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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta sexta-feira (2), a criação de mais 12 institutos federais de educação no estado de São Paulo, além do repasse de R$ 1,3 bilhão para a conclusão das obras do eixo norte do Rodoanel. Segundo ele os municípios de Santos e São Vicente serão contemplados com um instituto cada. Lula defendeu que esses instrumentos sejam utilizados para desenvolver a economia local.

“Qual é a aptidão da cidade de Santos? Esses jovens têm que estudar cursos que possa servir para aprimorar o crescimento econômico e o desenvolvimento tecnológico da cidade em que o instituto é criado”, disse. 

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O presidente participou, em Santos (SP), da cerimônia de comemoração aos 132 anos do Porto de Santos e anúncio das obras do túnel Santos-Guarujá, no litoral paulista.  A solenidade contou com a participação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para quem Lula também antecipou a informação sobre aprovação do financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as obras do Rodoanel. 

“O BNDES aprovou R$ 1,3 bilhão para o estado de São Paulo para o eixo norte do Rodoanel e logo logo você irá receber a notícia do [presidente do BNDES] Aloízio Mercadante.  Em março de 2023, a proposta da Via Appia Fundo de Infraestrutura e Participações venceu o leilão do Rodoanel. O projeto prevê a concessão dos serviços públicos de operação, manutenção e realização dos investimentos para a exploração do sistema rodoviário por 31 anos. 

O eixo norte do Rodoanel é o último trecho que falta para que haja a integração de todas as rodovias que circundam a cidade de São Paulo. As obras estavam paradas desde 2018. O trecho terá 44 quilômetros e completará o Rodoanel nos seus 177 quilômetros.  As obras do sistema foram iniciadas em 1998 com o objetivo de desafogar o trânsito na capital, principalmente de caminhões. O primeiro trecho foi entregue em 2002. A previsão é que as obras do trecho norte sejam concluídas em 2025. Com isso, o governo de São Paulo estima uma redução na circulação de 18 mil caminhões por dia dentro da capital. 

Com 44 quilômetros de extensão no eixo principal, três a quatro faixas por sentido e sete túneis duplos, o trecho norte do Rodoanel compreende os municípios de São Paulo, Guarulhos e Arujá.

A atendente magistral de farmácia Natália Primo Leite, de 34 anos, passou por uma situação inusitada no nascimento de sua terceira filha. Grávida de 38 semanas, ela decidiu ir para a casa de seu namorado em Poá, na Grande São Paulo. "Imaginei que se entrasse em trabalho de parto, conseguiria me deslocar até minha maternidade de referência, em Sapopemba", contou ao Estadão.

Só que no último dia 19, por volta das 16h30, ela começou a sentir um pouco de contração. Foi aí que optou por ir para o hospital. "Meu namorado ia trabalhar e eu peguei um Uber. Só que quando sentei no carro, comecei a sentir apertar muito até que minha bolsa rompeu. Aí falei para o motorista ir para o hospital mais próximo porque não daria tempo", explicou.

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A partir daí o motorista ficou tenso e Natália viu o tempo passar muito rápido. Preocupado com a situação, o motorista perguntou para uma atendente no pedágio do Rodoanel se ela sabia onde ficava o hospital mais próximo. A moça viu a cara de dor de Natália e já começou a fazer os primeiros atendimentos.

Perguntou se queriam uma ambulância e em pouco tempo o veículo já estava lá e Natália estava deitada numa maca. "Em duas ou três contrações minha filha nasceu", conta. "Todo mundo foi super atencioso, inclusive o motorista, que eu acabei nem agradecendo depois", diz.

Segundo Luis Antônio da Silva Jr, auxiliar de enfermagem da concessionária SPMAR, logo que chegou ao local, Natália estava dentro do veículo do aplicativo com contrações em intervalos inferiores a três minutos. "Conduzimos para a viatura, onde fizemos os exames e percebemos que a criança já estava para nascer. O momento foi fabuloso. A gente que é pai sente a emoção na pele. Somos treinados, mas sempre é uma emoção inigualável", disse.

Manuella nasceu bem e logo mãe e filha foram para uma UPA, onde fizeram os primeiros atendimentos, e depois, foram levadas para um hospital em Mauá. O tempo todo o namorado ficou ao telefone com Natália, aflito, mas acompanhando toda a situação. "Sinceramente, eu nunca imaginei que seria desse jeito", comentou Natália.

No dia 21, sábado retrasado, ela e Manuella tiveram alta e já estão em casa. A pequena Manu tem a companhia dos outros dois irmãos, Pedro Henrique, de 13 anos, e Guilherme, de 10 anos. "Ficou todo mundo em choque por causa de toda situação, ninguém acreditava. Todos falam que isso é história que só vemos em filme ou novela", afirmou Natália, rindo.

A 4ª Câmara de Direito Público, do Tribunal de Justiça de São Paulo, confirmou nesta segunda (8) a sentença proferida pela primeira instância que extingue a ação do Ministério Público de São Paulo contra Geraldo Alckmin e Alberto Goldman, ex-governadores de São Paulo, sobre improbidade administrativa nas obras do Rodoanel. O MP solicitava o ressarcimento em valor superior a R$ 5,4 bilhões. A decisão foi unânime entre os desembargadores.

A ação tinha como objeto o contrato celebrado em 2011 pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) para concessão do trecho Sul do Rodoanel e para a construção do trecho Leste da via. O edital estabelecia que as obras deveriam ser entregues em até três anos após a assinatura do contrato.

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Em abril do ano passado, a juíza Gilsa Elena Rios, da 15ª Vara da Fazenda Pública, entendeu que o Ministério Público não demonstrou a 'inexequibilidade do contrato'. Na sessão desta tarde, o colegiado reiterou a interpretação da magistrada por considerar que havia ausência de comprovação das acusações apresentadas pelo MP.

A advogada Alexandra Fabichak, que representou 17 réus na ação, afirmou que a decisão pela anulação do processo era "o único desfecho possível, ante as inconsistências da peça acusatória do MPSP". Além dos ex-governadores, respondiam pela acusação na Justiça diretores da Artesp e funcionários da Dersa, que integravam a equipe técnica da agência reguladora e a comissão de licitação responsável pela escolha da empresa que venceu o processo para a construção dos trechos Sul e Leste do Rodoanel.

O senador José Serra (PSDB) tornou-se o novo alvo da Operação Lava Jato nesta sexta-feira (3). Ele e a filha Verônica Allende Serra foram denunciados por suspeita de lavagem de dinheiro das obras do Rodoanel Sul, em São Paulo. Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) acreditam que o ex-governador de São Paulo "valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber, da Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul".

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A denúncia ainda aponta que o empresário e amigo do tucano, José Amaro Pinto Ramos, e Verônica Serra ocultaram as identidades para criar empresas no exterior, nas quais recebiam as propinas da Odebrecht destinadas ao então governador. "Milhões de reais foram pagos pela empreiteira por meio de uma sofisticada rede de offshores no exterior, para que o real beneficiário dos valores não fosse detectado pelos órgãos de controle", diz o comunicado.

A nota acrescenta que, "neste contexto, realizaram numerosas transferências para dissimular a origem dos valores, e os mantiveram em uma conta de offshore controlada, de maneira oculta, por Verônica Serra até o final de 2014, quando foram transferidos para outra conta de titularidade oculta, na Suíça". A denúncia destaca que a Justiça Federal autorizou o bloqueio de aproximadamente R$ 40 milhões da conta.

Entre 2006 e 2007, a empreiteira teria desembolsado cerca de R$ 4,5 milhões para a campanha eleitoral do psdebista e, posteriormente, mais R$ 23,3 milhões para liberação de créditos junto à Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) pelas obras no Rodoanel Sul. "Por muitos anos, a Odebrecht relacionou-se com José Serra por meio de Pedro Augusto Ribeiro Novis, executivo da Braskem".

Em delação, Novis afirmou que Serra pediu R$ 4,5 milhões em 2006 para a offshore Circle Technical Company, que estaria no nome de José Amaro Pinto Ramos.

