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A atriz e jornalista baiana Maíra Azevedo, conhecida como "Tia Má", chegou ao Recife neste sábado (18) para comandar o painel da 2ª edição da Expo Preta, exposição autoral voltada ao afroempreendedorismo e empoderamento de pessoas negras. O evento, que acontece no mês em que a Consciência Negra é celebrada, é sediado no shopping RioMar, na Zona Sul da capital pernambucana. A programação é gratuita e se encerra neste domingo (19), às 21h.

Em entrevista ao LeiaJá, Tia Má celebrou a chegada ao Recife e disse estar ansiosa para conhecer o também jornalista e ativista negro Pedro Lins, que dividirá com ela o painel de exposições culturais e artísticas. 

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“Já conheço Recife e adoro o Recife. Sou apaixonada pelo Nordeste brasileiro. Sempre digo que sou muito bairrista, tenho orgulho de ser baiana e nordestina, e acho que a gente tem a melhor região. Conheço Pedro das redes sociais, e a gente sempre troca carinhos virtuais, mas é a primeira vez que a gente vai se encontrar pessoalmente. A ideia do painel é exatamente fortalecer essas pessoas, é um painel de exposição. Às vezes a gente esquece a importância de expor, de mostrar o trabalho da gente. Sempre falo, como comunicadora, que não basta ter o empreendimento, é preciso comunicá-lo. Anuncie a mercadoria, diga o que está vendendo. A comunicação é fundamental para quem empreende", disse a artista.

Para Maíra, empreender "é natural para gente preta". Formada em jornalismo e também atuante no teatro, Maíra Azevedo passou a receber destaque nacional após investir na criação de vídeos para as redes sociais. O que surgiu como uma atividade de lazer, para matar o tempo em que passava no trânsito, acabou se tornando uma ponte para trocar experiências com outras pessoas, dar conselhos e oferecer ajuda. O público da atriz é majoritariamente feminino e, em especial, formado por mulheres pretas. Assim, para ela, empreender tornou-se também sobre vender ideias e saber "se jogar" enquanto profissional e pessoa pública.

“Fui entendendo que eu não falava só do que me atingia; quando eu falo de violência contra a mulher, de combate ao racismo, de combate às diversas formas de opressão, não falo só de mim, falo de milhares de pessoas. No início, eu tinha muita resistência, levava sempre como uma brincadeira. A gente sabe que, antigamente, trabalhar com rede social por muito tempo era visto como algo ruim, pejorativo, "blogueirinha". Eu não queria ser uma blogueirinha, até entender o impacto e a força desse trabalho. É importante comunicar para além dos meios tradicionais. Poder falar com mulheres pretas, com a cara parecida com a minha, que elas não devem se sujeitar a qualquer coisa, pra mim, é um grande trabalho de comunicação", acrescentou a comunicadora.

Expo Preta RioMar

A segunda edição da Expo Preta começou nessa sexta-feira (17) e vai até o domingo (19), no Shopping RioMar Recife. O evento vai reunir mais de 50 afroempreendedores de várias partes da Região Metropolitana e uma rica programação cultural, contando este ano com a presença da rapper Negra Li, Tia Má e a grife Negra Rosa. A curadoria do evento é do Futuro Black. Como novidade na programação deste ano haverá um desfile de moda, comandado pelo estilista senegalês Lassana Mangassouba. 

Confira a programação completa 

Dia 17/11 (Sexta-feira)

13h, 14h e 15h – Oficinas de Afrobetização – Jogos de leitura e contação de histórias, com Gláucio Ramos   

16h – Apresentação de Jason MC 

16h30 – Apresentação de Alaka MC  

17h – Apresentação de Bione  

17h30 – Painel “Protagonismo feminino na arte”, com Tássia Seaba e Nathê Ferreira. Mediação de Rafaella Gomes. 

