Tópicos | sarampo

Em 1960, Helena Teodoro Michelon tinha 1 ano e 2 meses de idade quando deu entrada no Hospital das Clínicas de São Paulo, com a perna direita paralisada. Até então, a febre alta tinha sido tratada com dipirona por um farmacêutico, mas o temido sintoma alertou a avó e a mãe de que o motivo poderia ser mais grave. As duas viraram a noite para conseguir uma vaga de internação. 

“Só naquela noite, junto comigo, internaram 49 crianças com pólio. E lá fiquei dois meses, em um isolamento só com crianças com pólio. Fiquei no pulmão de aço. Assim começou minha luta de sequelada da pólio”, conta Helena, que hoje tem 64 anos. “Falo para as mães novas que não deixem de vacinar seus filhos. Me olhem, olhem com olhos fixos, porque eu sou prova viva da sequela da pólio. A sequela da pólio é o que eu sou hoje. Então, prestem atenção. A sequela da pólio é para o resto da vida, não tem cura. É uma deficiência permanente”. 

##RECOMENDA##

A prevenção da paralisia infantil era uma esperança urgente, mas ainda distante no ano em que Helena foi internada. Albert Sabin havia descoberto a vacina oral contra a poliomielite (VOP) três anos antes, e a vacinação contra a doença no Brasil começaria apenas em 1961, no Rio de Janeiro e em São Paulo. O Plano Nacional de Controle da Poliomielite, primeira tentativa organizada nacionalmente de controlar a doença no país, viria apenas 10 anos depois, em 1971.

“Perto da minha casa, teve o Fernando, a Elizabeth, a filha dela… Que eu conheci, foram quatro crianças com pólio. Comigo, cinco”, lembra Helena.

“Eu fui tomar vacina de pólio quando já estava grande, com 7 anos de idade, na escola. Vi os casos diminuindo até chegar nos anos em que tinha sido exterminado da gente esse vírus maldito”.

A eliminação da poliomielite do Brasil foi reconhecida pela Organização Pan-Americana de Saúde em 1994, mas o último caso registrado foi em 1989. Helena Teodoro já era mãe de três filhos. “É óbvio que a gente recebeu com a maior alegria essa notícia, por que qual é a mãe que quer ver um filho acometido por uma sequela que fica para o resto da vida? Se a pólio não voltar, ela termina com a gente. Espero que isso aconteça. Percorremos todo esse percurso da vida e estamos terminando, estamos idosos. Então, espero que as mães tenham consciência”.

Doença que pode ser prevenida pela vacina do PNI, a poliomielite tem um esquema vacinal com três doses da vacina inativada da pólio, injetada, aos 2, 4 e 6 meses de idade, e duas doses de reforço da vacina oral, em gotinhas, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

Sequelas

A alta hospitalar após dois meses de internação foi o início da saga de Helena Teodoro para enfrentar as sequelas da pólio, o preconceito e a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência no Brasil. O encurtamento na perna direita continuou por toda a vida, e, para que sua mobilidade pudesse ter uma melhora, ela passou por 13 cirurgias entre os 13 e os 16 anos na Santa Casa de Misericórdia, onde recebeu também a indicação para usar uma órtese que desse firmeza à perna mais afetada. 

“O meu carrinho de bebê, que o meu pai comprou pra mim antes de eu nascer, quando minha mãe foi vender, a pessoa falou: não vou comprar, porque ela teve paralisia e pode passar pra minha criança. Tinham mães que pediam para os filhos se afastarem da gente na escola. Havia muito preconceito”, lembra. “Não tinha acessibilidade nenhuma na escola. Eu tinha que subir escadas para ir à aula que não tinham corrimão. Pra subir, eu conseguia, sentando e encostando na parede. Mas, para descer, descia rolando. Se chovia na escola, eu não descia nem no recreio. Para ir ao banheiro, eu precisava ajuda das professoras e nem sempre elas estavam dispostas a ajudar”.

O uso de órtese e a dificuldade de caminhar se agravaram conforme a dona de casa envelheceu. Em 1998, uma queda fez com que fraturasse o joelho e iniciasse o acompanhamento na Associação de Assistência à Criança com Deficiência (AACD), instituição sem fins lucrativos fundada inicialmente para acompanhar crianças com sequelas da poliomielite. A  superintendente de práticas assistenciais da AACD, Alice Rosa Ramos, conta que hoje os pacientes com sequelas da poliomielite são poucos e com tratamentos de longa data, ou imigrantes de países onde a pólio não foi eliminada ainda. 

“Mas a gente tem outras doenças também, principalmente o sarampo e a meningite, que podem ser prevenidas por vacina e causam principalmente quadros importantes de lesão encefálica e de sequelas motoras, visuais, auditivas e intelectuais. O sarampo e as doenças pós meningite têm uma extensão de sequelas muito maior”, acrescenta. “A falta do conhecimento da sequela leva muita gente a optar por não vacinar. Ninguém em sã consciência vai optar por participar de uma roleta russa. O número de pessoas com a sequela realmente é pequeno se comparado ao todo. Mas e se for eu? E se for o meu filho? O meu neto? Vou fazer uma aposta nisso? Eu não apostaria”.

Múltiplas cirurgias

No caso dos pacientes de pólio, é comum que apresentem em algum momento da vida a síndrome pós-pólio, com um quadro de dor, perdas motoras, maior dificuldade funcional. A médica acrescenta que a própria idade faz com que pacientes já sequelados percam ainda mais mobilidade e, por exemplo, parem de andar com órteses e fiquem na cadeira de rodas. No caso dos pacientes com sequelas da pólio, limitações motoras que são comuns à velhice chegam mais cedo e de forma mais rápida.

“Todos temos perdas funcionais. Só que eles já têm a perda, e isso se acentua com a idade, com o ganho de peso. As limitações se tornaram maiores pela associação entre o envelhecimento e a doença de base”, conta. “São pessoas que precisam de um esquema de saúde grande, com muitas cirurgias ao longo da vida para corrigir deformidades ortopédicas. Muitos evoluem com escoliose, precisam de cirurgias grandes na coluna, que podem levar a restrições respiratórias. A pólio não requer só fisioterapia. Ela requer muito tratamento cirúrgico e muitos aparelhos ortopédicos”  

No caso do sarampo, Alice conta que as sequelas são ainda mais graves, com grandes comprometimentos visuais, auditivos, intelectuais e físicos. “São crianças que vão precisar ser cuidadas ao longo de toda vida. A pólio causa a paralisia flácida, que é o músculo atrofiado, mais molinho. Mas tanto no sarampo como na meningite, a gente tem uma lesão cerebral. Ocorre um aumento do tônus muscular, causado por uma lesão central, com músculos muito tensos, que fazem a pessoa entrar em várias deformidades”, diz a médica, que detalha: “Na visão, posso ter desde a baixa de visão até a cegueira total. Da mesma forma que o intelecto, que posso ter crianças que entendem um pouco ou que deixam de entender absolutamente tudo. E isso pode afetar um adulto também”.

Diante de tantos quadros graves de saúde, a médica ressalta que tudo isso pode ser evitado com a vacinação gratuita e disponível nas unidades básicas de saúde. “As pessoas mais jovens deixaram de ter contato com os sequelados da pólio. Muitos profissionais, médicos mesmo, não viveram a pólio. Um problema que a gente tem é que muitos ortopedistas que operaram casos de pólio morreram ou já se aposentaram, e no treinamento não foi mais necessário ensinar aos ortopedistas, porque a pólio desapareceu. Se voltar, vou ter que fazer a reciclagem de um monte de gente em todo o país”, alerta ela. 

Amputações

Entre as mais severas doenças imunopreveníveis está a meningococcemia, infecção generalizada causada pela bactéria meningococo. Esse foi o caso do paciente Hugo Oliveira da Silva, de 16 anos, que teve a doença meningocócica aos 7 meses. Após apenas um dia, a infecção causou uma gangrena na perna esquerda e, consequentemente, a amputação deste membro. 

A mãe de Hugo, Maria Francisca de Oliveira Silva, de 47 anos, conta que a doença progrediu de forma rápida. “Ele foi dormir bem e acordou com um febrão de 40 graus. Levei na pediatra e, chegando lá, ela fez todos os exames e procedimentos, mas não conseguia baixar a temperatura. Antes dos exames ficarem prontos, a pediatra percebeu que o corpo dele estava cheio de manchas vermelhas, que foram aumentando com a formação de bolhas de água. Foi então que a pediatra falou que o caso dele era meningococcemia”.

Durante a internação, a doença causou uma série de complicações, como insuficiência renal e hepatite medicamentosa, que também deixaram sequelas que precisam ser acompanhadas até hoje. “Ele vai no hepatologista, no ortopedista, faz tratamento com fonoaudiólogo, fisioterapia, hematologista e gastro”. 