Gugu Liberato vai virar nome de um túnel no quilômetro 96 do Rodoanel Mário Covas, em Mauá, sentido sul. A homenagem consta no Projeto de Lei nº 1311 / 2019, do deputado estadual Coronel Telhada (PP/SP), e foi publicada no Diário Oficial de São Paulo nesta terça-feira, 17.

No documento, o parlamentar chama Gugu de "ícone da televisão brasileira" e afirma que o projeto é de "interesse público traduzido em reconhecimento" ao jornalista.

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O promotor de Justiça Marcelo Milani moveu ação civil pública contra os ex-governadores paulistas Geraldo Alckmin (PSDB) e Alberto Goldman (PSDB), em razão de um contrato para o Rodoanel Trecho Leste firmado a partir de uma proposta supostamente inexequível. Outros 28 nomes são alvo da ação. Entre eles, o ex-secretário de Transportes Mauro Arce, agentes públicos e empresários da concessionária SPMAR.

Uma das medidas cautelares pedidas pelo promotor na ação é o bloqueio de até R$ 5,4 bilhões dos investigados.

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Segundo Milani, "em 2010 foi publicado o edital nº 001/2010 pela ARTESP para licitação na modalidade concorrência internacional do tipo menor valor de Tarifa Básica de Pedágio, com a finalidade de selecionar a proposta mais vantajosa para se encarregar da exploração, mediante concessão onerosa, do Trecho Sul do Rodoanel Mario Covas e da construção e posterior exploração do Trecho Leste do aludido rodoanel".

"No edital havia previsão de data de entrega do Trecho Leste em até três anos da data da assinatura do contrato e os valores máximos de tarifa a serem cobrados pela concessionária, a saber, R$ 6,00 (seis reais) para o Trecho Sul e R$ 4,50 (quatro reais e cinquenta centavos) para o Trecho Leste", diz o promotor.

Contratado, o Consórcio SPMAR apresentou, de acordo com o promotor, "proposta bem inferior ao teto previsto no edital, consistente no valor de R$ 2,19, para o Trecho Sul e de R$ 1,64 para o Trecho Leste".

"As diligências promovidas ao longo do procedimento demonstraram que, além da inobservância do prazo para conclusão da obra relativa ao Trecho Leste do Rodoanel, a condução da concorrência pela Comissão de Licitação, auxiliada pelo Grupo Técnico da ARTESP e homologada pelo Conselho Diretor da ARTESP acabou por selecionar proposta manifestamente inexequível ofertada pelo Consórcio SPMAR composta pela Cibe Participações e Investimentos e Contern, que posteriormente criaram a Concessionária SPMAR", anotou.

O promotor ainda diz que "o amealhado no procedimento investigatório não deixa dúvidas quanto à condução irregular do certame licitatório, que favoreceu o Consórcio cuja proposta discrepava completamente das demais participantes do certame e do próprio valor orçado pela Administração Pública".

"Essa conduta levou a ARTESP a contratar proposta manifestamente inexequível. Ademais, a dificuldade de captar recursos e iniciar a execução do objeto demonstra a insuficiência da proposta originária", escreveu.

No âmbito da ação, Milani ainda relata foram constatados efetuados pela SPMAR para a empresa Legend, do doleiro Adir Assad, hoje delator da Lava Jato, no valor de R$ 6 milhões. "É certo que esses pagamentos foram realizados entre fevereiro e março de 2011, exatamente o mesmo período em que foi adjudicado o objeto da licitação".

"Existe noticia colhida durante a investigação do Ministério Público que Adir Assad fez delação premiada inclusive sobre os pagamentos efetuados pela SPMAR", anotou. O promotor pede, em ação, que a Lava Jato em Curitiba compartilhe a delação do doleiro.

Até a publicação desta matéria, a reportagem não havia obtido o posicionamento dos citados. O espaço está aberto para as manifestações de defesa.

Um pente-fino feito pelo governo João Doria (PSDB) nos contratos e canteiros de obra do Rodoanel Norte, em São Paulo, identificou indícios de pagamentos indevidos a empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato. A nova gestão tucana contratou uma auditoria para apurar suspeitas de que itens lançados como integralmente executados nas planilhas da Dersa, estatal responsável pela construção, ainda não foram concluídos na prática.

O resultado da apuração, que será feita em até quatro meses pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), órgão do próprio governo, vai apontar o estágio real da obra herdada das gestões dos ex-governadores Geraldo Alckmin (PSDB) e Márcio França (PSB) e alvo de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal por suspeita de desvios, corrupção e lavagem de dinheiro que já colocou ex-diretores da Dersa no banco dos réus.

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No início de maio, Doria rompeu os três últimos contratos da obra iniciada por Alckmin em 2013, que deveria ter sido concluída em fevereiro de 2016 por R$ 6,5 bilhões. Segundo registros da Dersa, a construção do último trecho já consumiu mais de R$ 10 bilhões sem estar concluída, e a obra está paralisada. França já havia rescindido contratos dos três primeiros lotes em dezembro de 2018. O relatório do IPT deve servir de base para licitar o término do trecho de 47,6 km para ligar as rodovias Presidente Dutra e Bandeirantes e o Aeroporto de Guarulhos.

Os contratos rescindidos em dezembro se referem aos lotes 1, 2 e 3 com a OAS e o consórcio formado pela Mendes Júnior e a Isolux/Corsan. No início de maio, foram rompidos os contratos com a espanhola Acciona e o consórcio Construcap e Copasa. Executivos da OAS e da Mendes Júnior, empreiteiras que têm os contratos com maiores problemas já detectados, fizeram delação premiada, mas não há notícia de que tenham mencionado o Rodoanel Norte.

Reajustes

As rescisões ocorreram porque o governo não acolheu o pedido de "reequilíbrio econômico-financeiro" dos contratos feito pelas empreiteiras, que alegam não ter condições de concluir a obra sem novos reajustes. Foram justamente aditivos contratuais assinados em 2015 que resultaram na prisão e denúncia contra o ex-secretário Laurence Casagrande e de ex-dirigentes da estatal no ano passado por suspeita de desvios de R$ 600 milhões. Indícios de superfaturamento nos serviços de terraplenagem foram revelados pelo Estado em 2016. Casagrande nega as acusações.

Agora, o próprio governo admite a possibilidade de que pagamentos indevidos tenham ocorrido em gestões anteriores. O Estado apurou que a Secretaria de Transportes e Logística identificou serviços lançados nas planilhas da Dersa como concluídos e integralmente pagos, que, na prática, não foram concluídos.

Um exemplo é um trecho do lote 3, da empreiteira OAS, que, segundo a planilha, já está totalmente conectado, mas, na prática, ainda existe uma montanha rochosa separando o viaduto da entrada do túnel - cenário constatado in loco pela reportagem. Há também indícios de que os serviços de edificação estariam em desacordo com o especificado no projeto e lançado como executado para pagamento. A suspeita é que foram feitos adiantamento de pagamentos para as empreiteiras, com lançamento irregular de conclusão dos serviços nos registros da Dersa.

O rompimento dos contratos, paralisação total das obras e as descobertas preliminares de irregularidades fazem parte do pente-fino na obra determinado por Doria no início do governo. Seis mapas que identificam contratos e serviços registrados nos arquivos da Dersa serão base para o trabalho do IPT.

O material está com os técnicos desde a semana passada. Eles vão confrontar o que está efetivamente realizado no trecho de 47 quilômetros de rodovias, atestar a qualidade e cruzar com o registrado nos arquivos da Dersa, que serviram para pagamentos das empreiteiras.

Com recursos da União (R$ 2,5 bilhões), do Estado (R$ 700 milhões) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (R$ 3,3 bilhões), as suspeitas do MPF e do governo são de que as obras podem ter replicado o esquema de desvios e corrupção descoberto nos contratos do trecho Sul do Rodoanel - que resultou na prisão do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, suposto operador do PSDB.

