Os desafios para quem resolve empreender com o namorado

Saber separar bem questões do namoro do relacionamento é um fator primordial para o sucesso do empreendimento

por Nathan Santos ter, 07/06/2016 - 18:23
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens Empresário Caio e Maria dão a receita para um namoro saudável e um negócio de sucesso Paulo Uchôa/LeiaJáImagens

Jovens e focados no sucesso profissional, Caio Ferreira, 29 anos, e Maria Cireno, 27 anos de idade, namoram há dez anos e fazem da relação um misto de amor e empreendedorismo. Desde 2013, ao lado de um sócio, o casal resolveu investir no próprio negócio que, através de planejamento e qualificação, alcançou bons resultados e passou a ser referência no segmento de comida japonesa. Formados na área de engenharia, os empresários são responsáveis pelo restaurante Udon, localizado no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, mas mesmo diante de todo o sucesso do empreendimento, não faltam desafios para Caio e Maria administrarem o negócio e o namoro. Segundo especialistas em gestão, cuidar de uma empresa ao lado do amor do seu coração requer muita dedicação ao empreendimento, além de sacrifícios.

Caio e Maria se conhecem desde a época colegial. Após a formação universitária, passaram a trabalhar juntos, mas também sonhavam em abrir um negócio próprio. Conversaram com amigos e descobriram que o investimento na comida japonesa poderia resultar em um case de sucesso. Escolha que tinha tudo para dar certo, porque apreciar a gastronomia do Japão era um dos programas favoritos dos namorados. “A gente gostava muito de comida japonesa e encontramos algumas deficiências no mercado. Fizemos cursos de qualificação e a mãe dela já tinha experiência na área e isso nos ajudou muito”, conta Caio.

O negócio ganhou vida e junto com ele veio a responsabilidade de gestão. Consequentemente, surgiu a necessidade de alinhar o namoro ao dia a dia do empreendimento. De acordo com Maria, saber “separar as coisas” é um dos aspectos que fazem o namoro dar certo e principalmente ajudam o negócio caminhar para o lado correto. Caio também concorda que é preciso ter um bom diálogo para não deixar que as questões pessoais do namoro interfiram no cotidiano do restaurante, mas ele também garante que com organização e diálogo entre o casal, tanto o namoro quanto o empreendimento tendem a ter um final feliz.

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Mais que um exemplo de zelo pelo namoro e boa gestão em prol do negócio, a história de Caio e Maria tem características primordiais para o sucesso de um empreendimento. O casal se planejou, fez um estudo de mercado ao lado do sócio, preza pelo bom atendimento e sempre busca inovar, oferecendo produtos diferenciados à clientela. Porém, separar as questões da relação do negócio é outro fator inteligente da dupla, o que nem sempre acontece com outros casais que resolvem virar empreendedores. E como investir numa empresa tem total relação com valores financeiros, uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostra que, se não haver entendimento entre as partes, as brigas podem ganhar a cena. De acordo com o estudo divulgado em 2014, em quase 17% dos relacionamentos a forma que como cada um gasta seu dinheiro é o principal motivo dos conflitos.

Dicas importantes

Para o analista empresarial do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Vitor Abreu, separar a vida pessoal do empreendimento está entre os grandes desafios dos empreendedores. “Geralmente há uma interferência, que pode até repercutir na saúde financeira da empresa. Quando os donos formam também um casal (namorados ou casados) esse desafio se torna ainda maior, pois os conflitos no âmbito pessoal terão maior possibilidade de serem levados para dentro da empresa. O inverso também ocorre, direcionando conflitos da empresa para a relação pessoal. Nas duas situações, há prejuízo para os envolvidos e para o negócio em questão. Em alguns casos, a sociedade empresarial é desfeita, com possível fim do relacionamento pessoal”, comenta o especialista. 

Mas para evitar os problemas empresariais, existem estratégias importantes. “A influência pode ser minimizada no início do negócio, com a delimitação dos papeis e funções de cada um dos envolvidos, tornando as ‘obrigações’ para com a empresa superiores aos conflitos pessoais. O alinhamento prévio é muito importante em qualquer relacionamento e sociedade empresarial, bem como a afinidade dos objetivos das pessoas envolvidas”, explica o analista do Sebrae. 

Também existe a possibilidade de uma boa relação render frutos positivos para os empreendimentos. De acordo com Vitor Abreu, “é natural que um quadro de bom relacionamento pessoal pode trazer ganhos para a empresa”.  “O clima harmônico propiciará um ambiente favorável a inovação e organização, com maior inclinação para a eficiência nas operações”, complementa.

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