Tópicos | trabalho científico

Recentemente, notícias de plágio em trabalhos acadêmicos envolvendo pessoas públicas, como o mais recente ex-ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, trouxeram à tona a discussão sobre a importância de ter cuidado e atenção ao fazer citações em trabalhos, atribuindo o devido crédito a todas as fontes consultadas. 

Com a internet fornecendo milhares de textos e outras fontes de pesquisa, o acesso à informação se torna mais rápido, mas a possibilidade de apropriação indevida do conteúdo de terceiros cresce junto, dificultando a detecção do plágio em trabalhos escolares e acadêmicos, por exemplo. O LeiaJá procurou um especialista em direitos autorais para esclarecer dúvidas sobre o que é o plágio, como ele pode ocorrer no meio acadêmico e quais as possíveis formas de detectá-lo.  

##RECOMENDA##

Definição do plágio

Alexandre Henrique Tavares Saldanha é advogado e doutor em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), além de professor da Universidade de Pernambuco (UPE) e da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Ele define o plágio como uma reprodução falsa, o ato de publicar um conteúdo alheio sem dizer que o conteúdo é de outra pessoa. 

“Se eu ao escrever um artigo científico uso trechos alheios, tenho a obrigação de dizer quem são as pessoas responsáveis por esses trechos que eu estou usando, porque o receptor do meu conteúdo precisa saber que nem tudo que eu estou oferecendo fui eu quem criou. O plágio é uma falsificação de autoria, a questão não está no não autorizar, está em não atribuir corretamente o crédito de quem é o criador”, afirmou Alexandre.

O professor lembra ainda que há diversas formas de plagiar alguém (inclusive a si mesmo) em um trabalho acadêmico. Além do plágio direto, que é a forma mais óbvia, quando uma pessoa copia e cola conteúdo alheio sem atribuir o devido crédito, existe também o plágio indireto, que segundo Alexandre Saldanha, consiste na apropriação das ideias de outra pessoa sem a citação da fonte. “Apesar de eu não estar usando as palavras específicas de determinada pessoa, eu estou plagiando, informando que determinada conclusão é minha, mas não é”, disse o professor. 

Temos, ainda, a ideia do autoplágio, que é definida, de acordo com Alexandre, como a ausência de citação a um trabalho anterior feito pelo próprio autor da obra. “Digamos que eu publique um artigo hoje e daqui a um mês eu me cito sem dizer ‘isso são palavras minhas publicadas em tal data, tal fonte’, tem essa ideia do autoplágio”, explicou o docente.

O Brasil tem uma lei específica que trata de crimes de direitos autorais (Lei nº 9610/98), mas o Código Penal, de acordo com o professor Alexandre, também prevê punições para quem infringir tais direitos, o que inclui plagiar trabalhos. “Tanto o código penal quanto a lei específica não destrincham muito bem as hipóteses de violação, cria modalidades amplas. A gente não encontra a modalidade ‘plágio’ como crime específico, mas encontra ‘violar direitos autorais’, então comete crime quem viola direito autoral. Plágio é violação de direito autoral. A partir do momento em que a gente chega à conclusão de que plágio é uma violação de direitos autorais, quem plagiar se submete a todas as consequências legais decorrentes”, explanou.

Apesar de ser crime, o plágio configura um tipo penal de menor gravidade e não pode levar à prisão, segundo o professor doutor Alexandre Saldanha. No entanto, a pessoa que incorrer nessa prática está sujeita a medidas administrativas e também poderá ter antecedentes criminais. 

“Fica basicamente resolvido por multas e direitos de resposta, a obrigação de divulgar a obrigação correta. Gera antecedente criminal, a pessoa fica com a ficha suja pelo plágio, tem um carimbo de prática de infração penal. Evidentemente teria que correr um processo penal com a decisão confirmando a violação para daí haver a ficha suja”, disse ele.

Detectando o problema

A imensa quantidade de conteúdos disponíveis na internet dificulta a tarefa de identificar trechos de trabalhos que possam ter sido plagiados, mas de acordo com o professor Alexandre Saldanha, é também a tecnologia quem ajuda, muitas vezes, a identificar tais irregularidades. 