Além do levantamento do IPT, o governo encomendou um estudo financeiro externo para os aditivos dos contratos e os pagamentos feitos. A reavaliação busca identificar agentes públicos envolvidos em supostas fraudes e falhas de fiscalização e gerenciamento da obra.

O governador, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, cobrou a conclusão da obra, mas quer blindar a atual gestão caso sejam confirmados problemas. Só com a finalização do estudo e a definição dos custos para conclusão é que a Secretaria de Transporte vai propor a retomada das obras. A relicitação dos contratos é uma das saídas em estudo.

O resultado do pente-fino também será encaminhado à Controladoria do Estado. Pelos mapas, cerca de 85% do trecho está executado e mais de 90% pago. As suspeitas, no entanto, são de que o porcentual necessário para conclusão da obra seja maior do que o registrado.

Responsáveis negam irregularidades

 

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou, em nota, que as obras do Rodoanel Norte foram "contratadas com desconto médio de 26% em benefício do Estado" e que "o IPT já estava contratado desde 2010 para apoiar tecnicamente" o projeto. A assessoria disse ainda ser "natural" a Dersa não ter o certificado de conclusão porque ele "só é entregue após o término da obra".

A nota diz ainda que a Dersa contratou seis empresas para supervisão da obra e "as medições só eram pagas se as supervisoras atestassem a conformidade técnica do que foi feito".

Em nota, Márcio França afirmou que "todos os contratos, com suas respectivas formas de pagamento, foram firmados antes do período Márcio França."

A Secretaria de Logística e Transportes afirmou que iniciou em janeiro uma análise das obras paralisadas no Estado e, no caso do Rodoanel, a gestão da Dersa assumiu este ano com os contratos dos lotes 1, 2 e 3 encerrados, e foi verificado que a continuidade dos outros três lotes era inviável.

A OAS afirmou que desconhece ter recebido pagamentos indevidos da Dersa e que, "ao contrário das alegações", executou serviços "além do contratado, sem a devida remuneração".

O consórcio Construcap/Copasa negou irregularidade em serviços no Lote 5 e que deixou de receber por serviços executados, "fato que será objeto de litígio entre o Consórcio e a Dersa". A Acciona não respondeu à reportagem e o consórcio Mendes Júnior/Isolux não foi localizado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O jornalista Ricardo Boechat morreu, nesta segunda-feira (11), após a queda de um helicóptero em São Paulo. A informação foi confirmada pelo apresentador Datena, na programação na Band News TV. 

“Ele foi a Campinas fazer uma palestra e o helicóptero que ele estava não chegou ao destino que era o heliponto da Band. As pessoas, segundo informações iniciais, teriam morrido na hora. Dentre elas, estava um companheiro que eu pensei que jamais fosse dar esta informação, mas infelizmente é esta a notícia”, lamentou, em lágrimas, o jornalista. 

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Datena ainda acrescentou que “é um momento muito triste para o jornalismo brasileiro”.

Aos 66 anos, Ricardo Boechat era âncora de um programa da Rádio e da TV Bandeirantes. O jornalista era considerado um dos mais influentes do país. Entre as premiações, ele já foi contemplado, por exemplo, pelo Prêmio Esso - o mais importante do Brasil na área - por três vezes.

O acidente aconteceu na manhã desta segunda. Mais cedo, o Corpo de Bombeiros informou que duas pessoas tinham morrido após a queda sobre um trecho do Rodoanel, na Zona Oeste de São Paulo. A confirmação de que o jornalista era um dos ocupantes da aeronave veio mais tarde pelo Governo de São Paulo.

Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave que caiu é do modelo Bell 206 Vietnam. O helicóptero tem capacidade para três tripulantes e dois passageiros.

De janeiro a setembro deste ano foram registrados 197 casos de roubo no Rodoanel, em São Paulo. O que representa um crescimento de 31% no período de um ano, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

O roubo ao interior de veículos aumentou 92%, com 50 casos registrados entre janeiro e setembro. Nos primeiros nove meses de 2017, houve o registro de 26 crimes desse tipo.

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A maioria dos roubos ocorre no km 15, no limite entre os municípios de Carapicuíba e Osasco. No trecho que corta Santo André e São Bernardo do Campo também falta reforço policial.

A Polícia Militar afirmou que criou no ano passado uma companhia específica para combater os roubos no Rodoanel e que realiza ações conjuntas com unidades da Rota e da Rocam. Neste ano, 32 pessoas foram presas e mais de 150 quilos de drogas foram apreendidos na região.

 

Os extratos bancários do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza revelam que ele fez "transações importantes e regulares" na Suíça, coincidindo com o período em que supostos crimes de desvio de dinheiro na companhia paulista teriam ocorrido.

As informações fazem parte da decisão do Tribunal Penal Federal da Suíça que, em 21 de agosto, já havia dado o primeiro sinal verde para que a documentação fosse enviada ao Brasil.

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Em setembro, foi a vez de a Suprema Corte da Suíça rejeitar mais um recurso de Vieira de Souza e dar início à preparação para a transmissão dos extratos ao Ministério Público brasileiro.

Os extratos sobre o suspeito poderiam apontar para novos implicados no esquema e identificar quem teria feito pagamentos a uma conta que ele manteve na Suíça.

Procurada pela reportagem nesta segunda-feira, 15, a defesa de Vieira de Souza indicou que não irá se pronunciar sobre as informações contidas nos documentos do Tribunal e irá esperar o trâmite legal da cooperação entre os suíços e o Brasil.

Desde novembro de 2017 o caso vem sendo alvo de uma briga nos tribunais suíços. A defesa do ex-diretor apresentou dois recursos ao longo dos últimos meses. Mas todos eles foram recusados. No processo suíço, o caso é descrito como envolvendo um suspeito por "desvio, corrupção e participação em um grupo criminoso".

Para justificar a colaboração com o Brasil, os juízes suíços concordaram que existiu uma coincidência entre as transações realizadas nas contas dos bancos no exterior e as suspeitas que pairam sobre o ex-diretor da Dersa sobre desvios de recursos na empresa.

"Resulta do dossiê que as contas em causa, das quais o requerido é o único beneficiário, foram abertas em 2007 e encerradas em 2017, sendo os ativos suspeitos de terem sido posteriormente transferidos para outro banco domiciliado em Nassau, nas Bahamas", explicou o Tribunal Penal Federal.

Em março deste ano, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que os suíços tomaram a decisão de cooperar com o Brasil na coleta de dados com os bancos, com o objetivo de repassar as informações que poderiam revelar eventuais beneficiados ou quem teria feito depósitos. O objetivo era o de desvendar a origem e o destino das transferências realizadas pelo brasileiro apontado como operador do PSDB.

Os recursos chegaram a somar R$ 113 milhões, antes de terem sido transferidos das contas suíças para o Caribe.

"A documentação, de fato, mostra transações importantes e regulares no momento em que os fatos incriminados ocorreram em favor de várias empresas", constatou a Justiça suíça.

"Nessas circunstâncias, existe uma relação objetiva suficiente entre o recorrente, as contas sob litígio e as infrações que são objeto de investigação brasileira", disse o Tribunal.

"Não existe nenhuma dúvida que a documentação solicitada (pelo Brasil) é adequada a permitir que as autoridades investigadoras brasileiras tracem o caminho do produto das eventuais infrações e descobrir uma grande parte dos comportamentos incriminados", estimam os juízes suíços.

Berna confirma que foram eles quem primeiro repassaram, de forma espontânea, a informação da existência das contas ao Brasil envolvendo Vieira de Souza. Em 2017, as autoridades suíças encontraram R$ 113 milhões (35 milhões de francos suíços) em quatro contas no país europeu em nome do ex-diretor da Dersa. Ele comandou a estatal paulista entre 2007 e 2010, período que compreende o mandato do ex-governador José Serra (2007-2010), do PSDB.

