Tópicos | Sedentarismo

Hoje (6) é comemorado o Dia Mundial da Atividade Física. Em consequência da pandemia do Covid-19, muitas pessoas que faziam exercícios na academia tiveram que se adaptar para fazê-los em casa, o que levou muita gente a parar essa rotina e cair no sedentarismo. A boa notícia é que ninguem precisa estar na academia para deixar de ser sedentário.  

Segundo os especialistas, certas atvidades cotidianas aparentemente simples, quando praticadas com regularidade podem fazer muita diferença na luta contra o sedentarismo e os quilos a mais na balança. São elas: subir e descer escadas; pular corda, fazer ponte, caminhada, dança e aeróbico. Após ter uma frequência desses exercícios, faça o acompanhamento médico e outros exercícios para estimular o crescimento da atividade corporal. 

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O sedentarismo se caracteriza pela falta de atividades físicas em pessoas de qualquer faixa etária e também pela redução dessa prática. Ou seja, uma pessoa pode ser sedentária mesmo praticando alguma atividade. Isso ocorre quando ela é feita de forma insuficiente para atender às necessidades do organismo.  São consequências do sedentarismo: doenças cardiovasculares (esforço do coração para nutrir o corpo durante uma caminhada intensa); aumento do colesterol (camadas de gordura nas artérias prejudicando o fluxo sanguíneo); diabetes (energia do açúcar não gerada); obesidade (acúmulo de gordura) e atrofia muscular (má desenvoltura dos músculos). 

Evitar o sedentarismo é importante, mas manter-se em forma também precisa incluir uma alimentação saudável, descanso adequado e acompanhamento médico. 

Por Camily Maciel 

 

Um grupo de pesquisadoras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) publicou na revista “Cadernos de Saúde Pública” na quinta (9), um estudo que associa o comportamento sedentário com histórico de problemas de sono em idosos brasileiros. Partindo da prévia hipótese das sabidas alterações de sono na terceira idade, as estudiosas buscaram entender essa relação e inspirar a proposição de orientações sobre a necessidade de redução do sedentarismo nos idosos.

Para o estudo, foram avaliados dados de 43.554 idosos participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019. Foram observados aspectos como o tempo assistindo televisão, atividades de lazer (como acesso a dispositivos móveis e computadores) e tempo sedentário total (televisão + lazer). Como resultados, os idosos que relataram permanecer mais de seis horas diárias vendo TV e mais de três horas em comportamento sedentário tiveram mais chances de ter problemas no sono. As autoras observaram que os idosos que passam mais de três horas do dia em comportamento sedentário têm 13% mais chances de ter problemas no sono.

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“A questão do comportamento sedentário é uma área relativamente recente de estudos. O prévio interesse em observar os processos da senescência e o crescente aumento do número de idosos na nossa população motivou a realização do nosso trabalho. Com o envelhecimento, é comum a ocorrência de mudanças no padrão de sono, tais como o tempo, o sono fragmentado e a quantidade de sono não REM, fundamental para a restauração física e manutenção da qualidade de vida”, aponta Núbia Carelli, coordenadora do Laboratório de Envelhecimento, Recursos e Reumatologia (LERER) da UFSC e coautora do artigo.

Evidências já demonstram que os problemas de sono estão associados a depressão, declínio cognitivo e aumento do índice de Massa Corporal (IMC). No entanto, as autoras perceberam que, apesar de ainda ser uma característica de atividade sedentária, usar dispositivos móveis ou computadores demonstrou ser menos danoso ao sono dos idosos que o consumo de mídia televisiva. Segundo Núbia, o estudo revelou que o uso de computadores e de smartphones não se mostrou associado ao histórico de problemas no sono.

“Acredita-se que a luz branca das telas de computador compreende toda a gama de luz de comprimento de onda curta (azul) e longa (vermelha), às quais não parecem suprimir a produção de melatonina, se utilizadas durante o dia. No comportamento sedentário de lazer, devido ao uso de dispositivos móveis, deve haver o mesmo gasto energético de exercícios leves, pois o indivíduo pode se mover e se levantar com mais frequência do que quando está assistindo à televisão”, explica.

De acordo com as pesquisadoras, o conhecimento da relação sono e comportamento sedentário entre idosos aponta para a implementação de estratégias para a redução do tempo sedentário. Essa medida é particularmente importante no cenário atual, uma vez que a prevalência de histórico de problemas no sono pode aumentar nos próximos anos devido à pandemia de Covid-19.

Fonte: Agência Bori

A falta de exercícios físicos está associada a um maior risco de desenvolver a forma mais grave da Covid-19 e morrer em conseqüência da doença, aponta um estudo realizado com quase 50 mil pacientes, publicado nesta quarta-feira (13) na "British Journal of Sports Medicine".

Pessoas que estavam sedentárias há pelo menos dois anos antes da pandemia eram mais propensas a serem hospitalizadas, necessitar de cuidados intensivos e morrer devido ao novo coronavírus, em comparação com pacientes que mantinham uma atividade física, segundo a pesquisa.

Entre os fatores de risco para uma versão grave da doença, apenas a idade avançada e um histórico de transplante de órgãos superam o sedentarismo, indicaram os pesquisadores. Em comparação com outros fatores, como tabagismo, obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares e câncer, "a inatividade física foi o fator de risco mais importante em todos os resultados", enfatizaram.

Os fatores de risco mais ligados à Covid-19 são idade avançada, sexo masculino e algumas patologias pré-existentes, como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares, mas o estilo de vida sedentário ainda não havia sido estudado. Para analisar seu possível impacto na gravidade da infecção, hospitalização, necessidade de reanimação e óbito, os pesquisadores compararam a evolução de 48.440 adultos com Covid-19 entre janeiro e outubro de 2020, nos Estados Unidos.

A idade média dos infectados era de 47 anos e 62% deles eram mulheres. Em média, seu índice de massa corporal (IMC) era 31, logo acima do limiar de obesidade. Cerca de metade não tinha doenças prévias, como diabetes, doença pulmonar crônica, cardiovascular ou renal e câncer. Quase 20% apresentavam uma dessas comorbidades, e 32% tinham duas ou mais.

Todos haviam declarado seu nível de atividade física regular pelo menos três vezes entre março de 2018 e março de 2020, durante consultas médicas. Entre eles, 15% se descreviam como inativos (0 a 10 minutos de atividade física por semana); 7% afirmavam respeitar as recomendações de saúde (no mínimo 150 minutos semanais), e os outros diziam praticar "alguma atividade" (11 a 149 minutos por semana).

Cerca de 9% desses pacientes foram hospitalizados e 2%, morreram. Após consideradas as diferenças por idade, etnia e comorbidades, as pessoas sedentárias com covid-19 tinham mais do que o dobro de chances de serem internadas do que aquelas mais ativas. Além disso, apresentavam 73% mais probabilidades de precisar de reanimação e eram 2,5 vezes mais suscetíveis a morrer por causa da infecção. No entanto, o estudo não fornece provas de uma ligação direta entre a falta de exercícios e os resultados obtidos.

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A pandemia do novo coronavírus mudou a rotina da população mundial. Seja devido ao medo da contaminação, seja pelas restrições de circulação impostas, as pessoas, agora, passam boa parte do tempo em casa e apartamentos. Aumento na quantidade de horas sentada, longos períodos em uma mesma posição, por vezes má alimentação e queda na prática de exercícios físicos são alguns exemplos de hábitos que o isolamento social intensificou. 

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Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 40,3% dos brasileiros acima de 18 anos são considerados sedentários. O Brasil é o país mais sedentário da América Latina, ocupando o quinto lugar no ranking mundial, conforme a OMS – Organização Mundial da Saúde. Tal cenário tende a se agravar em virtude da pandemia.

“O Colégio Americano de Medicina do Esporte preconiza que pessoa sedentária é toda pessoa que pratica atividade física numa quantidade inferior a 150 minutos semanais. Ou seja, você que gosta de correr, que pratica qualquer tipo de esporte coletivo, academia, caminhada, inferior a esse tempo estipulado é considerado uma pessoa sedentária”, afirma Márcio Cerveira, professor e coordenador do curso de Educação Física da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau.

Uma vida sedentária, sem exercícios físicos regulares, pode causar inúmeros problemas de saúde, como diabetes, doenças cardiovasculares, agravamentos de doenças das articulações, dos músculos e colunas, bem como ganho de peso e insônia. Tão importante quanto a prática de exercícios físicos é a alimentação saudável e equilibrada. “A gente precisa entender que a atividade física precisa ser alinhada sempre com a boa alimentação. Não adianta fazer tudo aquilo que acho importante para minha saúde e esquecer de cuidar da minha questão alimentar”, pontua Márcio Cerveira.

O sedentarismo na pandemia

Muitas pessoas têm dificuldades de manter uma rotina de exercícios. Miriã Santos, 23 anos, passa por isso. Ela disse que já praticou atividade física por um tempo, mas parou. "Minha maior dificuldade sempre foi a questão do tempo, por ter uma rotina de trabalho. Acordar cedo é uma tortura, e quando voltar do trabalho, pensar em ir a uma academia, outra tortura. Das vezes que me esforcei ao entrar não continuei por esses motivos e também por me achar dependente de outra pessoa. Se a minha parceria desistisse, automaticamente desistia também”, comenta.

O isolamento afetou a rotina de Miriã, tornando mais difícil a prática de exercícios. "Sempre criamos na nossa mente aquela ideia ‘esse ano vou ser fitness’. E, quando veio o isolamento social, poderia até ser mais fácil praticar exercícios em casa, mas comigo não funcionou muito bem, já que me sentia esgotada pelo trabalho e o psicológico afetado com a nossa nova realidade. Então me afetou negativamente", explica.

