chegarem no território egípcio, eles farão um trajeto 55 km por via terrestre até chegar ao aeroporto de Al-Arish. 

"O ministro das relações exteriores de Israel, na última sexta-feira, por telefone, me garantiu que os brasileiros estariam na lista de estrangeiros autorizados a deixar a Faixa de Gaza na quarta-feira última, o que não se confirmou; estavam na lista, mas não houve, durante três dias seguidos, abertura para a saída de indivíduos de diversas nacionalidades. Ontem, ele me informou que, novamente, os nomes estavam sob poder das autoridades na fronteira e que sairiam hoje de manhã, mas que novamente não saíram, apesar de terem sido mobilizados até a região do posto de controle, porque o posto não foi aberto”, completou Mauro Vieira. 

Pelo quarto ano, a Cáritas Brasileira NE2 através do Programa de Migração e Refúgio e do Projeto RAFA- Rede De Amor, Fraternidade e Amizade, realiza a Campanha Do Brinquedo - Doe e faça uma criança feliz - Dona y haz feliz a un niño para doação de brinquedos para crianças venezuelanas e que residem na cidade do Recife e Região Metropolitana.

Ano passado a campanha atendeu cerca de 80 crianças venezuelanas, entre elas indígenas da etnia Warao que residem na região metropolitana de Recife, e este ano a meta é atender mais de 100 crianças.  A campanha ocorre de 2 a 23 de outubro, e tem como objetivo promover uma ação solidária às crianças e famílias migrantes proporcionando um momento lúdico com brincadeiras, músicas, comidas típicas  da Venezuela, além de pula-pula, oficinas de arte e distribuição dos brinquedos.

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Os brinquedos podem ser entregues na Casa de Direitos de Pernambuco, localizada no Bloco E, da Universidade Católica de Pernambuco, ou fazer uma doação via Chave PIX.  A festa para entrega das doações já tem data e local marcados, será no dia 28 de outubro, sábado, a partir das 14h, na área externa da Casa de Direitos de Pernambuco.

Serviço

Ano IV - Campanha Do Brinquedo - Doe e faça uma criança feliz / Dona y haz feliz a un niño

Doação de Brinquedos

Onde: Rua do Príncipe, nº 526, Bloco E, 1º andar, Boa Vista, Recife- UNICAP

Dias: De terça às sextas-feiras

Horário: Das 8h às 12h, e das 14h às 17h

Doação

Chave Pix: CNPJ: 33.654.419/0011-98 - Cáritas Brasileira Regional NE2

Um primeiro grupo de refugiados que fugiu de Nagorno-Karabakh chegou à Armênia neste domingo (24), após a ofensiva militar relâmpago do Azerbaijão contra os separatistas armênios neste disputado enclave.

Yerevan criticou implicitamente a Rússia por sua falta de apoio após a vitória das tropas do Azerbaijão, que reivindicaram o controle deste território no Cáucaso.

"Os sistemas de segurança estrangeiros, dos quais a Armênia participa, mostraram-se ineficazes para proteger sua segurança e seus interesses", declarou Pashinyan, em um discurso transmitido pela televisão.

O premiê fez referência às relações de longa data de seu país com Moscou, herdadas da época em que fazia parte, assim como o vizinho Azerbaijão, da União Soviética.

Apesar disso, a Armênia continua sendo membro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla em inglês), uma aliança militar liderada pela Rússia.

Como sinal do impacto internacional desta crise, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, aliado de Baku, reúne-se com seu homólogo do Azerbaijão, Ilham Aliyev, nesta segunda-feira (25). As autoridades de Yerevan também confirmaram um encontro previsto entre o premiê armênio e o presidente azerbaijano no próximo mês, na Espanha.

- Primeiros refugiados -

Dezenas de residentes de Nagorno-Karabakh, principalmente mulheres, crianças e idosos, chegaram neste domingo ao centro de acolhida estabelecido pelo governo armênio em Kornidzor, na fronteira entre os dois países.

As autoridades separatistas haviam anunciado pouco antes que os civis que ficaram desabrigados, devido aos últimos confrontos, seriam transferidos para a Armênia com o auxílio das forças de manutenção de paz russas. Esse efetivo está no local desde a última guerra em 2020.

Baku se comprometeu a permitir que os rebeldes que entregarem as suas armas atravessem para a Armênia.

Um homem entrevistado pela AFP em Kornidzor disse fazer parte da "resistência", até que a ofensiva do Azerbaijão forçou os rebeldes a se entregarem na quarta-feira.

"Nossas famílias estavam nos abrigos. Estávamos no Exército, mas ontem tivemos que deixar nossos rifles. Então partimos", disse ele, enquanto esperava para ser registrado no centro de acolhida.

Outros aguardavam notícias de seus familiares.

"Meu filho estava no Exército. Ele está vivo, mas me preocupo", contou um homem de 34 anos.

Muitos temem retiradas em massa do enclave, onde vivem cerca de 120 mil pessoas.

Cercada pelas tropas de Baku, Stepanakert, "capital" de Nagorno-Karabakh, está há vários dias sem eletricidade, ou combustível. A escassez também se estende aos alimentos e medicamentos, segundo um correspondente da AFP.

Um primeiro comboio de ajuda da Cruz Vermelha conseguiu entrar no enclave neste domingo.

No sábado (23), o ministro armênio de Relações Exteriores pediu à ONU o envio "imediato" de uma "missão" da entidade a este disputado território e reforçou as acusações de "limpeza étnica" na região separatista.

Nagorno-Karabakh já foi sacudida por duas guerras entre as antigas repúblicas soviéticas do Cáucaso, Azerbaijão e Armênia: uma, de 1988 a 1994, com 30.000 mortos; outra, no outono de 2020, com 6.500 mortos.

A recente incursão militar de Baku, que durou cerca de 24 horas, deixou pelo menos 200 mortos e 400 feridos, segundo os separatistas armênios.

burx-bds/dth/ybl/meb/mb/yr/tt

Hoje (20) é comemorado o Dia Mundial dos Refugiados e o Governo de São Paulo promove uma ação voltada às crianças refugiadas no centro de acolhimento em Guarulhos, com a presença da ONG Palhaço Sem Fronteiras. O grupo realiza apresentações com pedagogia especializada no atendimento das crianças em situação de crise humanitária.

Inaugurada em fevereiro deste ano em resposta à crise humanitária dos refugiados, especialmente do Afeganistão, o centro de acolhimento em Guarulhos “Casa de Passagem Terra Nova Guarulhos” já acolheu 142 refugiados e abriga atualmente 48 afegãos. O principal objetivo é oferecer abrigo e apoio para estrangeiros em processo de integração à sociedade brasileira.

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De acordo com site da Prefeitura, o acolhimento tem o funcionamento 24 horas e o espaço oferece apoio social, psicológico e jurídico, com atividades de convivência, pedagógicas e culturais. O acolhimento também ensina a língua local para os afegãos aprenderem a se comunicar com os outros. Os refugiados recebem suporte para acessar serviços e políticas públicas, como benefícios de assistência social e acompanhamento médico. 

Desde o início do ano, o Estado de São Paulo atendeu, acolheu e encaminhou cerca de 800 refugiados afegãos. Também de acordo com o site da Secretaria do Desenvolvimento Social, foi investido R$ 2,5 milhões na abertura da casa de acolhimento em Guarulhos e em imóveis compartilhados por refugiados na capital. A iniciativa da gestão estadual zerou o número de afegãos que estavam acampados no Aeroporto Internacional de Cumbica naquele momento.