19h – Abertura oficial da Expo Preta RioMar, com show de Negra Li e apresentação de Pedro Lins 

19h às 21h – DJ Rainha do Recife 

Dia 18/11 (Sábado)

13h – Apresentação da Twerk Recife  

14h – Painel “Histórias que inspiram”, com Edna Dantas e Jarda Araújo. Mediação de Julio Pascoal.  

15h – Apresentação do “Maracatu Encanto do Pina” 

15h30 – Painel “Letramento Racial”, com Manoela Alves e Diogo Ramos. Mediação de Dayse Rodrigues  

16h30 – Apresentação do Afrobaile B2B Baile Charme, com DJ Boneka  e Phino  

17h10 – Desfile de moda africana com o estilista Lassana Mangassouba 

18h – Painel com Tia Má e mediação de Pedro Lins   

19h – Painel: “Educação Financeira”, com Viviane Silva 

20h às  21h – Apresentação do DJ Makeda 

Dia 19/11 (Domingo)

12h – Painel “Saúde Mental e Saúde Integrativa”, com Maria Beatriz e Andreza dos Anjos 

12h30 às 14h – Apresentação da DJ VIBRA 

13h30 – Desfile Moda Mangue  

14h – Apresentação “Toda Música tem história pra contar”, com Kemla Baptista 

15h – Painel “Comunicação antirracista”, com Sharon Baptista e Lenne Ferreira. Mediação de Thiago Augustto.    

16h – Painel ”Religiões de matrizes africanas”, com Neto de Osa e Janielly Azevedo. Mediação de Jamesson Vieira.  

17h – Apresentação das Sereias Teimosas 

17h30 – Pocket do Espetáculo “Território de Passos e Sonhos” do Balé Deveras 

18h – Pocket Show de Gabi do Carmo  

20h – Apresentação de Afromaica

No mês que marca a Consciência Negra, o RioMar Recife e o Instituto JCPM de Compromisso Social promovem a 2ª Expo Preta RioMar, mostra autoral que evidencia, celebra e difunde a cultura negra e o afroempreendedorismo. O evento ocorre entre os próximos dias 17 e 19 de novembro, reunindo produtos, serviços, artes visuais, música e painéis de conteúdo, para incentivar a sociedade a refletir sobre representatividade e igualdade racial.

Reconhecida e premiada já no seu primeiro ano, a Expo Preta RioMar chega à segunda edição ainda mais potente. Todas as demais atividades oferecidas de sexta a domingo no Piso L3 do RioMar Recife são gratuitas.

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A programação diversificada traz como novidades da edição de 2023 um desfile de moda comandado pelo estilista senegalês Lassana Mangassouba e o Espaço Literatura Preta, ocupado por escritoras, educadoras, contadoras de histórias e empreendedoras sociais recifenses, como Jaqueline Fraga, autora de "Negra Sou", finalista do prêmio Jabuti.

Haverá, ainda, uma área dedicada às crianças e adolescentes, com jogos online da startup pernambucana Mangrove Game Studio. ​

Outro destaque é o painel mediado pelo jornalista Pedro Lins com Tia Má, atriz, comunicadora, escritora, ativista e comediante que faz crítica com humor sobre questões como racismo, xenofobia, gordofobia, relacionamento, sexualidade e autoestima no seu stand up "Tia Má Com a Língua Solta" e em programas de televisão.

"A Expo Preta RioMar é um movimento que reflete o compromisso do Grupo JCPM com a inclusão econômica e a valorização da cultura negra em todas as suas nuances", destaca a diretora de Desenvolvimento Social e Relações Institucionais do Grupo JCPM, Lucia Pontes. 

A gerente de Marketing do RioMar Recife, Denielly Halinski, também ressalta a relevância da mostra. “Estamos felizes em promover a 2ª edição da Expo Preta RioMar em parceria com o IJCPM. Trata-se de um projeto autoral que reúne negócios, cultura e conteúdo em um só evento. De forma democrática e inclusiva, a mostra valoriza as iniciativas de afroempreendedorismo originadas no Pina e Brasília Teimosa, contemplando este ano também outros territórios do Recife. O evento está consolidada e já integra o calendário anual do RioMar Recife”, pontua.