Na AACD desde 1 ano e 9 meses, ele passou pela terapia ocupacional, fisioterapia solo, fisioterapia aquática, musicoterapia e fonoaudiologia. Atualmente, já não é atendido mais no Centro de Reabilitação da Instituição, porém ainda conta com acompanhamento médico e na Oficina Ortopédica para ajuste ou troca de prótese da perna amputada.

A meningite meningocócica pode ser prevenida pela vacina meningocócica C conjugada, que deve ser administrada com duas doses, aos 3 e aos 5 meses de idade, e requer ainda uma dose de reforço aos 12 meses. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece ainda a vacina meningocócica ACWY a adolescentes de 11 a 14 anos de idade. 

Já o sarampo é prevenido pelas vacinas tríplice e tetra viral. A primeira é aplicada quando a criança completa o primeiro ano de vida, e protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a segunda é indicada para os 15 meses de vida, com ao menos 30 dias de intervalo após a tríplice viral.

 

Integrante da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações do Estado de São Paulo, Guido Levi conta que no início dos anos 2000 foi chamado por um grupo de residentes em uma enfermaria de doenças infecciosas em São Paulo. Os jovens médicos estavam intrigados que nenhum exame proposto havia detectado a causa de erupções cutâneas e febre alta que haviam levado uma criança à internação.

"Ninguém sabia o que era. Os residentes disseram que iam apresentar os exames pedidos, que ainda não tinham resultados positivos, e eu falei: 'Gente, não precisa de exame nenhum. Isso é sarampo'. Eles ficaram muito desconfiados, porque nunca tinham visto sarampo", lembra Guido Levi.

##RECOMENDA##

O sucesso da imunização fez com que boa parte da população e até médicos esquecessem que o sarampo é uma doença grave e letal. Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada 20 crianças com sarampo pode desenvolver pneumonia, que é a causa mais comum de morte por sarampo na infância. Além disso, cerca de uma em cada dez crianças com sarampo desenvolvem uma otite aguda que pode resultar em perda auditiva permanente. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) estima que, de 2000 a 2017, a vacinação contra o sarampo evitou cerca de 21,1 milhões de mortes, tornando a vacina um dos melhores investimentos em saúde pública.

"O sarampo era uma das doenças mais graves que acometiam a infância e uma das que causavam maior mortalidade. Quando fui consultor do Hospital Infantil da Cruz Vermelha Brasileira, em São Paulo, no começo da década de 1980, metade do hospital era tomada por crianças com sarampo, e com altíssima mortalidade", lembra Guido Levi, que viu as vacinas transformarem esse cenário.

A imunização conseguiu eliminar essa doença não apenas do Brasil, mas de todo o continente americano, o que foi reconhecido pela Opas em 27 de setembro de 2016. Na época, a organização lembrou que o sarampo chegou a matar 2,6 milhões de pessoas por ano no mundo antes da década de 1980. Para se ter uma ideia do que esse número representa, ele é maior do que o total de vítimas da covid-19 no primeiro ano de pandemia.

A vacinação contra o sarampo no Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completa 50 anos em 2023, se dá por meio das vacinas tríplice viral e tetra viral. A primeira é aplicada quando a criança completa o primeiro ano de vida, e protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a segunda é indicada para os 15 meses de vida, com ao menos 30 dias de intervalo após a tríplice viral.

Na tetra viral, além das três doenças da tríplice, a proteção inclui a varicela, causadora da catapora na infância e da herpes zoster na vida adulta. Quando a tetra não estiver disponível no posto, ela pode ser substituída por uma dose da tríplice viral e uma dose da vacina varicela monovalente.

Risco permanente

A coordenadora da Assessoria Clínica do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Lurdinha Maia, destaca que a percepção de que o sarampo é uma doença grave não pode se perder, porque somente a vacinação em altas coberturas pode impedir que o alto nível de mortalidade retorne.

“A visão que se tem da gravidade de uma doença é muito importante. O sarampo não é uma doença trivial. A cada mil crianças, pode haver até 3 mortes. Pode haver encefalite, otite, pneumonia”, destaca ela. “Houve uma queda de 80% nas mortes por sarampo entre 2000 e 2017 no mundo. Em 2017, 85% das crianças do mundo receberam uma dose da vacina contra o sarampo no primeiro ano de vida. Mas uma única dose não interrompe a circulação e não dá a proteção necessária. E a gente precisa cumprir a meta de 95%.”

O sarampo também é uma doença que pode causar sequelas severas. A superintendente de práticas assistenciais da AACD, Alice Rosa Ramos, cita que crianças e adultos podem permanecer com grandes comprometimentos visuais, auditivos, intelectuais e físicos após um quadro de sarampo.

“São crianças que vão precisar ser cuidadas ao longo de toda vida. A pólio causa a paralisia flácida, que é o músculo atrofiado, mas molinho. Mas, tanto no sarampo como na meningite, a gente tem uma lesão cerebral. Ocorre um aumento do tônus muscular, causado por uma lesão central, com músculos muito tensos, que fazem a pessoa entrar em várias deformidades”, compara ela, que detalha: “Na visão, posso ter desde a baixa de visão até a cegueira total. Da mesma forma que no intelecto, que posso ter crianças que entendem um pouco ou que deixam de entender absolutamente tudo. E isso pode afetar um adulto também.”

Prevenível há décadas

A vacinação contra o sarampo no Brasil foi iniciada em 1967, e a prevenção contra a doença já fazia parte do primeiro calendário básico de imunização dos menores de 1 ano de idade, instituído dez anos depois. Altamente transmissível, essa virose levou quase 60 anos para ser considerada eliminada do país, com o sucesso da imunização, mas apenas dois anos de baixas coberturas vacinais permitiram que ela voltasse, em 2018. Para especialistas em vacinação, esse retorno é um exemplo concreto de que não se pode relaxar com a prevenção às doenças imunopreveníveis.

Para a consultora da Opas e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Carla Domingues, é necessário um trabalho forte de comunicação para que a população volte a reconhecer os riscos de não se vacinar e de não vacinar seus filhos.

"Bastaram dois anos para o país ter surtos importantes, virar endêmico e perder a certificação de país livre do sarampo. É algo que pode acontecer com a pólio. Também podemos voltar a ter surtos de difteria, meningite, coqueluche. Apesar de não vermos mais essas doenças, se deixarmos de vacinar, elas voltarão a ser problemas de saúde pública."

Os riscos que esse problema pode causar vão além do adoecimento das próprias pessoas infectadas por esses vírus e bactérias, explica Carla Domingues. Como a pandemia de covid-19 mostrou, surtos de uma doença forçam os serviços de saúde a destinar recursos humanos e físicos ao tratamento dela, o que pode prejudicar outros pacientes.

"Se hoje nós temos leitos para cuidar de acidentes de trânsito e para cuidar de doenças não transmissíveis como câncer e diabetes, é porque a gente não tem mais esses leitos sendo utilizados para doenças imunopreveníveis. Se a gente voltar a ter surtos dessas doenças, teremos um esgotamento do serviço de saúde, como o exemplo que a gente acabou de ver com a covid-19, em que doenças deixaram de ser tratadas porque precisávamos tratar a covid-19."

A vacinação contra o sarampo sofre de um problema comum a vacinas cujo esquema vacinal requer mais de uma dose: a baixa na adesão. Em 2018, quando o sarampo voltou a causar surtos no país, a primeira dose da tríplice viral havia chegado a 92% das crianças, perto da meta de 95%. A segunda dose, porém, teve uma cobertura de apenas 76%.

A taxa de proteção era ainda pior na região amazônica, justamente onde o surto começou. No Amapá, apenas 64% receberam a segunda dose naquele ano, e, no Pará, o percentual foi de 60%.

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Mônica Levi, reforça que, além de atingir a meta, é preciso garantir que o resultado seja homogêneo. Isto é: que todos os estados e municípios ao menos se aproximem do percentual desejado.

"A gente não pode ter nichos localizados de não vacinados. Se não se põe tudo a perder. Tem que ter homogeneidade. Todos os locais têm que ter cobertura minimamente alta para que o país fique protegido", argumenta ela, que explica que o vírus consegue furar o bloqueio e entrar se um grupo específico não estiver protegido. "Não é uma preocupação só com equidade social. É claro que isso é importante. Mas, se você largar um grupo para trás, a doença vai trazer riscos para todo mundo."

Ainda em 2019, o problema da falta de homogeneidade havia sido diagnosticado pelo Ministério da Saúde, que apontou que, dos 5.570 municípios brasileiros, 2.751 (49%) não atingiram a meta de cobertura vacinal contra o sarampo em 2018. No Pará, 83,3% dos municípios não haviam atingido a meta; em Roraima, 73,3%; e no Amazonas, 50%.

