Pró-reitores da USP se manifestam contra extinção do CNPq

Em manifesto divulgado nesta quinta-feira (29), pró-reitores da Universidade de São Paulo temem pelo fim do CNPq, órgão que oferece bolsas de pesquisa em diversas áreas

por Francine Nascimento sex, 30/08/2019 - 13:12
Reprodução/ USP/ Arquivo Universidade de São Paulo (USP) Reprodução/ USP/ Arquivo

A Pró-Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) publicou, nesta quinta-feira (29), um manifesto contra o possível fim do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) responsável por fomentar e oferecer bolsas de pesquisa em diversas áreas de estudo.

No documento, assinado pelos pró-reitores Edmundo Baracat (Graduação), Carlos Carlotti Júnior (Pós-Graduação), Sylvio Canuto (Pesquisa), Maria Aparecida Moreira Machado (Cultura e Extensão) e também por pró-reitores adjuntos ,foi contestada a falta de recursos financeiros para a manutenção do CNPq, que nos últimos meses vem sofrendo com suspensão de bolsas e está em risco de não poder continuar mais em atividade a partir de setembro, segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.

“Estamos hoje diante da maior crise do sistema de C&T de nosso país. Os pró-reitores da USP se manifestam em favor da manutenção dos recursos para o CNPq e contra a sua extinção. O Brasil não pode perder este valioso patrimônio de conhecimentos que foi construído, pelo esforço conjunto de cientistas e da sociedade brasileira, desde a criação do CNPq, em 1951”, defende o manifesto.

A instituição também pontuou que são necessários R$ 330 milhões para o custeio das bolsas vigentes até o fim do ano. “A agência necessita de uma suplementação de R$ 330 milhões em seu orçamento, para cumprir os compromissos assumidos em 2019. Lembramos o histórico do CNPq e seu papel no sistema de Ciência e Tecnologia do nosso país”, ressaltou.

Contatada pelo LeiaJá, a reitoria da USP ainda não tem os números de quantas bolsas de pesquisas na universidade poderão ser afetadas.

Leia a carta de manifesto na íntegra: 

Manifestação dos pró-reitores da USP em apoio ao CNPq e contra a sua extinção

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), agência vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), é, desde sua criação em 1951 até hoje, uma das maiores e mais sólidas estruturas públicas de apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil.

Vem contribuindo significativamente para o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas e para a formação de pesquisadores em Ciências Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes.

O CNPq, que oferta várias modalidades de bolsas para estudantes de ensino médio da rede pública (Pibic-EM), ensino técnico e de graduação (Pibiti), estudantes de graduação (Pibic), pós-graduação em nível de mestrado e doutorado, recém-doutores e pesquisadores já experientes (bolsas de produtividade em pesquisa), além de apoiar iniciativas como os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), centros de pesquisa multicêntricos brasileiros, em parceria com a Capes, Finep e as fundações estaduais de amparo à pesquisa, está na iminência de cortar o financiamento das bolsas de mais de 80 mil pesquisadores.

A agência necessita de uma suplementação de R$ 330 milhões em seu orçamento, para cumprir os compromissos assumidos em 2019. Lembramos o histórico do CNPq e seu papel no sistema de Ciência e Tecnologia do nosso país. Em maio de 1946, o almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva, representante brasileiro do Conselho de Segurança da Organização da Nações Unidas (ONU), propôs ao governo, por intermédio da Academia Brasileira de Ciência (ABC), a criação de um conselho nacional de pesquisa.

Em 1951, o presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra, criou o CNPq, por meio da lei nº 1.310. Ao longo da sua história, o CNPq vem desempenhando papel primordial na formulação e condução das políticas e de financiamento a ciência, tecnologia e inovação. Contribui, de forma significativa, para o desenvolvimento econômico e social do país e o reconhecimento das instituições de pesquisa e pesquisadores brasileiros pela comunidade científica nacional e internacional.

Estamos hoje diante da maior crise do sistema de C&T de nosso país. Os pró-reitores da USP se manifestam em favor da manutenção dos recursos para o CNPq e contra a sua extinção. O Brasil não pode perder este valioso patrimônio de conhecimentos que foi construído, pelo esforço conjunto de cientistas e da sociedade brasileira, desde a criação do CNPq, em 1951.

Edmund Chada Baracat

Pró-Reitor de Graduação da USP

Maria Vitória Lopes Badra Bentley

Pró-Reitora Adjunta de Graduação da USP

Carlos Gilberto Carlotti Júnior

Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP

Marcio de Castro Silva Filho

Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação da USP

Sylvio Roberto Accioly Canuto

Pró-Reitor de Pesquisa da USP

Emma Otta

Pró-Reitora Adjunta de Pesquisa da USP

Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado

Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária

Margarida Maria Krohling Kunsch

Pró-Reitora Adjunta de Cultura e Extensão Universitária

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