A jovem relata que sentiu a disposição para fazer as coisas diminuir durante esse período. "A pandemia mexe com nosso estado físico e mental. A disposição fica ainda menor, tendo que se preocupar com a nossa saúde e daqueles que estão ao nosso redor. A pandemia nos deixa sob um alto nível de pressão psicológica que faz com que o desânimo faça parte de nossa vida, até em relação à rotina normal, do dia a dia", conta Miriã.

Na contramão

A pandemia também trouxe um processo de inovação, segundo Márcio Cerveira. Houve a quebra da mentalidade de que a pessoa só consegue fazer exercício físico na academia ou em centro esportivo. “Com seu próprio smartphone, você consegue acessar o que você imaginar, consegue encontrar vídeos de grandes profissionais que trabalham com a dança, com ginástica, com balé clássico e daí por diante. A pandemia, na verdade, tem que ser um processo de motivação para que continuemos cuidando da nossa saúde”, conta o coordenador de educação física.

Carol Santos, 34 anos, mesmo durante o isolamento social, permanece se exercitando. Praticante de exercícios há cinco anos, há um ano está levando mais seriamente essa rotina, com ajuda profissional do professor Mykael Miranda e de outros professores. "Treino de segunda a sexta em uma assessoria esportiva, não costumo faltar, digo sempre que esse é o meu maior compromisso comigo mesma", explica.

Carol conta por que decidiu começar a se exercitar. "Primeiro o sobrepeso, muitas dores nos pé e pernas e falta de ânimo para fazer as coisas. Chegou um tempo que quase desisti de mim", relata. Hoje diz que já não se considera mais uma pessoa sedentária.

Ela fala quais foram os benefícios que percebeu após começar a se exercitar. "Primeiro a vontade de viver novamente. Depois ser mais ágil, mais ativa, com mais vontade de ir mais longe. Por último, a estética. Não posso ser hipócrita de dizer que me olhar no espelho e me ver mais bonita não me alegra, mas isso nunca foi, nem será o meu maior objetivo", diz Carol.

Carol afirma que a maior dificuldade foi estar em casa. "Tenho algumas coisas em casa que me ajudam. Amo pular corda e também temos o suporte das lives com a nossa assessoria Geração Saúde", conclui.

Atividade x exercício

O professor Márcio Cerveira chama a atenção para a diferença entre atividade física e exercício físico. Segundo ele, atividade física é toda e qualquer ação que gera contração muscular. Ou seja, limpar a casa, carregar uma cadeira ou sentar são consideradas atividades físicas, pois há contração muscular na ação. Já o exercício físico está relacionado com orientação e com a periodização do exercício.

O coordenador aconselha que as pessoas devem buscar aquilo que mais gostam de fazer e começarem a praticar aos poucos. “Gradativamente seu corpo vai se adaptando, sentindo a necessidade de continuar e você vai se sentindo melhor cada dia mais. A motivação vai melhorando, porque automaticamente melhora a qualidade de vida, a autoestima, e as medidas diminuem. Então, use a pandemia não como um pretexto para não fazer, e sim como um grande fator motivador para que você dê continuidade as suas atividades diárias”, orienta.

Para manter uma rotina de exercícios físicos é necessário ter regularidade. Mesmo no período de lockdown, quando as academias estão fechadas, há possibilidade de continuar com a rotina em casa. “Eu consigo fazer uma aula de abdominal, uma aula de ginástica, de dança, de zumba, de ritmos, uma aula de fitdance, aquilo que mais se sentir a vontade. É possível você fazer hoje, dentro da sua residência, num pequeno espaço. Você consegue fazer qualquer tipo de atividade, consegue manter a sua frequência de atividade, que é muito importante durante esse período de pandemia e também durante o período de não pandemia”, afirma Márcio Cerveira.

O profissional ainda dá dicas para quem deseja sair do sedentarismo e começar a se exercitar. A primeira delas é encontrar algo que goste de fazer. Uma companhia agradável também incentiva. Além disso, é importante ter um profissional da área de nutrição e fazer um acompanhamento alimentar. Por fim, é necessário procurar um médico para fazer exames e verificar como está a condição fisiológica do organismo para que não ocorram problemas na hora de praticar o exercício. “O exercício físico é como um remédio, tem que ser na dosagem certa. Através dos exames vocês vão conseguir se identificar e entender onde vocês precisam cuidar e melhorar”, finaliza Márcio Cerveira.

Por Carolina Albuquerque e Karoline Lima.

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O distanciamento social causado pela pandemia do coronavírus (Covid-19) obrigou muitas pessoas a trabalharem em home office e contribuiu para que diminuíssem as atividades físicas do dia a dia. Diante do cenário pandêmico, a esteticista Thayane Amabili, 27 anos, de Mogi das Cruzes (SP), engordou 12kg, e percebeu que precisava praticar exercícios físicos para reverter a situação. Foi quando decidiu andar de patins. "Senti melhoria em diversos aspectos, como qualidade do sono e de vida, de maneira geral. E com isso perdi 4kg em três meses", destaca.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha no mínimo 150 minutos semanais de qualquer tipo de atividade física, que podem ser programadas, como esportes e caminhadas, ou não programadas, que envolvem limpar a casa, passear com o cachorro ou subir escadas. A endocrinologista Kátia Seidenberger explica que a ausência de exercício e o gasto inferior a 300 calorias diárias ou 2.200 calorias semanais resultam no sedentarismo.

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A médica destaca que o sedentarismo pode causar doenças como obesidade, que é o acúmulo excessivo de peso e gordura, responsável por desencadear diabetes, pressão alta, colesterol alto, doenças cardiovasculares, câncer de mama e intestino. Além disso, a ausência de exercícios pode gerar doenças cardiovasculares, osteoporose e ansiedade.

A esteticista Thayane Amabili passou a andar de patins na pandemia | Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com a endocrinologista, os exercícios físicos auxiliam na manutenção dos ossos, articulações e músculos saudáveis, previnem contra a obesidade, e podem reduzir as angústias, como ansiedade, depressão e insônia. "Além de um incrível bem-estar físico e mental, promove longevidade com qualidade de vida", afirma Kátia.

Para evitar o sedentarismo em uma rotina home office, Kátia recomenda realizar de 20 a 30 minutos de atividades físicas antes de iniciar os trabalhos diários. Para isso, pode-se procurar na internet por vídeos explicativos que demonstram exercícios a serem realizados nos lares ou solicitar um instrutor acadêmico que passe sequências de abdominais, alongamentos, corda, pequenos saltos ou polichinelos, que não dependem de aparelhos. "Não exagere. O intuito é apenas reduzir o sedentarismo e a fadiga, não torná-lo um atleta profissional. Ao final de um dia de trabalho, dedique mais 10 minutos para fazer um alongamento do corpo e relaxamento muscular", orienta a endocrinologista.

Aos que desejam fazer caminhada ao ar livre, a médica aconselha a buscar por locais com pouco fluxo de pessoas. Outra dica, é realizar a pausas a cada hora trabalhada, e aproveitar o tempo com algumas atividades físicas leves, como andar pela casa, subir e descer escadas, lavar louça ou varrer. "As atividades de vida diária são excelentes alternativas para manter uma rotina fisicamente ativa", afirma.

Os pernambucanos são os maiores consumidores de refrigerantes e alimentos ultraprocessados do Nordeste, ao passo a realização de atividades físicas no lazer está abaixo da média nacional. Entre as doenças crônicas não-transmissíveis que atingem os habitantes do estado, a mais comum é a hipertensão. Essas são algumas das informações que constam no quarto volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019: Percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal. O levantamento foi realizado pelo IBGE, em convênio com o Ministério da Saúde, entre 26 de agosto de 2019 e 13 de março de 2020.

Em 2019, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), Pernambuco tinha 4 milhões e 191 mil pessoas com 18 anos ou mais de idade e 59% avaliaram a própria saúde como boa ou muito boa, proporção abaixo da média nacional, que foi de 66,1%. Este também foi o oitavo percentual mais baixo do país, mas, ainda assim, o estado está acima da Região Nordeste, com 56,7%.

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Entre os homens, 65,2% classificaram sua saúde como boa ou muito boa, contra 54,1% das mulheres. Além disso, pouco menos da metade (45,8%) das pessoas sem instrução e com o fundamental incompleto avaliaram sua saúde dessa forma, frente a 75,2% dos pernambucanos com ensino superior completo. Das pessoas autodeclaradas negras, 51,9% alegaram ter boas condições de saúde, contra 62,8% dos brancos e 58,3% dos pardos.

Já no Recife, o percentual de pessoas que julgam sua própria saúde como boa ou muito boa foi maior do que a média estadual, chegando a 62,8%. No entanto, este é o quarto pior resultado do Brasil entre as capitais, em empate com Teresina e à frente apenas de São Luís, Maceió e Macapá. A média das capitais foi de 71,1%.

Em Pernambuco, 9,8% das pessoas consumiam ao menos 25 porções de frutas e hortaliças, incluindo sucos, por semana, taxa acima da média nordestina (9%), mas abaixo da média nacional, de 13%. A frequência de mulheres (11,3%) com esse padrão de consumo, recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), era maior que a dos homens (8%).

O consumo de frutas aumenta com a idade e com o grau de escolaridade. Enquanto entre as pessoas de 18 a 24 anos de idade 7,7% tinham o consumo recomendado, para as pessoas de 60 anos ou mais de idade, o percentual foi de 13,3%. O maior percentual registrado foi entre as pessoas com ensino superior completo (17,9%), contra 7,7% das pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto.

O feijão, por outro lado, é mais popular entre os pernambucanos: 72,9% o consomem regularmente, ou seja, cinco ou mais dias por semana. Entre os homens, o percentual era ainda maior: 79,4%, contra 67,6% entre as mulheres. No Recife, a proporção é inferior: 56,7%. Quanto ao consumo de peixes, 58,2% de pernambucanos o fazem ao menos uma vez por semana.

Pernambuco é o estado do Nordeste onde há maior consumo de refrigerantes: 7,3% da população tomavam a bebida cinco ou mais vezes por semana, contra 5,2% da média regional. No Brasil, o índice é ainda mais alto: 9,2%. Já os sucos de caixinha, em lata ou em pó são utilizados por 6,8% da população, mesma média da região.

