Um resgate afetivo das atividades escolares de antigamente

Neste Dia das Crianças, o LeiaJá traz a história de quem, mesmo adulto, preserva com carinho e lembranças as atividades de papel pautado, cartolina e outros objetos que marcaram época nos colégios

ter, 12/10/2021 - 08:30

Um dos momentos mais importantes para o desenvolvimento das crianças é a educação escolar. Além de processos pedagógicos que constroem a formação das pessoas, a educação infantil possibilita atividades com elementos de afetividade, como os antigos trabalhos escolares. Neste Dia das Crianças, o LeiaJá traz a história de quem, mesmo adulto, preserva com carinho e lembranças as atividades de papel pautado, cartolina e outros objetos que marcaram época nos colégios.

As lembranças de Júlia Tainá Marinho de Salles Menezes, de 32 anos, soam nostálgicas, quando remetem aos trabalhos realizados, muitas vezes, de forma manual na época de escola. Boa parte do material produzido ainda é guardado sob muito cuidado pela administradora e internacionalista.

“As minhas recordações sobre as atividades são sempre boas. Era um momento que eu me dedicava muito na escola. Eu peguei a transição, quando eu tinha 11 e 12 anos, quando a escola começou a obrigar a usar o computador e eu não gostava, porque não era minha letra, a capa tinha que ser do computador, eu tentar ser criativa dentro do que podia”, conta, em entrevista ao LeiaJá.

Os trabalhos são guardados com muito cuidado por Júlia. Foto: Arquivo pessoal

Ela relembra que, além das aulas de arte, a instituição de ensino na qual estudava realizava feira de ciências, gincanas e apresentações de trabalhos para os demais colegas de turma. Muito participativa, Júlia fazia questão de estar presente em todas as atividades. ”Eu participava de tudo na escola”, conta.

Das recordações das feiras, ela fala com orgulho da confecção das maquetes na época. “Eu me lembro que nas feiras de ciências, a gente tinha que fazer maquetes e eu me dedicava bastante quando tinha que fazer alguma maquete, eu me lembro de um trabalho que eu tinha que fazer animais, e poderia buscar objetos de casa para montar, animais de brinquedos que a gente já tinha em casa. Eu fiz um lago com gel, pintava com tinta guache e pincéis", recorda.

Júlia comenta que os trabalhos escolares não eram apenas restritos à sala de aula. Muito do que aprendia e produzia nas instituições de ensino era levado para casa e se tornava brincadeira de criança. “Eu tenho lembrança em casa dando aula aos meus bichos de pelúcia, às barbies. Eu pegava os trabalhos do colégio e aplicava como se fossem provas para os meus bonecos. Eu me sentia tão confortável, eu gostava tanto, me dedicava tanto que nos momentos de brincadeira eu lembrava daquilo ali e queria fazer em casa", diz.

As camisas usadas pela administradora na época das gincanas promovidas pelas escolas. Foto: Arquivo pessoal

Para Anita Lilian Zuppo Abed, psicóloga, psicopedagoga, neuroeducadora, mestre em psicologia, doutoranda em educação e saude pela Unifesp, essas atividades são importantes para o desenvolvimneto tanto educacional quanto pessoal. "As crianças vivenciam experiência corporais, papéis pautados, escrever, aprender a trabalhar com limites no espaço, porque aí limita sua ação motora no espaço. Ao mesmo tempo que você está fazendo um produto que é seu, você vê aquilo que você pensou e fez, concretizado numa imagem que você produziu, é lindo, isso dá uma sensação de autoria enorme", explica a especialista.

E complementa: "É importante na aprendizagem esse sentimento de autoria, de estimular as crianças a serem autoras, resgatando todas possibilidade, como o trabalho na cartolina, no trabalho em equipe e trabalho individual". 

Com entrevistas de Thaynara Andrade

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