O equipamento, que é vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social, funciona como um ponto de apoio ao posto humanizado da Prefeitura de Guarulhos. O abrigo faz parte da Proteção Especial da Assistência Social e é gerido pela Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude (OSC Asbrad).  

São considerados refugiados aqueles que, em razão de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, encontram-se fora de seu país de origem. 

 

A Cobasi, empresa do mercado pet, firmou parceria com ONGs para contratação de refugiados. Ao menos 14 já estão trabalhando, mas há vagas afirmativas que podem ser encontradas nos canais das parceiras Adus, SJMR, Migrante e Mawon.

“Acreditamos que a diversidade de pessoas agrega muito no desenvolvimento de nossas equipes e, consequentemente, na nossa operação nacional. Recentemente, fechamos parceria com a TransEmpregos, para contratação da população trans, e o resultado foi extremamente positivo. Queremos seguir avançando ainda mais com nosso compromisso de Diversidade e Inclusão e essas parcerias são um passo importante nesta agenda. Como resultado, já temos 14 refugiados contratados desde o início da nossa iniciativa, no mês de agosto”, diz Ana Luiza Elene, diretora de Gente e Gestão da Cobasi.

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Além das parcerias, a empresa agora também integra o Fórum Empresas com Refugiados. A participação depende do compromisso com eventos e atividades promovidos por este, além de estar alinhada com seus Valores: respeito e promoção dos direitos das pessoas refugiadas; igualdade de oportunidades e tratamento justo para as pessoas refugiadas; sensibilização para o respeito às pessoas refugiadas entre funcionários e partes interessadas; inclusão da contratação e apoio a pessoas refugiadas entre as ações de sustentabilidade e de diversidade da empresa; e promoção de ações em prol dos direitos das pessoas refugiadas na sociedade.

Outras vagas

Além das vagas afirmativas para refugiados, todos que tiverem interesse em trabalhar na Cobasi, são cerca de 170 posições abertas na empresa atualmente. Os cargos são para funções administrativas e operacionais de loja, e estão disponíveis em mais de 53 cidades no território nacional.

Confira mais  e se inscreva através da página da Cobasi no PandaPé.

Com informações de assessoria

Muito praticado em diferentes regiões do continente americano, o beisebol reforçou-se como um esporte chave na vida de alguns imigrantes latinos que desembarcaram no Brasil, mais especificamente em Olinda e Recife. O esporte reúne o melhor da cultura latino-americana e ajuda a integrar aqueles que chegam ao país.

É o caso de Javier Sequea, venezuelano que trabalha como soldador e joga pelo Latinos Beisebol, time fundado em 2019. Sem nunca ter saído de sua cidade natal, Javier chegou ao Brasil em 2018, em Pacaraima-RR, e só foi ao Recife em julho do ano seguinte. Grato pela recepção que teve dos brasileiros, ele conta das dificuldades que enfrentou ao chegar em um país diferente do seu.

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Javier Sequea - Foto: João Velozo/LeiaJáImagens

“Ir para um país novo, com uma língua que eu não conhecia, uma cultura diferente, era um pouco complicado. A pessoa sem dinheiro e arranjando de onde não tinha [...] Agradeço até hoje aos muitos brasileiros que me acolheram. Foram pessoas que foram uma benção para minha família, pois chegar em um país que você não conhece e nem tem apoio de ninguém, só de Deus mesmo, foi bastante complicado. Me adaptar foi um processo muito forte”, disse.

“O time dos Latinos tem sido muito importante principalmente para a integração. Muitas vezes conhecemos amigos imigrantes venezuelanos, e muitos deles nós encontramos na rua entregando currículo e sem apoio de ninguém, e aí fazemos uma integração e damos uma indicação de trabalho, uma orientação. Esse é um dos principais pontos do Latinos. Ele serve para ajudar muitas pessoas e para conhecê-las", reforçou.

O mesmo valeu para Luis Gutierrez, jogador do Recife Mariners. O jovem de 22 anos nasceu em El Tigre, na Venezuela. Acompanhado de sua tia, chegou ao Brasil em 2019. Através dela, conheceu o Latinos e assim pôde se reconectar com seu país natal.

Luis Gutierrez - Foto: João Velozo/LeiaJáImagens

"Eu me conecto com meu time e gosto de jogar. Para mim, o beisebol é algo incrível, uma coisa única. É cultura para mim, eu amo esse esporte, jogar, pegar a bola, arremessar, correr [...] O time é como minha família agora”, afirmou.

Nascido na cidade de Santa Clara, região central de Cuba, Adonys Lima saiu de seu país e foi para os Estados Unidos. De lá, veio ao Brasil com sua esposa, que é brasileira. Figura conhecida entre os que praticam o esporte no Recife, Adonys é um ponto de referência para aqueles que jogam beisebol na capital.

Adonys Lima - Foto: João Velozo/LeiaJáImagens

“O beisebol cria uma irmandade. Eu, por exemplo, trabalho numa área que envolve muitas categorias, e fico passando os contatos, com isso um vai tentando ajudar o outro. E assim vai fechando o círculo”, contou Adonys.

Jhonnarelys Espluguez, a única mulher no time, foi criada em Puerto Píritu, na Venezuela. Comerciante e estudante de odontologia, ela se familiarizou com o esporte desde pequena, quando acompanhava os treinos de seu irmão mais velho. Uma vez que ingressou no Latinos, Jhonnarelys se viu dentro de uma família.

Jhonnarelys Espluguez - Foto: João Velozo/LeiaJáImagens

"Aqui consegui uma família de novo [...] Principalmente porque brigamos muito, como toda família. Brigamos muito, incentivamos um ao outro, e depois que saímos do jogo, pronto, a briga foi aqui. Depois da briga, seguimos sendo família”, afirmou.

“Por exemplo, quando um familiar não aparece, ligamos e perguntamos quando vai aparecer, estamos ligando para que volte. Quando está aqui brigamos para que melhore, e assim andamos sempre”, finalizou.

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Os Estados Unidos anunciaram, nesta quinta-feira (19), o lançamento de um programa para receber refugiados, instando todos os americanos a patrocinar um para aumentar o número extremamente baixo de admissões no país.

Pela primeira vez, cada cidadão americano poderá patrocinar diretamente a recepção no país de um refugiado, sem passar por uma associação ou ONG.

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“O ‘Welcome Corps’ (Corpo de Boas-vindas, em tradução livre) representa a maior inovação na recepção de refugiados nas últimas quatro décadas”, disse o secretário de Estado, Antony Blinken, em um comunicado.

Durante o primeiro ano, o objetivo é mobilizar até 10 mil americanos para o acolhimento de cerca de 5 mil refugiados.

Os cidadãos que desejarem patrocinar um refugiado deverão passar por extensos controles de segurança e fornecer provas de suas capacidades financeiras.

Não está previsto nenhum incentivo econômico para esses patrocinadores, que precisarão demonstrar que dispõem de 2.275 dólares por três meses para a compra de roupas e outros artigos de primeira necessidade.

O presidente Joe Biden fixou em 125 mil o número de refugiados que os EUA poderão receber a cada ano fiscal (de outubro a outubro), rompendo com os cortes realizados pelo ex-presidente Donald Trump.

Mas os Estados Unidos, país construído sobre a imigração, estão longes desse limite. Nos três primeiros meses do ano fiscal de 2023, apenas 6.750 refugiados foram admitidos, segundo números do Departamento de Dados.