No Nordeste, os pernambucanos são os que mais comem alimentos ultraprocessados. Esse hábito alimentar não recomendado é adotado por 11,9% da população, contra 8,8% da média regional. O percentual sobre entre os jovens de 18 a 24 anos é de 23%. Além disso, 10,7% dos habitantes de PE relataram consumo excessivo de sal.

Outro hábito de alimentação pesquisado pela PNS e considerado não saudável é o consumo regular de alimentos doces, como bolos, tortas, chocolates, gelatinas, balas, biscoitos ou bolachas recheadas em cinco dias ou mais na semana. No estado, 13,9% dos habitantes se enquadravam nessa situação, acima da média nordestina (11,8%), mas abaixo do Brasil (14,8%).

Quanto mais jovem a faixa de idade, maior a compra de guloseimas: 24,5% dos pernambucanos de 18 a 24 anos comiam frequentemente ao menos um desses produtos, contra 9,6% dos idosos. O Recife, por sua vez, é a terceira capital brasileira com os maiores índices (18,8%), atrás apenas de Porto Alegre e São Paulo.

Pernambuco é um dos estados cujos habitantes praticam menos atividade física no lazer

A prática do nível recomendado de atividade física no lazer foi informada por 27,5% dos adultos pernambucanos, sendo 31,1% dos homens e 24,5% das mulheres. É o segundo pior índice do Nordeste e o sexto mais baixo do país. Esse indicador tende a crescer com o nível de instrução e a diminuir para as idades mais elevadas. Já a proporção de pessoas insuficientemente ativas, que não praticaram atividade física ou se exercitaram por menos de 150 minutos por semana, chegou a quase metade da população (46,3%) e foi a quarta maior média do país.

Indivíduos fisicamente ativos no trabalho são aqueles que andam a pé, fazem faxina pesada, carregam peso ou fazem esforço físico intenso, durante 150 minutos ou mais na semana. No estado, 38,2% dos adultos estavam nessa condição, sexta menor porcentagem do Brasil.

Por outro lado, Pernambuco fica em 8º lugar no país quando se considera a atividade física no deslocamento para atividades habituais, como trabalho, escola ou curso. Segundo a pesquisa, 31,8% dos habitantes do estado chegam até esses lugares de bicicleta ou caminhando, por pelo menos 30 minutos diários. O percentual é praticamente o mesmo entre homens e mulheres.

Quando se trata da realização específica de esforço físico nas atividades domésticas, 15,1% dos pernambucanos são fisicamente ativos, a nona maior proporção do país, mas a porcentagem muda de acordo com o gênero, com maior predominância de mulheres (19,7%) do que homens (9,3%).

*Do IBGE.

Estudar, trabalhar e buscar aprendizado constante sempre fizeram parte da rotina do advogado Maurício Maluf Barella, de 42 anos. Especializado na área de imóveis, ele também está terminando a faculdade de psicologia. E ainda se inscreve em cursos paralelos, lê livros, escreve resenhas para o blog que mantém, se exercita. Além de dar atenção à família, claro. De onde vem tanta empolgação, que faz o dia de pessoas como ele parecer ter 48 horas? E como esses supermotivados estão neste período de pandemia?

Para especialistas, a principal chave para esse ânimo redobrado é desenvolver o autoconhecimento para descobrir atividades que tragam felicidade. Força de vontade, proatividade e otimismo também ajudam.

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"Meus irmãos são como eu. É incentivo, criação, questionar, buscar respostas e entender as coisas", diz Barella. Ele fala que não consegue dormir enquanto não tem a resposta para suas dúvidas.

O advogado conta ainda que acha importante desenvolver o autoconhecimento para manter a motivação. "É achar uma atividade que seja prazerosa, estimulante. E parar um tempo do dia para fazer", sugere. Outra meta para ele é ser útil e ajudar outras pessoas.

O depoimento de Barella revela vários tipos de motivações. Sim, no plural, como explicam especialistas. Cesar Bullara, diretor e professor do departamento de gestão de pessoas e professor de ética nos negócios no ISE Business School, cita três tipos: intrínsecas, extrínsecas e transcendentes.

"Os estímulos nos chegam e provocam impactos de formas diferentes. Falar de motivação é falar de aspectos muito profundos do ser humano", afirma Bullara. "Algo que vem de fora é a motivação extrínseca, que estimula a fazer algo pelo qual você está sendo cobrado, exigido, que é necessário. Um exemplo disso é o trabalho, que traz um benefício econômico."

Já a motivação intrínseca, segundo ele, tem a ver com o autoconhecimento. "Vem de dentro da pessoa. Se você gosta do que faz, o trabalho é uma razão de motivação", exemplifica. A transcendente, por sua vez, está ligada ao impacto positivo que você pode ter nos outros. "Ocorre quando a pessoa sente que aquilo que faz tem um propósito, indo além de si mesma."

A psicóloga Priscila Yara Haddad, que trabalha com mapeamento e desenvolvimento humano, acrescenta que o tipo de motivação intrínseca é fácil de identificar. "Há uma administração de emoções. E a pessoa não perde o objetivo", explica. "Existe a vontade de fazer e de ser o seu melhor. A proatividade e o otimismo estão ligados à motivação, isso está relacionado à inteligência emocional."

Vontade de ajudar. Professor de educação física, Renan Cardozo, de 33 anos, é outro desses supermotivados. E também tira parte desse ânimo da vontade que sente de ajudar.

Ele é casado com a personal trainer Mônica Luiz, de 31 anos, igualmente motivada e dedicada a várias atividades, como o projeto social que ambos querem tocar na zona norte de São Paulo. "O Tênis na Rua tem por base o projeto de um amigo em Paraisópolis (na zona sul)", diz o professor. "Nossos projetos não giram só em torno de nós mesmos, mas também de outras pessoas."

Os dois iniciariam o projeto social em março, promovendo aulas de tênis um domingo por mês. Mas a Covid-19 chegou e, com a doença, a impossibilidade de desenvolver esse trabalho presencialmente. O adiamento não desanimou o casal. "Acabando a pandemia, queremos dar andamento. Essa parada nos deu a oportunidade de sentar e centralizar nossas ideias", diz Cardozo, que, junto com a mulher, aproveita para tocar vários outros projetos, pessoais e coletivos.

Contágio positivo. Segundo os especialistas ouvidos pelo Estadão, uma pessoa motivada pode, sim, "contaminar" o parceiro, como ocorre com o casal Mônica e Cardozo. O mesmo vale para grupos da escola ou do trabalho.

"Somos seres sociais. Viver com uma pessoa que motiva te dá uma referência", explica Monica Heymann, especialista em desenvolvimento humano. "É possível incentivar o outro para que ele encontre sua motivação interna. Isso é contagiante. Mas há também a parte de cada um, do indivíduo. Só se leva a pessoa até determinado ponto, o restante depende dela."

A psicóloga Priscila concorda, mas acrescenta que o efeito oposto também pode ocorrer. "Todas as emoções, positivas ou negativas, são contagiantes", diz. "Se alguém segura minha onda quando não estou bem, pode me ajudar e me contagiar positivamente, ressignificando as coisas e fazendo a diferença. Assim como ter pessoas desmotivadas à sua volta pode provocar um impacto no seu desempenho."

Pela arte. Pai e avô, o professor de música Denne Oliveira, de 53 anos, não se cansa. Ele dá aulas em escolas de música, tem uma banda de maracatu, promove congressos educacionais, participa de um projeto para orientação de vestibulandos, estuda filosofia e faz pinturas no tempo livre. Fora da quarentena, ainda toca em bares.

"Eu me satisfaço em ver as pessoas pensando e aprendendo. Um sorriso para mim já é uma realização", afirma o músico, que pretende oferecer um projeto cultural com aulas de teatro, música e dança após a pandemia. "Moro próximo de uma comunidade e vejo muitas crianças se perdendo. Quero ver o mundo diferente."

A mulher dele volta e meia pede uma pausa para que consigam ficar um tempo juntos, mas todos na família se orgulham da sua dedicação e apoiam seu jeito de viver intensamente.

Especialistas explicam que a motivação é muito positiva, mas dizem que os superanimados também precisam redobrar a atenção para manter o equilíbrio. "Se o que eu estou fazendo com finalidade externa tiver ganchos emocionais com a minha motivação intrínseca, é o melhor dos dois mundos", diz a psicóloga Priscila. "Tem aderência com o que eu sinto, é prazeroso, é algo que liga a mente e a emoção."

Monica, que além de especialista em desenvolvimento humano faz coach de carreira e para executivos, lembra que é sempre preciso dosar. "Se eu tenho uma mente proativa e muita motivação, o que isso me traz? De onde isso vem? É bom desde que não atrapalhe a rotina, quando há equilíbrio", afirma.

No início. Ainda no começo da carreira, Felipe Moreira, de 21 anos, já tem uma rotina cheia de responsabilidades. O estudante de publicidade e propaganda trabalha com edição de vídeos e documentários e produz clipes. Também faz freelas fotográficos e de filmagens.

O jovem diz que estar sempre construindo algo novo dá uma sensação de realização. "Também tem algo de identidade. Sou uma pessoa que vem da periferia. Quando a gente vem desses lugares, precisa fazer mais para chegar a outros lugares, alcançar nossos objetivos", afirma o universitário. "É uma das coisas que me motivam a ir além."

Rua Virtual

A preparação começou cedo, por volta das 5h30 daquele domingo, 5 de abril. Fernando Oliveira, de 34 anos, acordou sem demora. Na véspera, já tinha separado a roupa, o energético, a garrafa de água e os apetrechos que usaria na corrida. De moto, gastou cerca de 15 minutos para ir de casa até o trabalho, ambos no bairro do Ipiranga. Ao chegar, fez exercícios de aquecimento e às 6h40 iniciou, na garagem do prédio da empresa, sua primeira maratona, no horário e no dia em que teria participado da largada da Maratona Internacional de São Paulo. Oliveira e outros milhares de corredores estavam inscritos na tradicional prova, adiada para novembro por causa da pandemia.