“Existem ferramentas, algumas gratuitas disponíveis na internet, que buscam identificar o grau de plágio em um trabalho acadêmico, e aí procura saber se existem frases, trechos de determinado trabalho sem que a pessoa tenha tido o trabalho de dar o crédito, a autoria original”, contou o professor.

Entre os programas que fazem essa tarefa, alguns dos que estão disponíveis gratuitamente na internet são o AntiPlagiarist, CopySpider, eTBLAST, Plagiarisma e Plagium Online, entre muitos outros. Há também opções pagas e programas que têm versões grátis sem registro e edições premium que têm cobrança. 

Os programas que realizam buscas na internet e em bancos de dados de trabalhos acadêmicos com o intuito de detectar possíveis plágios são reconhecidos como forma eficiente de combate ao problema, quando aliadas à avaliação humana. 

Em 2010, uma proposição da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre plágio em escolas, universidades e comércio ilegal de monografias fez recomendações a órgãos como o Ministério da Justiça, Ministério da Educação, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), entre outros, para que escolas e universidades adotem políticas públicas que incluam a utilização de tais ferramentas e também a elaboração de bancas que realizem a verificação de trabalhos entregues pelos alunos. 

Em janeiro de 2011, baseada na proposição em questão, a Capes elaborou um documento com orientações de combate ao plágio, recomendando que as instituições de ensino públicas e privadas brasileiras “adotem políticas de conscientização e informação sobre a propriedade intelectual, adotando procedimentos específicos que visem coibir a prática do plágio quando da redação de teses, monografias, artigos e outros textos por parte de alunos e outros membros das suas comunidades”.

LeiaJá também

--> Plágio é considerado falha científica grave

“Está sem tempo e precisa fazer um trabalho? Nós te ajudamos”. Esse é o slogan em uma rede social de um site que promete venda de trabalhos acadêmicos. Para alguns estudantes, esse serviço está fora de cogitação. Outras pessoas, no entanto, acabam aderindo.

Há vários exemplos de plataformas de venda de conteúdos científicos. Além deles, pode ser encontrado um ramo de comercialização de trabalhos de conclusão de curso (TCCs), redações, artigos, teses de doutorado, dissertações de mestrado e até mesmo redações de admissão escolar.

##RECOMENDA##

Alguns sites divulgam o preço: “a partir de R$ 5 por página”. Outros preferem que o cliente faça o orçamento. “Nós temos os melhores preços”, informa uma plataforma de venda desses trabalhos na seção “calculadora de preço”. O estudante ainda tem garantias, segundo o site, de estar livre de plágio. "Garantia do seu dinheiro de volta", diz a página.

 

Aos 23 anos, uma administradora de empresas relembra quando realizou a compra de trabalhos acadêmicos durante a graduação. “Eu só queria me livrar deles, sinceramente. Não me importei muito se eu iria perder certos conteúdos, pois sei que eles não vão defasar minha capacidade técnica”, explica a jovem. “Além do mais, só foi uma vez. Nas outras, eu sempre procurei fazê-los [os trabalhos]”, complementa a mulher, que não quis ser identificada.

Visão docente

"O que leva os estudantes a fazerem isso é a falta de maturidade acadêmica deles. É preciso que eles internalizem que estão na academia e que precisam produzir ciência”, explica a psicopedagoga e professora de metodologia científica, Rosangela Nieto. 

“Não é apenas uma infração ética, como também um prejuízo para a produção de conhecimento daquele estudante que realiza a compra do trabalho”, aponta a professora de metodologia científica da Universidade de Pernambuco (UPE), Arine Lyra. Segundo a docente, os estudantes passam por um processo grave de infração. “Aqui na universidade existe o código de ética. Segundo ele, caso o aluno seja pego com um trabalho feito por outra pessoa, o caso vai para as instâncias da Universidade para que ele seja penalizado, chegando até mesmo uma suspensão ou expulsão”, explica Lyra.

A professora ainda explica que as pessoas responsáveis pelas vendas também são culpados pela deficiência acadêmica dos estudantes. "Se ele fez um doutorado, sabe a importância da pesquisa, então também está tirando do estudante essa parte da formação dele", opina Arine Lyra. 