A partir de painéis de conteúdo, oficinas, mostra de artes visuais e apresentações culturais de classificação livre, a programação da 2ª Expo Preta RioMar abraça todas as pessoas. "Trata-se de uma iniciativa de enorme valor agregado para promover a reflexão sobre os desafios enfrentados na construção de uma sociedade sustentável. Tudo isso construído de forma coletiva, inclusiva e plural", ressalta a gerente de Sustentabilidade do Grupo JCPM, Thayara Paschoal. 

O envolvimento das pessoas afroempreendedoras em todas as etapas do projeto é um dos princípios norteadores da Expo Preta RioMar desde a sua concepção. Conteúdos, atrações artísticas, expografia e programação em geral são formatados através da escuta e do reconhecimento da riqueza da cultura negra em todas as suas nuances.

"O evento ecoa a voz e as experiências das comunidades, de onde surgiu o anseio de pautar o tema do enfrentamento à desigualdade racial, para marcar o Mês da Consciência Negra. O engajamento do público geral nessa discussão  produz um efeito multiplicador, essencial ao fomento de uma cultura inclusiva", salienta a gestora de Diversidade e Inclusão do Grupo JCPM, Juliana Martorelli.  

*Da assessoria 

Com o objetivo de pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ele indicar uma mulher negra para o Supremo Tribunal Federal (STF), uma organização composta por movimentos negros de todo o território nacional lançou, nesta quinta-feira (31), o site ministranegranostf.com.br, por onde a população consegue enviar um e-mail para o líder petista cobrando a indicação.

Em outubro deste ano, a ministra Rosa Weber se aposentará do seu cargo que está desde 2011, quando foi indicada pela ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) para ocupar uma cadeira no Supremo. Sendo assim, Lula terá a responsabilidade de escolher um nome para substituir a vaga da ministra.

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“Ter uma ministra negra progressista no STF é essencial para avançar na necessária transformação do sistema de justiça brasileiro, não só pela importância de ver o povo representado nas esferas de poder, mas por todas as mudanças estruturais na forma como a justiça é aplicada. E não há melhor momento para esse avanço do que em um governo progressista”, declara o movimento.

Baixa representatividade

Em 132 anos de existência do STF, somente três dos 171 ministros eram homens negros e três eram mulheres brancas. O STF nunca teve uma mulher negra em uma de suas cadeiras.

“O presidente Lula tem sido pressionado para escolher mais um homem branco e nós não podemos ficar de braços cruzados. É preciso levar nossas vozes à Brasília. Faremos História pressionando Lula para que ele nomeie uma ministra negra”, pontua a organização dos movimentos ao afirmar que a indicação de uma “mulher negra progressista para o STF não é um favor, é reparação histórica”.

A meta do site é enviar 500 mil e-mails para o chefe do Executivo nos próximos 20 dias. “Temos 20 dias para enviar 500 mil e-mails para Lula e levar, representados pelos movimentos negros e feministas, pessoalmente, nossa pressão ao presidente. Pressione agora! Precisamos ser meio milhão de vozes para pesar na decisão final, fazendo um só pedido: queremos uma ministra negra progressista no STF em outubro”.

Reações

Através de suas redes sociais, parlamentares negras compartilharam a campanha. Elas dizem que a vaga deixada por Rosa Weber em outubro precisa ser substituída por uma mulher negra pois “vivemos em um país com mais da metade da população composta por mulheres e pessoas negras”, segundo o IBGE. Ou seja, para eles precisa ter alguém que represente esses números.

“Nas próximas semanas, o Presidente Lula nomeará aquela que ocupará o órgão guardião da Constituição Federal pelas próximas décadas, e não aceitaremos mais um ministro conservador. Queremos a primeira ministra negra progressista da história no STF”, escreveu a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP).