"Foi um baque", resume ele, quando ficou sabendo que não haveria o evento. Fazia quatro meses que treinava regularmente - apesar de sua rotina puxada como estoquista de dia e entregador de pizza à noite - para enfrentar o maior o desafio de um corredor. Para não perder os treinos e levantar o ânimo, recorreu a uma prova virtual: fez o cadastro em um aplicativo e se inscreveu na corrida de 42 quilômetros.

Com um relógio de GPS, Oliveira cronometrou o tempo em que percorreu a distância. Mandou os dados para o aplicativo, que validou o seu desempenho e o recompensou com uma medalha. "Foi a medalha mais importante das 26 provas que fiz", diz. Ele tatuou a conquista da primeira maratona na panturrilha esquerda e postou fotos da medalha nas redes sociais.

Oliveira gastou 4 horas, 55 minutos e 55 segundos para completar o percurso. Foram 840 voltas na garagem sob o sol intenso. Na plateia, apenas o vigia da empresa e alguns moradores do prédio vizinho. Durante a prova, ouviu música e podcast para quebrar a monotonia. Imaginou que estava numa prova de rua e tentou reproduzir os rituais da maratona. Ao completar 41 km, por exemplo, tomou uma dose de cerveja para comemorar a "quase" missão cumprida, como é tradição. "Isso me deu motivação para terminar."

Assim como Oliveira, muitos corredores estão se inscrevendo em provas virtuais por causa da pandemia. E o aumento da procura foi sentido pelas empresas do setor. O aplicativo brasileiro 99RUN, por exemplo, registrou crescimento de 300% no número de participantes de corridas virtuais depois da covid-19.

"Quando começou a pandemia fiquei com muito receio de qual seria o impacto e esperava até que fosse negativo, porque as pessoas não estavam treinando", conta Daniel Ludwig Pawel, criador da plataforma brasileira. "Mas tivemos um boom de inscrições."

No aplicativo, o número de corridas virtuais, feitas em esteiras, escadarias de prédios ou quintais, aumentou 40%. Até a corrida estacionária, que antes era apenas um exercício de aquecimento, as pessoas hoje estão fazendo por até uma hora seguida.

Virtual. Quatro anos atrás, quando começou a plataforma, a intenção de Pawel, que também é corredor, era criar um aplicativo que facilitasse a vida dos atletas que viviam fora dos grandes centros e não tinham acesso às provas.

Depois, conseguiu conquistar os que faziam provas de fim de semana e também queriam competir durante a semana. "Com a pandemia e o isolamento, as provas foram canceladas ou adiadas e muitos que tinham preconceito passaram a experimentar as provas virtuais."

Mario Sérgio Andrade Silva, fundador e diretor da Run Fun, uma das primeiras consultorias especializadas em treinamento de corredores e de ciclistas, confirma esse quadro. Diz que antes da pandemia já se fazia tentativas de provas virtuais. Mas poucas pessoas participavam. Mas o cenário mudou. Ele cita dois exemplos de provas tradicionais que pela primeira vez, recentemente, ganharam versões virtuais: o Ironman, que realiza competições de Triathlon, e o Comrades, a ultramaratona realizada na África do Sul, um circuito de até 92 quilômetros.

 

Ultramaratona

Acostumado a correr longas distâncias ao ar livre e em condições nem sempre fáceis, o executivo Alexandre Martinez, de 44 anos, viu sua rotina intensa se resumir a treinos dentro de casa durante a quarentena. Quando soube que provas de ultramaratona estavam sendo adaptadas aos novos tempos, resolveu participar e se inscreveu logo na corrida de 150 km.

No novo formato, a corrida é feita ao longo de dez dias, e percurso e tempo têm de ser comprovados pelo atleta e validados diariamente pela organização - o corredor é desclassificado se quebrar a rotina.

"A divisão da corrida em vários dias dá a impressão de que é mais fácil do que se fosse de uma só vez, mas não é verdade. Você tem a sua rotina de casa e trabalho, que não parou, e seu corpo reage de forma diferente ao longo dos dias. É tão desafiador quanto", afirma. "Muito disso tem a ver com motivação. Tenho três filhos, que estão acostumados a me ver fazendo grandes corridas e desafios, mas neste momento quis mostrar para eles que é possível, mesmo com um monte de restrição, fazer coisas grandes."

Sócio-fundador da Foco Radical, Christian Schmidt explica que os organizadores de provas presenciais estão migrando para corridas virtuais por meio de parcerias com plataformas existentes ou por conta própria. "O modelo da corrida virtual é o que se apresenta como possível neste momento, mas é um mercado novo", pondera.

Iniciativa própria. Enquanto os organizadores de provas se articulam para virar a chave do mundo real para o virtual, amantes de corridas fazem por iniciativa própria suas provas a distância. Informalmente, eles usam redes sociais e dispositivos de videoconferência para reproduzir o que até pouco tempo atrás acontecia nas ruas.

Atleta há 26 anos, Marta Bréscia, de 61, acumula nada menos do que 14 maratonas no currículo. Assim que o isolamento social começou, ela não queria nem poderia interromper sua rotina de treinos. Asmática, Marta vê nas corridas uma forma de preservar a saúde. Foi assim que decidiu começar a correr dentro do apartamento mesmo, em Perdizes, zona oeste de São Paulo.

Uma experiência que ela decidiu usar para organizar uma corrida virtual com o grupo que costuma treinar no Parque da Água Branca, na mesma região. "Achei que o meu grupo estava meio paradinho."

A corrida ocorreu no fim de maio e seguiu todo o ritual de uma prova física. Com a adesão de mais de uma dúzia de companheiros de treinos, ela criou um grupo de WhatsApp dos participantes. As postagens começaram na véspera, com as fotos do uniforme pronto. No dia, pontualmente às 8 horas, foi dada a largada, com o áudio da contagem regressiva de uma prova de rua, que teve até trilha sonora do filme Carruagens de Fogo.

"Foi maluco aquilo, veio uma emoção e comecei a chorar", lembra a professora de educação física Maria Alice Zimmermann, de 51 anos, uma das participantes. Cada um correu no local que tinha à disposição: dentro de casa, na garagem, na quadra do prédio.

Na opinião da professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e psicóloga do esporte Katia Rubio, ao realizar provas virtuais os corredores tentam buscar, a fórceps, a situação de normalidade perdida nos últimos meses. A especialista destaca que muito mais do que praticar o esporte, a intenção é manter os ritos de uma atividade essencialmente social. E a medalha, que é o reconhecimento, atesta isso. "A pandemia tornou mais visível a sociabilidade promovida pela corrida. Se havia dúvidas de que essa atividade é de grupo, agora não há mais."

Idosos precisam de propósito

Pertencentes a um dos grupos de risco da covid-19, os idosos estão ainda mais submetidos ao isolamento por causa da pandemia. Muitos deles encontravam motivação em atividades em grupo como ginástica, universidade para terceira idade e atividades culturais, que hoje estão suspensas. Como lidar então com esse cenário e encontrar ânimo para levantar todos os dias?

Para Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade no Brasil, que dirigiu por 14 anos o Programa Global de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), não estamos diante de um problema exatamente novo: a solidão, diz ele, já era enfrentada por 4 milhões de brasileiros antes da pandemia.

Em entrevista ao Estadão, Kalache comenta sobre a resiliência que os idosos costumam ter durante crises como a que estamos vivendo e destaca a importância da sociabilidade para o envelhecimento saudável. "Mais importante ainda é ter um propósito, para não sentir que a vida está vazia", afirma. Um dos lugares em que idosos podem encontrar essa motivação é no trabalho voluntário, sugere.

A seguir, confira os principais trechos da entrevista.

Quais são os principais impactos que a pandemia pode causar nos idosos?

A covid-19 não forjou nossas mazelas, ela apenas está deixando-as escancaradas. A pandemia traz à tona questões muito antigas. O isolamento de idosos não é uma questão apenas deste momento: cerca de 4 milhões de idosos vivem sozinhos no Brasil, e são pessoas que mesmo antes da pandemia estavam habituadas a viverem só. Muitos idosos enfrentam essa solidão com muita dificuldade, porque não foi por opção - são pessoas que, por exemplo, não tiveram filhos ou os filhos vivem longe. Há também a questão do abuso e dos maus-tratos ao idosos, cujos registros têm aumentado no disque-denúncia. Mas, como sempre, em um país com tantas desigualdades, os efeitos da pandemia são bastante variáveis, dependendo da caixinha em que você está. Há pessoas idosas que têm recursos tecnológicos e sabem usar as ferramentas, o que faz com que elas estejam isoladas sem estarem sozinhas. Ao mesmo tempo, existem idosos que estão preocupados se vão ter o que comer hoje.

Como os idosos costumam lidar com situações adversas?

Em geral, eles costumam ter bastante resiliência. Como o idoso já passou por muitas e boas, ele consegue ver que há uma luz no final do túnel, enquanto uma pessoa jovem facilmente se desespera, entra em ansiedade e fica com medo da situação. O idosos olha para trás e lembra que já viveu outras adversidades que passaram. A resiliência é você dispor de reservas internas para vencer as dificuldades, os traumas e até as perdas que uma vida mais longa pressupõe. Entretanto, apesar de idosos serem mais resilientes, eles estão sentindo hoje a perda dos dias sem poder ver os netos, os amigos e sem poder passear. E eles sabem que essa é uma grande proporção da vida que lhes resta.

Muitos idosos que se dedicavam a atividades fora de casa tiveram uma mudança de rotina agora na pandemia, com o confinamento. Que efeito isso pode trazer para eles?