Surto

O surto de sarampo que teve início na região amazônica rapidamente se espalhou entre diversos estados. Em apenas um ano, o Brasil saltou de zero caso para mais de 10 mil, ainda concentrados principalmente no Amazonas, Roraima e Pará. No ano seguinte, 2019, o número de casos dobrou, para 20 mil. Naquele ano, São Paulo passou a ser o centro do surto de sarampo.

Nos anos seguintes, o surto perdeu força, mas a doença continua a circular no país. Em 2020, foram confirmados 8.448 casos e, em 2021, 676. Apesar disso, o Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), projeto da Fiocruz e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/UNIFASE), mostra que a doença causou em 2020 o maior número de vítimas infantis no Brasil em quase duas décadas: foram dez mortes abaixo dos 5 anos. Entre 2018 e 2021, o número de mortes nessa faixa etária chegou a 26.

A coordenadora do Observa Infância, Patrícia Boccolini, ressalta que haver uma única morte por uma doença que já pode ser prevenida há tanto tempo já é uma tragédia.

“Mortes infantis por sarampo podem ser evitadas com uma estratégia simples e consolidada no SUS: a vacinação”, aponta.

“Isso tem que ser sempre lembrado para a população, porque essa nova geração que tem filhos agora é uma geração que não viu toda a gravidade do sarampo, da pólio e de outras doenças que já foram controladas pelas coberturas vacinais. Elas não têm essa percepção de risco, porque a grande maioria foi vacinada. Não vemos mais pessoas com sequelas nas ruas.”

A pesquisadora avalia que tudo indica que o país caminha para controlar novamente o sarampo. Em 2022, foram 44 casos confirmados da doença, e, em 2023, ainda não há novos registros de diagnósticos confirmados.

“A gente está no caminho e tudo indica que houve um controle, porque não tivemos nenhum caso no ano de 2023. Porém, a gente continua ainda com baixas coberturas vacinais, apesar de todos os esforços do novo governo e da nova ministra. Isso é um sinal de alerta. Por mais que não esteja circulando, temos baixas coberturas e isso é um ambiente propício para um caso importado que possa chegar aqui. O sarampo é extremamente contagioso. Para a gente conseguir o nosso selo novamente de país livre do sarampo, temos que esperar um pouco mais para ver se a situação vai se manter.”

Em entrevista exclusiva à Rádio Nacional, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, explicou que os surtos de sarampo que o Brasil voltou a registrar foram controlados, mas que o risco permanece enquanto a imunização não for recuperada.

"Para a redução do risco em relação ao sarampo nós temos que alcançar a cobertura que o país já teve, de mais de 90%. O que temos que fazer nesse momento é levar a vacina para a população e sensibilizar para que ela seja aplicada."

O Ministério da Saúde divulgou esta semana o cronograma para 2023 do Programa Nacional de Vacinação. As ações começam em 27 de fevereiro, com a aplicação de doses de reforço bivalentes contra a covid-19 na população com maior risco de desenvolver formas graves da doença, como idosos acima de 60 anos e pessoas com deficiência.

Também está previsto para abril intensificar a campanha de vacinação contra a influenza, antes da chegada do inverno, quando as temperaturas mais baixas levam ao aumento nos casos de doenças respiratórias. Já em maio, deve ocorrer uma ação de multivacinação contra a poliomielite e o sarampo nas escolas.

##RECOMENDA##

As etapas, de acordo com o ministério, foram organizadas de acordo com os estoques de doses existentes, as novas encomendas realizadas pela pasta e os compromissos de entregas assumidos pelos fabricantes de vacinas.

O cronograma foi pactuado com representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e pode ser alterado caso o cenário de entregas seja modificado ou tão logo novos laboratórios tenham suas solicitações aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Confira as cinco etapas do cronograma:

Etapa 1 - fevereiro

Vacinação contra covid-19 (reforço com a vacina bivalente)

Público-alvo: Pessoas com maior risco de formas graves de covid-19; pessoas com mais de 60 anos; gestantes e puérperas; pacientes imunocomprometidos; pessoas com deficiência; pessoas vivendo em Instituições de Longa Permanência (ILP); povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas; trabalhadores da saúde.

Etapa 2 - março

Intensificação da vacinação contra covid-19

Público alvo: Toda a população com mais de 12 anos.

Etapa 3 – março

Intensificação da vacinação contra covid-19 entre crianças e adolescentes

Público alvo: Crianças de 6 meses a adolescentes de 17 anos.

Etapa 4 – abril

Vacinação contra Influenza

Público-alvo: Pessoas com mais de 60 anos; adolescentes em medidas socioeducativas; caminhoneiros; crianças de 6 meses a 4 anos; Forças Armadas; forças de segurança e salvamento; gestantes e puérperas; pessoas com deficiência; pessoas com comorbidades; população privada de liberdade; povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas; professores; profissionais de transporte coletivo; profissionais portuários; profissionais do Sistema de Privação de Liberdade; trabalhadores da saúde.

Etapa 5 - maio

Multivacinação contra poliomielite e sarampo nas escolas.

Baixa cobertura

O ministério destacou que o Brasil, apesar de ser considerado um país pioneiro em campanhas de vacinação, vem apresentando retrocessos nesse campo desde 2016. Praticamente todas as coberturas vacinais, segundo a pasta, estão abaixo da meta.

“Diante do cenário de baixas coberturas vacinais, desabastecimento, risco de epidemias de poliomielite e sarampo, além da queda de confiança nas vacinas, o Ministério da Saúde realizou, ao longo do mês de janeiro, uma série de reuniões envolvendo outros ministérios.”

“É importante ressaltar que, para todas as estratégias de vacinação propostas, as ações de comunicação e de comprometimento da sociedade serão essenciais para que as campanhas tenham efeito. A população precisa ser esclarecida sobre a importância da vacinação e os riscos de adoecimento e morte das pessoas não vacinadas.”

 

Nesta terça-feira (24), a cidade de Guarulhos começou a vacinar a população contra o sarampo, com o imunizante tríplice viral (SCR), que também garante a proteção contra a caxumba e rubéola, além do imunobiológico contra a varicela.

De acordo com o esquema vacinal proposto pelo Plano Nacional de Imunizações, aos seis meses a criança deve receber uma dose de SCR, chamada “dose zero”; aos 12 meses, a primeira dose; e aos 15 meses, a segunda, acompanhada da imunização contra a varicela. 

##RECOMENDA##

Crianças a partir de sete anos e adultos com até 29 anos devem ter duas doses da tríplice viral. Já pessoas com mais de 30 anos e nascidos a partir de 1960, ao menos uma dose.

34 das 69 UBSs do município estarão abertas para imunização. A Secretaria da Saúde foi alertada pelo Grupo de Vigilância Epidemiológica do Estado que algumas vacinas, incluindo a SCR, não terão o atendimento integral da grade solicitada. 

Confira as regiões em que vacina estará disponível:

Centro: Ambulatório da Criança, UBS Flor da Montanha, UBS Vila Barros, UBS Paraventi, UBS Itapegica, UBS Ponte Grande e UBS Tranquilidade;

Cantareira: UBS Cambará, UBS Continental, UBS Acácio, UBS Palmira, UBS Rosa de França, UBS Morros, UBS Recreio São Jorge, UBS Taboão e UBS Vila Rio de Janeiro;

São João-Bonsucesso: UBS Vila Carmela, UBS Haroldo Veloso, UBS Fortaleza, UBS Marinópolis, UBS Nova Bonsucesso, UBS Santos Dumont, UBS Santa Paula e UBS Soberana;

Pimentas-Cumbica: UBS Mario Macca, UBS Dona Luiza, UBS Marcos Freire, UBS Jacy, UBS Nova Cumbica, UBS Jandaia, UBS Nova Cidade e UBS Normandia.

Os endereços podem ser consultados no site: https://www.guarulhos.sp.gov.br/unidades-basicas-de-saude-ubs

Quase 40 milhões de crianças no mundo não receberam uma dose da vacina contra o sarampo em 2021, um número recorde, de acordo com um relatório publicado nesta quarta-feira (22), que também estima que os níveis de imunização anteriores à pandemia de covid-19 não foram recuperados.

A pesquisa, publicada conjuntamente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, adverte que esta redução impede que seja garantida a imunização generalizada desse grupo contra uma doença potencialmente mortal.

O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que, embora as vacinas contra a covid-19 tenham sido desenvolvidas e implementadas em tempo recorde, os programas de imunização de rotina sofreram atrasos tremendos, deixando milhões de pessoas em perigo.