Reprodução/Twitter

A vereadora de Salvador Laina Crisóstomo (PSOL-BA) disse que Lula “foi eleito com o voto das mulheres negras” e por isso espera uma mulher negra no STF. A parlamentar disse que já tem até uma lista tríplice com os nomes da doutora em ciências jurídico-políticas Livia Sant'Anna Vaz, da doutora em Direito Penal Adriana Cruz e da pós-doutora em Teorias Jurídicas Contemporâneas Soraia Mendes.

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No início desta semana, a jornalista Maíra Azevedo, mais conhecida como Tia Má, causou o maior rebuliço na internet. A baiana usou o Twitter para dizer que não concorda com a expressão 'passar pano' - termo usado por alguém que faz vista grossa para assuntos polêmicos.

"Odeio a expressão 'passar pano', considero classista, elitista e racista. Passar pano é uma atividade doméstica,uma das tarefas da limpeza de casa, e quem é historicamente a empregada doméstica? As mulheres negras. É associar a limpeza a algo menor. Reflitam! #passarpanonao", escreveu ela no microblog.

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Após sua reflexão, Tia Má acabou sendo criticada por diversos usuários da rede social. "Infelizmente não poderei te apoiar nesse lacre, Tia Má", ironizou um dos internautas. "A militância equivocada que muito atrapalha o desenvolvimento de ideias progressistas no Brasil resumida em 1 tweet", comentou outro.

Ainda na plataforma, Tia Má disse: "Problematizar faz parte da construção das narrativas. As discordâncias também! Já os ataques fazem parte da cultura que celebra a opressão e rir daquilo que gera dor! Se constrói um olhar a partir das experiências e vivências!".

Veja:

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Em tempos de pandemia, a tristeza e alegria caminham quase lado a lado. Embora esteja de quarentena, a jornalista Maíra Azevedo, mais conhecida como Tia Má, emocionou os seguidores com uma boa notícia. No Instagram, ela afirmou que está grávida. A baiana já mãe de um menino, o Aladê, de 12 anos.

"Comecei a perceber umas mudanças no meu corpo, mas com tanta coisa acontecendo no mundo, achei que poderia ser preocupação. Em menos de três minutos descobri: grávida", disse ela, posando com um teste de gravidez na foto. "Agora é hora de celebrar e acreditar que essa notícia é mais um motivo para eu seguir tendo esperança que dias melhores sempre chegam!", finalizou.

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Depois que fez a revelação, Tia Má recebeu mensagens dos internautas lhe parabenizando pela chegada do segundo filho. A cantora Preta Gil também deixou um comentário para a amiga. "Aí que começa a briga das Dindas agora. Eu já te amo antes de vocês nascer! Te amo, comadre", brincou a artista.

Confira:

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“Mulher preta, jornalista, nordestina, gorda, mãe solo. Alguém que aprendeu sobreviver diante das diversas perversidades e decidiu não se furtar diante da luta. Alguém que percebeu que é importante se posicionar, porque quando você faz isso é uma forma de resistência. E se você resiste, você continua resistindo”, é assim que Maíra Azevedo, mais conhecida como Tia Má, se define.

Um sucesso nas redes sociais, a jornalista soma mais de 200 mil fãs na internet. Seus vídeos rendem vários compartilhamentos e muita repercussão. Com seu jeito simpático e irreverente de falar sobre assuntos cotidianos, a youtuber já totaliza milhões de visualizações. Levantando a discussão sobre empoderamento negro, feminismo e representatividade da mulher negra, Tia Má foi eleita uma das mulheres negras mais influentes da internet, em 2015.

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Com tanta repercussão, hoje ela é colaboradora do programa Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, e roda o Brasil com o seu stand-up Tia Má com Língua Solta. Em visita ao Recife para participar de um evento promovido pela Prefeitura do Recife, em comemoração ao Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha, Maíra concedeu entrevista ao LeiaJá para compartilhar um pouco sobre sua carreira, visão sobre questões de representatividade no país e empoderamento.

