Lee Daniels fala sobre seu novo filme, 'Obsessão'

sex, 04/10/2013 - 14:20

Após a acolhida favorável a Preciosa - Uma História de Esperança, Lee Daniels admite que se sentiu pressionado. "Havia uma expectativa de que eu me tornasse a nova voz negra da América. Eu queria ser só uma voz". E, por isso, fez Obsessão, que estreia nesta sexta-feira (4), no Brasil. "Sabia que não teria a mesma receptividade de Precious. Era um filme para amar e odiar, sem áreas cinzentas." Ele pergunta o que o repórter achou do filme. "É melhor que Precious." Lee Daniels explode - "I love you, man." Levanta-se da cadeira. Abraça, quer beijar. "Menos, menos, please".

Lee Daniels é uma figura. Está no Rio mostrando seu novo longa no festival. "O Mordomo da Casa Branca teve sua gala ontem, 3, à noite. Segundo o diretor, era o filme que todo mundo esperava dele após Precious. Ele se orgulha do próprio trabalho, mas confessa: "Prefiro Obsessão. É meu melhor filme e as pessoas ainda vão se dar conta disso".

O repórter ironiza - disse que ele devia estar pensando que era Federico Fellini para colocar seu nome no filme. O título original é Lee Daniels The Butler. "Mas não fui eu que quis isso. Havia uma disputa pelo título The Butler/O Mordomo. Alguém do marketing teve a ideia de colar meu nome. Achei que seria muito narcisístico, e imagino que seja para segmentos do público e da crítica. Meio excessivo, não?" Mas ele diz: "Lá no fundo, é um abraço no meu ego".

Aos 44, Daniels se surpreende acima de tudo por ser um sobrevivente. "Cresci em West Filadélfia, que é uma das áreas mais violentas da América. Meus amigos morreram vítimas de tiros, outros de HIV ou por causa das drogas." Foram as circunstâncias do próprio meio social que o levaram a essa vida de risco? "O que você acha?", Daniels retruca. Que ele optou por viver perigosamente. "You got it, foi isso." Valeu a pena? "Muito.

"Daniels é gay assumido. Portanto, além de negro - afrodescendente, para ser politicamente correto - e pobre, tinha mais um elemento para dificultar sua vida num meio preconceituoso. É o alimento de seu cinema. "Gosto de personagens outsiders, fora das normas, porque sou um outsider." De novo o repórter brinca - um outsider de luxo, que virou o darling de Hollywood. "Nem tanto. Agora mesmo, estou no meio de uma discussão importante com meus produtores", aponta para o celular.

Discutindo salário? "Não, salário não é o mais importante. Estou discutindo o final cut, a montagem final. Em todos os meus filmes, tive sempre o último corte, mas o próximo, sobre o qual não posso falar, será mais caro e os produtores querem garantias. Temem me dar o corte final. É isso ou nada."

OBSESSÃO - Título original: The Paperboy. Direção: Lee Daniels. Gênero: Suspense (EUA/2012, 107 minutos). Classificação: 16 anos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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