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O período de Páscoa, além do simbolismo religioso, traz oportunidades de renda extra e reinvenção aos empreendedores com a fabricação e venda de ovos e outros produtos derivados do chocolate.

Um levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta que os pequenos negócios que apostaram nesses produtos aumentaram durante a pandemia de Covid-19. Em 2021, segundo a verificação, o surgimento desses negócios teve um aumento de 57%, comparando-se a 2019.

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A crise sanitária ainda não acabou e mesmo com grandes flexibilizações, alguns setores se encontram fragilizados, assim como, o poder de compra da população. Na mesma proporção, pequenos comerciantes assistem à alta de itens utilizados na fabricação dos produtos comercializados. Nesse período de elevação, uma das principais alternativas encontradas, principalmente, pelos pequenos comerciantes é repassar os novos custos para os clientes por meio do preço final da mercadoria. A decisão nem sempre é positiva e pode refletir no afastamento de antigos e novos compradores.

Em meio a esse cenário, o empreendedor Saulo Santos, dono da marca Brownie do Saulo, precisou se reinventar na tentativa de preservar a clientela e, ao mesmo tempo, não ter prejuízo nas vendas. Uma das alternativas colocadas em prática por Saulo, que está no segundo ano de vendas de ovos de chocolate, foi se antecipar nas compras dos produtos com os fornecedores. “Neste ano, eu me organizei melhor. Consegui fornecedores locais, pesquisei e antecipei as compras. Além disso, eu procurei alternativas com os fornecedores para diminuir os preços”, explica à reportagem.

Saulo Santos traz opções de ovos de Páscoa para todos os gostos e bolsos. Fotos: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Mantendo a qualidade e os clientes

Perder os compradores não é uma opção para Saulo. Por isso, além da antecipação da compra dos ingredientes, ele manteve os preços do ano anterior e colocou em prática a pré-venda dos chocolates. “Na pré-venda, o cliente compra o produto com desconto. Eles também têm a alternativa de parcelar o valor no cartão de crédito em até 10 vezes. Pessoas que comprarem mais produtos também terão descontos no preço final”.

Ao LeiaJá, o empreendedor conta que os preços dos ovos de Páscoa, sendo o de casca de brownie o carro-chefe, variam entre R$ 49,90 a R$ 65,90, podendo ser encomendados até a próxima quinta-feira (7). Saulo garante que a alta dos produtos de fabricação dos itens de chocolate não o fez modificar tanto as receitas, mantendo, assim, a qualidade dos artigos. 

Para atrair os clientes e divulgar os produtos, já que ainda não possui loja física, o responsável pelo Brownie do Saulo usa das redes sociais. Segundo ele, elas são responsáveis por 90% da clientela. "As redes sociais são necessárias. Você coloca o seu produto lá com uma boa foto mostra as pessoas, além de um perfil de qualidade, um produto de qualidade também", expõe.

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A pandemia da Covid-19 tem afetado empresas e trabalhadores em todo o Brasil. A solução encontrada por quem tenta fugir da crise econômica é se reinventar e, até mesmo, apostar em um novo empreendimento. É o caso, por exemplo, do músico José Carlos Pereira, de 32 anos, que viu as contas chegarem, o faturamento cair e as festas, que eram sua fonte de renda no fim do mês, serem canceladas por conta das medidas restritivas contra o vírus.

Para driblar a crise, a saída foi colocar em prática sua ideia de abrir um pequeno negócio. “Quando veio a pandemia, fui impulsionado diretamente para abrir o Piva’s Grill”, diz. A hamburgueria, que funciona como delivery, surgiu em julho do ano passado depois de uma “brincadeira” que deu certo. “Já tinha escolhido os pratos que iria servir, e também os hambúrgueres de parrilla, a carne, o molho, tudo, só faltava o pão. Fiz uma brincadeira com meus amigos. Organizei uma hamburgada e cobrei R$ 10 por hambúrguer com a intenção de vender 20 unidades, acabei vendendo 80. Foi uma loucura, mas deu certo”, conta José Carlos.

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O Piva’s Grill, localizado na Iputinga, Zona Oeste do Recife, está dando bons lucros. De acordo com José Carlos, o novo negócio está crescendo e pode ser melhorado em breve. “A princípio, meus planos é aperfeiçoar o delivery, pois virou uma realidade em Recife. Para se ter um bom serviço de entrega, eu preciso de equipamentos de qualidade, bons funcionários treinados e otimizar tempo. O tempo é a chave do delivery”, afirma.

