"Os Pirra do Morango" viralizam na rede e querem inspirar

Antes, sem oportunidades, eles confessam que cometeram algumas infrações. Agora, enxergaram no comércio de frutas uma oportunidade de trilhar um caminho melhor

por Jameson Ramos qui, 05/10/2017 - 15:58

Nesta quarta-feira (4), uma foto "comum" de um grupo de amigos, que estavam saindo para trabalhar, acabou viralizando nas redes sociais. O motivo? A legenda colocada por um dos integrantes do grupo: “Vamo Trabalhar Que a Vida Do Crime Não Compensa. Chega Pros Pirra do Morango (sic)”, escreveu Madson Antônio, 16 anos.

Pronto. Isso foi o suficiente para que os jovens conquistassem uma certa visibilidade com mais de 2,1 mil curtidas, 378 compartilhamentos e 237 comentários na foto (até às 15h). “Estava todo mundo sem fazer nada e reunido na casa do Madson quando começamos a conversar sobre a possibilidade de trabalharmos no sinal vendendo frutas”, contou Alexandre Gomes, 22 anos, morador do bairro da Macaxeira. Ele já tinha trabalhado no mesmo sinal vendendo castanhas.

Como para todo e qualquer comércio começar a funcionar, precisavam de dinheiro para poder comprar os produtos que seriam vendidos. Josenildo Júnior, que trabalha atualmente como Uber, foi o responsável pela 'parte financeira', para que os amigos iniciassem os trabalhos num dos sinais da avenida Recife, localizada na Zona Sul da capital. "Eu ajudei para que a gente consiga o mínimo do sustento que precisamos. Nossa ideia não é ficar rico, mas pelo menos ter condições para sobreviver", afirmou Júnior, como é conhecido.

A foto, que foi postada no Facebook, bombou e isso ajudou na comercialização dos produtos dos "Pirra do Morango".

Eles já chegaram a fazer entregas a domicílio na comunidade do Buriti. Venderam tudo o que tinham em mãos. E olhe que eles estão a apenas alguns dias nesse ramo. “A gente está tão focado nesse trabalho que não estamos pensando nem na questão do dinheiro. Queremos primeiro continuar investindo para melhorar nosso ponto. Pensamos em, futuramente, trabalharmos padronizados também. Tudo vai depender do nosso desempenho”, complementou Madson Antônio, o mais novo do grupo.

Há um tempo, a vida difícil e a ociosidade empurraram esses amigos para um caminho "fora da lei". Sem muitas perspectivas e oportunidades de empregos, eles já cometeram algumas infrações. Agora, enxergaram no comércio de morangos e laranjas um melhor caminho que pode auxiliar na integração social. “Nós temos muitos amigos que usam tatuagens, são negros e por conta disso a galera gosta muito de discriminar. Sofremos muitos preconceitos em várias partes. Por isso optamos agora em mostrar para essas pessoas que elas se enganaram ao nosso respeito. Somos trabalhadores”, exclama Madson.

Indo de encontro ao que muitas pessoas pensavam, eles acordam às 3 horas da manhã para comprar as frutas, depois seguem para a avenida Recife, onde começam o trabalho às 7h, vendendo cada caixinha de morango a R$ 5. “A repercussão foi tão grande que até pessoas de Manaus e Fortaleza ligaram perguntando se faríamos entregas para eles”, afirma Junior, sorrindo.

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Querendo aproveitar essa repercussão, o trio acredita que daqui pra frente será mais fácil para eles. Esperam que assim, muitos de seus amigos, que estão no mundo das drogas, possam enxergá-los como exemplo. "Eu espero que depois disso eles possam se inspirar na gente e seguir por um outro caminho. Quero que eles venham se unir com a gente, saiam dessa vida que não tem nada para oferecer”, finalizou Alexandre.

Confira a foto que viralizou:

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