Fazia parte do dia a dia de muitos idosos frequentar espaços que promoviam atividades lúdicas, culturais e físicas. Alguns frequentavam programas de universidades para terceira idade também, e passavam a semana inteira esperando a hora de ir para aula, para aprender e conversar. Muitas vezes frequentar essas atividades significa encontrar pessoas: não é só ir fazer a ginástica, tem uma troca e você está participando e mantendo as suas relações. Muita gente deve estar sentindo falta disso. É uma geração que, mesmo que tenha adquirido o básico em questão de tecnologia, não tem a mesma versatilidade e também não acha tão fácil seguir uma aula de alongamento pelo celular, por exemplo. Isso tem um efeito físico, já que idosos perdem massa muscular mais rapidamente, e também um impacto emocional, que pode se traduzir em um sentimento de solidão.

Qual é a importância da sociabilidade nesta fase?

Existem alguns fatores que, se acumulados, podem ajudar você a envelhecer com qualidade de vida e a se tornar um idoso vivo e ativo. Primeiro, há os capitais de saúde: acho que todo mundo concorda que se a saúde vai embora, a qualidade de vida também vai. Há também os capitais de conhecimento, porque é importante aprender constantemente para não se tornar obsoleto. Um outro fator é justamente o capital social, mantendo amigos e relacionamentos. A sociabilidade é inclusive um fator de proteção, como ter alguém que cuide de você caso surja alguma doença. Por fim, há o capital financeiro, que não resolve tudo, mas ajuda no envelhecimento. Contudo, esses capitais sozinhos não são suficientes: eles não adiantam se você não tiver um propósito de vida, se não souber por que acordou e se vai levando a vida sentindo que ela está vazia.

É comum que idosos percam esse propósito na velhice?

Isso acontece sobretudo com os homens idosos, que ao longo da vida se acostumaram a depositar todas as fichas na profissão. Quando eles se aposentam de repente, ficam perdidos. O trabalho voluntário é uma boa opção para encontrar propósito. Encontre uma causa e faça o bem para alguém. Em um país com tanto problema social, tem muita gente precisando da sua ajuda.

O senhor acha que é possível manter a sociabilidade durante a pandemia?

Temos depoimentos de pessoas que estão agradecendo que existe chamada de vídeo para poder falar com seus netos. A tecnologia, para quem pode utilizá-la, está sendo uma ferramenta salvadora.

É importante o idoso manter desafios e metas?

Estabelecer metas e desafios é algo importante durante a vida toda. A vida é um curso: você não se transforma de repente aos 70 anos. Quanto mais cedo você começar a se preparar para a tal da velhice, tendo metas e objetivos, melhor. Se você não começou aos 20, comece aos 30, ou então aos 50. Você vai precisar de metas, disciplina e determinação para lidar com esse tempo maior que surge com a velhice. A vida antigamente era uma corrida de 100 metros, mas hoje é uma maratona. É importante a cada dia atingir uma meta e fazer um pouco mais para si a fim de chegar bem no final maratona.

Qual conselho o senhor daria para um idoso que está solitário e angustiado agora durante a pandemia?

É possível manter desafios agora, podem ser objetivos bem triviais, como se propor perder alguns quilos se você estiver precisando emagrecer. Pode ser uma meta também manter os amigos e manter o espaço de casa limpo. Faça com que esse lar em que você está confinado seja um ambiente agradável, abra a janela para arejar essa vida que está com bolor. Abra também aquele armário que está entulhado de coisas e separe o que precisa jogar fora e o que pode doar. Essa limpeza tem de ser no espaço físico, mas também na alma e no coração. A pandemia está mostrando o quanto a vida é frágil. Aproveite o confinamento para pensar em pedir perdão, para resolver mágoas. Tente fazer a vida mais leve, com bom humor. Olhe para o seu envelhecimento como uma tremenda conquista.

Adolescentes driblam tédio e rotina restrita

 

Não é fácil ser adolescente. Muito menos um adolescente que só está em contato com os amigos pelas redes sociais e passou de uma hora para a outra a fazer aulas a distância, enquanto vê no noticiário o avanço da covid-19. Mesmo assim, Rafael continua com suas aulas de dança, driblando o pouco espaço na sala de casa. Paolo, depois de vencer o coronavírus, cuida do físico e da cabeça. E Manuela tem se revelado uma bela escritora.

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Eles são alguns dos milhares de adolescentes que precisaram se adaptar a novas rotinas. E tudo isso sem o bônus das conversas no recreio, das festas ou das tardes de videogame com colegas. Mas eles vão encarando essa realidade e reconhecendo em si o que gostam e o que poderiam fazer diferente. Equilibram a angústia com encontros virtuais, séries, livros e várias horas no TikTok.

"Os adolescentes estão sentindo falta dos amigos, de se ver não só pelos aplicativos. Todos estamos dando conta de elaborar essas faltas e achar substitutos", explica a psicanalista Luciana Saddi, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. "Temos recursos para isso. E os adolescentes, também."

Manuela Paulino, de 14 anos, se arrepende de não ter se despedido como gostaria dos amigos no último dia de aula antes da quarentena. Achava que apenas fariam uma pausa de duas semanas. A ficha foi caindo aos poucos, com a divulgação da programação de aulas.

A saudade dos amigos é o que bate mais forte. "Depois de um tempo, consegui criar um ambiente para mim, filtrar as notícias que chegam do mundo de fora", diz a aluna do 9.º ano, que escreveu um texto sensível e maduro sobre a quarentena para um sarau online de sua escola, em São Paulo.

Escrever, aliás, é algo que ela faz sempre que se sente inspirada. Esse texto da escola nasceu das observações que vai anotando em seu diário, à mão, com a letra redondinha. Para aplacar a falta dos amigos, tem escrito sobre eles. E, como qualquer adolescente, está passando muito tempo conectada e no TikTok.

Busca pelo foco. Como Manuela, Maria Luiza Salvatori, de 17, vem tentando se proteger de notícias pesadas. Conta que tem seguido páginas mais positivas na internet. "Sinto um medo constante", diz. "Eu sei que se eu pegar, vou ficar bem e me tratar, mas me preocupo com meus avós, com meus pais, com as pessoas do prédio. Sinto empatia, sabe?"

Malu está às vésperas do Enem e tem sentido dificuldade de se concentrar. "Em casa, é tudo mais flexível e me pego procrastinando. Adoro ler, mas não tenho conseguido focar em nada", diz a estudante, que quer cursar ciências políticas.

De acordo com a psicóloga Edna Oliveira, a família pode ajudar a motivar os adolescentes neste momento. "Claro que não é fácil, mas é preciso abrir um caminho do qual você, pai, faça parte", sugere. "Posso chamar esse adolescente para uma atividade ou pedir a ajuda dele."

Essa proximidade, com todos ficando mais em casa, é uma oportunidade para a família se conhecer melhor. "Muitos pais não sabem o que motiva os filhos", diz Edna. "Esse é o momento de perguntar."

Após o coronavírus

Paolo Carrenho, de 16 anos, também achava que seria fácil se tratar, caso ele pegasse o coronavírus. E sua quarentena começou bem, na euforia de poder ficar em casa, na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. Estudante e jogador de futebol, ele continuou fazendo exercício e foi tocando a vida. Viu o tédio se aproximando, até que no dia 14 de maio os primeiros sintomas da covid-19 apareceram.

"Sempre tive uma boa saúde e achei que os efeitos não seriam tão absurdos se eu pegasse. Mas o coronavírus é muito silencioso." Paolo teve os sintomas intestinais e torceu para não sofrer com a falta de ar.

Durante a doença, o garoto viu séries e filmes. Ainda leu Felicidade: Modos de Usar, de Leandro Karnal, Luiz Felipe Pondé e Mario Sérgio Cortella. "Agora, estou tentando manter o físico e não atrofiar o cérebro."

Irmão de Paolo, Rafael, de 14, passou a temer a covid-19 quando precisaram de se isolar. "Tive medo que ele piorasse e fosse internado. Agora, temo que alguém mais pegue e eu não consiga me despedir", diz Rafael.

A psicanalista Luciana explica que muitos jovens vêm ficando angustiados por estarem sendo confrontados, pela primeira vez, com a morte. "Muitos pais não sabem falar disso com os filhos", afirma. "As pessoas precisam conversar mais sobre a morte, sobre o medo de morrer. Assim, a angústia passa a ser nomeada e nos tranquilizamos."

Rafael, por exemplo, ficou mais em paz quando se deu conta de que o medo não era só dele. Na quarentena, o garoto continuou fazendo de casa suas aulas de dança. Também se aproximou da cozinha. "Descobri que sei fazer algumas coisas."

Mesmo com as dificuldades, a psicanalista Luciana acredita que, de modo geral, os adolescentes estão se saindo bem durante a quarentena. Muitos conseguem ser criativos, estudar e ocupar o tempo, na opinião dela. A psicanalista sugere uma relação mais equilibrada entre pais e filhos, sem pressão demais ou proteção exagerada.

É necessário, no entanto, ficar atento para casos mais sérios, quando o medo acaba paralisando o jovem. "Então, é preciso procurar ajuda." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pandemia do novo coronavírus provocou uma série de restrições. O fechamento de academias, praças, parques e praias são algumas delas. Além disso, o apelo para que as pessoas fiquem em casa tem tomado conta dos discursos de autoridades. Mas, como manter a boa forma diante da impossibilidade, por exemplo, daquele treino bem preparado na academia? Ou, até mesmo, como começar a praticar exercícios físicos estando em casa?

O LeiaJá convidou a profissional em educação física, especialista em reabilitação de lesões, Izadora Costa para dar dicas de como não deixar de se exercitar mesmo precisando ficar em casa para conter a proliferação do novo coronavírus. 

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Veja:

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Fim de ano vem aí: verão, praia, corpos expostos, azaração. Tem muita gente que, quando percebe que faltam dois ou três meses para as festas de fim de ano e para as férias escolares, corre para as academias para tentar implementar o “Projeto Verão”, expressão que significa ficar em forma para exibir o corpo na praia ou na piscina. O LeiaJá traz histórias de quem é fiel cliente desses locais e de quem apenas escolhe a planilha de treinos em momentos específicos do ano.