"Implementar os programas de imunização é absolutamente crítico. Por trás de cada estatística deste relatório há uma criança correndo perigo por uma doença prevenível", alertou Tedros em um comunicado.

De acordo com o estudo, 25 milhões de crianças não receberam a primeira dose e 14,7 milhões a segunda. O contágio de sarampo pode ser quase 100% evitável mediante a vacinação.

Mas, por ser uma doença bastante contagiosa, estima-se que seja necessário vacinar 95% da população com duas ou mais doses para gerar imunidade coletiva e manter a enfermidade dentro dos limites.

Em 2021, apenas 81% das crianças de todo o mundo receberam a primeira dose e 71% a segunda. Esta é a taxa de cobertura mundial mais baixa da primeira dose desde 2008.

Os cinco países com maior número de crianças pequenas que não receberam a primeira dose foram Nigéria, Índia, República Democrática do Congo, Etiópia e Indonésia.

Nenhuma região da OMS conseguiu chegar à imunidade generalizada para conter ou eliminar o sarampo, por isso o vírus pode se espalhar rapidamente. Desde 2016, dez países que haviam contido o sarampo anteriormente vivenciaram surtos da doença.

O sarampo se caracteriza por febre alta e manchas vermelhas na pele, mas o perigo da doença reside no fato de que ela pode ser contagiosa dias antes do aparecimento do eritema.

As complicações podem incluir pneumonia e encefalite aguda, que podem deixar sequelas permanentes. Entre uma e três de cada mil crianças no mundo morrem por complicações respiratórias e neurológicas da doença.

O Brasil ainda está abaixo da meta de vacinação contra o sarampo. De acordo com o Ministério da Saúde, 47,08% das crianças receberam o imunizante em 2022, sendo que a meta de cobertura vacinal é 95%. A proteção contra o sarampo é feita com a vacina tríplice viral, que imuniza também contra a caxumba e rubéola, e faz parte do calendário de vacinação. O imunizante é oferecido nas unidades de saúde do país em qualquer época do ano.

A tríplice viral é geralmente aplicada em duas doses. A primeira, tomada com um ano de idade, e a segunda, com 15 meses. A campanha de 2022 começou em janeiro e vai até dezembro deste ano. A cobertura em 2021 foi baixa, somente 50,1% do público-alvo no Brasil recebeu a segunda dose da vacina tríplice viral. 

##RECOMENDA##

Uma das consequências da queda da vacinação é o avanço da doença. Depois de ter recebido a certificação de país livre do sarampo pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas), em 2016, o Brasil passou a registrar, nos últimos anos, o avanço da doença em todo o território nacional. O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde mostra mais de 40 mil casos e 40 mortes causadas pelo sarampo desde 2018, sendo mais da metade em crianças menores de 5 anos.

Fiocruz

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou, este ano, uma nota na qual chama a atenção para a importância da vacinação contra a doença. A Fiocruz explica que o sarampo é uma doença infecciosa aguda, muito contagiosa e grave, principalmente em crianças menores de 5 anos de idade, pessoas adultas desnutridas ou com algum problema de imunidade, como as pessoas transplantadas, as que convivem com o vírus do HIV, ou que estão em quimioterapia, além das gestantes.

A Fiocruz ressalta que, independentemente disso, o sarampo afeta indivíduos de todas as idades e não necessariamente com doenças crônicas ou algum problema de imunidade.

Ministério da Saúde

À Agência Brasil, o Ministério da Saúde disse, por meio de nota, que por intermédio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), vem desenvolvendo e intensificando estratégias necessárias para enfrentamento dos desafios e reversão das baixas coberturas vacinais, em parceria com estados e municípios.

“O Ministério da Saúde incentiva a população a se vacinar contra as doenças imunopreveníveis, e esclarece o benefício e segurança das vacinas, por meio dos seus canais oficiais de comunicação”, diz a pasta. Os dados detalhados das coberturas vacinais estão disponíveis na internet.

OMS e Unicef

Na sexta-feira (15), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgaram dados que mostram que a queda da vacinação infantil não ocorreu apenas no Brasil. Em todo o mundo, após dois anos de pandemia, foi registrada a maior queda contínua nas vacinações infantis dos últimos 30 anos.

Segundo as organizações, até mesmo pela dimensão territorial e pelo tamanho da população, o Brasil está entre os dez países no mundo com a maior quantidade de crianças com a vacinação atrasada. Considerada apenas a vacina contra o sarampo, o país é o 8º com a maior quantidade de crianças com o esquema vacinal atrasado.

Com o início da pandemia, o mundo, especificamente os cientistas, entraram em uma constante busca para desenvolver uma vacina eficaz contra a Covid-19. Em menos de 12 meses, algumas vacinas contra a doença começaram a ser desenvolvidas e aprovadas por Agências reguladoras. Com isso, muitas pessoas se mostraram céticas em relação ao imunizante, muitas vezes se organizando no movimento antivacina ou antivax.

Este movimento nada mais é do que um grupo, que pode ou não ser organizado, que reúne críticos das vacinas contra programas de vacinação pública. Porém, em entrevista para o LeiaJá, o biomédico imunologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro, Dr. Jefferson Russo Victor afirmou que as consequências desse movimento são maléficas à saúde individual e pública.

##RECOMENDA##

"De forma geral, as consequências do movimento antivacina são muito ruins. Porque a utilização de vacinas é relativamente barata, e é extremamente eficiente. Quando pensamos em um movimento antivacina, que conduz as pessoas a não se vacinarem, a consequência disso é tornar as pessoas suscetíveis à doença. Isso é um problema de saúde individual, coletiva e problema de custo ao serviço de saúde", afirmou.

Doenças erradicadas

Além dos malefícios citados acima, o especialista também destacou sobre as consequências desse movimento em doenças erradicadas no Brasil, e alertou sobre a Poliomielite.

"Atualmente o maior risco que nós temos  em termos de doenças erradicadas, é relativo a poliomielite que teve seu último caso registrado em 1989 e permitiu que o Brasil adquirisse o certificado de erradicação da doença em 1994. Mas esse tipo de iniciativa, muitas vezes leva as pessoas a não se vacinarem, portanto essas pessoas continuam suscetíveis. No caso da poliomielite, embora tenha sido erradicada do Brasil, ela não foi do mundo, isso significa que ainda existe este vírus circulando no mundo. O que pode levar a contaminação de alguns indivíduos como viajantes, trazendo esse vírus para o Brasil e contaminando pessoas que não se vacinam e ficam suscetíveis a doença".

Sarampo 

Assim como a poliomielite, o Brasil também ganhou o certificado de erradicação do sarampo em 2016, mas em 2018 o país perdeu esse título devido a baixa cobertura vacinal.

Guerra da desinformação 

Por fim o biomédico, destacou que este tipo de movimento tem origem da "guerra de desinformação". "São grandes os malefícios desse tipo de movimento antivacina, e sabemos que esse movimento sempre tem origem do que vivemos hoje que é uma verdadeira guerra da desinformação. Onde pessoas utilizam de informações mentirosas, que tem caráter científico, e usam isso de justificativa para não vacinar pessoas. Não somente contra os vírus que causam pandemia, mas também todo programa de imunização do Brasil, que desde a década de 70 vem se mostrando esficiente", explicou.

O Ministério da Saúde prorrogou até o dia 24 de junho a Campanha Nacional de Vacinação contra Gripe e Sarampo para os grupos prioritários, com o objetivo de aumentar as coberturas vacinais para as duas doenças.

De acordo com a pasta, a partir do dia 25 de junho os estados e municípios poderão ampliar a vacinação contra a gripe para toda a população a partir de 6 meses de idade, enquanto tiverem doses disponíveis. Já foram distribuídas cerca de 80 milhões de doses para todo país.

##RECOMENDA##

Os grupos prioritários para a vacinação da Influenza são os idosos acima de 60 anos de idade; trabalhadores da saúde; crianças de 6 meses a 5 anos incompletos; gestantes e puérperas; povos indígenas; professores; pessoas com comorbidades ou com deficiência permanente; integrantes das forças de segurança, de salvamento e Forças Armadas; caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso; trabalhadores portuários; funcionários do sistema prisional; população privada de liberdade e adolescentes cumprindo medidas socioeducativas.

Os grupos prioritários somam quase 80 milhões de brasileiros e, até o momento, a cobertura vacinal chegou a 44% desse público.

Sarampo

O Ministério da Saúde ressalta que a imunização contra o sarampo faz parte do Calendário Nacional de Vacinação e as doses ficam disponíveis durante todo o ano. É utilizada a vacina tríplice viral, que também previne contra a caxumba e a rubéola.