Rosangela Nieto ainda alerta para o prejuízo no mercado de trabalho. “Se ele, que é estudante, é capaz de comprar um trabalho e não realizar a pesquisa, que tipo de profissional ele vai ser formado?”, reflete a docente. 

Segundo o delegado Antônio Guerra, da Polícia Civil de Pernambuco, tanto quem compra quanto quem vende trabalhos acadêmicos, e ainda quem intermedia esse processo, está cometendo três crimes. Isoladas, as sanções para as infrações podem ser por meio de Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e pagamento de cestas básicas.

O primeiro é o crime contra a propriedade intelectual, quando uma pessoa usufrui de um material intelectual produzido por outra em benefício próprio. O segundo crime é o contra a propriedade industrial, que viola os direitos de algo que já está devidamente produzido e registrado. Já o terceiro crime se refere a violação da patente, quando o trabalho é patenteado. “Geralmente quem comete um crime, comete os outros. As penas, somadas, podem chegar a cinco anos de reclusão”, afirma o delegado.

Entretanto, de acordo com Guerra, é muito difícil realizar a captura dos criminosos. “Quem compra e quem vende sabem que estão cometendo um crime, então nem um nem outro aparece para prestar alguma queixa na delegacia. O que fazemos é a prisão em flagrante quando flagramos essa comercialização”, explica o delegado.

Procurada pela reportagem do LeiaJá, a assessoria de imprensa do Ministério da Educação (MEC) informou que “não tem como emitir juízo de valor sobre uma plataforma que não é desenvolvida pelo próprio Ministério nem mesmo fazer suposições sobre o comportamento das pessoas ao usar determinada ferramenta”. O órgão ainda informa que as instituições de ensino que devem tomar providências sobre a formação acadêmica do aluno, caso ache necessário.

Em nota, também solicitada pela nossa reportagem, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) informou que “não faz parte das atribuições da Capes fiscalizar esse tipo de serviço ou definir punições para quem toma essas atitudes".

A reportagem do LeiaJá também entrou em contato com um dos sites que comercializam os trabalhos, mas não tivemos respostas sobre as vendas.

Estudantes da Universidade de Pernambuco (UPE), do campus de Garanhuns, participarão IX Fórum Ambiental da Alta Paulista, em São Paulo. O evento ocorrerá entre os dias 11 a 14 de novembro e os trabalhos têm como objetivo mostrar estudos do verde urbano e rural da região Agreste do Estado.

Os estudos foram realizados orientação da professora Maria Betânia Amador, com bolsas de iniciação científica PFA/PROPEGE, PFA/CNPq e PFA/FACEPE. Com abrangência nacional, os trabalhos aprovados serão publicados no Periódico Eletrônico “Fórum Ambiental da Alta Paulista”, registrado no Instituto Brasileiro de Informações em Ciências e Tecnologia (IBICT), com ISSN 1980-0827. As apresentações aceitas no I Simpósio Nacional de Gerenciamento de Cidade serão divulgadas na Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades.

##RECOMENDA##

 

Um estudante de 17 anos, que cursa o terceiro ano do ensino médio, apresentou um trabalho científico a respeito de um tema bastante abordado por cientistas e pesquisadores, o Aquecimento Global. Pedro Albuquerque, do Colégio Santa Maria, da cidade do Recife, mostrou na ExpoSciences Internacional 2013 o trabalho "Aquecimento Global: verdade inconveniente ou mentira conveniente?", realizado juntamente com outros jovens cientistas de 60 países dos cinco continentes em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

O trabalho relatou sobre os problemas causados pelo homem, detalhando o recorde mínimo do derretimento das geleiras, ocorridas em 2007, decorrentes do aumento do frio dos invernos do Ártico. O estudante também falou sobre a produção de CO2 e concluiu que existe um alarmismo relacionado às mudanças climáticas feitas pelo homem. O estudo afirmou também que o ser humano é capaz de causar destruição e o homem deve manter a preservação para não causar problemas mais sérios. O jovem ainda apresentou o trabalho em Barcelona e no Brasil, no Rio Grande do Sul.

##RECOMENDA##

Com informações da assessoria

 

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando