Poetas cobram reintegração do Espaço Pasárgada

Boa parte da área da Casa de Manuel Bandeira se transformou em sede da Secretaria de Cultura do Estado

por Marina Suassuna seg, 25/06/2012 - 13:59
Reprodução/Flickr Valmir Jordão, Héctor Pellizzi, Marcelo Mário de Melo e Pedro Américo são alguns dos poetas que cobram a revitalização do Espaço Pasárgada Reprodução/Flickr

"Há mais de três décadas, o Espaço Pasárgada era local de lançamentos de livros, debates, exposições, recitais, reuniões de intelectuais e de visitação do público em geral. Hoje está relegado ao 1ª andar, onde idosos, obesos e pessoas de pouca mobilidade não têm mais acesso." As palavras do poeta Valmir Jordão em texto publicado no site da Interpoética manifestam a insatisfação com a transformação de boa parte da área da instituição em sede da Secretaria de Cultura do Estado -  na Rua da União, Boa Vista. A Casa é patrimônio histórico tombado, onde viveu o poeta Manuel Bandeira.

Segundo outros representantes da categoria, na área onde hoje funciona a Secretaria de Cultura existia a Livraria do Escritor, uma sala para artistas plásticos e a gráfica no quintal. E, ainda, havia espaço para realização de oficinas de arte. No último dia 21 de junho, no evento Café Pasárgada, o poeta pernambucano, radicado na Argentina, Héctor Pellizzi, reforçou também o seu descontentamento com a nova realidade da Casa, quando divulgava no Recife o jornal mensal argentino, publicado há sete anos em Buenos Aires, em que destaca com frequência os poetas pernambucanos.

Héctor, que participou das lutas dos escritores pernambucanos pelo tombamento do Espaço Pasárgada nos anos 80, também redigiu um texto que promete divulgar nas redes sociais, em que expressa decepção com a descaracterização do lugar. Confira, na íntegra:

O poeta Pedro Américo, que afirma apoiar a iniciativa de Héctor Pellizzi, diz que não há razão para se manter o Espaço ocupado com divisórias em favor de uma burocracia oficial do Estado. "Nós protestamos contra o abuso das autoridades. Não só pela preservação da Casa de Manuel Bandeira, mas, também, porque ocupar um centro cultural aberto a todos os segmentos que querem usufruir do lugar para fins artísticos é uma burrice, na minha opinião."

Américo ressaltou a intenção pacífica do movimento. "Isso é um apelo, não uma postura oposicionista, até porque estamos todos no mesmo barco. Nós, poetas, sempre expressamos nosso descontentamento publicamente, mas nunca por escrito, oficialmente. É importante que a carta de Héctor se torne o mais público possível."

O também poeta pernambucano Marcelo Mário de Melo critica a atual realidade e ressalta que o problema da ocupação é uma questão técnica. "O ideal seria a utilização do espaço público pelo ponto de vista do acesso. Seria interessante que houvesse um retorno do Estado para essa questão, que eles buscassem uma alternativa para a Secretaria de Cultura".

Héctor volta para a Argentina nesta terça (26) e lamenta não ter disponibilidade para cobrar diretamente do Governo do Estado uma posição. Ainda assim, a categoria de escritores e poetas pernambucanos pretende continuar o debate, segundo apurou a reportagem do LeiaJá. "A gravidade do problema é a burocracia que se instalou no Espaço Pasárgada. O lugar é um patrimônio histórico tombado e não pode ser tocado. É importante que as pessoas divulguem esse texto para que as autoridades competentes de cultura tomem conhecimento e resolvam restituir a Casa de Manuel Bandeira", declarou o poeta.

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