Pelo Calendário Nacional de Vacinação, a vacina deve ser aplicada nos bebês ao completarem 1 ano de idade e reforço entre 4 e 6 anos de idade. Também se recomenda a aplicação de uma dose entre os 30 anos e 50 anos de idade, em pessoas não vacinadas na infância ou juventude.

A campanha de vacinação começou no dia 4 de abril e podem se vacinar os trabalhadores da saúde e as crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade.

O Brasil perdeu o selo de erradicação de sarampo em 2019, por causa da queda na cobertura vacinal. Segundo dados do Núcleo de Informação, Políticas Públicas e Inclusão (Nippis), em três anos foram registrados 26 óbitos de crianças abaixo de 5 anos de idade e mais de 1,6 mil internações por sarampo no país, número que não era alcançado desde o início dos anos 2000.

Rio de Janeiro

A campanha antivacina promovida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), membros do seu governo e aliados, parece não ter afetado somente quem corre o risco de contrair a Covid-19. Um levantamento do projeto VAX*SIM mostrou que a vacinação infantil contra o sarampo não atingiu as metas nos últimos anos e a doença – que havia sido erradicada do País em 2016 – voltou a acometer os pequenos, provocando mortes.

Na última segunda-feira (2), teve início a Campanha Nacional contra o Sarampo de 2022, para crianças de seis meses até 5 anos de idade. A meta é atingir 95% deste público alvo, o que não ocorreu na grande maioria das cidades no ano passado.

##RECOMENDA##

Em 2021, nenhum estado brasileiro atingiu a meta de vacinação infantil contra sarampo. Só 660 (cerca de 12%) das 5.500 cidades alcançaram a meta. Pior. A vacinação contra o sarampo é feita em duas doses, mas de cada três crianças brasileiras que tomaram a primeira dose do imunizante, uma não voltou para completar o esquema vacinal, ou seja, não ficaram completamente imunizadas.

“O Brasil tem um programa nacional de imunização estruturado, que serve de referência para o mundo inteiro. A vacinação infantil é uma das ações mais importantes para prevenir mortes evitáveis de crianças de até 5 anos, com um excelente custo-benefício. É inaceitável que tenhamos que lamentar mortes por uma doença para a qual há vacina disponível de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde [SUS] há décadas”, afirma Patricia de Moraes Mello Boccolini, coordenadora do VAX*SIM.

Em 2020, o Brasil registrou o recorde de 10 mortes de crianças menores de 5 anos por sarampo. Foi o maior número das últimas duas décadas. Entre 2018 e 2021, 26 crianças nessa faixa etária morreram pela doença, um retrocesso em um país que entre 2000 e 2017 havia registrado apenas uma morte, no ano de 2013.

“Mortes infantis por sarampo podem ser evitadas com uma estratégia simples e consolidada no SUS: a vacinação. Uma única morte nesse contexto pode ser considerada uma tragédia”, aponta Patrícia.

O número de hospitalizações por sarampo também disparou nos últimos anos. Entre 2018 e 2021, 1.606 crianças foram hospitalizadas com a doença no Brasil. Nos quatro anos anteriores, entre 2014 e 2017, o país havia registrado um total de 137 hospitalizações infantis por sarampo.

Outros tempos

Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de país livre de sarampo. Três anos depois, em 2019, o status foi retirado após a confirmação de um caso endêmico da doença no Pará.

Pesquisa

O levantamento do VAX*SIM cruza grandes bases de dados para investigar o papel das mídias sociais, do Programa Bolsa-Família e do acesso à Atenção Primária em Saúde na cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos.

O objetivo do projeto é compreender e analisar os determinantes da cobertura vacinal no território brasileiro, utilizando um modelo teórico-conceitual para avaliar sua associação com fatores socioeconômicos, cobertura da Atenção Primária em Saúde (APS) e do Programa Bolsa Família (PBF). A iniciativa também visa avaliar a influência dos padrões de disseminação de conteúdos sobre imunização nas mídias sociais.

O projeto é parte do Observatório de Saúde na Infância - Observa Infância, uma iniciativa de divulgação científica para levar ao conhecimento da sociedade dados e informações sobre a saúde de crianças de até 5 anos.

O objetivo é ampliar o acesso à informação qualificada e facilitar a compreensão sobre dados obtidos junto aos sistemas nacionais de informação.

As evidências científicas trabalhadas são resultado de investigações desenvolvidas pelos pesquisadores Patricia e Cristiano Boccolini no âmbito do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Unifase), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.

Da redação, com informações da Agência Fiocruz de Notícias

Postos de Saúde em todo o país estarão abertos neste sábado (30), no dia D de mobilização nacional contra a gripe e o sarampo. A inciativa marca o fim da primeira etapa da campanha de vacinação, que teve como alvo idosos acima de 60 anos e trabalhadores de saúde. Os profissionais também foram chamados a atualizar a carteira de vacinação, caso não tenham tomado o imunizante contra o sarampo.

O dia D também vai marcar o início da vacinação de crianças de 6 meses a menores de 5 anos contra as duas doenças. Pelo calendário oficial do Ministério da Saúde, na segunda etapa, nos dias 2 de maio e 3 de junho, além do público infantil, gestantes e puérperas, povos indígenas, professores da rede ensino pública e privada, pessoas com comorbidades e outros também devem se vacinar.

##RECOMENDA##

A meta do Ministério da Saúde é imunizar cerca de 76,5 milhões de pessoas até o dia 3 de junho, data prevista para encerramento da campanha. O objetivo é prevenir o surgimento de complicações decorrentes das doenças, para evitar novos óbitos e possível pressão sobre o sistema de saúde. Ao todo, o governo federal enviou mais de 80 milhões de doses do imunizante da gripe aos estados e ao Distrito Federal para a vacinação.

Campanha

O objetivo da campanha é prevenir o surgimento de complicações decorrentes das doenças, para evitar novos óbitos e possível pressão sobre o sistema de saúde. “É muito importante que todos os brasileiros que fazem parte dos grupos prioritários procurem um posto de vacinação. No ano passado, tivemos um surto em várias regiões do país por conta da cepa H3N2. A vacina deste ano já protege contra essa e as cepas passadas. Precisamos combater as doenças. A vacinação vai impedir a proliferação dos vírus e evitar que tenhamos maior pressão sobre o sistema de saúde”, disse o ministro Marcelo Queiroga, à época do lançamento da campanha.

Saiba as etapas da campanha e quais públicos serão atendidos:

1ª etapa - de 04/04 a 30/04

Idosos com 60 anos ou mais e trabalhadores da saúde.

2ª etapa - de 02/05 a 03/06

Crianças de 6 meses a menores de 5 anos;

Gestantes e puérperas;

Povos indígenas;

Professores;

Comorbidades;

Pessoas com deficiência permanente;

Forças de segurança e salvamento e Forças Armadas;

Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso;

Trabalhadores portuários;

Funcionários do sistema prisional;

Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas;

População privada de liberdade

Pernambuco anunciou para o próximo sábado (30) a realização do Dia D da vacinação contra os vírus da influenza e do sarampo. Com isso, os municípios da Região Metropolitana estão em mobilização para atender a demanda.

Na vacinação contra a influenza, as crianças de seis meses até quatro anos, pessoas com 60 anos ou mais, profissionais da saúde atuantes na cidade, gestantes, puérperas, professores, pessoas com comorbidades, deficientes permanentes, caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo, trabalhadores portuários, trabalhadores de forças de segurança e salvamento, forças armadas e adolescentes em medidas socioeducativas integram o público alvo.

##RECOMENDA##

Já a imunização contra o Sarampo continua com o grupo de crianças de seis meses a quatro anos de idade e profissionais da saúde dos municípios.

Recife

Na capital pernambucana, as mais de 150 salas de vacina da prefeitura estarão abertas para a imunização. Além disso, também serão montados dois pontos volantes, sendo um no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana, e outro no Sítio Trindade, em Casa Amarela, Zona Norte do Recife. 

Os locais funcionarão das 8h às 17h e também vão aplicar todas as doses da vacina contra a Covid-19 nas pessoas a partir de 5 anos, sem necessidade de agendamento.

Olinda

Na cidade histórica, todos os 47 postos de saúde e oito policlínicas estarão funcionando, das 8h às 17h. 

Camaragibe

As 45 unidades de saúde da cidade estarão funcionando das 8h às 16h. Quem não conseguir no sábado pode procurar o ponto fixo localizado no Camará Shopping, que funciona de segunda à sábado, das 10h às 17h, e aos domingos das 12h às 19h.

Documentos

Para agilizar a vacinação, as Secretarias de Saúde recomendam que os usuários levem um documento de identificação, a carteira de vacinação e o cartão SUS (se tiverem esses dois últimos). 