Poucos meses depois do primeiro contato entre os suíços e o Brasil, no entanto, em novembro de 2017, a Procuradoria em Berna indicou que recebeu um pedido de cooperação por parte do Ministério Público Federal para que os dados fossem aprofundados. "O Escritório do Procurador-Geral da Suíça pode confirmar que, nesse contexto, o Departamento de Justiça Federal nos delegou um pedido de assistência legal por parte do Brasil em novembro de 2017", disse o MP suíço, num e-mail à reportagem.

O trabalho dos suíços foi o de coletar, no Banco Bordier & Cia, todos os extratos e documentos de transações relativas às quatro contas, desde o dia de sua abertura, em 2007, até hoje.

As contas estão vinculadas a uma offshore panamenha chamada Groupe Nantes e, ainda no ano passado, o suspeito teria transferido os ativos para um outro paraíso fiscal, nas Bahamas. A suspeita dos investigadores é de que o dinheiro teria saído da Suíça diante do avanço das apurações do MP suíço contra brasileiros citados em casos da Lava Jato.

As contas, mesmo assim, passaram a ser congeladas e, mesmo que os valores já não estejam mais na Suíça, a esperança dos procuradores é de que os extratos e documentos bancários ajudem a elucidar a origem dos recursos e quem, durante quase uma década, teria sido beneficiário de depósitos com origem nessas contas.

Defesas

Procurada pela reportagem nesta segunda-feira, 15, a defesa de Paulo Vieira de Souza indicou que não irá se pronunciar sobre as informações contidas nos documentos do Tribunal Penal Federal da Suíça e irá esperar o trâmite legal da cooperação entre os suíços e o Brasil.

"A DERSA - Desenvolvimento Rodoviário S/A e o Governo do Estado de São Paulo têm reiterado que são os grandes interessados acerca do andamento das investigações. Todas as obras realizadas pela Companhia foram licitadas obedecendo-se à legislação em vigor. Se houve conduta ilícita com prejuízo aos cofres públicos, o Estado irá cobrar as devidas responsabilidades, como já agiu em outras ocasiões. A Companhia reforça seu compromisso com a transparência e se mantém, como sempre o faz, à disposição dos órgãos de controle para colaborar com o avanço das investigações."

A juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Criminal Federal, abriu ação penal contra o ex-secretário estadual de Logística e Transportes do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e ex-presidente da Dersa Laurence Casagrande Lourenço e outros 13 acusados. Todos os réus foram denunciados por fraudes em licitações e associação criminosa na Operação Pedra no Caminho, que apura irregularidades em licitações dos lotes 1, 2 e 3 do trecho norte do Rodoanel.

A denúncia também foi recebida contra funcionários das construtoras OAS, Mendes Júnior e Isolux, além de outros agentes públicos, como os ex-diretores da Dersa Pedro da Silva e Pedro Paulo Dantas do Amaral.

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Segundo o Ministério Público Federal, os acréscimos indevidos provocaram impacto financeiro de cerca de R$ 480 milhões, valor que corresponde ao superfaturamento por meio da manipulação proposital nos contratos. Na denúncia, a Procuradoria requereu que este valor seja o mínimo para reparação. Cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU) apontam que, somente aditivos contratuais, o prejuízo aos cofres públicos chegou a R$ 235 milhões.

A denúncia do Ministério Público Federal foi apresentada em julho. A Pedra no Caminho foi deflagrada em junho, quando Laurence foi preso. Em agosto, a Justiça determinou a suspensão das atividades públicas de parte dos acusados. Laurence foi solto em setembro por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Segundo a juíza, a denúncia do Ministério Público "está lastreada em suficientes elementos de prova, instruída por satisfatório número de documentos que indicam a materialidade de delitiva e indícios de autoria".

Defesas

A defesa de Laurence Casagrande não respondeu à reportagem até a conclusão desta edição. Alckmin já disse esperar que, "respeitado o amplo direito de defesa, Justiça seja feita". A Dersa reafirmou que, "havendo qualquer prejuízo ao erário, o Estado adotará as medidas cabíveis". As defesas dos outros réus e representantes da OAS, da Mendes Júnior e da Isolux não foram localizados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu na tarde desta terça-feira, 4, o julgamento sobre a manutenção da liberdade do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza e Tatiana Arana, sua filha. Em 30 de maio, ambos foram colocados em liberdade por decisão liminar do ministro Gilmar Mendes.

A discussão do caso foi interrompida após pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Ricardo Lewandowski. Até agora, o julgamento está empatado em 2 a 2.

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A decisão judicial que havia mandado prender Souza afirmava que sua volta à cadeia era necessária para "assegurar a instrução criminal" do processo em que ele é acusado pelo desvio de recursos de R$ 7,7 milhões da Dersa, entre 2009 e 2011 (governos José Serra e Geraldo Alckmin).

Na sessão desta terça-feira, Gilmar sustentou que as testemunhas de acusação já foram ouvidas no processo, não cabendo mais a alegação de que seria necessária a segregação do ex-diretor da Dersa para a "conveniência" da instrução criminal (fase de coleta de provas) do processo.

"A discussão aqui é sobre um adequado ou inadequado apagão civilizatório e a essa altura já temos experiências ruins com o instituto da prisão preventiva, especialmente essa alongada, e seu consórcio com a colaboração ou delação premiada. Não podemos tornar a prisão preventiva uma prisão alongada, como é o modelo da República de Curitiba", criticou Gilmar.

Futuro presidente do STF, o ministro Dias Toffoli acompanhou o entendimento de Gilmar Mendes.

Em sentido contrário, ou seja, a favor da prisão do ex-diretor da Dersa e sua filha se posicionaram os ministros Edson Fachin e Celso de Mello.

"A mim me parece que os fundamentos que dão suporte do ato (de prisão) podem justificar e conferir legitimidade à decretação da prisão cautelar de que aqui se valeu o Estado", avaliou Celso de Mello.

Não há previsão de quando a discussão do caso será retomada.

Por maioria, nesta terça-feira, 28, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) liberou da prisão o ex-diretor da Dersa Pedro da Silva, que foi preso em junho pela Operação Pedra no Caminho, braço da Lava Jato em São Paulo que mira desvios de até R$ 600 milhões em recursos públicos das obras do Rodoanel Trecho Norte.

Um relatório de análise bancária da Polícia Federal revelado em junho aponta que Silva teria movimentado R$ 50 milhões em cinco anos. O ministro Gilmar Mendes, relator do pedido de liberdade, destacou que o preso não está mais ocupando o cargo na Dersa e que, por isso, não oferece perigos para a investigação. "O fato é que Pedro da Silva não fez ameaça a testemunha, não há qualquer iniciativa que diga respeito à destruição de documentos", acrescentou Gilmar.

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O ministro ainda questionou a plausibilidade dos fatos investigados. "Os fatos investigados são graves se tiverem plausibilidade. Embora eu tenha ficado preocupado com a plausibilidade, com o quadro inventivo. Certamente a juíza tem bons parceiros de imaginação no Ministério Público", criticou Gilmar, que foi acompanhado pelos ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski.

A prisão preventiva foi substituída por outras medidas, como proibição de deixar o País, de fazer contato com outros investigados no caso, e de entrar no prédio da Dersa.

Ficaram vencidos, por outro lado, os ministros Edson Fachin e Celso de Mello. Para os ministros, há motivos explicitados na ordem de prisão que mostram a necessidade de Silva permanecer na cadeia, entendendo que a soltura pode atrapalhar as investigações.

"A contemporaneidade entre fatos e prisão está evidenciada na denúncia oferecida, que descreve o envolvimento numa complexa organização criminosa, com 14 denunciados. Depreende-se que ele (Silva) pertencia ao núcleo administrativo, que perdurou de 2014 até a deflagração da operação, em junho de 2018. Afastamento não retira a influência que paciente possa exercer sobre as pessoas investigadas", disse Fachin, cuja argumentação foi acompanhada pelo decano.