Depois de melhorar o serviço, o dono da hamburgueria pretende ser criativo e abrir um canal no YouTube para apresentar os pratos que são feitos. Cada prato será provado por um amigo da música convidado. Em seguida, ele pretende abrir a primeira unidade para receber pessoas pós-pandemia. “Vai ser o Piva’s Grill (laje)”, promete.

O Piva’s Grill, criado do desejo e da necessidade do músico de se manter ativo em meio à crise, acompanha as 98,1 mil micro e pequenas empresas que foram abertas em todo o País no primeiro bimestre de 2021. O número, levantado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base em dados da Receita Federal, ainda foi 1,7% abaixo do registrado no mesmo período de 2020.

Na visão de Luiz Nogueira, analista do Sebrae, essa quantidade de negócios abertos está relacionada à necessidade das pessoas de buscarem se reinventar para ter uma renda no fim de mês. “Com a retração da economia e do emprego formal, muitas pessoas passaram a empreender por conta própria, e para poderem atuar no mercado sem restrições, optaram por fazer a formalização do negócio”, explica.

Neste cenário competitivo, inúmeras empresas vêm buscando se reinventar para alcançar o consumidor e manter ativo o negócio. Como exemplo está a loja pernambucana Let it Beat, situada no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, que tem apostado no uso da tecnologia e redes sociais para manter ativa a empresa. Hoje, boa parte do faturamento vem das vendas feitas pelo WhatsApp ou pelo e-commerce.

Let it Beat, situada no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. Foto: Divulgação

A loja de roupas, impactada pela crise, investiu nas redes sociais como ferramenta para se manter próxima aos clientes e captar novos compradores. O empreendimento, além de divulgar novos lançamentos, posta em seu feed no Instagram, que conta com mais de 14 mil seguidores, fotos dos seus clientes reais usando peças de roupas, muitas delas originais e exclusivas.

Cristina Aline, uma das proprietárias da empresa, diz que essa ação ajuda a estreitar laços com possíveis consumidores. “Quando o cliente se vê em uma postagem nossa ele fica feliz, porque se sente valorizado. Além disso, os outros seguidores se sentem representados por essas postagens que buscam trazer pessoas comuns”, afirma, conforme sua assessoria de comunicação.

A Let it Beat também aposta em influenciadoras digitais para alcançar pessoas que tenham um perfil parecido com os dos clientes da loja. De acordo com o analista do Sebrae, muitos empreendedores que estão no processo de colocar em prática uma ideia de negócio, estão buscando identificar oportunidades, principalmente no meio digital. Ela ainda aponta que a crise pode ajudar o empreendedor e as micro e pequenas empresas.“A identificação de uma oportunidade no mercado e a projeção da mesma enquanto negócio será o indicador fundamental para este start”, afirma.

Qual é o melhor momento para abrir um negócio?

Abrir um empreendimento exige muito trabalho. Para alguns brasileiros, pode até ser um risco neste momento. No entanto, o economista do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon), André Morais, aponta que mesmo com a crise econômica causada pela pandemia, o número de empresas abertas no Brasil superam as fechadas.

“As crises podem gerar riscos, mas também geram oportunidades”, diz. Entre iniciar um negócio por oportunidade ou necessidade, o que irá garantir o sucesso e o bom funcionamento é o comprometimento do empreendedor. “Por oportunidade ou por necessidade, o ideal é que o empreendedor tenha um plano de negócios bem definido para minimizar as chances de fracasso. Abrir um negócio exige objetivos claros, capital de abertura, análise de mercado e concorrência, e analisar a viabilidade de tudo que a empresa irá oferecer. Esses são pontos cruciais para que a sua ideia se transforme em um negócio de sucesso”, elenca.

Em um mercado competitivo, o empreendedor tende a enfrentar muitos desafios, o mais importante, segundo o economista, é “estar preparado para tudo”. Pensando nisso, André Morais, em entrevista ao LeiaJá, lista as cinco "dicas de ouro" para quem deseja começar um empreendimento com o pé direito neste período pandêmico. Confira:

1 - Abra um negócio por afinidade: “Primeiramente, você precisa ter amor pelo que faz. Já imaginou dedicar a sua vida a algo que você não gosta de fazer? Não faz sentido”.

2 - Tenha um plano de negócios bem definido: “Ele vai te ajudar a trilhar o que for previamente definido. Mas não precisa ser rígido, o empreendedor pode precisar ajustar ao longo do caminho”.

3 - Controle os gastos do negócio: “Mantenha um controle rígido do seu fluxo de caixa: controle suas receitas e despesas. Em tempos instáveis economicamente, tente, na medida do possível, ser mais conservador com os gastos, mantendo o negócio mais enxuto”.

4 - Tenha uma reserva para emergências: “Tenha sempre uma reserva de emergência: a pandemia nos ensinou que, mais do que nunca, imprevistos acontecem e é preciso estar preparados para eles”.

5 - Seja um empreendedor atualizado sobre o mercado: “Mantenha-se sempre atualizado. Fique de olho na concorrência e nas mudanças do mercado”.

Com a decisão de adotar protocolos de saúde, mas sem prazos claros, televisão, cinema e teatro aguardam a autorização para retomarem suas atividades no Peru, suspensas há mais de 100 dias pela pandemia.

A paralisia forçada da indústria cultural e de entretenimento deixou perdas milionárias e um rastro de desempregados, em uma atividade que sempre esteve associada à aglomeração de pessoas.

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"Até que se encontre uma vacina, ou tratamento confiável, uma crise muito grande persistirá", disse à AFP Hugo Coya, ex-presidente do Instituto Peruano de Rádio e Televisão e atual gerente-geral da Del Barrio Producciones, principal produtora audiovisual do país.

Há incerteza no setor, pois ele ainda não foi incluído nos planos do governo para a retomada das atividades, suspensas desde 16 de março passado.

Nesse sentido, Coya afirma que as perdas com a paralisação podem chegar a cerca de US$ 588 milhões, o dobro do que o governo reconheceu até agora.

Quando a quarentena começou em 16 de março, Del Barrio tinha no ar a novela "Dos Hermanas", líder de audiência, com nove episódios transmitidos. As gravações foram suspensas, e 200 atores e técnicos ficaram de braços cruzados.

Adeus aos abraços

Agora, diz Coya, as produtoras peruanos estão coordenando com o Ministério da Saúde as regras a serem seguidas para que seja possível retomar as gravações de novelas e de outros programas com segurança.

Nos "sets" de cinema e de televisão, a temperatura corporal será medida diariamente, e os testes de diagnóstico de Covid-19 serão realizados em todo pessoal. Os espaços de trabalho também serão desinfetados constantemente, o que aumentará os custos e atrasará o cronograma de produção.

A pandemia também forçará a adoção de novas formas de se fazer televisão.

"A televisão não será a mesma", afirma Coya.

"A primeira coisa é ter poucos atores no set de filmagem. E adeus a beijos e abraços, porque é preciso respeitar uma distância social. Voltaremos a essa linguagem das décadas de 1960, ou 1970, quando muitas cenas românticas eram sugeridas", detalha ele.

Teatro via streaming

Os desafios se espalham para outros ramos da cultura e do entretenimento. Segundo dados coletados pelas companhias de teatro, apenas entre março e maio 3.239 apresentações foram canceladas, com 15.000 ingressos devolvidos e quase US$ 100.000 em reembolsos.

O teatro peruano respira fundo e busca alcançar o público por meio de plataformas de streaming, onde se paga para ver obras em vídeo, explicou à AFP Walter Espinoza, da produtora Neópolis.

De acordo com dados de produtores teatrais, 3.239 apresentações foram canceladas desde março no país, com 15.000 ingressos a serem devolvidos. Com milhões em perdas, as companhias teatrais procuram opções para sobreviver.

Cofundado há três anos por Ana Chung Oré, o Centro Cultural de Cinema Olaya de Lima organizou este mês um show ao vivo através da plataforma Zoom, com palestras com artistas, sessões de desenho e criações visuais digitais, tudo com música.

"A conjuntura nos obrigou a pausar o Centro Cultural, talvez para sempre", disse Chung à AFP.

"Mas aproveitamos as mídias digitais, que nos abrem uma nova janela para a exploração e o desenho de novas plataformas. Essa será a nova linguagem, mas não a única, e muito menos substituirá as experiências vivas", acrescenta ele.