LeiaJá: Você foi a primeira mulher negra a ter um stand-up no país. Como foi a receptividade do “Tia Má com Língua Solta”?

Maíra Azevedo: Para mim, é uma grande surpresa, porque de fato as pessoas queriam isso. Era pedido alguém que falasse por elas. A gente é muito carente ainda no quesito representatividade negra na arte e nos palcos. E quando, de repente, uma mulher fazendo humor, mas de forma que não deprecia, mas, sim, celebrando a diversidade é algo fantástico. Eu já lotei teatros fazendo piadas com a graça das nossas forças, mas não das nossas fraquezas.

LJ: Em seus discursos você já falou que usa o humor como uma ferramenta de reflexão. Para tanto, houve alguma preparação antes do stand-up ir aos palcos? Como foi o processo de montagem?

MA: Não houve esse processo. Eu não me percebi uma pessoa engraçada, mas meus amigos sempre diziam que riam comigo. Eu achava, até então, aquilo muito diferente. Foi quando um grupo de amigos - Lázaro Ramos e Elísio Lopes Júnior - disseram que meu jeito e forma de falar deveria encontrar espaço nos palcos. Na verdade, foi através do chamado deles dois que me fez ter coragem para sair das redações e encarar os palcos.

Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

LJ: Hoje você participa como uma das colaboradoras do programa Encontro com Fátima Bernardes, na Rede Globo. Na sua análise, qual a importância de ter a presença negra em um espaço que é predominado por pessoas brancas? E como você se sente de fazer parte desse espaço?

MA: Eu sempre falo que quando estou ali eu acabo representando até quem não se sente representada por mim. É um lugar de honra, privilégio, mas, também, de muita responsabilidade. O racismo faz com que a todo momento eu esteja sendo testada. Tenho a certeza que existem pessoas que esperam um erro ou equívoco meu no ar.

É isso, quando uma pessoa preta erra ela entra no limbo. A branquitude racista detesta que eu esteja ali, justamente por causa do meu discurso de empoderamento e que sai do óbvio. Sendo esse, que se propõe a fortalecer essas pessoas que são historicamente oprimidas. Para essas pessoas com esse pensamento, é muito ruim ter a minha presença naquele lugar, ocupando aqueles espaços. Mas, eu sempre digo que estar ali não é só uma vitória minha, é uma conquista coletiva de pessoas que vieram antes de mim.

LJ: Nos últimos anos, a presença de personalidades negras no cinema e TV tem sido discutida. Há uma falta de representatividade em funções importantes nesses espaços. O que realmente falta para modificar esse cenário?

MA: Realmente, é uma questão que está inteiramente ligada ao racismo. A gente precisa tratar dessas questões. A mulher negra é a base da pirâmide social. Então, quando eu digo que participar de programas de TV é uma questão de representar até quem não se identifica é porque a mulher negra vai ter que lutar contra o machismo e, também, contra o racismo. Há essas duas problemáticas.

E para muitas pessoas, ocupar esses espaços ainda é algo imaginável. Ainda é essa mesma parcela da população, que acredita que o lugar da mulher negra é na cozinha e no bastidor. Devendo assumir uma figura animalesca e de fetiche. Estar na TV é um lugar de poder e estou lá ocupando esses espaços com muita luta e dedicação.

O livro 'Sejamos Todos Feministas', da escritora negra Chimamanda Ngozi Adichie, propõe, entre outras discussões, o exercício da empatia nas relações sociais. Na sua visão, qual seria o processo para a construção de uma sociedade em que a mulher alcance a igualdade de gênero?

MA: Hoje tudo perpassa pela educação. Muita gente ainda insiste em dizer que tudo é ‘mimimi’, que estamos falando muito sobre o assunto. Mas devemos continuar falando justamente porque é como se fosse aplicar o processo da psicologia chamado de Behaviorismo - que discute que quando mais se fala, mais se absorve. Atribuido ao processo ligado ao estímulo a resposta.

Então, quando você tem que bater sempre na tecla para que as pessoas exercitem a eliminação desses comentários e ações arcaicas e reacionários. Avançamos muitos, mas temos ciência que há muita coisa a ser feita e superada. Vamos continuar falando sim, para que possamos chegar em um mundo em que minimamente seja mais igualitário e possível.

Questionada sobre os desafios de ser mulher e negra no Brasil, Maíra Azevedo conta em vídeo a sensção e desejos de mudança para a realidade atual; confira:

LJ: Neste ano, na sua palestra realizada no TEDx você falou sobre o processo de silenciamento atribuído historicamente às mulheres negras. A discussão dessa problemática é antiga. Por que ainda continuamos? Quais são os caminhos para modificá-la?

MA: Exercer o processo de escuta. Quando uma mulher negra estiver falando da sua vivência, da sua história é necessário ouvir. Quando a gente separa e trata das especificidades a gente não está dividindo, a gente está multiplicando a luta. Tem experiência minha como mulher negra que mulher branca não vai entender. Ela não vai entender o que é ser ridicularizada pelo seu cabelo. Historicamente quem foi ridicularizada por ser negra do cabelo cabelo duro, que tem cabelo de 'bombril'.

Então, a gente precisa exercer a escuta, ouvir e respeitar a fala da outra. Precisamos colocar a empatia em prática. Entender que a fala de uma mulher é de algo real, é algo que não vivencio, mas é verdadeiro e merece ser combatido. Acho que a partir desse momento que esse silenciamento vai ser quebrado, com a capacidade de você escutar a voz da outra.

LJ: Em 2015, você foi eleita uma das 25 mulheres negras mais influentes da internet. Hoje, você mantém canal no youtube e é presença ativa nas redes sociais, compartilhando conteúdos de forma espontânea e sobre assuntos do dia a dia. Como você pensou em começar a compartilhar esse tipo de conteúdo na rede?

MA: Comecei através do Facebook, mas isso já mudou. Tenho contas no Instagram e Youtube. Essa ideia surgiu justamente por ser uma repórter de redação e, nesses espaços, você vai ser pautado a escrever sobre coisas que eventualmente não gosta e não quer. Muitos desses assuntos é algo que não faz parte da sua realidade. Então, eu quis fazer meus vídeos para compartilhar coisas que eram de meu interesse e conversar sobre assuntos do meu cotidiano e de mulheres que, assim como eu, vivem narrativas interessantes.

Futuro - Como tanta história para contar, Tia Má planeja lançar em breve um livro, compartilhando as vivências de sua carreira como jornalista e influenciadora digital. A youtuber também conta que está na preparação de projetos ainda “secretos”. Mas, quando questionada sobre o desejo de ter um programa solo na TV disse que “seria um prazer”.

Nos dias 24, 25 e 28 de julho, a Prefeitura do Recife irá promover atividades para celebrar o Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha. Nesta terça-feira (24), a partir das 17h, a jornalista Maíra Azevedo, a Tia Má, estará no Pátio de São Pedro para debater sobre o feminismo negro. 

A baiana, uma das integrantes do programa "Encontro", de Fátima Bernardes, retrata no seu canal do YouTube assuntos do cotidiano, como racismo, autoestima, machismo e relação amorosa, através de muito humor.

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Com pontos espalhados em diversos lugares na área central do Recife, a "Feira da Ancestralidade e Resistência" será composta por debates, serviços sociais, oficinas e apresentações artísticas.

Programação da Feira da Ancestralidade e Resistência nesta quarta-feira (24), em comemoração ao Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha:

8h30 - Alvorada - com apresentação de afoxé

9h às 12h - Oficina gastronomia - Religiões de matriz áfrica, afro-brasileira e a gastronomia afro no empoderamento feminino. Cinthia Fabiana e Jorge Arruda. 

14h30 - Oficina de poesia com Adailta Alves - Ancestralidade

16h às 18h- Programação infantil -  contação de histórias oriundas do continente africano

16h - Roda de diálogo - Essa ciranda é de todas nós – Arte e ancestralidade da mulher negra latinoamericana e caribenha, com as artistas Lia de Itamaracá e Janaína Gomes e mediação da jornalista Karol Pacheco.

