Irã x EUA: professores tiram dúvidas de feras para o Enem

Conflitos entre os países começaram após a morte do general Qasem Soleimani

por Nathan Santos qui, 09/01/2020 - 18:10

Os ataques envolvendo Estados Unidos e Irã despertaram medo e tensão nas duas nações e em outros países. Os conflitos começaram após a morte do general Qasem Soleimani, alvo de ataque de mísseis americanos, após ordem do presidente Donald Trump.

A tensão entre iranianos e estadunidenses foi pauta de uma live do projeto Vai Cair No Enem, nessa quarta-feira (8). Os professores de história José Carlos Mardock e Thais Almeida, e o docente de atualidades Benedito Serafim, explicaram acontecimentos históricos e fatos atuais ligados ao conflito. Na ocasião, estudantes de todo o Brasil enviaram perguntas aos professores; o LeiaJá selecionou os questionamentos e traz a seguir, com exclusividade, todas as respostas:

Se houver 3ª Guerra Mundial, o Brasil terá que participar por ser aliado dos EUA?

Benedito Serafim: Nenhum país é obrigado a entrar em guerras, mas a posição atual política brasileira de aproximação com EUA faria sim o Brasil entrar com apoio ao Estados Unidos. Isso claro, a guerra tomando proporções gigantescas, que é muito difícil. Hoje ninguém quer uma guerra de novo, os ataques são feitos a distância com drones e não corpo a corpo.

Qual a motivação da guerra Irã x Iraque?

Benedito Serafim: A guerra entre Irã e Iraque, no início dos anos 80, se deu quando Saddam, na época ditador do Iraque, invadiu o Irã, achando que o país estava enfraquecido pós revolução Iraniana.

Se tivesse uma guerra, quem ganharia?

Benedito Serafim: Em guerra nunca há ganhadores. Na visão ocidental das guerras, tem que ter um ganhador e perdedor, um herói e um vilão. Em uma guerra ambos os lados têm perdas de vida, territorial, social, cultural... Agora se a pergunta é, quem sairia mais devastado, com certeza o Irã, não podemos esquecer que o EUA ainda é a maior força militar do mundo.

Seria muito simplista dizer que os EUA atacou a soberania iraniana com interesses no petróleo, sobretudo a partir da notícia do fim do ano passado, na qual irã encontrou uma grande fonte petrolífera?

Benedito Serafim: Provavelmente, esse foi um dos motivos que está por trás de todo o ataque, mas temos outros motivos. O desejo de Trump de acabar com tudo que Obama fez, o desejo norte americano que o Irã não tenha armamento nuclear, a influência do Irã no Hezbollah. São vários motivos que juntos deram esses atentados!

Quais perigos o líder do Irã representava aos Estados Unidos?

José Carlos Mardock: Com o fim da Guerra Fria e o estabelecimento da multipolarização, qualquer país ou grupo guerrilheiro encontraria dinheiro e tecnologia para adquirir armas; tornando possível um atentado de proporções catastróficas.  Assim, gerando grande instabilidade em qualquer metro quadrado do mundo.

O Irã tem uma reserva de petróleo importante?

José Carlos Mardock: O Irã está entre os dez maiores produtores de petróleo integrantes da OPEP. Assim, tornando-o importante no mercado mundial. Além disso, sua posição geoestratégica é outro componente vital, diante do controle do Estrito de Ormuz.

Vocês acreditariam em uma possibilidade da Coreia do Norte se aliar ao Irã para confrontar os Estados Unidos?

José Carlos Mardock: No cenário atual, onde grandes interesses estão em jogo, nos níveis político, econômico, religioso, não podemos descartar nenhuma medida. Sabe-se que os EUA reuniram muitos inimigos ao longo da sua história.

Seria um momento proveitoso para a China e a Rússia se aliarem ao Irã em um possível cenário de guerra? Quais os fatores?

Thais Almeida: A China e a Rússia já são aliados estratégicos do Irã. Entretanto, à China não interessa uma guerra. A China hoje tem seu fundamento de ascensão no mundo a partir da competição econômica, e a influência global da China cresce cada vez mais e vem ganhando nessa disputa dos EUA. Então, do ponto de vista geopolítico e econômico, uma guerra seria muito mais vantajosa para os EUA do que para a China. À Rússia também não interessa a guerra, porque é um país que tem uma política muito mais voltada para garantir influência regional.

Como esses conflitos podem afetar o Brasil?

Thais Almeida: O conflito já afeta o Brasil. O Irã é o maior comprador de produtos brasileiros no Oriente Médio, um comércio que gira em torno de mais ou menos R$ 2 bilhões ao ano. As declarações do Governo de apoio unilateral aos EUA foram desastrosas, o Irã cobrou ao governo brasileiro sobre essas declarações e pode muito bem, como retaliação, buscar fornecedores alternativos aos produtos que compra do Brasil, prejudicando ainda mais nossa balança comercial.

Confira, a seguir, a live do projeto Vai Cair No Enem sobre o conflito entre Irã e Estados Unidos:

Colaborou Thayná Aguiar

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