O projeto piloto, aberto a refugiados “de todo o mundo”, é inspirado em programas similares no Canadá.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou, nesta terça-feira, a 'adoção' de mais 11 refugiados, que vão participar da preparação do ciclo para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Com isso, o número total é de 52 atletas beneficiados com o projeto da entidade.

A Olimpíada na capital francesa será a terceira edição a ter uma equipe de refugiados, repetindo Rio-2016 e os Jogos de Tóquio, disputados no ano passado. Entre os refugiados estão quatro vindos da Síria, três do Afeganistão e um de Etiópia, Marrocos, Irã e Camarões.

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Três deles buscam vaga no judô, dois no taekwondo, ciclismo e atletismo, além de mais um no boxe e outro na luta olímpica.

Veja a lista com os atletas, com os países de origem e onde irão treinar: Mohamad Akkash (judô - Síria/Alemanha); Yahya Al Ghotany (taekwondo - Síria/Jordânia); Masomah Ali Zada (ciclismo - Afeganistão/França); Mohammad Amin Alsalami (atletismo - Síria/Alemanha); Eyeru Gebru (ciclismo - Etiópia/França); Fouad Idbafdil (atletismo - Marrocos/França); Adnan Khakan (judô - Síria/Alemanha); Iman Mahdavi (luta livre - Irã/Itália); Cindy Ngamba (boxe - Camarões/Reino Unido); Abdullah Sediqi (taekwondo - Afeganistão/Bélgica) e Nigara Shaheen (judô - Afeganistão/Canadá).

"Apoiar refugiados e populações deslocadas continua sendo uma prioridade fundamental para o COI e faz parte da Recomendação 11 da Agenda Olímpica 2020+5. A crise global de refugiados continua a ser uma questão premente e urgente, com mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo atualmente deslocadas de suas casas. Diante disso, a missão do COI é mais relevante do que nunca", escreveu a entidade em uma nota nas suas redes sociais. "A Fundação Olímpica dos Refugiados (ORF, sigla em inglês) se baseia nesse compromisso, gerenciando os bolsistas atletas refugiados e a equipe olímpica de refugiados do COI em Paris 2024."

Dois afegãos que estavam acampados há cerca de um mês no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, testaram positivo para Covid-19 neste domingo, 4. Voluntários que atuam no local suspeitam que pode estar havendo um surto da doença. Atualmente, 80 refugiados estão dormindo no aeroporto em busca de assistência, segundo a prefeitura da cidade.

A gestão municipal informou que os infectados foram encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento a Saúde (UPA) Cumbica, onde permanecem isolados até serem liberados para encaminhamento para um abrigo. A prefeitura reforçou ainda que acionou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre os diagnósticos, já que o aeroporto internacional é de concessão federal.

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O Afeganistão vive em guerra desde o fim do ano passado, quando o grupo armado Taleban retomou o controle do país. O Brasil passou a oferecer, então, um visto humanitário para receber refugiados, encaminhando aqueles que não tinham recursos para centros de acolhimento. Com o tempo, porém, as vagas nesses espaços tornaram-se insuficientes, e os afegãos passaram a se aglomerar no aeroporto especialmente desde agosto.

Os dois refugiados diagnosticados com covid, uma mulher de 64 anos e um homem de 21, estavam assintomáticos e só foram encaminhados por voluntários para um posto de saúde porque havia suspeita de outros problemas de saúde. Um deles apresentava complicações em decorrência da diabetes e outro, suspeita de inflamação nos rins.

Neste domingo, ativistas que atuam no aeroporto já há alguns meses realizaram uma ação de saúde no aeroporto. Cerca de vinte profissionais de saúde voluntários, entre médicos e enfermeiros, prestaram atendimento no local. Dos três refugiados que foram encaminhados para uma UPA, dois testaram positivo mesmo sem apresentar sintomas gripais.

"A gente ficou em pânico", relatou ao Estadão a ativista Swany Zenobini, uma das voluntárias que atua no aeroporto por meio do coletivo Frente Afegã. Os resultados saíram no fim da tarde de domingo. "Se de três pessoas que foram testadas, sem nem terem se queixado, porque estão assintomáticas, dois deram positivo, imagina o tanto de gente que deve estar covid naquele aeroporto."

Swany relata que o grupo notificou ainda no domingo a prefeitura de Guarulhos, que mantém um posto de atendimento no aeroporto. A gestão municipal providenciou o isolamento dos pacientes no posto de saúde. Agora, o objetivo do coletivo Frente Afegã, continuou a voluntária, é fazer com que outros refugiados sejam testados antes de serem encaminhados para abrigos.

A prefeitura informou, em nota, que "segue as orientações do governo de São Paulo, que orienta, conforme nota técnica, a testagem apenas em pessoas sintomáticas". "Semanalmente a Secretaria de Saúde de Guarulhos tem realizado ações de saúde no aeroporto, como vacinação, consultas médicas, além de orientações gerais sobre saúde", informou.

A gestão municipal afirmou que já abriu dois acolhimentos na cidade: um em agosto, com 27 vagas, e um em outubro, com mais 20. "Abriríamos ainda esta semana mais 28 vagas com o recurso enviado pelo governo federal, mas estamos verificando a possibilidade de usar este espaço para acolher os que testaram positivo ontem", afirmou. A pasta reiterou entregar café da manhã, almoço e jantar aos que aguardam acolhimento no aeroporto.

Como mostrou o Estadão em outubro, alguns dos refugiados estão sendo encaminhados para centros de acolhimento, mas o grupo acampado no aeroporto, que muda de composição a todo momento, cresce especialmente desde agosto. Segundo voluntários, o número cresceu com o aumento de voos devido à Copa do Mundo e ficou perto de 300 na última semana. Agora, conforme a prefeitura de Guarulhos, são cerca de 80.

O que dizem a Anvisa e o governo de São Paulo

Em nota, a Anvisa informou que a situação de refugiados afegãos que estão acampados no aeroporto de Guarulhos é de conhecimento da agência, que acompanha a situação desde que os primeiros grupos passaram a aguardar o encaminhamento para localidades de destino.

"A partir da observação do crescimento do grupo e do tempo de permanência, a Anvisa informou oficialmente, em 11 de outubro, o Ministério da Saúde, relativo aos riscos à Saúde de tal situação; e o Comitê Nacional Para Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça, relativo à situação de um acolhimento para os acampados", afirmou o órgão.

A Anvisa afirmou que executa atividades de Vigilância Epidemiológica sob orientação técnica e normativa do Ministério da Saúde. Segundo a agência, o ministério indicou a atuação da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, como órgão que faria a oferta de vacinas, a coleta de amostras de casos suspeitos e o apoio na mitigação do risco de transmissão de doenças infectocontagiosas.

Após os casos positivos identificados neste domingo, a Anvisa comunicou, então, o CVE/SP e reforçou a indicação do uso de máscaras, disponibilizando-as para todo o grupo de refugiados. "Caso novos refugiados apresentem sintomas é indicada a testagem nas unidades de saúde do município e isolamento em local fora do aeroporto", apontou.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou ter recebido a notificação, pela Anvisa, dos dois casos ao Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). "Os dois pacientes estão em isolamento em uma unidade municipal e seguem sendo acompanhados pelas vigilâncias estadual e municipal", afirmou o governo estadual. Até o momento, nenhum outro caso foi identificado.

Na terça-feira (08), a Residência Transitória Todos Irmãos Migrantes e Refugiados em Guarulhos deu início aos cursos de português para os afegãos acolhidos na unidade. Até o momento, a residência conta com sete alunos, tendo duas aulas semanais com duração de duas horas.

