'A Caetana chegou, mas ele está aqui com a gente'

Emoção e homenagens ao imortal Ariano Suassuna no velório realizado nesta quarta no Palácio do Campo das Princesas

por Paula Passos qui, 24/07/2014 - 10:29

O corpo do dramaturgo Ariano Suassuna - morto nesta terça em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral - foi velado na manhã desta quinta-feira (24) no Palácio do Campo das Princesas, bairro de Santo Antônio. A família, fãs e pessoas públicas compareceram ao local para prestar as últimas homenagens ao escritor que ajudou a escrever a cultura brasileira.

Ana Rita Suassuna, filha de Ariano, agradeceu à imprensa e disse que o carinho que a família vem recebendo ajuda na passagem por esse momento de perda. “Além do escritor, dessa pessoa que preservou a cultura brasileira, que lutava pela justiça social no Brasil, ele era um pai, um avô muito carinhoso”, disse. “A Caetana chegou, mas ele está aqui com a gente. O céu está com a gente”, finalizou.

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Em dezembro de 2013, em uma de suas aulas-espetáculo, ele disse: "No Sertão do Nordeste a morte tem nome, chama-se Caetana. Se ela está pensando em me levar, não pense que vai ser fácil, não. Ela vai suar! Se vier com essas besteirinhas de infarto e aneurisma no cérebro, isso eu tiro de letra."

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Luciana Azevedo, ex-presidente da Fundarpe, tem Ariano como referência na vida pública do Estado. “Com ele, vivi os momentos mais intensos da minha vida pública. Ele ia sempre nos guiando e dando a oportunidade de criar o maior fundo de cultura do Estado”, disse Luciana, que contou que o paraibano estava sempre compartilhando ideias.

Guel Arraes, diretor de televisão, responsável por levar O Auto da Compadecida à TV, falou sobre o paraibano: “Ele foi um humanista, um homem de ação. Um homem que viveu de acordo com suas ideias, de uma forma simples. Nossa Senhora o recebe de braços abertos”, afirmou.

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Para a ex-aluna Astanilsen Duarte, as aulas eram sempre prazerosas, cheias de causos, sem perder a objetiva e ironia fina que lhe eram característicos. “Ele era um professor maravilhoso, muito generoso, com posições bastante definidas”, relembra.

A socióloga Joenilda Feitosa atuou nos tempos do governo de Miguel Arraes junto às Mulheres da Frente Popular e estreitou os laços com a família Suassuna. Hoje, trabalha com a filha de Ariano, Ana Rita Suassuna, na prefeitura do Recife. "É uma grande dor que a gente sente. A maior lembrança que vou levar dele era a capacidade de transformar a cultura popular em algo erudito. Com ele, o Nordeste ganha respeitabilidade”, aponta.

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Às 11h, uma missa foi celebrada pelo bispo emérito de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido. Estiveram ainda no velório, o ex-prefeito João Paulo, o senador Armando Monteiro, Aguinaldo Fenelon e Aloísio Lessa. O corpo segue, no fim da tarde desta quinta para o Cemitério morada da Paz, em Paulista, Região Metropolitana do Recife, onde será sepultado.

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