Para a consultora de viagens Débora Camillo, de 30 anos, frequentar a academia traz motivação e bem estar, o que ela considera mais importante do que a busca por um corpo esculpido. “Apesar de odiar academia, eu comecei a treinar e espero ir durante as quatro estações”, comenta. Otimista na sequência que pode lhe trazer mais benefícios à saúde, Débora ressalta que está disposta a seguir à risca as exigências do esporte, mesmo com as dores decorrentes da malhação. “Sigo firme na dieta e no treino apesar das dores nas pernas e braços percebo uma felicidade que compensa, anima e motiva a continuar”, enseja.

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Frequentador assíduo das academias há cerca de 18 anos, o microempresário Paulo Almeida conta que fez sua matrícula buscando largar o vício do cigarro. “Depois de algumas tentativas frustradas, larguei o cigarro praticando musculação, foi uma forma que eu encontrei para me manter longe do vício”, explica. Hoje com 40 anos de idade, Almeida não se vê longe dos treinos que lhe trouxeram uma melhor qualidade de vida. “Não lembro de ter ficado tanto tempo afastado dos treinos, não devo ter ficado mais de 20 dias seguidos sem treinar”, declara o microempresário. Apesar de não ser especialista na matéria, o esportista considera que é necessário paciência para alcançar os resultados. “É preciso atentar à mudança do entendimento pois quem entra na academia só pela questão estética corre o risco é muito provável que esta pessoa vai parar”, destaca Almeida que conclui. “Com 40 anos estou melhor do que quando eu tinha 18”, diverte-se.

Para o professor de Educação Física e Personal Trainer Alex Vaz, é importante que o aluno fique atento a problemas como lesões de ligamentos e lesões cardíacas, que podem surgir em quem está há algum tempo sem praticar esportes. “O recomendado é que a pessoa não queira fazer tudo em um dia só na intenção de tirar o atraso do tempo parado”, aconselha. Segundo o especialista, o ideal é iniciar as atividades de maneira moderada. “Comece devagar, a sugestão são caminhadas de 20 a 30 minutos nos primeiros dias pois assim não há sobrecarga do corpo e se respeita o limite”, ensina. Sobre o interesse das pessoas no “Projeto Verão”, Vaz não vê nenhum problema. “Começar uma atividade física a qualquer tempo traz benefícios para a saúde, porém é a rotina de exercícios que trará reais benefícios; procure algo que você realmente goste para que seja algo prazeroso e assim a atividade física será um hábito na sua vida”, declara.

Existem muitas maneiras de se exercitar, fazendo caminhadas ao ar livre ou na esteira de uma academia, depende do estilo e condições financeiras de cada adepto. A prática de atividade física faz parte da rotina das pessoas que querem qualidade de vida. Isso inclui perda peso, melhora no condicionamento físico, qualidade do sono e bem-estar no geral.

De acordo com Edison Tresca, professor do curso de Educação Física da Universidade UNIVERITAS/UNG, o corpo humano é um complexo biológico concebido para se movimentar. “A ausência ou pouca movimentação pode causar malefícios ao organismo. Por outro lado, o excesso de realização de atividades físicas também pode ser prejudicial. Pensando nestas atividades com o objetivo de promoção de qualidade de vida e saúde, deve-se considerar que, para cada indivíduo haverá um nível de exigência ideal. Tanto exercitar-se muito pouco ou nada, ou exercitar-se demais, pode ser prejudicial, ressaltando que a pessoa indicada para melhor orientar o praticante de qualquer exercício físico é o profissional de Educação Física”, explica.

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Quais os benefícios da caminhada para o corpo e a mente?

A caminhada, quando realizada na intensidade ideal para o indivíduo, proporciona a melhora da circulação sanguínea podendo prevenir problemas vasculares, a melhora da resistência do corpo, evitando o cansaço por qualquer pequena exigência como subir um pequeno lance de escadas, a melhora da força muscular, principalmente de membros inferiores. Quando realizada com frequência e regularidade, pode melhorar o condicionamento cardíaco, contribuindo assim para uma melhor saúde de seu coração, além de ajudar no controle do peso corporal evitando a obesidade. Quando se pratica atividades físicas moderadas, apesar do desgaste natural do esforço, o indivíduo tem maior disposição para as atividades da vida diária, sentindo-se mais motivados e dispostos. 

Quantas vezes por semana e quanto tempo é recomendo caminhar?

Cada indivíduo deve realizar pelo menos 30 minutos de atividades físicas moderadas ao longo da semana. Isso já seria suficiente, para proporcionar alguns benefícios. Entretanto, tendo oportunidade, deve-se praticar a caminhada moderada de 20 a 30 minutos, em dias alternados durante a semana, por várias semanas, os benefícios seriam bem maiores. Neste ponto, volto a afirmar, é muito importante a orientação de um profissional de Educação Física, credenciado pelo Conselho Regional da Profissão, que saberá identificar a frequência, tempo de execução e nível de exigência ideal para cada pessoa, além das técnicas corretas de realização de cada movimento.

Existe algum cuidado que deve ser tomado?

É possível presenciar várias pessoas caminhando em locais públicos, mas muitas vezes de forma inadequada, seja pelo uso de calçados e vestimentas, seja pela postura da movimentação ou intensidade do exercício. Procure utilizar calçados esportivos apropriados para a caminhada, que proporcionam conforto e amortecimento dos impactos durante as passadas, assim como roupas confortáveis que permitam a livre movimentação. Realizar exercícios de alongamento como forma de preparação para o início da caminhada evitando possíveis lesões. Realizar os movimentos de forma natural, sem forçar demais a amplitude das passadas, procurando manter a coluna ereta, evitando a projeção dos ombros para frente, mantenha-os elevados, mas descontraídos, oscilando alternadamente os braços para frente e para trás de forma naturalmente coordenada com os movimentos das pernas. 

Caminhar é contraindicado para algum grupo de pessoas?

A contraindicação absoluta é determinada clinicamente, por exemplo, pelo médico cardiologista ou ortopedista, na presença de alguma enfermidade cardíaca ou articular preexistente, justificando assim sempre consultar-se para obter o atestado de apto para a prática de atividades físicas. Contraindicações relativas sempre dependerão das exigências da atividade física, que podem ser totalmente diferentes de um indivíduo para o outro, justificando assim a necessidade da orientação de um profissional de Educação Física que possui conhecimento e meios para saber com segurança como deve ser a prática mais adequada para cada caso. Mas mesmo assim, durante a caminhada, se a pessoa perceber que está respirando cada vez mais rápido e com maior dificuldade, que está ficando “sem fôlego”, ou se perceber dores articulares persistentes, deve reduzir bem o ritmo da caminhada, ou até mesmo parar para recuperar-se e voltar a caminhar em um ritmo mais leve.

Da assessoria

Uma pesquisa do Ministério da Saúde indica que 53% da população brasileira estão com excesso de peso e 45,8% praticam uma atividade física insuficiente. Os valores foram registrados na Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).

Feito em 2017, o estudo envolve entrevistas feitas por meio do telefone, com participação da Associação Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os números estão longe da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) que pretende reduzir a inatividade física em 15% até 2030, em todo o mundo.

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Segundo pesquisa da OMS em 2018, o número de pessoas que faziam atividades insuficientes totalizava 1,4 bilhão de pessoas. “Acredita-se que um em cada cinco adultos e quatro em cada cinco adolescentes não praticam atividade física de forma suficiente”, disse o diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS, Rogério Scarabel.

Neste fim de semana, quando se comemoram o Dia da Atividade Física (6) e o Dia Mundial da Saúde (7), a ANS lança o projeto Movimentar-se É Preciso. Por meio do seu Programa de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos de Doenças (Promoprev), a agência está estimulando as operadoras de saúde a realizarem programas voltados a atividades físicas para seus beneficiários nestes dois dias.

Crescimento

Atualmente, existem 1.822 programas Promoprev cadastrados junto à ANS, contemplando cerca de 2,25 milhões de beneficiários de planos de saúde. O número de programas cresceu 432% em sete anos. Das 743 operadoras médico-hospitalares ativas com beneficiários, 394 –53% do total – têm programas desse tipo na ANS. Das 394 operadoras exclusivamente odontológicas ativas com beneficiários, somente 15 (4,27%) têm programas na ANS.

Para apoiar os esforços dos países e comunidades em atingir a meta de redução de sedentarismo, a OMS lançou, no último ano, um plano de ações que incentiva as pessoas a estar mais ativas todos os dias. As operadoras que quiserem saber mais detalhes podem acessar o portal da OMS ou entrar em contato com a ANS por meio do e-mail promoprev@ans.gov.br.

Prevenção

O diretor de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS enfatizou que a atividade física regular é fundamental para prevenir e tratar doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), entre as quais se incluem as doenças cardiovasculares, diabetes e câncer, além das doenças mentais.

Segundo a ANS, essas enfermidades são responsáveis por 71% de todas as mortes no mundo, incluindo as mortes de 15 milhões de pessoas por ano entre 30 e 70 anos. Além de constituir um desafio para a saúde, a inatividade física custa cerca de US$ 54 bilhões em todo o mundo em assistência médica direta, dos quais 57% são incorridos pelo setor público.

O Promoprev quer reduzir os índices elevados de obesidade no país. A ANS elaborou um manual de diretrizes de enfrentamento da obesidade na saúde suplementar nacional e procura incentivar as operadoras a desenvolver projetos para beneficiar os consumidores. O guia está disponível na página da agência: www.ans.gov.br.

Os índices globais de sedentarismo são alarmantes. Hoje, aproximadamente 3,2 milhões de pessoas morrem em decorrência disso no mundo, e quatro em cada cinco adolescentes são sedentários, segundo estudos feitos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A inatividade física é um fator de risco que pode provocar doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, o câncer e o diabetes. Para a OMS, o ideal é que uma pessoa pratique pelo menos 30 minutos de atividades físicas diárias, para não ser considerada sedentária.