Parte do público-alvo precisa apresentar também documentos que provem a necessidade da imunização. Os profissionais das redes públicas e privadas de saúde, por exemplo, devem levar comprovantes laborais, como crachás ou carteira de trabalho.

O secretário da saúde de Pernambuco, André Longo divulgou à baixa procura na vacinação contra influenza e sarampo, nesta terça-feira (26). Em três semanas de campanha, apenas 9% dos idosos e 15% dos trabalhadores da saúde foram imunizados contra a gripe no Estado. 

 Em relação aos números de imunizados contra o sarampo e a influenza, até o momento o Estado apresenta 16,8% para sarampo (trabalhadores da saúde) e apenas 6% para influenza (19,9% para trabalhadores da saúde e 12,2% para idosos com 60 anos ou mais). 

##RECOMENDA##

Para conscientizar as pessoas sobre a importância da vacinação, Longo mencionou sobre o crescente número de casos de influenza. “Não podemos esquecer que vivenciamos entre dezembro de 2021 e janeiro deste ano, a maior epidemia de influenza que o estado já enfrentou em toda série histórica. Então fazemos um chamamento para que todos os idosos acima de 60 anos, procurem os postos de saúde mais próximos de suas casas para tomar a vacina contra a influenza”, afirmou. 

"Dia D" 

Vale lembrar que o "Dia D" de vacinação será realizado no próximo sábado (30). Na ação, além dos idosos e trabalhadores da saúde também poderão se vacinar as crianças de 6 meses a 4 anos. 

A Secretaria de Saúde do governo do Estado de São Paulo confirmou um caso de sarampo autóctone - em que o indivíduo contrai a doença no próprio Estado, sem viajar ao exterior e sem ligação com um viajante - e mais 25 casos em investigação somente na semana passada.

O caso confirmado foi relatado na cidade de São Paulo, considerando um registro dentro dos últimos 15 dias, mas não foram divulgadas mais informações sobre o paciente. Dois dos 25 casos investigados são da cidade de Santos, no litoral de São Paulo. Em nota, a prefeitura informou que não há conclusão e aguarda o resultado de exames laboratoriais. Além disso, nenhum contactante dos pacientes apresentou sintoma e, por precaução, todo o protocolo de bloqueio foi realizado, incluindo a vacinação das pessoas.

##RECOMENDA##

IMUNIZAÇÃO

O infectologista Roberto da Justa ressalta que identificar um caso autóctone demonstra que a doença já avança no território nacional. Aspecto que, segundo ele, denota maior preocupação do ponto de vista sanitário e demanda mais esforços para o controle da enfermidade, que tem alto potencial de morbidade e mortalidade, principalmente, entre as crianças. "Essa ocorrência se dá muito provavelmente por causa da baixa cobertura vacinal para o sarampo nos últimos anos. E a possibilidade de se disseminar para outros Estados é grande, uma vez que é difícil bloquear a disseminação do sarampo", diz o médico.

O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) reforça a necessidade de vacinação em massa do público infantil, especialmente nos Estados onde há casos confirmados ou suspeitos. Da Justa ressalta que o Sistema Único de Saúde (SUS), pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), distribui ampla e gratuitamente a imunização contra o sarampo para o País.

Entre os anos 1960 e 1970, rememora o médico, a doença foi uma das principais causas da mortalidade de crianças com menos de 1 ano de idade. No entanto, como o sarampo "desapareceu" nos anos 1990 e 2000 no Brasil, houve uma campanha difamatória atribuindo-se à vacina alguns efeitos colaterais e eventos adversos que nunca existiram. "A vacina contra o sarampo é segura, e extremamente eficaz. Não há o que se temer com relação a isso", garante. A infecção pelo sarampo ocorre por meio de gotículas de saliva com partículas do vírus, que favorecem a transmissibilidade - cada infectado pode transmitir para até 18 pessoas.

LITORAL

Com os casos investigados em Santos, as demais prefeituras da região entraram em estado de alerta e buscam melhorar os índices de vacinação. O município de São Vicente divulgou que uma pessoa foi diagnosticada com sarampo na cidade, informação desconhecida pela secretaria estadual de Saúde. Na cidade, 298 crianças de 6 meses a menores de 5 anos, e 34 profissionais da saúde, tomaram uma dose da vacina contra o sarampo.

Já no Guarujá o Executivo municipal informou que nesta primeira fase estão sendo vacinados os profissionais de Saúde contra o sarampo. Na primeira semana de mobilização, já foram imunizados pouco mais de cem trabalhadores da Saúde. Em 2017, 2018 e 2021, não houve confirmações de casos e mortes; em 2019 foram 39 relatos - e 12 em 2020.

Em Peruíbe, onde não foram registradas notificações de suspeita de sarampo, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que o número de vacinados está abaixo do esperado, provavelmente pela grande procura de vacinação contra gripe e covid-19. Também não há notificações de casos de sarampo em Itanhaém. Ali, segundo a prefeitura, a cobertura vacinal é de 99,55% da população. Já em Cubatão, nenhum caso está sendo investigado e a vacinação segue o cronograma do governo estadual.

ALERTA ESTADUAL

Com tantos casos investigados, o governo estadual acendeu o estado de alerta, reforçou a importância da vacinação e informou que está em andamento uma campanha de imunização contra o vírus. Desde 4 de abril, a imunização está voltada aos profissionais da saúde e, a partir de 3 de maio, serão vacinadas crianças de 6 meses a menores de 5 anos. A meta é atingir 95% das crianças (público-alvo de 12,9 milhões). A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, está disponível continuamente nas unidades de saúde.

A cobertura vacinal da tríplice viral foi de 85,2% para primeira dose e 67,1% para segunda dose em 2020 e em 2021, de 73,8% e 60,1% respectivamente. Em 2019, a cobertura foi de 91,8% para primeira e 82,5% para segunda dose.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As estratégias de imunização contra o sarampo e o uso de máscaras aliado a outras medidas sanitárias preventivas adotadas durante a pandemia de Covid-19 contribuíram para a diminuição do número de casos de sarampo, que desde o ano passado caiu 99,5% no estado de São Paulo. Segundo dados do governo estadual, em 2021, até 10 de agosto, foram registrados cinco casos de sarampo nas cidades de São Bernardo do Campo, Campinas, Americana, Altinópolis e São Paulo.

Todos os casos ocorreram em crianças, sendo que dois foram na faixa de 6 a 11 meses, quando a aplicação da vacina tríplice viral deve ocorrer. Os outros três ocorreram com crianças na faixa de 1 a 9 anos, que também podem receber as doses, caso não tenham sido contempladas quando bebês. Nenhum deles tinha esquema vacinal completo e havia histórico de comorbidades.

##RECOMENDA##

Os dados também indicam que até 10 de agosto de 2020 foram 772 casos e 1 óbito. No decorrer de todo o ano, houve 883 casos, em todas as regiões do estado. Desse total, 354 casos  foram em crianças menores de 9 anos (40%), e o único óbito registrado foi também nesta faixa etária. Entre o público de 1 a 29 anos a prevalência da doença era de 38% dos casos registrados em 2020, enquanto em 2019, quando a circulação chegou a o pico, era de 80% dos 17.976 contaminados e 61% dos 18 óbitos registrados no período. Foram vacinadas 4,7 milhões de pessoas. Já em 2020, foram 2 milhões.

Contaminação e evolução

Assim como a Covid-10, o sarampo é uma doença transmitida pelas gotículas de saliva com partículas do vírus dispersas em aerossol, o que favorece a transmissibilidade - cada infectado pode transmitir para até 18 pessoas. Além disso, o sarampo pode evoluir para casos graves e ocasionar complicações sérias, como pneumonia, encefalite e morte. A pessoa infectada pode apresentar tosse, coriza, olhos inflamados, dor de garganta, febre e manchas avermelhadas na pele.

“Deste modo, o uso de máscaras de proteção facial, obrigatórias emm todo o estado, o isolamento social e o incentivo à higienização das mãos e ambientes contribuiu para a redução também do sarampo", disse a médica de Divisão de Imunização, Helena Sato. A vacina contra a doença está disponível no Brasil desde a década de 1960.

Segundo ela, a cobertura vacinal tem ficado abaixo da meta necessária entre crianças com até um ano de idade: em 2020 a cobertura foi de 85% e em 2019, foi de 91%. A meta é imunizar 95% dessa população. “Assim como ocorre com outras doenças, somente a conclusão do esquema vacinal é capaz de garantir a devida proteção. Por este motivo, pais ou responsáveis devem continuar levando as crianças aos postos de vacinação para proteção contra as doenças prevenidas pelas vacinas, e aqueles que não tomaram todas as doses necessárias na faixa etária adequada, também precisam se vacinar”, explicou a médica.