Em seu primeiro show via streaming, 130 pessoas pagaram pelo acesso. O valor arrecadado chegou a cerca de US$ 950.

104 salas de cinema fechadas

O cinema não está melhor. No Peru, há 104 salas fechadas, afetando cerca de 10.000 trabalhadores. As perdas até o momento somam mais de US$ 51 milhões, segundo a imprensa peruana.

A maior rede de cinemas, a Cineplanet, anunciou em 12 de junho que "muito em breve" apresentaria às autoridades os protocolos operacionais, com "medidas sanitárias de prevenção, limpeza e desinfecção para funcionários, clientes e fornecedores". Mas eles ainda não têm uma data de reabertura.

Com 33 milhões de habitantes, o Peru é o segundo país da América Latina com mais casos de contágio (268.602), atrás do Brasil, e é o terceiro em mortes (8.761), depois do gigante da América do Sul e do México.

A pandemia do coronavírus forçou uma reinvenção da carreira do professor, já castigada no País por salários baixos e perda de prestígio. De uma semana para outra, com o fechamento das escolas, docentes da rede particular tiveram de se acostumar com câmeras, edição de imagens, e pensar em estratégias que possam ser executadas da casa deles - para a casa dos alunos. Os desafios e as angústias são enormes. Há a falta de treinamento para o ensino a distância, dificuldade em avaliar se o estudante está aprendendo e até o temor de estarem sendo vigiados por pais durante as aulas online.

Na última semana, o jornal O Estado de S. Paulo ouviu relatos de professores de escolas particulares, dos que trabalham com crianças pequenas aos que lidam com adolescentes. Em comum, a tristeza pela falta de contato com os alunos e a incerteza sobre quando voltam à sala de aula. Eles têm ainda, como todos em isolamento, medo de se contaminar, de perder familiares e dificuldades para lidar com os próprios filhos, também em casa.

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A professora de Ciências Mariana Peão Lorenzin, de 35 anos, mudou-se para um sítio com marido, mãe e dois filhos pequenos, para que as crianças tenham mais espaço na quarentena. Precisa gravar videoaulas para alunos do Colégio Bandeirantes à noite, antes da última mamada do pequeno, de 7 meses, e quando os passarinhos já pararam de cantar, brinca. "Peguei um quarto só para mim, fecho a porta e trabalho, fazendo revezamento com meu marido." E aprende no dia a dia a nova forma de dar aulas. "Vídeo longo não funciona, o aluno cansa."

Ela também está às voltas com as provas bimestrais, online, esta semana. "Precisam ser questões que eles possam elaborar sobre o conteúdo, refletir, não achar a resposta no Google." Apesar de a escola já se programar para atividades até junho e voltar só em agosto, Mariana sofre com a distância. "Não é a mesma coisa de ser recebida na sala, eles compartilham muita coisa pessoal com a gente. A relação está restrita ao conteúdo. Não vejo a hora de isso acabar", diz.

"Nunca imaginei que uma professora pudesse fazer home office", diz Bárbara Zampini Preto, de 30 anos, que dá aulas para 1.º e 2.º ano do ensino fundamental no Colégio Magno. As crianças estão em fase de alfabetização e ela exercita a criatividade para ensinar a ler e a escrever remotamente. Em aulas ao vivo, Bárbara pede, por exemplo, para o aluno buscar em casa - e mostrar na câmera - objetos que comecem com determinada letra. Os mais velhos têm a tarefa de digitar no chat palavras com duas ou três sílabas.

Mesmo jovem, é hipertensa, e só sai de casa para pular corda no hall do apartamento. Faz tudo do quarto, aprendeu a editar vídeos e se diverte quando os alunos aparecem de pijama para a aula online. "Vai ser um ano atípico, vamos tentar ao máximo que não tenha defasagem de aprendizagem, mas precisamos baixar um pouco as expectativas, as avaliações", diz. "Sinto muita falta do beijo, do abraço deles, e fico pensando: será que já perdemos este semestre?"

Lado a lado

Na aula online com os pequenos, em geral, os pais precisam estar junto para ajudar a usar o computador. É novidade para o professor, acostumado a assumir a educação da criança na escola. Algumas mães dão bronca nos filhos quando consideram que não se comportam na aula virtual, conta Tenile Fiolo Duarte, de 36 anos, professora de crianças de 8 anos no Colégio Porto Seguro. "Os pais ficam ansiosos. O interessante é que estão mais próximos da educação dos filhos agora."