Em julho, a Força-Tarefa da Lava Jato em São Paulo denunciou 14 pessoas acusadas de integrarem organização criminosa para fraudar licitações dos lotes 1, 2 e 3 do trecho norte do Rodoanel, incluindo Silva e o ex-presidente da Dersa Laurence Casagrande Lourenço. Segundo o MPF, os dois foram acusados de fraude à licitação, falsidade e organização criminosa.

Defesa

Em nota, o advogado Alamiro Velludo Salvador Netto, que defende Pedro da Silva, afirmou que "a concessão do habeas corpus no âmbito do STF restaura a justiça no caso concreto. De acordo com o advogado, "não havia, desde o início, motivo algum para a manutenção da prisão de Pedro da Silva. A partir de agora sua defesa poderá concentrar-se integralmente na demonstração plena de sua inocência".

Em decisão no âmbito da Operação Pedra no Caminho, a juíza Maria Isabel do Prado, da 5.ª Vara Federal, em São Paulo, suspendeu as atividades públicas de dois diretores e de dois engenheiros do Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Os quatro investigados ligados à estatal paulista e outros 10 são acusados pela força-tarefa da Operação Lava Jato, em São Paulo, pelos crimes de fraude à licitação, falsidade ideológica e organização criminosa.

Em nota, a Dersa informou que somente um dos engenheiros "continua exercendo sua função, pois até este momento a companhia não foi notificada sobre a referida decisão judicial". Segundo a estatal paulista, os outros "já haviam deixado a empresa".

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O documento subscrito pela magistrada é de 2 de agosto e atinge os diretores da Dersa Benjamim Venancio de Melo Júnior (financeiro) Silvia Cristina Aranega Menezes (Jurídica), os engenheiros fiscais da estatal paulista Carlos Prado Andrade e Hélio Roberto Correa e outros quatro investigados ligados a empreiteiras. A decisão acolhe pedido do Ministério Público Federal.

"Como garantia da ordem pública e da ordem econômica, como forma menos gravosa indispensável para, senão impedir, ao menos reduzir os riscos de reiteração criminosa contra a sociedade e a economia, determino em face de todos os denunciados acima a suspensão das atividades públicas (daqueles que atuam/atuavam na empresa Dersa), bem como das atividades de natureza econômica (daqueles que atuam em empresa particular executora de contratos com recursos públicos), nos termos do artigo. 319, VI, do CPP, devendo o denunciado se afastar de tais empresas, sob pena de conversão de tal medida em outra mais gravosa", determinou a juíza.

A denúncia foi protocolada pela força-tarefa da Lava Jato em 27 de julho. Os procuradores acusam o grupo de integrarem uma organização criminosa para fraudar licitações dos lotes 1, 2 e 3 do trecho norte do Rodoanel.

O Rodoanel Mario Covas é um empreendimento viário de grande porte que interliga todas as estradas que chegam a São Paulo. O objetivo principal da obra, em construção desde 1998, é evitar o fluxo de caminhões pesados que não se destinam à capital pelas vias urbanas da cidade. A obra conta com aporte de recursos federais por meio do convênio 04/99, firmado entre o DNIT, a Dersa, o Estado de São Paulo e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo a denúncia, os aditivos se baseavam na "presença inesperada" dos matacões que precisavam ser removidos. Contudo, desde o projeto básico do Rodoanel, já se sabia que o trecho norte passaria pela rochosa Serra da Cantareira e que tal questão geológica era prevista. O projeto básico se lastreava em pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da Universidade de São Paulo (USP), que há 60 anos estuda a região do empreendimento. A remoção dos matacões, portanto, já era um custo que compunha os preços previstos para cada lote.

Os acréscimos indevidos geraram impacto financeiro calculado pelo Ministério Público Federal em torno de R$ 480 milhões, que correspondem ao superfaturamento por meio da manipulação proposital de quantitativos nos contratos. Na denúncia, a Procuradoria da República requereu que este valor seja o mínimo para reparação. O Tribunal de Contas da União apontou que somente os aditivos contratuais geraram um prejuízo de R$ 235 milhões aos cofres públicos.

Nota da Dersa

"A DERSA - Desenvolvimento Rodoviário S/A informa que dos quatro citados pela reportagem Hélio Roberto Correa continua exercendo sua função, pois até este momento a Companhia não foi notificada sobre a referida decisão judicial. Os demais citados já haviam deixado a Empresa. Ao lado do Governo do Estado, a DERSA é a maior interessada na elucidação do caso. Havendo qualquer eventual prejuízo ao erário público, o Estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões."

O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Força Tarefa da Lava Jato em São Paulo, denunciou nesta sexta-feira (27) 14 pessoas acusadas de integrarem uma organização criminosa para fraudar licitações dos lotes 1, 2 e 3 do trecho norte do Rodoanel. Os acusados são agentes públicos da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.), empresa de economia mista responsável pela obra, e funcionários das construtoras responsáveis por esses lotes – OAS, Mendes Júnior e Isolux.

A denúncia aponta que os acusados violaram artigos da lei de licitações, possibilitando vantagem ao contratado por meio de modificação de contrato sem autorização legal e fraudando licitação por meio de superfaturamento, onerando os cofres públicos.

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Segundo a denúncia, que é a primeira da Operação Pedra no Caminho, a organização criminosa operou fraudes no trecho norte do Rodoanel entre outubro de 2014 até a deflagração da operação, em junho passado. O trecho norte do Rodoanel é a última etapa do anel viário e ligará os trechos leste, oeste e o acesso ao aeroporto de Guarulhos. 

Crimes

Os crimes denunciados começaram com os termos aditivos ao contrato firmados com a OAS em outubro de 2014, que previa a inclusão de serviços de remoção de rochas a céu aberto. Segundo a denúncia, os aditivos se baseavam na “presença inesperada” das rochas que precisavam ser removidos. No entanto, desde o projeto básico do Rodoanel já se sabia que o trecho norte passaria pela rochosa Serra da Cantareira e a condição geológica já era prevista. A remoção das rochas, portanto, já era um custo que compunha os preços previstos para cada lote, concluiu o MPF. 

“Os acréscimos indevidos geraram impacto financeiro calculado pelo MPF em torno de R$ 480 milhões, que correspondem ao superfaturamento por meio da manipulação proposital de quantitativos nos contratos” divulgou o MPF, que pede que este valor seja o mínimo para reparação. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), somente os aditivos contratuais geraram um prejuízo de R$ 235 milhões aos cofres públicos.

“Os aditivos incluíram novos serviços, como desmonte de rochas, explosões e escavação para terraplanagem, por exemplo, sob a justificativa de que as condições encontradas nas obras eram mais severas que as previstas na época da licitação. Apesar de a Dersa ter sido alertada em maio de 2016, por meio de um relatório do IPT, de que a presença de matacões e blocos de rocha naquele ambiente geológico era previsível, a empresa seguiu pagando pela remoção de rochas até fevereiro de 2017”, exemplificou o MPF. Apenas com serviços relacionados às rochas, a Dersa desembolsou quase R$ 132 milhões. 

Houve ainda subcontratação irregular de serviços. Segundo a investigação, a OAS contratou, em abril de 2016, por R$ 54 milhões, a empresa Toniolo Busnello para a execução da escavação de dois túneis. A terceirização, embora vedada nos editais de pré-qualificação e da licitação, foi permitida pela diretoria da Dersa.

A denúncia diz ainda que o grupo cometeu fraudes em cinco aditivos contratuais, assinados entre outubro de 2014 e setembro de 2015, nos quais houve superfaturamentos, mas que foram celebrados com aparência de regularidade do ponto de vista contábil para não atrair a fiscalização do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). 

Falsidade Ideológica

O MPF ressaltou que o superfaturamento dos contratos era disfarçado por uma prática conhecida como “jogo de planilhas”, que consiste na redução de itens dos contratos para que os valores acrescidos não chamem a atenção. “É com este jogo que as construtoras obtêm lucros exorbitantes nas obras, segundo a denúncia, pois assim recuperam os descontos ofertados para ganhar a licitação”, diz o órgão.