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A professora e coordenadora do curso de Educação Física da UNAMA - Universidade da Amazônia, Nazaré Bello, alerta que não é suficiente realizar esses 30 minutos apenas para manter uma pessoa fisicamente ativa, mas exercer uma atividade que lhe dê prazer e por um maior período de tempo. “A pior coisa é fazer algo que você não gosta. As pessoas devem procurar uma atividade física na qual se sintam bem, seja dança, uma caminhada ou até mesmo atividades de vida diária”, conta a professora.

O sedentarismo é o quarto principal fator de morte no mundo. Realizar atividades físicas traz benefícios significativos e também contribui para a prevenção desse mal e das doenças crônicas não transmissíveis. “É necessário que sejam realizadas políticas públicas para combater esse sedentarismo e reduzir essa inatividade física entre as pessoas”, relata Nazaré.

A professora destaca ainda que o mais importante é se movimentar, independente do tipo de exercício. “Não interessa qual tipo de atividade física você faça, o importante é sair do sedentarismo realizando essa atividade de forma regular, no mínimo três vezes por semana”, conclui.

Por Lucas Neves.

 

No mundo, 20% dos adultos e 80% das crianças e adolescentes não praticam atividades físicas regularmente, de acordo com estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS). O estudo ainda diz que o sedentarismo pode aumentar os riscos de doenças não transmissíveis.

É recomendável que crianças pratiquem ao menos 60 minutos de atividades físicas por dia. Já para os adultos, é recomendado 150 minutos durante a semana. As atividades físicas diminuem os riscos de doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e câncer de mama e de colo do útero. Estas doenças são as principais causas de mortes em 71% da população.

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Faz mais de 20 anos que a pedagoga e cuidadora de idosos Marlucy Evangelista Moura, de 51 anos, é sedentária. Ela diz que deixou de praticar atividades físicas após o segundo casamento, quando tinha 30 anos. "Eu relaxei, é o mal do ser humano. Eu me acomodei, porque fazia caminhada e ginástica, mas vieram os filhos e eu falava que não tinha tempo."

Atualmente, diz que só não fica mais parada por morar em um prédio sem elevador. "Moro no segundo andar e desço e subo de escada. A minha sorte é essa." Mas não é algo que faça com facilidade. Com 98 quilos, ela diz se sentir cansada com a atividade e faz planos de perder peso. "Estamos montando uma academia no condomínio. Compramos esteira, bicicleta ergométrica. Vamos ver se a gente monta um grupo de mulheres do prédio. Acho que agora vai."

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Marlucy é exemplo de uma situação cada vez mais comum no Brasil. Estudo publicado nesta terça-feira, 4, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na revista The Lancet Global Health Journal apontou que 47% da população brasileira adulta não realiza atividades físicas suficientes. Os dados são de 2016.

Em 15 anos, o Brasil foi o país que registrou um dos maiores saltos no que se refere ao porcentual de população com comportamento físico inadequado, ocupando a quinta posição entre os países com as piores taxas no mundo. É um quadro mais comum em mulheres - 53% são consideradas como inativas.

O levantamento avaliou 1,9 milhão de pessoas em 168 países. A OMS alerta que mais de 1,4 bilhão de adultos no mundo correm risco de desenvolver algum tipo de doença por não praticar atividades físicas de forma suficiente. Entre os riscos estão doenças cardiovasculares, diabete, câncer e demência.

A organização considera que um patamar adequado inclui 150 minutos de atividade física moderada por semana ou 75 de uma prática intensa. Isso vai de caminhadas a passos rápidos e nadar até ir ao trabalho de bicicleta ou fazer esportes.

O estudo mostra que uma em cada três mulheres no mundo e um a cada quatro homens não fazem atividades físicas em um nível considerado como suficiente. Desde o início do século, essa taxa tem sem mantida praticamente inalterada.

As taxas mais preocupantes estão em países como Kuwait (67%), Samoa Americana (53,4%), Arábia Saudita (53,1%) e Iraque (52%), com mais de metade dos adultos com uma atividade insuficiente. O índice brasileiro é quase duas vezes mais elevado que a média mundial. Nos EUA, é de 40%; no Reino Unido, de 36%. Chama a atenção a China, com 14%. De 68 países que mantinham os dados entre 2001 e 2016, 37 deles registraram alta no índice de pessoas inativas. O aumento foi de mais de 15 pontos porcentuais no Brasil, um salto bem acima do incremento de 5 pontos visto nos países ricos. Em 28 países, o problema diminuiu.

Urbanização

Para Regina Guthold, principal autora do levantamento, o fenômeno no Brasil está relacionado às rápidas mudanças que ocorreram na sociedade nos últimos 20 anos, com uma maior urbanização, um aumento da classe média, ocupações sedentárias e a explosão do uso de tecnologias. De acordo com a OMS, telefones e computadores ficaram mais populares e mais baratos nos últimos anos, tendo impacto direto no comportamento das pessoas. "Tudo foi muito rápido no Brasil e o País talvez não tenha encontrado uma solução para lidar com essa nova realidade."

Para a OMS, é necessário que políticas públicas criem oportunidades para que atividades físicas passem a fazer parte da rotina, com acesso a locais seguros. "Isso inclui parques, mas também a possibilidade de ir de bicicleta ao trabalho", diz Regina. Campanhas para "convidar" as pessoas a serem mais ativas precisam ser realizadas, além de mudanças na estrutura de trabalho.

Lafayette Lage, ortopedista brasileiro especialista em medicina esportiva, lembra que atividade física é importante não só para o aparelho locomotor como também para o cardiovascular. Mas alerta que todos que queiram realizar uma prática esportiva devem ser avaliados por um médico ortopedista ou fisiatra para descartar problemas nos joelhos, quadris, ombros e articulações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"Não se movimentar e buscar um estilo de vida saudável é extremamente prejudicial. Atualmente, já é possível fazer uma conexão de que, quanto mais tempo a pessoa passa sentada, maior é o risco de mortalidade por doenças ligadas ao peso e à falta de exercícios", afirmou a Profa. Dra. Rita Raman, médica pediatra pela Universidade de Oklahoma, em palestra no Congresso Brasileiro de Nutrologia, que é realizado em São Paulo.

A obesidade está associada a diversas doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares, colesterol, artrite e doenças nas articulações, doenças autoimunes e problemas psicossociais, e paralelamente o sedentarismo é um dos piores fatores.

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Os problemas psicossociais e as dificuldades na farmacoterapia antiobesidade também foram abordados pelo Prof. Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia. "Alguns governos ainda não compreendem a importância do tratamento de uma doença crônica, como a obesidade, através de agentes farmacológicos. Uma pessoa hipertensa sem o devido remédio terá crise de pressão alta. O obeso sem o remédio engorda e sofre discriminações", pontua.

Para ele, a comparação é inevitável. "Quantas vezes você já não ouviu: Você engordou, mas nossa, você não estava tomando 'aquele' remédio? Nem sempre a farmacoterapia é indicada, portanto existe a necessidade de um acompanhamento médico especializado".

Para a Prof. Dra. Maria Cristina Jimenez, presidente da Sociedad Paraguaya de Nutrición, o principal é compor uma equipe multidisciplinar para o combate da obesidade. "Médicos nutrólogos, endocrinologistas, cardiologistas, psicólogos e nutricionistas devem compor uma equipe para combater a doença. Uma pessoa que reduz de 5% a 10% promove uma melhora corporal em curto prazo, porém nunca a homeostase energética – o gasto energético que é a interação metabólica que mantém a energia do corpo para sobrevivência em curto e longo prazo – será a mesma entre ex-obesos e magros", diz.

A obesidade e mais outros 60 assuntos relacionados à Nutrologia serão discutidos entre 28 e 30 de setembro, durante o XXI Congresso Brasileiro de Nutrologia, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.

Com informações de assessoria

Apenas trinta minutos de atividade física diária podem mudar totalmente a vida de alguém. Quem se convence disso não demora a descobrir, na prática, que atividade física é qualidade de vida. Médicos garantem: um estilo de vida mais saudável pode prevenir doenças graves, como diversos tipos de câncer.

Foi o que defendeu o oncologista clínico Sandro Cavallero, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO), em palestra "Estilo de vida X Câncer", proferida para a Liga Acadêmica de Medicina do Exercício e do Esporte do Pará, na segunda-feira (21). “O sedentarismo eleva o risco de desenvolver doenças crônicas, como o câncer, e deixa o indivíduo menos disposto para realizar as atividades do dia a dia, o que acaba provocando o aumento de peso – outro fator de risco para diversas doenças”, alerta o médico. “A prática regular de exercícios físicos, aliada a uma alimentação saudável, é capaz de prevenir 30% dos casos de câncer”, afirma Sandro Cavallero.

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Apesar de não ser nenhuma novidade que a combinação atividade física e boa alimentação transforma a vida das pessoas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que um adulto gasta, em média, 90% do seu tempo de lazer sentado. Menos da metade das pessoas se exercita na quantidade mínima recomendada pela OMS.

Um estudo publicado em julho na revista Cancer Epidemiology, uma das mais importantes da área, apontou que o sedentarismo aumenta em 77% as chances de um indivíduo ter câncer de rim e em 73% de câncer de bexiga. Além disso, o estudo comprova que o risco é quase o mesmo para pessoas magras ou acima do peso. O sedentário que não está com sobrepeso tem chances de ter câncer de rim 75% maiores do que o indivíduo que se exercita regularmente. Para câncer de bexiga as chances são 70% maiores.