As aulas serão ministradas por professores voluntários, indicados pela ONG Cáritas Diocesana, instituição que é responsável pelo gerenciamento da unidade, em parceria com a Prefeitura de Guarulhos.

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Os acolhidos já estudavam a língua portuguesa em outro curso, oferecido pela municipalidade, porém, havia a dificuldade do deslocamento. “Eles estavam bastante ansiosos com as aulas de português aqui na unidade. Faz toda a diferença pra eles, porque tem tanto essa parte de aprender a se comunicar quanto a facilidade de eles não precisarem se locomover para as aulas”, compartilhou Vanessa Pimenta, coordenadora da residência.

Mesmo antes do início das aulas, alguns abrigados já estudavam a língua por conta própria. “Isso é fundamental para eles, pois promove autonomia, que é um dos pontos que trabalhamos aqui. Eles precisam começar a socializar com outras pessoas, ter sua independência em atendimentos de saúde, por exemplo, ou até mesmo buscar um trabalho, que é da vontade de muitos”, complementou Vanessa.

As aulas de língua portuguesa integram uma ação da Prefeitura de Guarulhos, em parceria com a Cáritas, para facilitar a vida dos afegãos que estão no Brasil, tornando mais confortável a estadia e fornecendo recursos e ferramentas que possam ajudá-los na adaptação a um novo país.

A Residência Transitória Todos Irmãos para Migrantes e Refugiados conta com capacidade para abrigar 27 pessoas. No início de outubro, para acolher famílias com idosos, deficientes e grávidas que improvisaram abrigo no aeroporto, foram abertas outras 20 vagas.

São previstas nas próximas semanas, decorrentes de verba enviada pelo Governo Federal, mais 100 vagas disponibilizadas para a primeira acolhida em Guarulhos.

Como se voluntariar

Para aqueles que desejam trabalhar como voluntário, seja com os afegãos ou em qualquer outro serviço, é necessário entrar em contato com a Central de Voluntariado de Guarulhos pelo WhatsApp (11) 99637-2799.

As autoridades italianas impediram 35 imigrantes de desembarcar na Sicília neste domingo, 6. O governo italiano de extrema direita adotou uma estratégia dura contra navios de resgate privados que operam em águas italianas.

O Humanity 1, transportando 179 passageiros resgatados, teve acesso ao porto siciliano, mas três outros navios de resgate administrados por organizações não governamentais e transportando um total de 900 pessoas permaneceram no mar.

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As ONGs disseram que as pessoas estavam dormindo no chão e decks, com infecções, febre e sarna, e alimentos e suprimentos médicos estavam acabando. Alguns migrantes estão nos barcos há mais de duas semanas.

Funcionários da instituição de caridade alemã SOS Humanity, que administra o Humanity 1, questionaram a decisão italiana de distinguir entre passageiros classificados como "vulneráveis" ou não. Todos os passageiros do navio foram resgatados no mar e isso por si só lhes dá direito a um porto seguro sob a lei internacional, disse a organização.

Participantes de audiência da Comissão Mista Permanente sobre Migrações Internacionais e Refugiados (CMMIR), realizada nesta quinta-feira (3), defenderam a necessidade de o governo federal gerir um plano de fluxo migratório dos refugiados afegãos no Brasil, como aconteceu com a Operação Acolhida, que recebeu migrantes venezuelanos. 

Relatora do colegiado e autora do requerimento para a realização do debate, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) demonstrou preocupação com a situação de cerca de 114 migrantes afegãos que estão acampados próximo ao Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), sem direcionamento para nenhum abrigo temporário.   

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"A situação em Guarulhos merece atenção federal mesmo e, é claro, do estado [de São Paulo] também. É inadmissível que o governo federal não tenha criado dotação orçamentária específica e contínua para permitir a realização de ações socioassistenciais, como políticas de acolhimento, inclusão social nos estados, nos municípios que têm acolhido as pessoas do Afeganistão com solidariedade e trabalho duro", enfatizou.   

Mara pediu que a Casa Civil edite um decreto para permitir o repasse de fundos federais e outras medidas de assistência emergencial para o acolhimento de afegãos em situação de vulnerabilidade decorrente do fluxo migratório com a crise humanitária no país de origem. De acordo com ela, “há previsão legal para isso [Lei nº 13.684, de 2018] e um decreto similar já foi editado para o fluxo venezuelano”. 

O secretário de Assistência Social de Guarulhos, Fábio Cavalcante, relatou que o posto humanitário do terminal, de competência municipal, acolheu e encaminhou 1.387 pessoas a abrigos provisórios, com o auxílio do governo do estado e de outros municípios e instituições. O posto, segundo Cavalcante, ficou responsável pela primeira acolhida dessas pessoas com a garantia de segurança alimentar e o fornecimento de itens para necessidades emergenciais, como cobertores e água. Ele cobrou que o Executivo coordene a acolhida e da distribuição dos imigrantes para os demais estados do país, assim como foi feito com os venezuelanos na Operação Acolhida.   

"A gente está chegando ao nosso limite. Além disso, uma das funções do posto, que é o combate ao tráfico de pessoas, a gente não está conseguindo efetivar porque a demanda que chega todo dia é tão grande que a gente não consegue ter perna para fazer o que o posto foi efetivamente criado para fazer", disse. 

 O padre Marcelo Maróstica Quadro, da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, instituição parceira do governo do estado, afirmou que adultos e crianças enfrentam uma "situação indigna” no aeroporto. O problema, de acordo com ele, poderia ser resolvido com a participação do de um representante do Executivo federal que estabelecesse limites de acesso e colaborasse para um bom fluxo da política pública. 

  "Muitas pessoas, sensibilizadas pela imprensa, sensibilizadas por ativistas, se aproximam como voluntárias para ajudar (...) As pessoas querem ajudar, mas estão sem orientação técnica também. Então, nós percebemos o quanto é necessário pensar na política migratória do Brasil, num órgão que coordene a ação, que possa subsidiar e fortalecer as ações municipais", afirmou. 

 O secretário-geral de Articulação Institucional da Defensoria Pública da União, Gabriel Saad Travassos do Carmo,  também reconheceu que, diante das dificuldades de articulação, a coordenação da política de fluxo migratório dos afegãos deve ser de responsabilidade do governo federal, assim como na experiência da Operação Acolhida. 

  "Apesar das peculiaridades da experiência, ela [a Operação acolhida] pode ser utilizada no que diz respeito ao cofinanciamento federal, ao fortalecimento da rede socioassistencial, lembrando que a obrigação é tripartite, tanto a União quanto estados e municípios têm que realizar o acolhimento dessas pessoas", disse. 

 Apoio financeiro

A secretária de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, Célia Leão, afirmou que, além de não haver coordenação federal, falta apoio financeiro da União. Até o momento, de acordo com ela, o governo federal liberou R$ 280 mil, valor considerado insuficiente para as ações de acolhimento. Célia relatou que, de janeiro de 2022 até agora, 162 afegãos foram acolhidos na Casa Passagem Terra Nova, no bairro da Mooca, em São Paulo. A rede de assistência que compete ao governo estadual atua na urgência do acolhimento articulado com municípios e instituições internacionais, como a agência da ONU para Refugiados (Acnur) e a Cáritas São Paulo. O grupo busca moradia temporária, acesso a vacinação, auxílio na obtenção de documentação e colocação profissional. 

 O representante do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Bernardo de Almeida Tannuri Lafert, concordou que o governo pode coordenar o fluxo migratório, como aconteceu na Operação Acolhida com venezuelanos e haitianos. Mas a atuação, segundo ele, se restringiria ao acolhimento e ao encaminhamento dessas pessoas para outras cidades, numa colaboração com estados e municípios. 