A denúncia imputa a nove dos 14 denunciados o crime de falsidade ideológica já que, em um dos lotes, foi inserida declaração falsa na planilha de serviços e preços ao reduzir as quantidades de execução de concreto projetado. A farsa teria sido montada para evitar “impacto financeiro” e impedir objeção do BID.

Em outro lote, foram reduzidos itens de concreto para túneis também para diminuir o valor do contrato e evitar objeção do banco que financiou a obra. 

Organização criminosa

Os 14 denunciados são acusados pelo crime de organização criminosa, em três núcleos com características distintas: econômico, administrativo e financeiro. Do núcleo econômico da organização participaram os representantes das construtoras Mendes Júnior, Isolux e OAS.

Do núcleo administrativo da organização criminosa participavam dez servidores da Dersa, entre elas o então presidente, Laurence Casagrande Lourenço, que ocupou o cargo até maio de 2017 e o acumulou por um período com a função de secretário de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, e o ex-diretor de Engenharia da empresa, Pedro da Silva, de acordo com informações do MPF. Ambos estão presos preventivamente por ordem da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo.

“Atendendo às solicitações das construtoras, os engenheiros fiscais recomendavam sem ressalvas a aprovação das propostas de ajustes indevidos para o gestor do contrato, que também dava seu aval e encaminhava as propostas de aditivos para aprovação da diretoria colegiada”, segundo o MPF.

Já o núcleo financeiro da organização criminosa é objeto de investigação ainda em andamento. “Foram identificadas movimentações realizadas por laranjas em contas de passagem, mediante estratégias de ocultação da origem desses valores obtidos criminosamente”. 

Na apresentação da denúncia, a Força Tarefa da Lava Jato em São Paulo pede a abertura de novos inquéritos policiais para apurar especificamente os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, além do pedido para que os funcionários da Dersa sejam afastados de funções públicas que ainda eventualmente ocupem para evitar que voltem a cometer crimes.

Defesa

A defesa de Laurence Casagrande Lourenço disse, em nota, que “nem a Polícia Federal nem o Ministério Público Federal pretenderam apurar os fatos, mas construir uma tese acusatória a partir de premissas falsas e distorcidas e que serviram à deflagração da operação, com a prisão de Laurence” e que sua prisão não tem motivo jurídico. 

Sobre os aditivos contratuais relativos à obra, a defesa do então presidente da Dersa diz que, conforme admitem as regras do BID – financiador da obra – a licitação foi feita apenas com o projeto básico, e o projeto executivo ficou pronto depois, o que pode levar a diferenças de quantidades e qualidades de serviços a serem realizados.

Ainda de acordo com a defesa de Laurence, uma Junta de Conflito, composta por técnicos com conhecimento no tema, concluiu em 28 de fevereiro deste ano que os pagamentos relativos aos aditivos eram devidos.

Procurada pela reportagem, a OAS disse, em nota, que não vai se manifestar. A Agência Brasil pediu posicionamento da Mendes Júnior, da Isolux e da Dersa, mas não teve retorno até a conclusão da reportagem.

Rodoanel

O Rodoanel Mario Covas, em construção desde 1998, é um empreendimento viário de grande porte que interliga todas as estradas que chegam a São Paulo e seu objetivo principal é evitar o fluxo de caminhões pesados pelas vias urbanas da cidade. A obra tem aporte de recursos federais por meio de convênio entre o DNIT, a Dersa, o estado de São Paulo e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

O trecho norte, com 44 km de extensão, foi licitado pelo critério de menor preço e subdividido em seis lotes, cujos contratos originais foram orçados com preços variando entre R$ 601 milhões e R$ 788 milhões. As obras começaram em fevereiro de 2013 e até hoje não foram concluídas.

A força-tarefa da Operação Lava Jato, em São Paulo, denunciou à Justiça Federal nesta sexta-feira, 27, o ex-presidente da Dersa Laurence Casagrande Lourenço - preso pela Operação Pedra no Caminho desde junho - por supostos desvios nas obras do trecho Norte do Rodoanel. Além de Laurence, que foi secretário de Logística e Transportes do Governo Alckmin (PSDB), outros 13 investigados são acusados por crimes de fraude à licitação, falsidade ideológica e organização criminosa.

O Ministério Público Federal também requereu que seja aberto um inquérito em separado para apurar corrupção e crimes financeiros. Laurence Casagrande Lourenço nega qualquer irregularidade.

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Inicialmente, a Pedra no Caminho havia calculado prejuízos de R$ 600 milhões. A denúncia aponta que acréscimos indevidos geraram impacto financeiro de R$ 480 milhões, que correspondem ao superfaturamento por meio da manipulação proposital de quantitativos nos contratos.

A acusação mira fraudes nas licitações dos lotes 1, 2 e 3 do trecho norte do Rodoanel. Oito denunciados são ligados à Dersa e quatro são funcionários de construtoras responsáveis pelos lotes - OAS, Mendes Júnior e Isolux. Todos foram alvos da Operação Pedra no Caminho, deflagrada em 21 de junho.

A denúncia aponta que o esquema "operou fraudes no trecho norte do Rodoanel entre outubro de 2014 até a deflagração da operação". As obras tiveram aporte de recursos federais por meio do convênio 04/99, firmado pelo DNIT, pela Dersa, pelo Estado de São Paulo e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo a Procuradoria da República, os crimes começaram com a celebração de Termos Aditivos ao Contrato n. 4.349/2013, firmado com a OAS no Lote 2, em outubro de 2014. O aditivo previa a inclusão de serviços de remoção de matacões (rochas) a céu aberto, o que acabou estendido também para os lotes 1, 3, 4 e 5 da obra.

A denúncia aponta que Laurence Casagrande Lourenço elevou "arbitrariamente" valores da obra do trecho norte do Rodoanel e também adequou "novas planilhas de preços e serviços sem justificativa".

O Ministério Público Federal afirma que "a investigação não encontrou indícios de irregularidades no lote 6", mas há indícios de fraudes nos lotes 4 e 5, que são objeto de uma apuração conjunta da Procuradoria com Polícia Federal, Controladoria-geral da União e Tribunal de Contas da União.

Os investigadores afirmam que os aditivos se baseavam na "presença inesperada" dos matacões que precisavam ser removidos. A Procuradoria aponta que, desde o projeto básico do Rodoanel, já se sabia que o trecho norte passaria pela rochosa Serra da Cantareira e que a questão geológica era prevista.

O projeto básico se lastreava em pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP, que há 60 anos estuda a região do empreendimento. A remoção dos matacões, portanto, já era um custo que compunha os preços previstos para cada lote.

Os acréscimos indevidos geraram impacto financeiro calculado pelo Ministério Público Federal em torno de R$ 480 milhões, que correspondem ao superfaturamento por meio da manipulação proposital de quantitativos nos contratos. Na denúncia, a Procuradoria requereu que este valor seja o mínimo para reparação. Segundo o Tribunal de Contas da União, somente os aditivos contratuais geraram um prejuízo de R$ 235 milhões aos cofres públicos.

Também foram denunciados por associação criminosa os ex-engenheiros fiscais dos lotes 4 e 5, Adriano Francisco Bianconcini Trassi e Hélio Roberto Correa, respectivamente, por terem encaminhado pedidos de composição dos preços dos consórcios responsáveis por estes dois trechos: Construcap-Copasa e Acciona Infraestructuras.

Como funcionava o esquema

A Lava Jato aponta que o esquema, para atender as solicitações das construtoras, os engenheiros fiscais recomendavam sem ressalvas a aprovação das propostas de ajustes indevidos para o gestor do contrato, que também dava seu aval e encaminhava as propostas de aditivos para aprovação da diretoria colegiada, composta por Laurence Casagrande, Pedro da Silva, Silvia Aranega e Benjamim Venâncio.

O núcleo financeiro da organização criminosa é objeto de investigação ainda em andamento. Foram identificadas movimentações realizadas por laranjas em contas de passagem, mediante estratégias de ocultação da origem desses valores obtidos criminosamente.

