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A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (14) a Operação Retomada, contra suposto criminoso especializado em fraudar benefícios de Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal, o seguro-defeso. A corporação indica que a quadrilha atua há mais de cinco anos e estima que as fraudes podem atingir o valor de R$ 34 milhões e envolver aproximadamente 1,5 mil pessoas.

Cerca de 60 policiais federais cumprem oito mandados de busca e apreensão em Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal.

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As investigações são realizadas em parceria com a Coordenação-Geral de Inteligência Previdenciária e Trabalhista do Ministério do Trabalho e Previdência.

O Seguro-Defeso é um benefício pago pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) aos pescadores profissionais artesanais durante o período de defeso, em que são paralisadas temporariamente as atividades de pesca em razão da necessidade de preservação de determinadas espécies de peixes.

De acordo com a PF, o grupo usava documentos falsos para a concessão de seguro-defeso a falsos pescadores.

Os investigadores dizem ter constatado que alguns beneficiários possuem endereços de residências diferentes daqueles declarados nos pedidos do seguro.

Ainda segundo a corporação, também foi identificado que outros beneficiários sob suspeita recebem outro benefício social, como o Bolsa Família, ou possuem outra atividade como meio de subsistência, o que é proibido pela lei. As apurações miram ainda suposta participação de representantes de colônias de pescadores no esquema.

"Até o momento já foi identificado o pagamento indevido de 35 benefícios a falsos pescadores, totalizando um prejuízo de R$ 848.964,05", diz a PF.

Os investigados podem responder pelos crimes de estelionato majorado e associação criminosa.

De acordo com a PF, o nome da ofensiva, Retomada, faz referência ao "processo de continuidade das operações específicas de combate ao cometimento de fraude ao benefício do seguro-defeso".

Após a equipe econômica elencar a possibilidade de pôr fim ao seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida) para viabilizar o programa Renda Brasil, o presidente Jair Bolsonaro enfatizou nesta quinta-feira (10) que o auxílio vai continuar a ser pago normalmente. Bolsonaro falou sobre o tema ao lado do secretário da Pesca, Jorge Seif Jr., durante transmissão ao vivo nas redes sociais que faz semanalmente.

Como já mostrou o Estadão, a proposta da equipe econômica, criticada por Bolsonaro, previa o corte de programas considerados "ineficientes" para abrir espaço no Orçamento para o substituto do Bolsa Família, pensando para ser a marca social do governo. No alvo estavam, além do seguro-defeso, o bono salarial (benefício de até um salário mínimo pago a quem ganha até dois pisos), o salário-família ( pago a trabalhadores formais e autônomos que contribuem para a Previdência Social, de acordo com a quantidade de filhos) e o Farmácia Popular, de distribuição gratuita de remédios.

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Bolsonaro já tinha criticado, publicamente a mudança no abono, ao dizer que vetou o desenho sugerido pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, porque não quer "tirar de pobres para dar a paupérrimos".

"A questão do Renda Brasil... O pessoal dá ideias, quem decide na ponta da linha o programa é o Paulo Guedes e eu. Nós ouvimos todo mundo", disse Bolsonaro. Segundo o presidente, "algumas ideias que chegam são absurdas". "A questão do seguro defeso, é por quatro a cinco meses por ano, mais ou menos R$ 1 mil por mês, onde o pescador não pesca", explicou o presidente.

Durante a transmissão, ele chegou a colocar em dúvida se todos os 1,2 milhão de pescadores cadastrados no seguro-defeso estão aptos a recebê-lo. Do total, Jorge Seif Jr. disse que 800 mil recebem. Bolsonaro falou, então, que o governo precisa "dar um jeito" de tirar aqueles que recebem os recursos indevidamente.

"Segundo a CGU, 69% são pessoas que não vivem da pesca, não sabem diferenciar um camarão de uma baleia", disse Seif Jr. sobre os beneficiários. O secretário afirmou que está atuando para cruzar dados e reduzir o número de pessoas que usam o auxílio indevidamente.

Foto: Marcos Corrêa/PR

Além de taxar o seguro-desemprego, a Medida Provisória do programa Verde Amarelo também desconta uma parcela do benefício pago a pescadores artesanais no período de defeso (em que a atividade é proibida por causa da reprodução das espécies).

O secretário especial adjunto de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco Leal, postou um vídeo nesta quarta-feira, 20, com o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, João Inocentini, que manifestou apoio à taxação do seguro-desemprego, dando como exemplo o seguro-defeso.

