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A Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) de São Paulo informou que a cidade registrou 45 casos de toxoplasmose em diferentes regiões desde março, o que significa que há um surto da doença, já que foram confirmadas mais de duas infecções na capital.

A Covisa informou em nota que os casos passaram a ser monitorados após a coordenadoria e o Centro de Vigilância Epidemiológica recomendarem a notificação de ocorrências graves da doença. "A vigilância está realizando investigação com objetivo de identificar, monitorar e verificar a magnitude dos casos, bem como as situações de risco - fontes de alimento ou água contaminados - que possam estar contribuindo para o aparecimento destes casos".

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Em junho do ano passado, o município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, também enfrentou um surto da doença, com o registro de mais de 500 casos.

De acordo com a médica infectologista Márcia Yamamura, a toxoplasmose é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Toxoplasma Gondii e apresenta sintomas semelhantes ao de gripe ou dengue, como febre alta e dores musculares.

"A contaminação pode ocorrer de três formas: por água e alimentos contaminados por fezes de gatos que possuem o toxoplasma, carne crua infectada ou quando a mãe passa para o bebê. Quanto aos riscos, além de a infecção causar dores no corpo, pode ocorrer convulsões e até cistos no cérebro, causando problemas neurológicos. Nas gestantes, podem ocorrer abortos ou transmissão para a criança, que pode ter retardo no crescimento uterino, entre outros problemas que prejudicam o seu desenvolvimento", explica.

A médica infectologista alerta sobre a importância de manter a higiene da casa para evitar a contaminação. "É muito comum os gatos defecarem na caixinha de areia e depois subirem em cima da pia ou em outros objetos, que acabam contaminando os alimentos. Por isso, é importante sempre lavar os alimentos, limpar os utensílios de cozinha, comprar carne crua de boa procedência, cobrir os locais que as crianças brincam para que os gatos não defequem neles e não tomar leite pasteurizado".

Agentes do Ministério da Saúde buscam identificar a origem do surto de toxoplasmose que atinge o município de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, até o dia 7 de junho foram registrados pelo menos 510 casos da doença, além de 212 que ainda estão sendo investigados.

O órgão federal afirmou que além do monitoramento do surto, a pasta implementará em Santa Maria orientações técnicas para notificação, diagnóstico e tratamento; contato com médicos e especialistas na doença; e aquisição de insumos para a realização de análises laboratoriais.

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Em Santa Maria, os agentes coletaram sete amostras de água e recolheram lodo dos reservatórios das regiões onde há registros de casos de toxoplasmose. O material foi encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul para análise. Em seguida, as amostras serão enviadas para a Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. Os resultados devem ser divulgados em até 15 dias.

Segundo o Ministério da Saúde, a toxoplasmose é conhecida como doença do gato e é causada por um protozoário. A patologia apresenta quadro clínico variado, desde infecção assintomática a manifestações sistêmicas graves. A contaminação em humanos ocorre de três formas: contato direto com solo, areia e latas de lixo infectadas com fezes de gatos portadores da doença; ingestão de carne crua ou mal cozida infectada (principalmente carne de carneiro e de porco); e infecção transplacentária durante a gravidez.

O órgão federal alerta que para prevenção da doença deve-se evitar o consumo de carne crua ou mal cozida; eliminar fezes de gatos infectados em lixo seguro e proteger as caixas de areia do animal; lavar as mãos após o contato com terra contaminada; e evitar o contato com gatos durante a gravidez.

Um surto de toxoplasmose de grandes proporções atinge a cidade gaúcha de Santa Maria. O município já havia virado notícia no País há cinco anos, quando o incêndio na Boate Kiss, em 27 de janeiro, deixou 242 mortos e 680 feridos. Causada por um protozoário, a doença traz mais riscos de complicações para pessoas que estão debilitadas (transplantados, pacientes que tomam quimioterápicos e remédios para algumas doenças autoimunes, como artrite reumatoide), gestantes e pessoas que apresentam problemas oculares.

São pelo menos 510 casos confirmados da doença pelas secretarias municipal e estadual, incluindo 2 abortos, 2 óbitos fetais e 2 casos congênitos, quando a doença é adquirida durante a gestação. Há ainda 212 casos em investigação, dos quais 133 em gestantes, 1 aborto e 17 bebês. O quadro, que configura o maior surto da doença no País, começou a ser identificado em abril e levou médicos e autoridades sanitárias a mudarem a política de atendimento e até mesmo a aconselhar casais a adiarem os planos de gravidez.