De acordo com o Ministério Público Federal, as fraudes nos contratos dos lotes 1, 2 e 3, se deram com a participação de 12 dos 14 denunciados. A denúncia aponta que os acusados violaram dispositivos da lei de licitações: art. 92 (possibilitar vantagem ao contratado por meio de modificação ou prorrogação de contrato sem autorização legal ou no edital da licitação) e o art. 96, incisos I e V (fraudar licitação por meio de superfaturamento, onerando os cofres públicos).

As fraudes se deram por meio de superfaturamentos que foram lastreados em cinco aditivos contratuais nos lotes 1, 2 e 3, assinados entre outubro de 2014 e setembro de 2015, e celebrados com aparência de regularidade do ponto de vista contábil, para não atrair a fiscalização do BID.

Os aditivos incluíram novos serviços, como desmonte de rochas, explosões e escavação para terraplanagem, por exemplo, sob a justificativa de que as condições encontradas nas obras eram mais severas que as previstas na época da licitação. Apesar de a Dersa ter sido alertada em maio de 2016, por meio de um relatório do IPT, de que a presença de matacões e blocos de rocha naquele ambiente geológico era previsível, a empresa seguiu pagando pela remoção de rochas até fevereiro de 2017.

Apenas com serviços relacionados aos matacões, nos lotes de 1 a 5, a Dersa desembolsou quase R$ 132 milhões. O superfaturamento dos contratos era disfarçado por uma prática conhecida como "jogo de planilhas", que consiste na redução de itens dos contratos para que os valores acrescidos não chamem a atenção. É com este jogo que as construtoras obtêm lucros exorbitantes nas obras, segundo a denúncia, pois assim recuperam os descontos ofertados para ganhar a licitação.

Os investigadores registram que, nos lotes 2 e 3, a OAS contratou, em abril de 2016, por R$ 54 milhões, a empresa Toniolo Busnello para a execução da escavação de dois túneis. Tal terceirização, embora vedada nos editais de pré-qualificação e da licitação, foi permitida pela diretoria da Dersa. A autorização e o pagamento da subcontratação foram feitos um ano depois, por meio de resoluções da diretoria da empresa.

A denúncia imputa a 9 dos 14 denunciados o crime de falsidade ideológica. No lote 1 (Consórcio Mendes Júnior / Isolux / Corsan) foi inserida declaração falsa na planilha de serviços e preços ao se reduzirem as quantidades de execução de concreto projetado. A farsa foi montada para evitar "impacto financeiro" e impedir objeção do BID.

No lote 2 (OAS) foram reduzidos itens de concreto para túneis também para diminuir o valor do contrato e evitar objeção do banco que financiou a obra.

Além da denúncia, a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo pede a abertura de novos inquéritos policiais para apurar especificamente os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, além dos relacionados às fraudes licitatórias nos lotes 4 e 5 do Rodoanel Norte. No mesmo documento, o Ministério Público Federal requereu que os funcionários da Dersa sejam afastados de funções públicas que ainda eventualmente ocupem com o objetivo de evitar que voltem a cometer crimes.

A procuradora da força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo Anamara Osório Silva afirmou, nesta sexta-feira, 27, que uma organização criminosa está enraizada na Dersa há mais de 10 anos. As declarações foram feitas à imprensa no momento em que ela compareceu à Justiça Federal para protocolar a denúncia.

Defesas

Em nota, o ex-governador Geraldo Alckmin afirmou que espera que, respeitado o amplo direito de defesa, Justiça seja feita.

A DERSA - Desenvolvimento Rodoviário S/A reitera que "juntamente com o Governo do Estado é a maior interessada na elucidação do caso. Havendo qualquer eventual prejuízo ao erário público, o Estado adotará as medidas cabíveis, como já agiu em outras ocasiões".

O advogado Daniel Bialski, que defende Pedro Paulo Dantas do Amaral Campos, afirmou: "A denúncia apresentada pelo MPF é inepta. Além de abusar de ilações, vendo ilicitude aonde não há, em sua grande parte relaciona Pedro Paulo em fatos ocorridos em época em que NÃO EXERCIA qualquer função na obra. A defesa vai explorar esses equívocos para mostrar o abuso dessa acusação e buscar a rejeição da peça acusatória".

Já o criminalista Eduardo Carnelós, defensor de Laurence Casagrande Lourenço, divulgou a seguinte nota:

"A defesa de Laurence Casagrande acabou de ter conhecimento da denúncia. Não a comentará em detalhes, pois fará isso no processo, embora ela já fosse esperada, como o foi a decisão de indiciamento, pois nem a Polícia Federal nem o Ministério Público Federal pretenderam apurar os fatos, mas construir uma tese acusatória a partir de premissas falsas e distorcidas e que serviram à deflagração da operação, com a prisão de Laurence.

Mantê-lo preso, aliás, interessa aos acusadores, mesmo sem motivo jurídico, porque isso cerceia - ou quase impede - o exercício da defesa dele, que fica privado do acesso aos documentos com os quais poderia demonstrar a inconsistência das acusações.

É importante, porém, que a opinião pública perceba que o caso de Laurence é muito diferente de outros que vieram à tona nos últimos anos por meio de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público. Está preso o homem errado.

O cerne da investigação são aditivos contratuais relativos à construção do trecho norte do Rodoanel. O principal deles diz respeito a imensas rochas encontradas no caminho (chamadas matacões), cuja retirada as empresas alegam que não estava prevista em contrato.

As empresas diziam - e dizem ainda - que haviam sido contratadas para promover a retirada de material chamado de 3ª categoria, que envolveria terra e pedras, mas não rochas daquelas dimensões encontradas. É fundamental destacar que, conforme admitem as regras do BID, que financiou a obra, a licitação foi feita apenas com o projeto básico, e o projeto executivo ficou pronto muito tempo depois, o que pode mesmo levar a diferenças de quantidades e qualidades de serviços a serem realizados. (...)"

Também em nota, o advogado Alamiro Velludo Salvador Netto, que defende Pedro da Silva, afirmou: "A denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal narra uma versão dos fatos que não tem amparo na própria realidade documental do Dersa. Não houve nenhum tipo de vício ou de fraude no procedimento licitatório do Rodoanel ou qualquer obra do Dersa.

A defesa nega veementemente as acusações.

Tenho absoluta convicção que, uma vez iniciado o processo, quando as pessoas se debruçarem sobre ele, vai ficar muito clara a inocência do Pedro".

O advogado Cássio Cubero também se manifestou. "Com a denuncia será oportunizada a defesa que demonstrará a inocência do Sr Pedro. Não há prova de qualquer vantagem ilícita, apenas ilações técnicas trazidas pela acusação que não tem expertise para tanto".

O juiz José Gomes Jardim Neto, da 9ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, decretou o bloqueio de bens do ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza e outros dois investigados por supostos desvios em programas de reassentamento do Rodoanel Trecho Sul. A decisão acolhe liminar no âmbito de ação civil pública movida pela empresa contra os acusados revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Pressionada pelo Ministério Público de São Paulo, a Dersa moveu a ação em que pede a condenação de seu ex-diretor pelo suposto desvio de R$ 374,9 mil no programa de reassentamento de famílias nas obras do trecho sul do Rodoanel, concluído em 2010.

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O valor corresponde às seis moradias e aos auxílios-mudança que foram concedidos indevidamente a pessoas ligadas ao suposto operador do PSDB paulista. São duas babás, duas empregadas domésticas, a filha de uma delas e uma secretária que trabalhavam na casa do engenheiro, das filhas dele e na empresa de seu genro. Todos negam as acusações.

O suposto esquema também resultou em ação penal contra Vieira de Souza e os outros alvos do bloqueio na Justiça Federal, no âmbito da Operação Lava Jato em São Paulo.

Além de Souza, também tiveram os bens bloqueados José Geraldo Casas Vilela e Mércia Ferreira Gomes, que teriam feito a inclusão indevida das seis beneficiárias.