A assessora para Assuntos de Imigração da Secretaria Nacional de Assistência Social, Niusarete Margarida de Lima, explicou que o governo federal só pode atuar na interiorização dos afegãos quando formalizar um pacto de cooperação com estados e municípios que possam receber os migrantes. 

 "Nós temos que compreender que, pelo pacto federativo, o governo federal não pode impor aos entes federados uma distribuição, um deslocamento de determinados grupos sem que haja uma pactuação local", esclareceu. 

 Niusarete  também alertou para a necessidade elaboração de uma lei federal que reconheça a crise migratória dos afegãos como emergência social. Segundo ela, só assim o ministério terá segurança jurídica para destinar mais recursos federais e atuar com ações necessárias. 

 Vistos humanitários

Para Mara Gabrilli, outra dificuldade que os afegãos enfrentam é a demora para emissão dos vistos humanitários nas embaixadas brasileiras. A senadora já pediu providências ao ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e encaminhou três ofícios solicitando maior agilidade. 

A juíza afegã, Gulandam Totakhai que há um ano está refugiada no Brasil, reforçou a importância de o governo brasileiro emitir vistos humanitários. De acordo com ela, é preciso que líderes e toda a sociedade civil assumam a responsabilidade com o acolhimento dos migrantes. 

  "É responsabilidade de todos nós. As comunidades, as empresas, as organizações, a sociedade civil, todos devemos nos unir para encontrarmos uma solução para esse problema. Sei que [o problema] não será apenas neste ano ou no próximo ano, sei que será um problema contínuo porque o Brasil é um país para o qual muitas pessoas querem vir", acrescentou.   

Mercado de trabalho

Dos 2.842 afegãos que chegaram ao Brasil, 919 foram atendidos e acolhidos pelo Acnur e por parceiros, como a Cáritas São Paulo e a Missão Paz. De acordo com levantamento da entidade, 50% dos migrantes têm curso superior, vêm com suas famílias e possuem capacidade profissional para inserção no mercado de trabalho. A chefe de escritório do Acnur em São Paulo, Maria Beatriz Nogueira, disse que os migrantes têm conseguido se colocar no mercado de trabalho brasileiro.   

"Pegando dados públicos do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados], vemos que pessoas têm sido contratadas no Brasil. A gente tem quase 500 pessoas inseridas no mercado de trabalho, de diferentes gêneros, idades e em diferentes estados do Brasil. Isso mostra que as pessoas que têm chegado têm de fato se inseridas no mercado de trabalho. Talvez não com a qualificação equivalente à sua formação inicial (...) Então, é importante que se diga que há uma perspectiva de integração dessas pessoas aqui no Brasil", disse.   

*Da Agência Senado

Com seus diplomas universitários e vistos brasileiros em mãos, refugiados afegãos continuam a chegar ao aeroporto de Guarulhos. Servidores do governo, professores, médicos, advogados, economistas, muitos exerciam cargos de alta importância na região do Afeganistão. Atualmente, 127 deles aguardam acolhimento no Terminal 2, em um corredor em frente a uma agência do Banco do Brasil. Alguns estão no local há mais de dez dias.

Estas pessoas desembarcaram no Aeroporto Internacional de Guarulhos em busca de uma nova oportunidade, um lugar mais tranquilo e longe dos conflitos que assolam sua terra natal. Porém, sem condições e apoio de autoridades locais, acabaram montando um acampamento improvisado.

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Ao chegar no Brasil, os refugiados recebem alimentos, água, itens de higiene pessoal e algumas roupas. Também foram vacinados contra sarampo, poliomielite e Covid-19. Mas, agora a luta deles é por abrigo e oportunidades para restabelecerem suas vidas de uma maneira digna.

Muitas destas pessoas formadas e bem estabelecidas deixaram tudo o que tinham em seu país -incluindo bens pessoais, famílias, amigos, histórias e a própria casa - em decorrência da tomada de poder pelo Talibã, que assumiu o controle do país no ano passado.

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DE CABUL PARA GUARULHOS

Há cinco dias no Brasil, o economista Sayed Ahmad Shapoor, de 25 anos, natural de Cabul, também encontrou neste espaço do aeroporto um acampamento provisório. Ahmad deixou mãe, pai, tios, tias e irmãos no Afeganistão. O motivo de sua fuga? Ahmed trabalhava em um projeto social em conjunto com a UN, (Organização das Nações Unidas) que visava a educação privada de alta qualidade para meninas afegãs.

Em suas palavras: “Antes (do Talibã) as coisas eram boas, mas depois que assumiram o controle as gerações mais novas ficaram em risco. O sistema educacional ficou pior, meninas foram proibidas de estudar, qualquer um que trabalhou com a UN ficou em risco, estudantes foram perseguidos, inclusive. Não era mais seguro para mim continuar lá.”

Ahmad conta também que por conta dos problemas financeiros e a falta de trabalho, já não é mais possível permanecer no Afeganistão. "Meu irmão de 18 anos, foi atingido por um bombardeio enquanto estava na sua sala de aula, estudando. Os danos físicos que sofreu foram pequenos, porém, ele ficou devastado psicologicamente, precisando de tratamento até os dias de hoje", relembra ele.

“Brasileiros me parecem educados e gentis. Saímos de lá pois não podíamos concordar com as regras deles, retrocederam nosso país em 100 anos. É improvável pensar que em um ou dois anos as coisas voltem a ser como eram antes deles (Talibã). Me pergunta como estou me sentindo nessa situação? Se você esteve em uma situação de vida ou morte, isso aqui (aponta para o corredor do aeroporto) é ótimo para mim", desabafa Ahmad.

Já no fim da conversa em inglês, Ahmad comentou sobre suas perspectivas para o futuro no Brasil: “Essa situação não é para mim. Eu trabalhei muito duro na minha vida, escola, faculdade, preparação para concursos, trabalhei com a UN, esta situação não é para mim e para os que estão aqui. Todos aqui são pupilos do Afeganistão, muitos são educados, podem trabalhar com qualquer área que possa interessar ao governo brasileiro. E se eu voltaria para o Afeganistão em uma situação melhor? Claro que sim, não há nada melhor do que o espírito de casa", disse emocionado.

O QUE DIZ A PREFEITURA DE GRU

A Prefeitura de Guarulhos, em nota, afirma que a Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social (SDAS) realiza a primeira acolhida das famílias recém-chegadas, garantindo alimentação com café da manhã, almoço e jantar, enquanto elas ainda estão no aeroporto, além de kits de higiene e cobertores.

De acordo com a assessoria de imprensa, a PMG abriu emergencialmente no dia 10 de agosto a Residência Transitória para Migrantes e Refugiados, um local que tem capacidade para abrigar 27 pessoas e que no momento está lotado. Guarulhos já não possui mais vagas disponíveis para recebê-los em casas de acolhida na cidade. Até que sejam abertas novas vagas, os afegãos não podem deixar o aeroporto. 

Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, já foram investidos R$ 2,8 milhões para criar novas vagas de acolhimento a refugiados até dezembro e que uma casa de passagem está sendo estruturada perto do aeroporto. 

A sociedade civil também tem se organizado para ajudar, por meio de doações lideradas por ONGs como Cáritas, Missão Paz e ACNUR, além de auxiliarem os imigrantes a obter documentos junto à Polícia Federal. 

De janeiro a setembro de 2022, o Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante atendeu 1.101 afegãos. Apenas em outubro, até o dia 10, foram 142 atendimentos.