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Em meio ao drama vivido pelos pacientes, uma caçada em busca da origem do surto teve início. Entre as principais suspeitas está a contaminação da água. Há confirmação da infecção em vários bairros da cidade, a 292 km de Porto Alegre. Mas outros fatores estão em análise, como a contaminação de frutas, verduras e carnes. "Nenhuma hipótese está descartada. Temos muitas dúvidas e nenhuma resposta", admite a secretária municipal de Saúde de Santa Maria, Liliane Mello Duarte.

Na sexta-feira, uma equipe do Ministério da Saúde destacada para investigar as causas do surto retornou a Brasília, levando na bagagem questionários feitos com pacientes.

Foram quase dois meses de trabalho. Com a lista de mais de 50 perguntas, equipes procuram identificar comportamentos em comum para chegar à fonte. "Ali estão contidas questões como os locais onde alimentos são adquiridos, as refeições que a pessoa faz fora de casa, os locais que frequenta e consome água, além da residência", afirma Alexandre Streb, superintendente de Vigilância em Saúde de Santa Maria, que coordena as investigações.

Enquanto as respostas não chegam, famílias são aconselhadas a tomar uma série de medidas de prevenção. Consumir apenas água fervida, lavar também com água filtrada os alimentos, evitar ingerir verduras cruas e carnes de procedência duvidosa ou pouco cozidas. "Mas até quando as pessoas vão evitar esses alimentos?", indaga a educadora física Andressa Messias.

Por ser uma doença negligenciada e pouco notificada, as estatísticas oficiais sobre toxoplasmose são pouco confiáveis. "Mas os números eram significativamente menores, 15, 20 casos por ano. Não se ouvia falar com preocupação da doença por aqui", afirma Streb. A médica Paula Flores Martinez acredita que o aumento de casos de forma tão rápida esteja associado ao agente da doença. "Existem três genótipos de toxoplasmose. Mas há possibilidade de haver genótipos mistos. Avalio que isso pode estar acontecendo."

Amostras de material genético foram retiradas de fetos e enviadas para a análise. "Somente então poderemos saber um pouco mais do que está ocorrendo", afirma a infectologista. Não há, porém, risco de casos se espalharem por outras cidades. "Exceto na gestação, não há transmissão de uma pessoa para outra."

Diante do aumento expressivo do número de casos, o protocolo de atendimento para pacientes foi alterado. Exames nas gestantes, antes feitos no primeiro e no último trimestre de gestação, agora são mensais. Em bairros que concentram maior número de casos suspeitos, postos de saúde realizam mutirões para o atendimento de pacientes.

Moradora do bairro Tancredo Neves, um dos pontos com maior número de casos em Santa Maria, Andressa Messias sabe pela própria experiência a dimensão dos danos da toxoplasmose. Grávida de dois meses, no início de março ela começou a sentir fortes dores de cabeça e enjoos. Foi a três médicos e o diagnóstico era sempre o mesmo: reflexos da gravidez. "Mas sabia que algo estava errado."

Como outras gestantes, Andressa foi recrutada para fazer o teste de toxoplasmose. O resultado, positivo, saiu em 17 de abril. "Entrei em pânico. Havia ficado dois meses sem nenhum tratamento, sabia das consequências para o bebê." Menos de uma semana depois, desconfiada, ela resolveu fazer um ultra-som. O bebê já havia morrido. Com mais de quatro meses de gestação, ela precisou fazer o parto induzido. "Tive todas as dores, as contrações. Mas saí de lá sem um bebê. Apenas com um vazio enorme que não sei quando será curado."

Incerteza

A cidade de mais de 278 mil habitantes vive na busca por respostas. "Temos muitas pistas, mas nenhuma certeza", admite Alexandre Streb, superintendente de Vigilância em Saúde de Santa Maria. Testes realizados na água que abastece a cidade até agora deram negativo para toxoplasmose.

Jéssica dos Santos, engenheira química da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul, afirma no entanto que o resultado negativo está longe de descartar o risco de água - nem a ideia de coletar o lodo existente nas caixas d'água de residências de pessoas que tiveram a infecção confirmada pode ser suficiente. "A estimativa é de que 60% dos testes feitos para detecção de protozoários em água sejam falso negativo. O exame é pouco preciso", afirma Jéssica.

Streb conta ainda que um trabalho de georreferenciamento está em curso para identificar casa a casa os pacientes com a doença e encontrar pontos em comum. Além disso, a pesquisa levará em consideração as obras viárias que estão em curso na região. "O objetivo é ver se, em algum ponto, estruturas possam ter sido danificadas."