A vacina tríplice viral (primeira dose) previne contra sarampo, caxumba e rubéola. Já a tetra viral é aplicada em seguida, como uma segunda dose, e também previne a varicela. Ambas fazem parte do calendário de rotina e estão disponíveis nos postos de vacinação durante o ano todo.

O governo do Amapá confirmou a morte de dois bebês, de 4 e 7 meses, por sarampo, as primeiras provocadas pela doença em menos 20 anos. Segundo a Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS-AP), os óbitos aconteceram entre março e abril, estavam sob investigação e a causa foi confirmada nesta sexta-feira, 14. Uma terceira suspeita foi descartada.

De acordo com a gestão Waldez Góes (PDT), a primeira morte, de uma menina de 7 meses, foi registrada no dia 28 de março, em Macapá. A criança não havia recebido vacina e começou a apresentar os primeiros sintomas da doença em 24 de fevereiro.

##RECOMENDA##

"Este caso foi fechado pelo município como sendo de sarampo, no entanto, para melhor averiguação e confirmação do caso, o Laboratório Central do Amapá (Lacen) realizou testes e também enviou amostras para a Fiocruz", diz o governo do Amapá, em comunicado. "Ambos resultados confirmaram a causa da morte da criança como sendo sarampo."

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Macapá afirmou que a menina não tomou a dose zero do imunizante "porque durante a varredura vacinal que ocorreu no bairro onde ela morava, a mesma ainda não tinha os seis meses completos, que é um pré-requisito para iniciar o seu esquema vacinal".

O outro registro confirmado é de uma criança indígena, de 4 meses, no município de Pedra Branca do Amapari, na região central do Estado. Ela também não recebeu a vacina por estar "fora da faixa etária", segundo o governo. Já sua irmã gêmea, que também morreu, tinha o caso sob investigação, mas a hipótese de sarampo foi descartada pela SVS-AP.

"Eram duas irmãs gêmeas, sendo que uma faleceu no dia 19 de abril e a outra no dia 1 de maio", afirma o governo Góes. "As duas mortes estavam sob investigação, e o resultado foi que apenas a menina que faleceu no dia 19 de abril teve confirmação de sarampo. A irmã dela deu positivo para dengue como causa da morte."

Ainda de acordo com a gestão estadual, essas amostras também foram encaminhadas para análise da Fiocruz. "Os exames feitos lá confirmaram os resultados daqui", declarou o coordenador de Doenças Transmissíveis da SVS-AP, João Farias, segundo nota.

A gestão diz ter um plano de ação em conjunto com os municípios para enfrentar o surto de sarampo. "O Governo do Estado do Amapá em parceria com a Organização Panamericana das Américas (OPAS) executou, no início deste ano, uma ação de varredura vacinal alcançando mais de 50 mil pessoas com mais de 100 equipes visitando casas em sete municípios amapaenses na região metropolitana e áreas de fronteira", diz o comunicado. "No entanto, a cobertura vacinal ainda é considerada baixa."

O Amapá voltou a registrar o primeiro caso de sarampo em outubro de 2019, após 22 anos sem registro da doença, e desde então vive um surto. Só entre janeiro e maio, já foram notificados 320 casos -- número superior aos 297 registros confirmados ao longo de todo o ano passado.

"O sarampo é uma doença infecciosa grave, transmitida quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas", explica a SVS-AP. "A única forma de prevenção é por meio da vacina tríplice viral, que, aplicada em duas doses, protege contra sarampo, rubéola e caxumba."

Na última terça-feira, 11, a taxa de vacinação para a primeira dose no Estado era de 10,85%, segundo informações do Datasus. Já para a segunda dose, estava em de 4,66%.

Os esforços para combater a pandemia de covid-19 bloquearam as campanhas de vacinação contra o sarampo em duas dezenas de países, afetando 94 milhões de pessoas, alertaram a OMS e as autoridades de saúde dos Estados Unidos nesta quinta-feira (12).

A gravidade da situação pode ser vista nas estatísticas segundo as quais o sarampo matou 207.500 pessoas em 2019, um saldo 50% superior ao de quatro anos antes.

Desde "antes da crise do coronavírus, o mundo estava preso à uma crise de sarampo, que não passou", disse Henrietta Fore, diretora-executiva do Unicef.

A Organização Mundial da Saúde e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos alertam que "em novembro, mais de 94 milhões de pessoas corriam o risco de não serem vacinadas conforme o planejado devido à interrupção de campanhas de controle do sarampo em 26 países".

Dos países que adiaram as campanhas programadas para 2020, apenas oito - Brasil, Etiópia, Nepal, Nigéria, Filipinas, República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Somália - voltaram a vacinar.

O sarampo progrediu em todas as regiões, e grandes epidemias foram registradas na República Democrática do Congo, Madagascar, Ucrânia, Ilhas Samoa e Brasil.

No total, quase 870.000 casos de sarampo foram notificados em 2019, o maior número registrado desde 2016.

Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, “esses dados mostram claramente que não estamos protegendo as crianças contra o sarampo”. E "nós sabemos como prevenir surtos de sarampo e mortes", acrescentou.

O sarampo, caracterizado pela erupção de manchas vermelhas na pele, é causado por um vírus que se transmite facilmente por contato direto ou pelo ar.

A maioria das mortes se deve a complicações da doença e entre as mais graves a OMS cita cegueira, encefalite, diarreia, infecções de ouvido e infecções respiratórias graves, como a pneumonia.

- Desconfiança antivacinas -

Antes da vacinação ser introduzida em 1963 e se espalhar, grandes epidemias ocorreram a cada 2 a 3 anos, podendo ter causado mais de 2,5 milhões de mortes.

Depois de uma queda espetacular de casos entre 2000 e 2016 graças a grandes campanhas de vacinação, o sarampo tem experimentado um forte ressurgimento no mundo, devido à vacinação insuficiente ligada em particular, em alguns países e comunidades, à desconfiança em relação às vacinas.

Essa desconfiança em relação à vacina combinada contra sarampo, caxumba e rubéola foi motivada por um estudo de 1998 que relacionou a vacina ao autismo. No entanto, foi rapidamente estabelecido que o autor da suposta pesquisa havia falsificado seus resultados e, desde então, vários estudos mostraram que a vacina não aumenta o risco de autismo.

A proporção da população mundial que recebeu a primeira dose da vacina (das duas recomendadas) estagnou há dez anos entre 84% e 85%, e a da segunda dose é de 71%. Para prevenir epidemias, a meta é de 95%.

Os seis países com o maior número de bebês que perderam a primeira dose em 2019 são Nigéria, Etiópia, República Democrática do Congo, Paquistão, Índia e Filipinas.

“Devemos trabalhar coletivamente para apoiar os países e envolver as comunidades para vacinar todos, em todos os lugares, contra o sarampo e deter este vírus mortal”, insistiu o chefe da OMS.

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo confirmou, nessa sexta-feira (28), a primeira morte por sarampo de 2020. A vítima é uma criança da capital paulista. Segundo a pasta, o Centro de Vigilância Epidemiológica realiza monitoramento contínuo da circulação do vírus e já confirmou 246 casos neste ano.

A doença voltou a causar preocupação em 2019, quando foram registrados 17.552 casos e 14 mortes. A secretaria disse ter iniciado no dia 10 de fevereiro a primeira etapa da campanha de vacinação contra sarampo de 2020, em parceria com o Ministério da Saúde e municípios.

##RECOMENDA##

O foco, esclareceu a pasta, são os jovens de 5 a 19 anos que ainda não receberam as doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). "Até o dia 13 de março, essa faixa etária pode procurar qualquer posto do Estado, levando carteirinha de vacinação para que um profissional de saúde verifique a necessidade de aplicação da dose.

Desde o início dessa etapa da campanha, mais de 859,8 mil pessoas entre 5 e 19 anos compareceram aos postos no Estado de São Paulo", declarou a secretaria.

A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) informou que em 2019 foram registrados 89 casos confirmados de sarampo, doença que já tinha sido erradicada no Brasil. A dengue, outra doença infecciosa que preocupa as autoriodades de sáude, teve 103 casos confirmados.

Para a médica infectologista Tânia Chaves, a vacinação é o melhor remédio contra o sarampo. “Estamos em plena campanha de vacinação para pessoas na faixa etária entre 3 e 29 anos, com o objetivo de atualização do calendário vacinal”, lembra Tânia.

##RECOMENDA##

Segundo a médica, existem vários fatores que contribuem para a epidemia de sarampo. Um deles é a facilidade das viagens, da circulação de pessoas. “Este vírus tem uma das maiores taxas de ataque (capacidade de transmissibilidade) e de conferir formas graves”, explicou a infectologista. Ela ressaltou que o outro fator determinante para o reaparecimento do sarampo são as baixas taxas de cobertura vacinal no mundo todo.