De 2020 até 2022, o Governo Brasileiro já emitiu mais de seis mil vistos humanitários para refugiados do Afeganistão. É importante lembrar que os vistos são emitidos pela embaixada Brasileira em Teerã, uma vez que o Brasil não possui embaixada oficial no Afeganistão.

Serviço Embaixada:

Telefones: Telefone: +98 (21) 2680 5295/5298/5310/5314/5318

E-mail: brasemb.teera@itamaraty.gov.br

Ligações do Irã: 0912 148 5200

 

De fora do Irã: +98 912 148 5200

"Não quero que ele gaste o pouco dinheiro que tem comprando qualquer coisa para mim. Presente, não quero. Eu sou feliz só de ele estar aqui", se emociona o venezuelano Aldrix Llovera, de 49 anos. Vivendo desde 2020 no Brasil, ele terá finalmente a companhia de um filho para celebrar o Dia dos Pais neste domingo (14). Alexis, de 29 anos, chegou no final do ano passado. Veio para ficar e já deu os primeiros passos para seguir a profissão do pai, que hoje trabalha como eletricista.

“Eu aguardei ele na rodoviária de Manaus. Sabia que ele não tinha roupa, não tinha nada. Eu levei uma roupa, sapato. Ele tomou banho na rodoviária, trocou a roupa e fomos para casa”, contou Aldrix. O venezuelano, no entanto, convive com a saudade de outros quatro filhos. Como outros refugiados que deixaram seus países em busca de uma nova vida, ele carrega uma trajetória marcada pela separação dos entes queridos, às vezes por curto tempo, às vezes por longos períodos. 

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Mesmo sem esperar grandes comemorações para este ano, Aldrix lembra com satisfação do Dia dos Pais na Venezuela: "churrasco, cerveja, foguete, quase igual ao que é aqui". Em busca de melhores condições de vida, ele deixou Valência, cidade onde morava no norte do país vizinho. Atravessou sozinho a fronteira, chegando a Pacaraima (RR). De lá, passou por Boa Vista, capital roraimense, e foi parar em Manaus, onde vive atualmente. É um trajeto comum realizado por muitos venezuelanos em meio ao movimento migratório que teve início em 2017. "A situação em meu país estava muito ruim, muito crítica. Já não dava para trabalhar e morar lá", conta.

Hoje, ele possui carteira assinada e atua como eletricista em uma empresa de energia. Mas até se estabelecer, viveu na rodoviária da capital do Amazonas, onde funciona um posto de recepção e apoio a imigrantes. Lá, pessoas em situação de vulnerabilidade podem tomar banho, guardar seus pertences e, pernoitar em barracas emprestadas pela Operação Acolhida, iniciativa liderada pelo Ministério da Cidadania que envolve também uma rede de organizações mobilizada pelo Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), agência vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU).

Apesar de relatar que sofreu uma tentativa de assalto, Aldrix considera ter sido bem recebido e avalia que os brasileiros gostam de ajudar. Com emprego fixo e renda regular, ele pôde viabilizar a vinda de Alexis, que estava na Colômbia, para onde havia ido cinco anos antes com outros dois irmãos. Apesar da distância, nunca deixaram de se falar e quando o filho contou que não conseguia emprego, o pai prontamente se ofereceu para pagar a passagem com destino ao Brasil. Nos últimos meses, Alexis fez curso de eletricista. Enquanto aguarda uma oportunidade na empresa onde o pai trabalha, ele busca se sustentar vendendo banana.

Além da solidariedade brasileira, os dois contam ainda com o apoio de uma comunidade de venezuelanos que trilhou um caminho similar. Aldrix inclusive conheceu no Brasil sua atual esposa, a compatriota Miriam Machado. Dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), órgão colegiado vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, apontam que 70,04% dos 61.731 pessoas reconhecidas como refugiadas no Brasil são venezuelanas. Síria, Senegal, Angola e República Democrática do Congo fecham a lista dos cinco principais países de origem dessas pessoas.

Refúgio

Os pedidos de refúgio levam em média 2 a 3 anos para serem analisados. Eles são deferidos caso se reconheça que o deslocamento se deu em consequência de conflitos internos, agressão estrangeira, violência generalizada, grave violação de direitos humanos ou perseguição por motivos sociais, raciais, religiosos, políticos ou de nacionalidade. No caso dos venezuelanos, o grande fluxo migratório iniciado em 2017 decorre da crise econômica e política que se instaurou no país vizinho. No auge desse movimento, cerca de 500 pessoas ingressavam diariamente no Brasil. Criada em 2018 para lidar com a situação, a Operação Acolhida tem assegurado a interiorização de milhares deles em diferentes cidades do país.

Por sua vez, o Acnur oferece suporte a essa população. Voltada para a proteção dos direitos dos refugiados em todo o mundo, a agência se mantém exclusivamente com doações que podem ser feitas pelo site. No Brasil, a atuação ocorre geralmente de forma indireta, financiando organizações sociais e entidades do terceiro setor. A exceção está justamente na fronteira com a Venezuela, onde são mantidos diversos abrigos e são desenvolvidas diretamente ações variadas, que incluem cursos de português, capacitação profissional, encaminhamento de crianças para a escola, concessão de auxílios sociais e financeiros, atendimento psicossocial, entre outras.

Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Acnur no Brasil, observa que a reconstrução de vida longe dos vínculos afetivos é um desafio adicional para os refugiados, muitos dos quais passam anos longe de cônjuge, pais, irmãos e filhos. "A integridade da família é protegida pelo direito internacional. O Acnur atua para que os refugiados tenham acesso a meios seguros e legais de se reunir com seus parentes. Ou seja, sem recorrer a jornadas perigosas e irregulares onde as vidas são colocadas em risco", afirma. Segundo Godinho, a reunião familiar ajuda a superar traumas do deslocamento forçado e também facilita o processo de integração e adaptação às novas comunidades.

Saúde

O tratamento que o Brasil dá aos migrantes é considerado pelo Acnur como um exemplo positivo. Diferente de outros países, que organizam campos de refugiados, aqui há um esforço para integrá-los na sociedade. E a legislação contribui com essa opção, uma vez que garante a eles acesso a serviços considerados universais, como saúde, educação e mesmo programas sociais.

Foi justamente a luta pela saúde que trouxe ao Brasil o venezuelano Luis Aníbal Pinto Casanova. Aos 48 anos, ele se despediu da esposa e da filha para buscar melhor qualidade de vida para seu filho de 4 anos. O menino sofria de síndrome nefrótica, que causa retenção de líquidos no organismo e inchaço do corpo. A família tinha dificuldades para comprar medicamentos e para conseguir comida para a dieta adequada.

"Tivemos que ir várias vezes ao hospital. Até que chegou um limite e sempre me falavam que no Brasil havia ajuda, melhores médicos, especialistas para esta doença", conta Luis. Ele fez o mesmo trajeto que Aldrix e lembra do apoio que recebeu para ter acesso aos serviços de saúde. "Quando cheguei a Pacaraima não tinha sequer 50 centavos. Entramos no abrigo e tudo mudou".

Hoje, aos 7 anos, o filho, que também se chama Luis, está melhor. "Come de tudo, não fica mais inchado", diz o pai celebrando o tratamento no Brasil. Além da saúde, ele também elencou a educação do menino como uma prioridade. De início, conseguiu matriculá-lo em uma escola distante do abrigo onde estavam: levava o filho de bicicleta em um trajeto que tomava quase uma hora. Com o tempo que gastava no deslocamento, não tinha condições de assumir um trabalho fixo. Isso só ocorreu quando uma professora lhe ajudou a obter uma transferência para uma instituição mais próxima.

