A política dominará a Web Summit

A edição de 2019 desta grande cúpula mundial de tecnologia reunirá, como no ano passado, 70.000 participantes

seg, 04/11/2019 - 09:54
FRANCISCO LEONG (Arquivo) A Comissária Europeia Margrethe Vestager no palco da Cúpula da Web de Lisboa FRANCISCO LEONG

A reinvenção da moeda, do carro, do remédio ou da habitação são algumas das novidades que as gigantes digitais e as empresas emergentes que participarão da Web Summit apresentarão em Lisboa a partir de segunda-feira (4), desta vez dominada por um tom político.

A edição de 2019 desta grande cúpula mundial de tecnologia reunirá, como no ano passado, 70.000 participantes. Haverá centenas de conferências que abrangerão tópicos variados como mobilidade, aplicativos médicos, robótica, criptomoedas, publicidade e conquista da mídia.

Além disso, multiplicaram-se os apelos para impor impostos, regulamentações e até o desmantelamento de gigantes do setor. "A tecnologia se tornou hiperpolítica", disse à AFP Paddy Cosgrave, fundador e diretor da Web Summit.

Como consequência, as estrelas da cúpula desta vez não serão os inventores e sim os consultores e reguladores.

- Snowden e Vestager -

As discussões começarão na noite desta segunda-feira com uma videoconferência na Rússia com Edward Snowden, ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) e que acaba de publicar um livro.

No livro, Snowden relata os motivos que o levaram em 2013 a transmitir dezenas de milhares de documentos secretos para várias mídias, revelando a existência de um sistema mundial de vigilância para comunicações e internet.

Na quinta-feira (7), a comissária europeia Margrethe Vestager, que no ano passado defendeu em Lisboa a imposição de impostos sobre os gigantes da economia digital em escala continental, terá a última palavra.

"Margrethe Vestager é incrivelmente popular ... porque tenta criar condições equitativas para os inovadores", afirma Cosgrave depois de descrevê-la como "a pessoa mais importante no setor de tecnologia".

Conhecida por sua intransigência para com o grupo GAFA (Google, Apple, Facebook, Amazon), ao qual impôs multas, a dinamarquesa foi reinvestida este ano em sua posição como Comissária da Concorrência e também obteve o portfólio Digital e a vice-presidência da Comissão.

- Casa Branca e Huawei -

Vestager falará logo após Michael Kratsios, encarregado da política de tecnologia na Casa Branca, a voz do governo Donald Trump nesta área.

Tanto Kratsios quanto Trump são críticos do GAFA, mas hostis a seu desmantelamento e planejam tributar seus lucros no exterior.

Uma questão que também será abordada por Pascal Saint-Amans, diretor do Centro de Política e Administração Tributária da OCDE, que está trabalhando em um projeto para impor impostos a gigantes e multinacionais digitais.

Brittany Kaiser, ex-diretora da empresa Cambridge Analytica, envolvida no escândalo do uso de dados do Facebook para a campanha de Trump em 2016, alertará, por sua parte, sobre os riscos da exploração de dados pessoais dos internautas nas próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

A gigante chinesa de telecomunicações Huawei, proibida nos Estados Unidos que a acusa de espionagem, também estará presente.

A empresa enviou o CEO Guo Ping em busca de apoio do mundo tecnológico.

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