Outros profissionais temem a vigilância. Um professor da área de Humanas, que pediu anonimato, diz se preocupar com perseguições políticas de alunos e pais, incentivadas por movimentos como o Escola sem Partido. "Antes tínhamos medo de ser gravados em sala de aula, agora, com tudo em vídeo, é muito mais fácil alguém nos acusar de algo e nos expor."

Outro professor de História e Filosofia, que também pede anonimato, conta que as aulas pela ferramenta Zoom nas escolas em que trabalha são gravadas. Os coordenadores têm acesso às aulas ao vivo e podem entrar quando quiserem. "Na escola, você pode fechar a porta ou não, mas os coordenadores batem, pedem licença, é bem mais respeitoso", diz ele, que dá aulas do 6.º ano ao ensino médio em duas escolas privadas. "A gente percebe que os pais estão de olho, vigiando. Em uma aula, um até soprou a resposta de um exercício para a filha", completa. Para ele, isso muda totalmente a relação entre professor e aluno. "É uma situação bem desagradável."

Leis

O ensino a distância para o fundamental só é permitido no País em emergências, como a pandemia atual. Mesmo assim, precisa de determinações locais para que seja contado como horas no calendário letivo. Uma medida provisória liberou as escolas este ano de cumprirem os 200 dias letivos obrigatórios e, sim, as 800 horas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Hollywood está a caminho de pulverizar seus piores abusos e de uma reinvenção, afirmou o presidente da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas, que organiza o Oscar, John Bailey.

"A Academia está em uma encruzilhada de mudanças", disse Bailey no almoço de segunda-feira com os indicados ao Oscar, no hotel Beverly Hilton de Beverly Hills.

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"Nós estamos vendo a Academia (de Ciências e Artes Cinematográficas) se reinventar diante de nossos olhos", afirmou.

"Há uma maior consciência e responsabilidade para equilibrar gênero, raça, etnias e religião".

"O rochedo fossilizado de muitos dos piores abusos de Hollywood estão sendo pulverizados no esquecimento", completou.

"Nada deixa isto mais claro que a riqueza de muitos dos filmes indicados este ano", destacou Bailey.

A Academia, que tem em sua maioria homens brancos e idosos, foi muito criticada nos últimos anos por indicar artistas predominantemente brancos e fundamentalmente masculinos.

Mas a organização iniciou uma expansão e diversidade de seus integrantes.

O ano passado marcou uma mudança com o prêmio de melhor filme para "Moonlight".

A lista de indicados este ano é muito mais diversa, com vários indicados negros como Denzel Washington, Daniel Kaluuya, Mary J. Blige, Jordan Peele e Octavia Spencer.

Outras indicações celebradas foram as de Greta Gerwig, que se tornou a quinta mulher a disputar a categoria de direção, e Rachel Morrison, primeira mulher nomeada na categoria fotografia.

De Steven Spielberg, passando por Meryl Streep ao novo queridinho de Hollywood, Timothée Chalamet, todos os indicados posaram para a foto da "classe de 2018" do Oscar.

Dudu acredita que os atacantes estão percorrendo o mesmo caminho dos zagueiros e volantes e aprendendo a realizar mais de uma função dentro de campo. Assim como os defensores têm de iniciar as jogadas ofensivas - Moisés e Tchê Tchê são os melhores exemplos do Campeonato Brasileiro -, os atacantes têm de pensar o jogo, criar e ir além da função de colocar a bola para dentro do gol. A trajetória do capitão é um exemplo disso. Em 2015, ele foi decisivo no título da Copa do Brasil e terminou a temporada como artilheiro com 16 gols em 56 partidas. Neste ano, virou o maior garçom do Brasileirão ao lado de Gustavo Scarpa ao dar dez assistências.

Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, o camisa 7 conta como conseguiu se reinventar, revela que está ajudando as famílias das vítimas do acidente aéreo da Chapecoense e como planeja as férias em Goiânia.

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Você foi contratado para atuar como atacante e finalizar as jogadas. Neste ano, virou armador. Como foi essa mudança?