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Segundo Inocentini, desde 2004, o sindicato reivindica que os pescadores contribuam ao INSS no período em que recebem o benefício. "O pescador nunca consegue se aposentar por contribuição já que trabalha por seis meses e recebe o benefício por outros seis meses", afirmou. Ele estima que, em média, ao contribuição no período defeso vai acrescentar em torno de quatro anos no tempo para se aposentar.

O seguro-defeso beneficia atualmente cerca de 570 mil pescadores em todo o País. O benefício, no valor de um salário mínimo (hoje, R$ 998) é pago no período de defeso ao pescador que exerça a atividade de forma artesanal, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com auxílio de parceiros. Com a taxação, o benefício terá 7,5% descontados, ou R$ 74,85.

O programa Verde Amarelo foi anunciado pelo governo na semana passada com o intuito de estimular a contratação de jovens de 18 a 29 anos com remuneração de até R$ 1.495 (1,5 salário mínimo). As empresas que fizerem a adesão ao programa vão ter uma redução de até 34% nos impostos que pagam sobre a folha de salários, desde que ampliem o número de funcionários.

Hoje, quem recebe o seguro-desemprego não é taxado. O benefício é assegurado pela Constituição de 1988 com o objetivo de fornecer suporte financeiro ao trabalhador formal demitido sem justa causa enquanto busca recolocação no mercado. É pago por um período que varia de três a cinco meses, de forma alternada ou contínua.

A parcela do seguro-desemprego é calculada a partir de uma média dos últimos três salários recebidos, levando em consideração gratificações e horas extras, por exemplo. Como o benefício só é pago a trabalhadores com carteira assinada, o benefício nunca será menor do que um salário mínimo (R$ 998). Desse valor, R$ 74,85 serão descontados (o correspondente aos 7,5%).

O valor máximo pago no seguro-desemprego, de acordo com a tabela de 2019, é de R$ 1.735,29. O imposto, neste caso, será de R$ 130,15.

Já que vai ter de contribuir ao INSS sobre o valor do seguro-desemprego, esse tempo em que recebe o benefício passará a contar para o cálculo do INSS. A cobrança do imposto sobre o seguro-desemprego passa a valer daqui a três meses.

O programa Verde Amarelo tem data para acabar. O limite para contratar nessa modalidade é 31/12/2022. Como os contratos podem ter prazo de dois anos, o programa se extingue em 31/12/2024. A taxação sobre o seguro-desemprego e o seguro-defeso, porém, não tem data para cessar.

Dois a cada três beneficiários do seguro-defeso não teriam direito a receber o recurso pelas regras do programa, mas acabam custando R$ 1,5 bilhão ao ano aos cofres do governo, segundo resultado de auditoria do Ministério da Transparência e da Controladoria-Geral da União (CGU) obtido pelo ‘Estadão/Broadcast’. Em momento de necessidade de ajuste nas contas, o órgão de controle aponta em relatório que o registro dos segurados "é ineficiente em nível intolerável para justificar a manutenção da política pública" e defende a reformulação completa do programa.

O seguro-defeso, uma espécie de bolsa pescador, é o benefício de um salário mínimo (hoje em R$ 937,00) pago a pescadores artesanais profissionais no período de proibição da pesca (em média quatro meses) para proteger as espécies em períodos críticos, como de reprodução. Mas as fragilidades no cadastro abrem brechas para que o recurso seja usado até como moeda de troca em período eleitoral. Em setembro de 2014, houve 24,4 mil novas inscrições, crescimento de 760% ante setembro do ano anterior, quando foram 3,2 mil novos beneficiários.

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"O porcentual de irregularidades surpreendeu, foi muito acima do que se esperava. É por isso que recomendamos a alteração da política", explica o diretor de Auditoria de Políticas Econômicas e de Produção da CGU, Guilherme Mascarenhas.

O principal problema da concessão do seguro-defeso é que os dados são declarados pelos próprios beneficiários. Além disso, muitos trabalhadores informais recebem o benefício, o que dificulta o rastreio da fonte de renda para justificar a suspensão do pagamento. Há ainda uma parcela considerável (19%) que recebeu o dinheiro sem ser ser pescador

Entrevistas. Os resultados foram obtidos a partir de entrevistas feitas com 2,3 mil beneficiários em 126 municípios. O objetivo era saber se os segurados exerceram a pesca entre 2013 e 2014, período alvo do levantamento. Os técnicos da CGU ressaltam que o quadro de irregularidades se mantém. Em alguns municípios, o cenário é pior do que na média nacional: em Xique-Xique, na Bahia, o resultado mostra que 72,9% dos benefícios são irregulares.