"Deve ser concedida a medida de indisponibilidade de bens, circunstância indispensável à efetividade das medidas postuladas, ainda que, por possuir caráter acautelatório e não satisfativo, não haja óbice à sua reversão imediata caso a ação não seja procedente, há plena possibilidade de reversão", anotou o magistrado.

O juiz ainda afirma que a "prova documental que acompanhou a inicial aponta pela existência dos requisitos a autorizar a concessão da liminar requerida".

Defesas

Em nota, o advogado Fernando Araneo, que defende José Geraldo Casas Vilela, afirma que seu cliente não cometeu nenhum ato ilegal, não inseriu nomes falsos na lista de reassentados e tampouco teve parentes beneficiados.

A defesa de Paulo Vieira de Souza afirmou que vai recorrer da decisão.

A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz, indeferiu pedido liminar em habeas corpus impetrado pela defesa do ex-secretário de Logística e Transportes de São Paulo, Laurence Casagrande Lourenço (Governo Alckmin/PSDB), acusado de participar de organização criminosa que supostamente desviou verbas públicas da construção do Rodoanel Viário Mário Covas - Trecho Norte. As informações foram divulgadas pelo STJ- HC 457760.

Laurence foi investigado pela Polícia Federal na Operação Pedra no Caminho, braço da Lava Jato em São Paulo. Com outros acusados, o ex-secretário tucano teve a prisão preventiva decretada em junho.

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Houve a impetração de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3), mas o pedido liminar foi indeferido.

No STJ, a defesa pediu a suspensão da ordem de prisão e a soltura de Laurence. A defesa alegou "a necessidade de mitigação da Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal (STF), a ausência dos requisitos previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, autorizadores da prisão preventiva, a ausência de conduta ilícita ou do propósito de eliminar provas por parte de Lourenço, e também a ausência de motivação para a decretação da prisão".

Ao analisar o pedido, Laurita Vaz não constatou excepcionalidade ou ilegalidade patente que autorizasse a superação da Súmula 691/STF, que sedimentou não competir ao STF conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.

De acordo com a ministra, o relator do TRF decidiu manter a prisão de Lourenço para a garantia da aplicação da lei penal, pela conveniência da instrução criminal e pela garantia da ordem pública. Segundo o relator, existiria o risco de que o ex-secretário pudesse "imediatamente dirigir condutas voltadas à destruição de provas e coação de testemunhas".

Conforme afirmou o relator no TRF, Lourenço "é tido como o principal articulador entre os contratos aditivos (…) entre as empreiteiras e outros setores políticos", não tendo se afastado do cargo de presidente da Companhia Energética de São Paulo (CESP) até o dia do cumprimento da prisão. Nesse sentido, a prisão impediria a "reiteração delitiva em outros órgãos públicos responsáveis por grande movimentação financeira de recursos do Estado".

Segundo a presidente do STJ, Laurence poderia, em liberdade, usar de influência política e econômica "para a coação de testemunhas - algumas delas foram suas subordinadas -, e eventual destruição de provas, dado que mandou triturar documentos ou o fez por conta própria, o que aparenta, à primeira vista, o intento de aniquilar a possibilidade de colheita do material probatório".

Haveria ainda, de acordo com Laurita, a "possibilidade de, em liberdade, voltar a praticar as mencionadas condutas", sendo "evidente a legitimidade da decretação de prisão cautelar como fundamento à garantia da ordem pública e econômica, e à instrução criminal".

Defesa

A reportagem está tentando contato com a defesa de Laurence, mas ainda não obteve retorno.

Ao STJ, a defesa pediu a suspensão da ordem de prisão e a soltura de Laurence, alegando "a necessidade de mitigação da Súmula 691 do Supremo Tribunal Federal (STF), a ausência dos requisitos previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, autorizadores da prisão preventiva, a ausência de conduta ilícita ou do propósito de eliminar provas por parte de Lourenço, e também a ausência de motivação para a decretação da prisão".

A juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal, mandou soltar o diretor da Departamento Rodoviário S/A (Dersa), Pedro Paulo Dantas Amaral, alvo da Operação Pedra no Caminho - investigação sobre desvios de R$ 600 milhões das obras do Rodoanel Norte. Pedro Paulo foi preso no dia 21 de junho e teve a custódia prorrogada na noite em 25 de junho.

Em nota, os advogados Daniel Bialski, Patrícia Uzum e Juliana Bignardi, que defendem Pedro Paulo Dantas Amaral, afirmaram que "felizmente a Justiça reconheceu a inexistência de razão, motivo e necessidade dessa prisão arbitrária de Pedro Paulo. E em breve, reconhecerá que inexistiu qualquer ilicitude".

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A juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Federal, manteve a prisão temporária do ex-secretário de Logística e Transportes Laurence Casagrande Lourenço e outros seis investigados. Entre os alvos que devem continuar encarcerados está Pedro da Silva, ex-diretor da Dersa, e Pedro Paulo Dantas Amaral, atual diretor da estatal. Eles estão presos temporariamente, com prazo de cinco dias prorrogável que se encerra nesta segunda, 25.

Os investigados foram presos no âmbito da Operação Pedra no Caminho, braço da Lava Jato em São Paulo. A ação mira desvios em contratos do Rodoanel Trecho Norte, cujas obras foram iniciadas em 2013, quando Lourenço era presidente da Dersa.

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Segundo o Ministério Público Federal, a "Pedra no Caminho" mira crimes praticados por agentes públicos e empresários durante as obras do Rodoanel Viário Mário Covas - Trecho Norte e envolvem a suposta prática de corrupção, organização criminosa, fraude à licitação, crime contra a ordem econômica e desvio de verbas públicas.

As obras contaram com recursos da União, do Governo do Estado de São Paulo e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e foram fiscalizadas pela Dersa.

São alvos dos mandados ex-diretores da Dersa, executivos das Construtoras OAS e Mendes Junior, de empresas envolvidas na obra e gestores dos contratos com irregularidades.

Segundo o MPF, "as obras são divididas em seis lotes, tiveram início em 2013 e ainda estão em andamento. Apurações do TCU - Tribunal de Contas da União e CGU - Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União identificaram diversas irregularidades e superfaturamento de centenas de milhões de reais, por meio da celebração de aditivos contratuais desnecessários, visando a apropriação indevida de recursos públicos em prejuízo da União, do Estado de São Paulo e do BID."

"Para maquiar o sobrepreço adotou-se a prática de 'jogo de planilhas', expediente comum em fraudes a licitações com muitos itens contratados de forma global, em que o licitante oferece preço acima do mercado para alguns itens e abaixo da referência para outros, de modo a colocar-se artificialmente como menor preço global. Esse expediente é comum em fraudes às licitações", afirma a Procuradoria.

De acordo com o MPF, "no Lote 1, foram apurados aumentos de 16% a 430% em serviços de escavação e explosivos, estrutura de túneis, carga e desmonte de argamassa, acrescendo indevidamente à obra cerca de R$ 60 milhões. No Lote 2 apurou-se aumento de 987% (mais de R$ 21 milhões) nos serviços de escavação e explosivos e no Lote 3, aumentos de até 1.223%."

"A investigação da CGU apurou que vários contratos foram celebrados por preços baixos, relativamente ao orçamento inicial previsto pela DERSA, sendo incluídos outros serviços por meio dos termos aditivos para elevar substancialmente o custo das obras e prejudicar a concorrência, burlando o verdadeiro objeto da licitação. Os acréscimos indevidos nos Lotes 1, 2, 3 e 5 alcançaram mais de R$ 143 milhões", diz a Procuradoria.

A Lava Jato em São Paulo ainda afirma que o "TCU constatou superfaturamento na casa dos R$ 33 milhões e manipulação proposital de quantitativos nos contratos, que acabaram por ocultar impacto financeiro consistente em acréscimos indevidos que somam mais de R$ 600 milhões".

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