A biblioteca pública Arthur Vianna sediou a 3ª edição da Semana do Quadrinho até a última quinta-feira (2). A edição comemorou o Dia Nacional do Quadrinho, que ocorre oficialmente em 30 de janeiro, e também reabriu o 3° andar da biblioteca, que passou por algumas reformas.

O evento ofereceu workshops, exposições, bate-papos e até mesmo uma feira de quadrinhos. A feira, além de divulgar a cultura dos quadrinhos, busca valorizar a produção de quadrinhos paraenses. Andrei Miralha, funcionário da Fundação Cultural do Pará, conta que o evento surgiu como um prolongamento do Dia do Quadrinho, comemorado em Belém desde 1991. ”Há três anos tivemos a ideia de transformar isso em uma semana, prolongar mais a programação, então criamos esse formato com workshops, bate-papo, feira de quadrinhos. Aqui temos a ênfase no que é produzido no Brasil e principalmente no Pará. Levamos como critério aqueles que vêm produzindo quadrinho e se destacando no último ano”, contou.

Em Belém, o Dia do Quadrinho passou a ser comemorado em 1991 através de uma parceria de um grupo de quadrinhos, o “Ponto de fuga”, com a Casa da Linguagem, que fazia parte da Fundação Curro Velho. O quadrinhista paraense Alan Yango participou dos primeiros eventos de quadrinhos em Belém. “Desde os primeiros eventos de quadrinhos no Centur sempre estive presente. Nos anos 90 fiz parte do primeiro grupo de quadrinhistas no Pará”, explica. Alan. Criador do personagem “Maximus”, Alan Yango lançou recentemente, em parceria com o quadrinhista paraense Joe Bennet, a história do “Esquadrão Amazônico”, formada por super- heróis tipicamente da Amazônia. ”O ‘Esquadrão Amazônico’ é um grupo de personagens criado pelo Joe. No ano passado, resolvemos dar uma renovada na história dos personagens. Lancei com Joe Bennet a história em quadrinhos através de financiamento coletivo em São Paulo na Comic Com Experience no ano passado”, ressalta.

O quadrinhista independente Robson Marone, criador da história “Mundo das Trevas”, conta um pouco sobre a sua obra e de onde buscou inspiração para criá-la. “O mundo das trevas é uma historia que trata sobre mitologias, lendas e fala um pouco de religião. Eu fiz uma pesquisa durante uns 15 anos e vi que muitos elementos da nossa cultura, do nosso folclore são análogos aos de outros países. Eu tirei inspiração de muitos filmes e livros. O filme ‘Anjos Rebeldes’ foi uma grande inspiração pra mim”, afirma Robson. Esse é o segundo ano que o quadrinhista participa do evento e diz que está muito feliz com o espaço oferecido para expor seu trabalho, mas que acredita que eventos como este devem ocorrer com mais frequência. “Estou muito feliz pela oportunidade, mas acho que precisamos de mais espaço. Ao invés de ser uma vez por ano, talvez pudesse ser uma vez por mês. E que a gente possa ter a oportunidade de levar o nosso trabalho para outras regiões aqui do Estado, principalmente o quadrinhista independente, que tira do próprio bolso pra fazer”, relata.

Além das atividades que a Semana dos Quadrinhos ofereceu, também estão abertas as inscrições para o Concurso de Quadrinhos, que é voltado para artistas iniciantes. A inscrição começou dia 30 de janeiro e o prazo de entrega é até 3 de março. A adequação da proposta, a criatividade, a qualidade técnica da arte e a originalidade do trabalho são alguns dos critérios para a seleção. A coordenadora da Biblioteca Pública Arthur Viana, Ruth dos Santos, explica como funciona o concurso. “É a nossa segunda edição esse ano e o tema é Diversidade Cultural. É publicado o regulamento que estamos distribuindo aqui na programação e que também se encontra no site da fundação, lá estão todas as informações”, afirma a coordenadora.

A estudante Paola  Moraes, que visitou o evento pela primeira vez, diz que os workshops de criação de personagem foram os que mais chamaram sua atenção. "Não é em todo lugar que te dão uma palestra de graça por um bom tempo e você aprende muita coisa", afirma a visitante. Paola é uma amante de histórias em quadrinhos e conta que participar de eventos como esse está sendo bem interessante. "Eu gosto muito de histórias em quadrinhos, principalmente histórias de heróis. Quero ser roteirista, então esse evento está sendo bem proveitoso", relata. 

Por Leticia Aleixo e Gabriel Marques.