Dependência digital pode causar fobia e ansiedade

De acordo com especialista, o medo de não vivenciar experiências gratificantes pode ser influenciado pela mídia e por exigências sociais e culturais

qui, 28/07/2022 - 16:07
Tânia Rêgo/ABr O ideal é se afastar do celular de vez em quando Tânia Rêgo/ABr

Com o avanço da internet nos últimos anos e com a facilidade e a rapidez proporcionadas por ela, surgiu também a urgência de estarmos conectados o tempo inteiro. Em alguns casos, a necessidade de estar on-line constantemente foi agravada, tornando-se uma fobia: o Fear of Missing Out (FoMO), ou traduzindo, o “medo em ficar de fora”.

A psicóloga Caroline Cavalcante (foto abaixo) define o FoMO como a sensação de apreensão por não participar das mesmas experiências gratificantes que outras pessoas estão vivenciando, como por exemplo, um passeio que alguém não pode ir com os amigos por ter que estudar.

“Ou ter a sensação de que está todo mundo viajando e se sentindo bem nesse período das férias e você não”, complementa.

Caroline explica que o medo de ficar de fora pode ser influenciado pelas exigências sociais, culturais e por aquilo que é propagado pela mídia.

“Hoje, temos altos padrões impostos sobre as nossas relações e modo de ser, o que leva a pessoa a ter medo de ser vista enquanto inadequado ou excluído, por exemplo. Desejamos pertencer a algum lugar e grupo”, diz.

Segundo a psicóloga, pesquisas apontam que a FoMO está mais presente entre os adolescentes e que essa questão é atribuída ao fato de a maioria estar ligada às redes sociais de forma intensa. Ela afirma que, por ainda estarem em processo de desenvolvimento de suas personalidades e identificações, possuem medo de não se envolverem nessas experiências.

O FoMO está associado a sintomas de ansiedade e pode impactar diretamente na rotina das pessoas, destaca Caroline. Devido à apreensão em desconhecer algo, a pessoa passa mais tempo on-line, utiliza mídias sociais na hora dos estudos, do trabalho e até mesmo ao dirigir, gerando riscos à saúde física, mental, social e econômica.

A psicóloga ressalta ainda que, além do medo e da ansiedade, outros sintomas como depressão, dificuldades para dormir, vício nas redes sociais, sensação de incompletude e a falta de atenção estão vinculados ao FoMO.

No entanto, Caroline garante que é possível superar esse medo e que, dependendo da situação, talvez seja interessante a busca por um acompanhamento profissional, como o psicólogo.

A pessoa que sofre com esse medo também pode avaliar a sua rotina e sensações e designar algumas mudanças como horário para trabalhar, determinar um tempo para a permanência nas redes sociais, identificar como se sente ao estar nelas e ao ver as informações às quais tem acesso.

“Em momentos sociais ou profissionais, talvez seja interessante deixar o celular longe ou desligado”, finaliza.

Por Isabella Cordeiro

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