17h - Roda de diálogo - reExistência – a quem será que se destina? Novas plataformas de difusão do feminismo negro com as youtubers Tia Má, de Salvador, Uana Mahin, de Recife. A mediação é da jornalista de Lenne Ferreira. 

18h - Recital Boca no Trombone + Slam das Minas

Programação musical (com curadoria da Aqualtune Produções):

19h - Lia de Camaragibe

20h - Flor de Mulungu

Perfomance Aurora Boreal

21h - Isaar

22h - 808 Crew

22h30 - Rayssa Dias

Dj Mayara Cajueiro nos intervalos 

Após ataques racistas contra a Jornalista Maíra Azevedo, mais conhecida como Tia Má, um homem já foi identificado pelas autoridades policiais por ter feito ameaças de morte e ter cometido injúria racial. O suspeito foi intimado a comparecer nesta terça-feira, 6, na 1ª Delegacia Territoral dos Barris, em Salvador.

Segundo a Delegala Maria Dail, o suspeito e a família foram intimados a comparecer para prestar depoimentos. Para não atrapalhar as investigações, o nome do homem não foi divulgado. Ele afirma não ser o autor dos crimes.

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De acordo com a delegada, ela teria entrado em contato com o homem por telefone. “Nesse primeiro contato ele negou as acusações, disse que não foi ele que cometeu os crimes, mas temos o número dele”, disse. A polícia conseguiu encontrá-lo após quebra de sigilo telefônico do aparelho que ele fazia as publicações.

Relembre o caso

Tudo começou após uma transmissão ao vivo no Instagram, quando o suspeito a chamou de "Monkey", que significa "Macaco" em inglês, e o suspeito ainda colocou a imagem de um emoticom. Devido a repercussão do caso, a jornalista passou a receber ameaças de morte do agressor.

Maíra não se calou nas redes sociais "Jamais vou me furtar do meu direito de seguir combatendo as mais diversas formas de discriminação. Não quer ser exposto? Não cometa crimes! Não vai me intimidar com ameaças!", disse a digital influencer. 

 

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Foto: Reprodução / Facebook

Nesta quinta-feira (1), a Digital Influencer e Jornalista Maíra Azevedo, mais conhecida como Tia Má compartilhou em suas redes sociais que recebeu ligações e mensagens de texto com ameaças de morte do internauta que a chamou de “monkey”. Após o acontecido, a humorista se dirigiu para a 1ª Delegacia Territorial no bairro dos Barris, em Savador.

Tudo começou quando um usuário chamou a jornalista de “monkey”, que significa “macaco” em português, durante uma transmissão ao vivo no Instagram. A humorista denunciou o caso para a promotoria de Justiça de Combate ao Racismo no Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA).

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Nas redes sociais um print foi compartilhado com as ameaças do internauta que afirma ter conseguido o número do contato de trabalho e saber onde mora a Digital Influencer. “O racista não suportou a repercussão do caso, pegou meu contato de trabalho, me ligou e está me fazendo ameaças, enviando mensagens para meu celular de trabalho.”

Em outro post, Maíra compartilhou uma foto de quando prestou a segunda queixa dessa vez de ameaças que recebeu do agressor e estava acompanhada de uma comitiva de quatro advogados.

"O racismo não nos dá descanso! Não importa onde, nem quando, nem como, racistas sempre encontram uma forma de tentar nos abater. Mas eu, mulher, preta, nordestina, forjada na luta, herdeira de uma dinastia de guerreiras, não vou sucumbir!", afirmou a jornalista através das redes sociais.

“Ainda que eu morra, morrerei lutando pelo que eu acredito!”.  Maíra agradece o apoio que tem recebido dos seguidores e relembra ao agressor, “Não quer ser exposto? Não cometa crimes! Não vai me intimidar com ameaças!”.

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