"Queria que ele aprendesse o português. Quero um futuro para os meus filhos. Quero que um dia eles pensem que o pai os trouxe para esta terra e que entendam que aqui está seu futuro, está sua educação. Quero que aprenda bastante porque ele nunca estudou na Venezuela por causa da sua doença. E agora sim. Tenho uma irmã que é professora. Eu mandei fotos da escola do sobrinho e ela ficou contente. Me sinto bem. Levo ele na escola, busco comida ao meio dia e vou ao trabalho. Se tenho um trabalho, está tudo bem", conta.

Luis terá motivo extra para celebrar o Dia dos Pais, já que estará acompanhado de toda a família. A esposa e a filha, que haviam ficado na Venezuela, vieram depois. E agora há um reforço com nome de craque. No final do mês passado, nasceu, em solo brasileiro, um novo descendente: Neymar. Ele se emociona com o apoio que tem recebido e conta que o chefe lhe presenteou com muitas roupinhas novas de bebê.

"Existem pais que são bons com os filhos. E existem pais que se vão e se esquecem dos seus filhos. E isso não é certo. Eu não abandono meu filho por nada. Me sinto com força e com vontade de tê-lo. Estamos juntos, unidos. Somos pobres, mas humildes e com uma vontade grande de seguir adiante", afirma.

Dificuldades

Se as separações são dolorosas, os reencontros envolvem desafios que vão além da questão econômica. Cheick Ahmed enfrenta obstáculos para trazer ao Brasil seus filhos que não vê há seis anos. "Quando chega esse momento de feriado, dia das crianças, dos pais, sinto muita saudade. Muito triste minha família estar longe de mim. Mas a gente se fala pela internet, no WhatsApp", diz.

Ele chegou ao país em 2016, com apenas 27 anos, após deixar a Guiné por conta da instabilidade política no país africano. Ele conta que, no ano anterior, teve sua casa invadida e seu irmão foi assassinado. Diante da turbulência, ele decidiu vir para o Brasil.

"É um país que tem democracia. É um país emergente, que acolhe todo mundo. Aqui tem liberdade de expressão, tem lei e tem pessoas respeitando a lei", disse. Antes de vir para cá, levou sua esposa e três filhos para o Senegal, onde estariam mais seguros. Na época, o mais novo estava com apenas seis meses de idade e as outras duas crianças tinham 4 e 9 anos. "Tenho muita saudade, triste deixar todos novinhos. Não tinha condição para trazer todo mundo junto. Financeiramente e para resolver todos os documentos logo para sair do país", explica.

Já faz três anos que Cheick está tentando trazer a família para o Brasil. Segundo ele, sua autorização de residência, que permite que a família solicite visto para entrar no país, levou cinco anos para sair, o que só ocorreu no final do ano passado. Agora, há um novo obstáculo para se reencontrarem: a emissão do passaporte para a esposa e para os filhos. Cheick relata que, com a recente troca no governo da Guiné, as autoridades do país africano estariam dificultando a emissão do documento de viagem. "Às vezes fico chorando pensando como eles são, se eles estão bem, se comeram direitinho, se estão vivendo bem", se emociona.

*Estagiária sob supervisão de Vitor Abdala

Dezenas de milhares de rohingyas, refugiados em Bangladesh, protestaram neste domingo (19) para exigir que possam retornar para Mianmar, de onde fugiram da repressão do regime militar.

"Não queremos ficar nesses acampamentos. Ser um refugiado é um inferno. Já chega. Vamos para casa", clamou um de seus líderes, Sayed Ullah, em um discurso.

"Mais de 10.000 rohingyas participaram da concentração, nos campos sob minha jurisdição", disse à AFP o policial Naimul Haque, referindo-se ao maior acampamento de refugiados do mundo, Kutupalong.

De acordo com a polícia e com os organizadores do protesto, mais de mil rohingyas se manifestaram em cada uma destas 29 instalações insalubres, onde estão amontoados em barracas feitas de lona, chapas de metal e bambu.

Em 2017, cerca de 750.000 rohingyas, muçulmanos, fugiram das perseguições do Exército em Mianmar, país de maioria budista, e buscaram asilo no vizinho Bangladesh. Juntaram-se aos mais de 100.000 refugiados já instalados neste país, vítimas de abusos anteriores.

Os rohingyas exigem obter direitos de cidadania antes de voltarem para Mianmar.

Em março, os Estados Unidos reconheceram, pela primeira vez, que os rohingyas foram vítimas de "genocídio", cometido pelo Exército birmanês. Em uma das manifestações, Mohammad Haris disse, neste domingo, que não quer "morrer como refugiado".

"Quero meus direitos. Quero voltar para minha casa, onde posso estudar e pensar no meu futuro", afirmou.

Na semana passada, pela primeira vez em quase três anos, autoridades de Bangladesh e de Mianmar fizeram uma reunião por videoconferência para discutir a questão do repatriamento dos refugiados.

A Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação (MEC) lançou o curso de “Formação de Professores para Acolhimento de Imigrantes e Refugiados”. O projeto tem como objetivo proporcionar ao docente a oportunidade de conhecer e aprofundar os conhecimentos em relação à inserção das pessoas refugiadas e imigrantes dentro do ambiente escolar estrangeiro e multicultural no Brasil.

A capacitação estará disponível a partir desta quinta-feira (9), na plataforma de ambiente virtual de aprendizagem, AVAMEC. O treinamento será disponibilizado pela Diretoria de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação (DIFOR).

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Os conteúdos contemplam etapas teóricas e práticas com carga horária de 80h, divididas em dois módulos de 40h cada. Por meio dessa formação, pretende-se subsidiar os professores na elaboração de materiais didáticos, pedagógicos e literários, entre outros materiais de apoio à prática educativa, e que atendam às necessidades de promover a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos estudantes.
Segundo o diretor de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação, Renato Brito, barreiras sociais e econômicas, de idioma, culturais e até burocráticas contribuem para a dificuldade de acesso das crianças e adolescentes refugiados ao sistema escolar brasileiro. “É nesse contexto que se insere a Formação em Acolhimento de Imigrantes e Refugiados que está sendo ofertada pelo MEC, por meio da Secretaria de Educação Básica, com práticas pedagógicas capazes de auxiliar os docentes no processo educacional de imigrantes e refugiados na sociedade brasileira”, ressalta o professor.
A “Formação para Acolhimento de Imigrantes e Refugiados” está em consonância com a Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica (BNC – Formação Continuada). E promoverá aos docentes o contato com aspectos históricos, culturais e educacionais que permeiam as questões e os temas que envolvem os refugiados e imigrantes no Brasil.
A formação está alinhada também com o contexto da “Operação Acolhida”, criada pelo Governo Federal em 2018 – que visa garantir o atendimento humanitário aos refugiados e migrantes venezuelanos em Roraima – principal porta de entrada da Venezuela no país.

Os migrantes que entram em território mexicano pela fronteira sul sofrem "abusos" pelas medidas adotadas pelo México e por Washington para impedir sua chegada aos Estados Unidos, denunciou a Human Rights Watch nesta segunda-feira (6), coincidindo com o início da Cúpula das Américas.

Os pedidos de status de refugiados e as detenções de migrantes no México "têm aumentado drasticamente" na medida em que o presidente americano, Joe Biden, segue restringindo o acesso ao asilo na fronteira sul", alertou a ONG em um relatório.