Eu sempre joguei mais avançado, mas agora estou atuando um pouco mais recuado. Isso ajuda a olhar o jogo de outra maneira. Foi uma mudança importante para mim. Não vejo problemas em fazer as duas funções. Consegui mostrar que posso jogar para finalizar e também para armar as jogadas. A gente tem de aprender a se virar para fazer o que o treinador quer. Mais importante do que a posição é poder ajudar o Palmeiras.

Você acha que melhorou dentro de campo?

Acho que sim. A gente vê pelos números. Acho que os atacantes têm de aprender a fazer coisas diferentes. Não pode só finalizar. Tem de voltar para marcar, pensar o jogo, criar situações para os companheiros. A gente vê os volantes que saem para o jogo. Os atacantes também podem fazer várias funções. Fico feliz pela mudança e mais ainda por ter ajudado nessa trajetória até o título brasileiro. Espero que o ano possa ser ainda melhor.

Foi difícil mudar?

A gente sempre passa por um período de adaptação, mas o meu foi bem curto. Eu tive o apoio do grupo. Os jogadores se ajudam muito dentro de campo e isso facilitou bastante. O Cuca também foi importante. Com isso, eu consegui me desenvolver.

O que você prefere fazer: finalizar ou armar?

A gente prefere fazer o que está dando certo (risos). No ano passado, deu certo jogar como atacante. Neste ano, eu me senti bem armando e dando alguns passes para os gols.

O que espera do novo treinador? Tudo indica que será o Eduardo Baptista...

Ainda não recebemos nenhuma informação. Posso jogar onde o treinador me escalar. Espero que o treinador que chegar possa fazer a escalação da melhor maneira.

Você também passou por uma mudança de comportamento. Depois de ser suspenso após dar um empurrão no árbitro, passou de 14 cartões em 2015 para seis neste ano. Como conseguiu mudar o jeito de ser?

Eu coloquei na minha cabeça que precisava mudar. Não podia ficar tomando tantos cartões. Consegui reduzir isso durante a competição.

Precisou de um psicólogo?

Não. Isso partiu de mim mesmo. O Cuca falou comigo e disse que precisava de mim. Disse que eu não podia correr o risco de ficar fora por suspensão e desfalcar a equipe. Os companheiros também me deram confiança.

A partir de que momento você passou a acreditar que o Palmeiras poderia ser campeão?

Desde o primeiro jogo (vitória sobre o Atlético Paranaense por 4 a 0 no Allianz Parque). Pela maneira como conseguimos a vitória e pelo grupo que nós tínhamos, eu percebi que a gente podia disputar o título. Desde o início, o Cuca também disse que nós poderíamos ser campeões. Isso entrou na cabeça de todo mundo. Nós compramos essa ideia. Jogo após jogo, todo mundo começou a perseguir essa conquista.

Qual foi o momento de maior dificuldade dentro do torneio?

Foi no final do primeiro turno quando ficamos três jogos sem vencer. A gente via os outros times vencendo, tirando a diferença e isso nos abalou um pouco. Acho que chegamos a cair para a terceira posição. Felizmente, nós conseguimos assimilar esse momento rapidamente. Todos os times oscilam em um torneio longo como o Campeonato Brasileiro. Nossa oscilação durante apenas três jogos e conseguimos recuperar o ritmo.

A tragédia da equipe da Chapecoense aconteceu dois dias após o título do Palmeiras. Como você se sentiu?

Ficamos todos muito tristes. A nossa conquista não se compara ao que aconteceu. Todos ficaram abalados no dia da tragédia e também nos dias que se seguiram. O Fabiano foi para lá (Chapecó). Ele conhecia todo mundo. Tínhamos muitos conhecidos, jogamos contra eles no domingo. Foi uma tragédia para todo mundo. Eu senti que precisava fazer alguma coisa.

O que você fez?

Resolvi leiloar a camisa do jogo para ajudar as famílias. O leilão já estava acontecendo e achei que poderíamos mudar o formato para beneficiar os parentes. É uma pequena atitude para confortar um pouco a dor dos familiares.

Vai viajar nas férias?

Vou para Goiânia. Nós temos um sítio lá e meus planos são fazer um churrasco e jogar umas "peladas".

Só isso?

Vou fazer mais uma tatuagem pelo título brasileiro. Já perdi a conta das tatuagens que eu tenho, mas essa será uma das mais importantes.

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