Coletas também foram feitas em amostras de frutas e verduras comercializadas na cidade. Cultivos hidropônicos foram analisados. E estudos laboratoriais começam a ser delineados. Uma das propostas é fazer experimentos com porcos e galinhas. Eles receberiam amostras de água para verificar se também são infectados pelo protozoário. A estratégia foi adotada em Santa Isabel do Ivaí (PR), que na década passada enfrentou um dos maiores surtos de toxoplasmose da história mundial, com 484 casos confirmados.

O delegado da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul, Roberto Shorn, diz que a companhia de abastecimento se comprometeu a realizar uma limpeza em seus reservatórios centrais. Mas Jéssica alerta que o sistema doméstico de filtragem não é suficiente para barrar a passagem do protozoário. "As partículas são pequenas", conta. Daí a necessidade de se ferver a água.

Para a médica infectologista da Secretaria de Saúde de Santa Maria, Paula Flores Martinez, seria preciso também se analisar o sistema de distribuição. "É como o corpo humano: o problema pode não estar no coração, mas nas veias." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cerca de 77 mil crianças de até 14 anos estão cegas ou têm deficiência visual grave por doenças oculares que, em sua maioria, poderiam ter sido evitadas. A estimativa é do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, que lança no sábado o livro Prevenção da Cegueira e Deficiência Visual na Infância, no 60.º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Goiânia.

O estudo aponta para a retinopatia da prematuridade, catarata, toxoplasmose e glaucoma congênito como as principais causas da cegueira infantil. Em todos esses casos, o diagnóstico e a intervenção precoce podem reduzir o dano ou evitar a cegueira. A essas já causas já conhecidas, estudadas pelos médicos, somam-se ainda as sequelas da infecção por zika na gravidez.

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O problema é que não há uma rede de atenção estruturada, em que os pais recebem encaminhamento para o especialista, após identificado o problema, aponta a oftalmologista pediátrica Andrea Zin, uma das coordenadoras da publicação e pesquisadora do Instituto Fernandes Figueiras (IFF), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Nem mesmo o diagnóstico é garantido - o Teste do Reflexo Vermelho, conhecido como Teste do Olhinho, que permite identificar se a criança tem algum problema de visão, só é obrigatório em 16 Estados e no Distrito Federal.

"A visão exerce papel importante no desenvolvimento geral. Quando você intervém precocemente, evita que crianças sejam desnecessariamente cegas. Mas o teste do Reflexo Vermelho, que é de triagem, não é uma lei federal. Você tem dez Estados em que essa questão não está regulamentada", afirmou Andrea.

Em alguns casos, como o da catarata congênita, a criança precisa ser operada nos primeiros três meses de vida para evitar a cegueira. Em outros, como a retinopatia da prematuridade, o tempo é ainda mais exíguo - o médico tem até 72 horas depois de identificado o problema. A retinopatia afeta bebês prematuros em que vasos sanguíneos dos olhos cresceram de forma irregular e podem acabar forçando o descolamento da retina, o que leva à cegueira irreversível. Quando há esse crescimento irregular, é preciso fazer uma cirurgia a laser para retirar esses vasos.

Foi o que aconteceu com Gabriel, de 4 meses, nascido na 24.ª semana de gestação, com 614 gramas e 30 centímetros. Internado no IFF, passou por 16 exames até que o crescimento irregular dos vasos pudesse ser identificado. A cirurgia ocorreu a tempo. "Levei um susto quando a médica disse que ele poderia ficar cego. Fiquei com medo de deixar fazer a cirurgia e ao mesmo tempo que ele ficasse cego. Mas deu tudo certo. Ele vai ter acompanhamento e talvez tenha de usar óculos", disse a dona de casa Tássia da Conceição Marques, de 20 anos.

Tássia vive em Carmo, cidade serrana a 190 km da capital fluminense, e foi encaminhada para o IFF. "Existem bolsões de assistência, como Rio e São Paulo. Mas é preciso estruturar a rede pública, pois o pediatra não sabe para onde encaminhar a criança", disse Andréa.

Zika

Segundo a especialista, a zika será causa importante de cegueira infantil. O IFF tem programa de pesquisa para acompanhar 1 mil crianças cujas mães contraíram zika, mesmo que os bebês não tenham microcefalia. A médica tem encontrado alterações no nervo óptico que podem levar à cegueira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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