Diante das brechas, o número de cadastros para recebimento do seguro saltou 92,4% entre 2008 e 2015, atingindo a marca de 1 milhão de beneficiários. Com isso, o custo do programa saiu de R$ 602 milhões para cerca de R$ 2 bilhões no período. Por precaução, o governo suspendeu a realização de novos cadastros.

Segundo Mascarenhas, a transferência da Secretaria da Pesca do Ministério da Agricultura para o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) dificultou o trabalho dos técnicos, uma vez que se perdeu a estrutura de fiscalização, com o apoio dos auditores. Uma segunda transferência da Pesca, agora para a alçada da Presidência, tampouco resolve o problema.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em mais uma derrota para o governo no Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados aprovou, no início da tarde desta quinta-feira (5) em plenário, projeto de Decreto Legislativo que susta portaria interministerial proibindo o pagamento do seguro-defeso por até 240 dias. De autoria do deputado Silas Câmara (PSD-AM), a proposta foi aprovada por votação simbólica. O governo não pediu contagem porque previa a derrota. A matéria, agora, segue para o Senado, onde o decreto legislativo precisa ser aprovado para que tenha efeito.

O projeto sustou a portaria interministerial 192, de 5 de outubro de 2015, que suspendia por até 120 dias o seguro defeso, podendo ser prorrogado por igual período de tempo. Segundo a portaria, nesse intervalo, serão realizados o recadastramento dos pescadores artesanais pelo Ministério da Agricultura e a revisão dos períodos de defeso por Comitês Permanentes de Gestão e Uso Sustentáveis de Recursos Pesqueiros. Nesse período, o pagamento do seguro-defeso deve ser suspenso.

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Para Silas Câmara, a portaria interministerial é uma "clara manobra" do governo para não pagar o seguro-defeso e visa prejudicar os pescadores. "Desde quando precisa suspender o pagamento do seguro-defeso para poder realizar recadastramento e revisão por comitês?", questiona o autor no projeto de decreto. De acordo com parlamentar, a portaria do Poder Executivo também invade a competência do Congresso Nacional de legislar.

Quando suspendeu o seguro, no início do mês passado, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, argumentou que a paralisação coincidia com o fim do período de proibição da pesca e da consequente liberação da atividade pelos próximos oito meses. "Assim, não há prejuízo social para os pescadores nem risco predatório para o meio ambiente", disse a ministra na época.

O seguro foi suspenso em decorrência de suspeita de fraude. O ministério argumenta que existem discrepâncias entre o número de beneficiários registrados no último censo do IBGE, de 2010, e o volume de recursos investidos no programa e os cadastros de pescadores que servem de base aos pagamentos. "O governo não queria acabar com o seguro, quer é exorcizar os fraudadores", disse o deputado José Guimarães (PT-CE), sinalizando que o governo iria tentar derrubar o projeto no Senado, onde tem maioria.

Nesta quinta-feira (22), a Polícia Federal começou uma operação de combate a fraudes no benefício do seguro-defeso ao pescador artesanal do Pará. Estão sendo executados 17 mandados de prisão temporária e 17 de busca e apreensão, a maioria nas cidades de Belém e Ananindeua, capital e Região Metropolitana, além de Soure, Cametá, Santa Isabel e Altamira, municípios do Marajó, nordeste e sudoeste paraenses.

Chamada de "Arapaiama", referente ao peixe símbolo do Norte e do Rio Amazonas, o Pirarucu, a operação tem como objetivo apurar e identificar os membros de uma organização criminosa especializada em fraudar o seguro-defeso concedido pela Superintendência Federal da Pesca no Pará (SFPA) e por outros órgãos competentes. Segundo a PF, as atividades criminosas eram, principalmente, a concessão fraudulenta do defeso a pessoas que não eram pescadores artesanais por meio da inserção de dados falsos no sistema de registro geral da pesca (RGP).

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Os presos serão conduzidos à Superintendência Regional da Polícia Federal no Estado do Pará, para interrogatórios. Todos vão ser indiciados por estelionato, corrupção passiva e ativa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e crime de associação criminosa.

O Seguro-Desemprego do Pescador Artesanal, ou seguro-defeso, é um benefício do Governo concedido ao pescador profissional artesanal durante o período de paralisação da pesca para preservação das espécies. O valor corresponde a um salário mínimo por mês durante toda a temporada de suspensão da pesca.

Só fará jus ao seguro o pescador artesanal que tiver na pesca sua única fonte de renda. Para tanto, o Ministério da Pesca está melhorando o sistema do Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), que é a principal fonte de informação e que gera o documento básico (a Carteira de Pescador Profissional) para que o pescador possa requerer o benefício ao INSS.

 

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