Mais um dado a favor da atividade física foi publicado este ano, no Canadá, e aponta que a falta de atividade física tem um risco atribuível de 17,4% para o câncer de mama. “Isso significa que se todas as mulheres fossem ativas fisicamente, mais de 17% delas não teriam câncer de mama. Trazendo esse percentual para a realidade do Brasil, significa que mais de 10 mil mulheres deixariam de ter câncer de mama a cada ano”, destacou o oncologista. “Então, não espere pela doença. Mexa-se e viva mais e melhor”, concluiu o médico.

Com informações da assessoria do evento.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Stanford, nos Estados Unidos, listou os países mais sedentários do mundo e o Brasil está presente no ranking. Com base no número de passos calculados através de celulares, o país alcança uma média de 4.289 passos por dia dado por um cidadão. Ao todo, 111 países tiveram suas atividades físicas avaliadas.

Um aplicativo registrou a soma de passos dados e elencou os países que somam mais movimentação realizada diariamente. Diante disso, os países foram elencados em um ranking decrescente onde a Espanha aparece em quinto lugar, antecedido dos chineses, japoneses, russos e ucranianos. Com essa base de dados foi possível também listar os países onde há maior número de pessoas obesas. 

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Ao todo, foram analisadas 717 mil pessoas em 111 países, durante 95 dias. Fez parte da análise os dados inseridos pelos analisados como idade, sexo, peso, altura e dados sobre a dieta, com isso, foi possível levantar a estimativa de calorias perdidas em cada passo.

Quando se fala em saúde, logo vem ao conhecimento popular os hábitos certos para que a pessoa cuide de seu corpo. Alimentação e saudável e a prática de exercícios físicos são dois pontos fundamentais para o envelhecimento mais saudável e o bem estar em geral. Entretanto, para mais da metade dos brasileiros, o segundo ítem é algo que não está sendo respeitado. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que mais de 123 milhões de brasileiros não se movimentam. Em Pernambuco, a situação é crítica, visto que o estado é o segundo do Brasil quando o assunto é sedentarismo.

De acordo com o IBGE, apenas 31,3% dos pernambucanos acima dos 15 anos praticam algum esporte ou atividade física. Apenas Alagoas, com 29,4%, tem uma população ativa inferior em todo o Brasil. O índice está, inclusive, abaixo do percentual da região, que é a mais sedentária do país. Em todo o Nordeste, apenas 36,3% das pessoas inserem em seu cotidiano uma atividade ou esporte. Confira o ranking por estado:

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Das pessoas que não praticaram esportes no período da pesquisa, 38,2% alegaram falta de tempo e 35% disseram não gostar ou não querer. A falta de tempo foi mais declarada pela população adulta. A razão para praticar esporte, declarado por 11,2 milhões de pessoas foi relaxar ou se divertir, seguido de melhorar a qualidade de vida ou o bem estar.

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A obesidade infantil é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) um dos problemas de saúde pública mais graves deste século. O excesso de peso deve ser controlado desde os primeiros anos de vida, pois pode desencadear complicações sérias como diabetes, colesterol alto e doenças cardiovasculares. Uma nova pesquisa, publicada na revista Pediatrics, constatou que ter um irmão ou irmã pode reduzir o risco de obesidade das crianças.

Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, analisaram o Índice de Massa Corporal (IMC) e os dados familiares de cerca de 700 crianças em todos os Estados Unidos. As crianças que tinham somente irmãos mais velhos, e não tinham irmãos mais novos, tinham quase três vezes mais probabilidades de serem obesas que os seus homólogos com irmãos mais novos.

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As crianças que se tornaram irmãos mais velhos, entre as idades de dois e quatro anos, eram particularmente propensas a ter um IMC saudável. “A pesquisa sugere que ter irmãos mais novos - em comparação com ter irmãos mais velhos ou não ter irmãos - está associada a um menor risco de excesso de peso. O autor do estudo destaca, no entanto, que é preciso mais informação sobre como o nascimento de um irmão pode moldar o risco de obesidade durante a infância”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski.

Os autores do estudo levantaram a hipótese de que os pais podem ajustar a forma como eles alimentam seus filhos quando um novo filho nasce. Uma pesquisa anterior já havia apontado que as crianças desenvolvem hábitos alimentares duradouros em uma idade precoce, e a maneira como elas comem depois de um irmão nascer pode ter um efeito sobre o peso corporal. Outro fator se deve à diminuição do sedentarismo, pois as crianças se tornam mais ativas quando um bebê entra em cena.

“Os pesquisadores esperam que o estudo lance luz sobre os comportamentos que os pais podem modificar para criar condições de criar filhos saudáveis. As taxas de obesidade infantil continuam a ser uma grande causa de preocupação. Se o nascimento de um irmão muda comportamentos dentro de uma família, de forma a prevenir a obesidade, estes padrões devem ser estudados e repassados para outras famílias, para que elas possam criar filhos saudáveis em suas próprias casas”, defende o médico, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Com informações de assessoria

O fim de semana é, para muitos, uma oportunidade de exercitar o corpo. A ciclofaixa aos domingos convida os recifenses para um passeio com benefícios em dose dupla: visitar pontos turísticos da cidade e, de quebra, realizar uma atividade física saudável e prazerosa. Entretanto, é preciso estar atento aos riscos do exagero dos exercícios físicos. Tentando compensar o sedentarismo dos dias de trabalho, pessoas que se expõem a um grande volume de exercício em pouco tempo podem ter problemas graves nos ligamentos, nos ossos e nos músculos do corpo.

Na área destinada às pedaladas no Recife Antigo, Centro, muitas pessoas utilizam a área apesar de não terem o costume de praticar atividades físicas com a mesma intensidade durante a semana. "É o meu caso, só pedalo no domingo. Venho da Encruzilhada para cá. Para evitar lesões, tento fazer esteira, duas vezes por semana. A cada seis meses, faço exames para checar se está tudo bem. Já pedalo há uns cinco anos; quando comecei, ia mais devagar, agora já tenho certo condicionamento", explica o médio Iran Costa, consciente da necessidade de consultar um cardiologista.

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Antes de praticar atividades físicas, obter o parecer cardiológico de um médico especializado é ter a garantia de estar apto para praticar exercícios. “Os exames são importantes porque podem detectar no indivíduo uma doença desconhecida ou que não tenha sido bem tratada”, informa o cardiologista Dário Sobral. “Respostas fisiológicas normais durante a prática, como elevação da pressão arterial e da frequência cardíaca, tornam-se exageradas e anormais num indivíduo sedentário ou que não tenha o diagnóstico de uma possível doença”, comenta. 

Apesar de ser recomendado em qualquer faixa etária, o check up torna-se obrigatório depois dos 40 anos porque os riscos de problemas cardiovasculares, musculares e esqueléticos aumentam. “Caso o paciente desconheça que tenha hipertensão, por exemplo, e realize algum tipo de atividade física que exija mais esforço do corpo, o risco de ter um pico hipertensivo (derrame) é grande”, adverte o cardiologista. 

Segundo o Personal Trainer Cleiton Andrade, a prática de exercício propriamente dito não traz riscos, mas a intensidade das atividades pode prejudicar a saúde dos “atletas de fim de semana”. “Quando o praticante não está acostumado a exercer esforço físico de alta intensidade ou quando não tem a preparação física adequada, o corpo pode sofrer as consequências”, explica.

SEDENTARISMO - João Mário Leão é estudante e, apesar de ter tempo para fazer exercícios durante a semana, não gosta de praticar esportes ou demais atividades físicas durante a semana por falta de companhia. “Meus amigos que malham em academias de ginástica moram longe de mim. No fim das contas, acabo só jogando futebol aos fins de semana porque não gosto de praticar atividades físicas sozinho”, diz. Mesmo se sentindo estimulado a continuar a praticar esportes durante as “peladas”, João Mário afirma que a combinação de alimentação exagerada e o sedentarismo do fim de semana fazem com que ele não tenha a mesma energia para acompanhar os colegas. “Já que como muitos dos meus amigos não são sedentários durante a semana e têm um preparo físico melhor que o meu, preciso ir além dos meus limites pra alcançar o pique deles nos jogos de futebol”, conta.

De acordo com o educador físico, a falta de periodicidade dos exercícios faz com que a atividade não traga benefícios para o corpo. “O ideal é que a atividade seja praticada mais de uma vez por semana, porque o corpo irá se acostumar com o estímulo do exercício. Praticar atividades físicas só uma vez por semana não vai tirar o corpo da zona de conforto”, explica.

Apesar de praticar exercícios num volume maior poucas vezes na semana, Renata Fidelis sabe que manter o ritmo das atividades é fundamental para que os resultados apareçam. "Faço pilates três vezes na semana e só pedalo nos domingos porque tenho medo, durante a semana, de ser atropelada. É muita insegurança. Para evitar as lesões, faço alongamento e tomo bastante líquido. Sei que, para perder peso, andar uma vez só na semana não resolve. É preciso regularidade", assume a servidora pública.

O indicado é não expor o organismo aos exageros. O volume da atividade física não deve levar o atleta a altos níveis de fadiga, principalmente se o indivíduo for sedentário. Mesmo sendo jovem, o praticante pode estar exposto a grandes riscos, se praticar atividades esporadicamente e com grande intensidade. Problemas cardiovasculares, ósseos e lesão de ligamentos são alguns dos efeitos colaterais trazidos pelo exercício excessivo praticado por um organismo sedentário.

ÁLCOOL – Combinar bebidas alcoólicas e exercícios físicos aumenta os riscos à saúde, segundo Cleiton Andrade. O misto de cerveja do fim de semana e futebol com os amigos dobra os esforços do organismo, de acordo com o educador físico. “Apesar de o exercício ser saudável, o corpo está exposto a um momento de estresse durante a atividade física. Há uma maior movimentação e exigência dos músculos. Com a ingestão de álcool, o trabalho do organismo é duplicado porque, além do esforço provocado pela atividade, o corpo ainda precisa metabolizar a bebida alcoólica”, afirma. Para eliminar o álcool de uma lata de cerveja, por exemplo, o organismo leva por volta de uma hora.

Com colaboração de Alexandre Cunha

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