Segundo a HRW, "aqueles que cruzam a fronteira sul do México fugindo da violência e da perseguição tem dificuldades para obter proteção, enfrentam graves abusos e atrasos".

"Muitas vezes se veem obrigados a esperar durante meses em condições desumanas perto da fronteira sul do México, enquanto batalham para encontrar trabalho ou moradia".

Para Tyler Mattiace, pesquisador para as Américas da Human Rights Watch, "a delegação da aplicação migratória americana ao México deu lugar a graves abusos e obrigou centenas de milhares de pessoas a esperar, em condições assustadoras, para buscar proteção".

Em 2021, o México deteve 307.569 migrantes e 130.863 pessoas solicitaram o status de refugiado, um recorde para ambos, segundo o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).

Biden "continuou com muitas das políticas abusivas contra a imigração" de seu antecessor, Donald Trump, "como pressionar o México para que impeça os migrantes de chegar aos Estados Unidos" e bloquear o acesso ao asilo na fronteira através de políticas como o Título 42, uma norma sanitária que Biden tentou rescindir, mas foi impedido por um juiz, e o "Fique no México", denunciou a ONG.

O chefe de Estado mexicano, Andrés Manuel López Obrador, enviou quase 30.000 soldados e agentes do Instituto Nacional de Migração (INM) para deter os imigrantes irregulares no país, acrescentou.

O Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos estima um total de aproximadamente 7.500 detenções de imigrantes não autorizados por dia ao longo da divisa com o México, um número quase cinco vezes maior que a média entre os anos de 2014 e 2019.

E milhares de pessoas continuam chegando a essa fronteira: hoje, uma caravana que se reuniu no sul do México partiu rumo ao norte.

Biden espera alcançar uma declaração regional sobre migração durante a Cúpula das Américas, que acontece esta semana em Los Angeles, um tema essencial a poucos meses das eleições de meio mandato de novembro.

Mas os líderes de países-chave para discutir a crise migratória, como México, Honduras e Guatemala, se recusaram a participar da reunião regional.

A maioria dos migrantes que entra pela fronteira sul do México vem da América Central e do Caribe, e quase metade dos que pediram asilo eram haitianos, informou a Human Rights Watch. A organização apontou também que a maior parte entra pelas redondezas da cidade de Tapachula, no estado de Chiapas.

Segundo entrevistas e documentos da ONG citados no relatório, a maioria afirma fugir da violência ou da perseguição em seus países.

Muitos dizem escapar de ameaças de morte, extorsão e do recrutamento forçado por parte de gangues e cartéis de drogas em Honduras, Guatemala e El Salvador. Fogem também da perseguição política e dos abusos generalizados contra os direitos humanos em Cuba, Nicarágua e Venezuela.

Ao chegar ao México, temem que os agentes do INM os deportem. Alguns afirmam que lhes foi negada proteção, que foram dissuadidos de solicitar o status de refugiados e pressionados a aceitar o retorno voluntário.

"Pensei que nos ajudariam quando chegássemos ao México, mas [...] nos rejeitaram", declarou um homem que afirma fugir do recrutamento forçado de gangues em Honduras, citado no relatório.

A autoridade responsável pelos refugiados no México, a Comissão Mexicana de Atenção ao Refugiado (Comar, independente do INM) recebeu em 2021 mais de 130.000 pedidos, mas só processou 38.000.

As 10 crises de deslocados "mais esquecidas" do mundo estão na África, afirma a ONG Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC) em um relatório publicado nesta quarta-feira, no qual expressa preocupação com as consequências da guerra na Ucrânia para este continente.

O NRC publica uma lista anual das 10 "crises de deslocamento mais esquecidas" com base em três critérios: falta de vontade política da comunidade internacional para encontrar soluções, falta de cobertura da imprensa e falta de financiamento para as necessidades humanitárias.

A classificação de 2021 "reflete o fracasso crônico das autoridades políticas, dos doadores e dos meios de comunicação no momento de abordar os conflitos e o sofrimento humano neste continente", afirmou o secretário-geral do NRC, Jan Egeland, em um comunicado.

Embora normalmente uma grande proporção de países africanos seja incluída (8 de 10 em 2020), 2021 é o primeiro ano em que "todos os 10 estão em África", segundo o relatório.

Assim como no ano anterior, a República Democrática do Congo (RDC), "um caso de manual de abandono, que aparece na lista pela sexta vez consecutiva" - destaca o NRC -, aparece em primeiro lugar, com 5,5 milhões de deslocados, especialmente no nordeste do país.

"Trata-se de uma das piores crises humanitárias deste século e, no entanto, aqueles dentro e fora da África que têm o poder de mudar a situação ignoram as ondas de ataques brutais e seletivos contra a população civil que estão desintegrando as comunidades", afirmou a ONG.

No oeste da África, Burkina Faso, que tem mais de 1,75 milhão de deslocados, sobretudo no norte do país, cenário de atentados de grupos extremistas, ocupa o segundo lugar, à frente de Camarões, Sudão do Sul, Chade, Mali, Sudão, Nigéria, Burundi e Etiópia.

A fome aumenta na maioria destes países, em particular com o agravamento da situação alimentar após o "aumento dos preços dos trigo e dos combustíveis provocado pela guerra na Ucrânia", alerta o NRC.

"Além disso, vários países doadores estão decidindo ou considerando cortar a ajuda à África para redirecionar os recursos à Ucrânia e ao acolhimento de refugiados em seus países", completa o relatório.

Mais de seis milhões de ucranianos fugiram de seu país desde o início da invasão pelo exército russo em 24 de fevereiro, informou nesta quinta-feira (12) o Alto Comissariado para os Refugiados (Acnur), em Genebra.

Até 11 de maio, 6.029.705 ucranianos buscaram refúgio primeiro nos países fronteiriços antes de frequentemente prosseguirem com sua odisseia, segundo o site do Acnur. A Polônia é o país que de longe acolheu o maior número de refugiados: 3.272.943 até 11 de maio.

Mulheres e crianças representam 90% destes refugiados. Os homens de 18 a 60 anos, que podem ser mobilizados pelo exército, não estão autorizados a deixar o país.

O afluxo rumo às fronteiras tem diminuído consideravelmente nas últimas semanas.

Em março, quase 3,4 milhões de ucranianos deixaram o país, muitos deles quase com a roupa do corpo. Em abril, foi 1,5 milhão. E de 1º a 11 de maio, 493.000.

A ONU estimou no fim de abril que o número total poderia chegar a 8,3 milhões este ano.

Há, ainda, mais de 8 milhões de deslocados internos, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Antes do conflito, a Ucrânia tinha 37 milhões de habitantes nos territórios controlados por Kiev, o que exclui a península da Crimeia (anexada pela Rússia em 2014) e as regiões do leste controladas pelos separatistas pró-russos.

Países vizinhos da Ucrânia e outros países europeus multiplicaram as iniciativas de solidariedade - tanto estatais quanto individuais e de ONGs - para facilitar a vida dos refugiados ucranianos.

Uma atitude que contrasta com a acolhida muito menos entusiasmada, reservada aos refugiados de outros países em guerra, como Afeganistão ou Síria.

Segundo a Acnur, pouco mais de 1,6 milhão de refugiados ucranianos voltaram ao seu país, às vezes provisoriamente, mas outras para se instalarem em áreas onde os combates pararam, como nos arredores de Kiev.

Depois da Polônia, os países que mais acolheraram ucranianos são Romênia (896.000) e Moldávia (460.000), geralmente provisoriamente, antes que sigam viagem para a Europa Ocidental.

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