A dengue é uma doença febril grave causada por um arbovírus, que são vírus transmitidos por picadas de insetos. O transmissor é o mosquito Aedes aegypti, que precisa de água parada para se proliferar.

Os principais sintomas são febre alta, dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.

Segundo a infectologista Tânia, todos os tipos virais de dengue, como 1, 2, 3, 4, podem evoluir para formas graves e complicadas, incluindo as hemorrágicas.

“Para as doenças virais respiratórias, para as quais ainda não há vacinas, todos  devem praticar a etiqueta respiratória: cobrir a face ao espirrar ou tossir, com lenço de papel e descartá-lo, ou cobrir com o cotovelo. Não levar as mãos aos olhos, boca e nariz. Higienizar as mãos com água e sabão por 20 segundos, cada vez que for ao banheiro, antes de se alimentar e ao tossir e espirrar. Usar álcool em gel 70%. Evitar viajar doente, evitar o contato com pessoas doentes”, explicou Tânia.

Covid-19

Segundo o Ministério da Saúde, o Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, apresenta-se com o quadro de infecções respiratórias. O novo agente do Covid-19 (SARS-CoV-2) foi identificado pela primeira vez em Wuhan, na província de Hubei, na China, em pessoas expostas em um mercado de frutos do mar e de animais vivos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, em 30 de janeiro de 2020, o surto como sendo uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). No Brasil ainda não foi registrado nenhum caso.

Segundo a médica infectologista Tânia Chaves, o fato da Organização Mundial de Saúde ter declarado o COVID-19 como uma Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional já é o suficiente para o mundo inteiro estar em alerta e os países se prepararem para conter a entrada do vírus em seus países.

A médica disse ainda que todos têm o importante papel de não compartilhar as fake news sobre a nova doença, ou qualquer outro tema. “Na era digital sejamos mais espertos que os disseminadores de notícias falsas. Elas só disseminam o pânico. Procure ler informações nas fontes oficiais das autoridades de saúde pública no país e no mundo, como a Organização Mundial de Saúde, e páginas oficiais das sociedades científicas de infectologia, SBI, por exemplo”, finalizou.

 

 

 

Os postos de saúde de todo o país funcionam durante todo o dia neste sábado (15), Dia D da Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, que este ano tem como conceito Mais proteção para a sua família. De acordo com o Ministério da Saúde, a campanha objetiva sensibilizar os pais e responsáveis sobre os riscos de não vacinar seus filhos, pois sarampo é uma doença grave e que pode matar.

“É importante que as pessoas entendam as consequências de não se vacinar contra o sarampo, que é um vírus de alta transmissibilidade, podendo uma pessoa com a doença contaminar mais 18 indivíduos, e letal, principalmente em crianças. Por isso, os responsáveis devem ficar atentos e levar suas crianças para vacinar”, alertou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

##RECOMENDA##

Nessa etapa, a convocação será para mais de 3 milhões de crianças e jovens na faixa etária de 5 a 19 anos de idade, que devem se vacinar até o dia 13 de março.

Mandetta destacou a importância da participação dos estados e municípios no combate à doença. “Também, nesse momento, os gestores estaduais e municipais de saúde devem unir forças para deixar o Brasil novamente livre da circulação do sarampo”.

A representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Socorro Gross, disse que a união entre governo, população e profissionais de saúde é fundamental para a extinção da doença no país. “A responsabilidade da vacinação deve ser compartilhada entre o governo, os profissionais de saúde e toda a população. Todos devem trabalhar para que o Brasil se livre do sarampo, e a única maneira de nos proteger é manter as vacinas em dia”.

O ministério já enviou 3,9 milhões de doses da vacina tríplice viral para os estado, 9% a mais que o solicitado. “O quantitativo é destinado à vacinação de rotina, às ações de interrupção da transmissão do vírus e à dose extra, chamada de dose zero para todas as crianças de seis meses a 11 meses e 29 dias”.

Dados da doença

Em 2019, 9% dos municípios (526) registraram 18.203 casos confirmados e 15 mortes por sarampo, sendo 14 no estado de São Paulo e uma em Pernambuco. São Paulo também registrou o maior número de casos, 16.090, 88,4% do total, em 259 municípios, seguido dos estados do Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Santa Catarina, Minas Gerais e Pará.

Atualmente, nove estados mantêm transmissão ativa do vírus do sarampo, sendo que, em 2020, cinco estados já confirmaram casos: São Paulo, com 77 casos; Rio de Janeiro, com 73; Paraná, com 27; Santa Catarina, 22, e Pernambuco, três casos.

A primeira morte por sarampo este ano foi registrada no Rio de Janeiro, anunciada na sexta-feira (14) pela Secretaria Estadual de Saúde. Link 1 Os estados do Pará, Alagoas, Minas Gerais e Rio Grande do Sul não confirmaram casos em 2020, estando em monitoramento devido aos casos ocorridos em 2019.

Sintomas

Os principais sintomas do sarampo são febre acompanhada de tosse; irritação nos olhos; nariz escorrendo ou entupido; e mal-estar intenso.

Em torno de três a cinco dias podem aparecer outros sinais e sintomas, como manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo corpo. Após o aparecimento das manchas, a persistência da febre é um sinal de alerta e pode indicar gravidade, principalmente em crianças menores de 5 anos de idade.

O sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal. Sua transmissão ocorre quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas. A única maneira de evitar o sarampo é pela vacina.

* Com informações do Ministério da Saúde

 

A primeira morte por sarampo confirmada no estado do Rio de Janeiro, em 20 anos, ocorreu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, região que registra o maior número de casos no estado. A vítima foi o bebê de 8 meses David Gabriel dos Santos, que vivia no abrigo Santa Bárbara, local que recebe crianças acauteladas em situação de vulnerabilidade social.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), ele deu entrada no Hospital Geral de Nova Iguaçu no dia 22 de dezembro, com quadro de pneumonia, e faleceu no dia 6 de janeiro. A confirmação da doença foi feita em duas análises de amostras do sangue de David e divulgada na noite dessa quinta-feira (13) pela SES.

##RECOMENDA##

De acordo com o secretário, Edmar Santos, este foi o primeiro óbito por sarampo no estado desde o ano 2000 e também a primeira morte do ano no Brasil: “Isso traz para a gente uma situação de bastante perplexidade, uma vez que é uma doença que tem como ser evitada. Basta que haja a vacinação, que está disponível em todos os postos. Há 20 anos a gente não tinha uma morte por sarampo no estado do Rio de Janeiro.”.

A subsecretária de Vigilância em Saúde, Claudia Maria Braga de Melo, explicou que o bebê não foi vacinado: “À época, quando foi feita a vacinação de rotina nesse abrigo, a criança tinha menos de 6 meses de idade. Por isso ela não foi vacinada. Teve mais duas crianças e uma cuidadora que pegaram sarampo, mas já estão curadas.”

A Secretaria está atuando no local e fará a vacinação de quem eventualmente não tenha sido imunizado.

Vacinação

Edmar Santos fez um apelo para que toda a população compareça aos postos de vacinação para se imunizar contra a doença.

“A população de menor idade é justamente a mais vulnerável às complicações graves por sarampo e ao risco de vir a falecer pelo sarampo. Se todos forem se vacinar, a gente consegue criar uma rede de proteção para minimizar a circulação do vírus e proteger inclusive aqueles que eventualmente não podem se vacinar por alguma contra indicação”.

Ele também fez um apelo os pais e responsáveis para que não caiam na “armadilha das fake news sobre os riscos da vacina”. Segundo ele, se a população não for imunizada, o estado pode registrar 10 mil casos da doença este ano.

“O sarampo estava banido do estado. Em 2016 e 2017 não tivemos casos de sarampo. Éramos um país, um estado livre do sarampo. E o crescimento que a gente vem observando de 2018 até o início de 2020, já tivemos 189 casos só nos primeiros dois meses de 2020, mostra uma curva de subida que aponta que nós podemos ter no Rio de Janeiro este ano mais de 10 mil casos e, infelizmente, com outros óbitos que podem vir com esses 10 mil casos, a exemplo do que aconteceu com São Paulo”.

Em 2018 o Rio de Janeiro registrou 20 casos de sarampo e em 2019 foram 333. A campanha de vacinação contra o sarampo no estado começou no dia 13 de janeiro e vai até 13 de março, mas o secretário destaca que as doses estão disponíveis sempre nos postos. A meta é imunizar 3 milhões de pessoas, mas até o momento apenas 200 mil tomaram a vacina. Amanhã (15), os postos estarão abertos para acompanhar o Dia D da Campanha Nacional do Ministério da Saúde.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando