Ana Carolina: oito anos, sertaneja e fã de Luan Santana

Um misto de fofura, emoção e peculiaridade

por Rodrigo Rigaud dom, 14/01/2018 - 11:46
Rodrigo Rigaud Ana Carolina e a tia Rosana Rodrigo Rigaud

O cenário é a tradicional arena do Tamandaré Fest. O evento, que anualmente reúne os nomes mais badalados da pop music brasileira, também pode ser visto como um retrato do verão em PE. Praia, cerveja, axé, forró e sertanejo. "É isso que é isso", como diria Renan, famoso personagem do programa "Choque de Cultura".

Esse sábado (13) foi o segundo dia de show do Tamanda, para os íntimos. Calhou de Wesley Safadão estar se apresentando pelas proximidades no mesmo dia. Aí, quando o forrozeiro Jonas Esticado deu início aos trabalhos da noite, o público ainda era minguante. Após ele, Bell Marques trouxe os seus hits chicletes e a agitação no local se tornou crescente. Cheia mesmo, a arena ficou ao som e show de Luan Santana. A apresentação do cantor é como sempre foi: econômica. Canta os sucessos, na marosidade, com o aporte da sensacional dupla de backing vocals, e faz a graça com os fãs. Majoritariamente, as fãs. Leva uma para o palco, flutua por sobre outras centenas numa passarela móvel em forma de grua. É um artista e sabe desempenhar o seu papel com a expertise que os anos lhe concederam. Seu álbum de estreia, "Tô de Cara", foi lançado em 2009. Coincidentemente, o ano em que nasceu Ana Carolina. Natural de São José de Egito, pleno Sertão do Pajeú, a simpática garota foi uma atração a parte durante o show do sertanejo.

Há poucos metros do palco, acompanhada pela tia Rosana, de Cupira, agreste do Estado, Ana já chorava desde o fim da apresentação do cantor baiano. Era ansiedade. Pela primeira vez na vida ela veria, ao vivo e de tão perto, o ídolo cuja carreira dialoga, de alguma forma peculiar, com sua própria vida. A parte o fato de que um tanto (grande) das reflexões ou histórias contadas por Luan em suas músicas estão longe das experiências da Ana Carol, que em sua terceira série do ensino fundamental ainda não estudou a escola literária do romantismo e ainda não consegue explicar o significado de amor platônico, as letras do cantor parecem ter sido transpostas integralmente para a memória da fã. Aos embargos das lágrimas de, agora, emoção, ela cantou todas as músicas do setlist da apresentação. Cantou mais do que o próprio Luan, que em um dado momento deu a tradicional saída do palco para descansar e deixou os backing vocals comandando uma sequência de sucessos das paradas atuais, claro que com o reforço da voz doce, porém firme, da Ana Carolina.

Perguntada de onde surgiu tanto amor, admiração, idolatria e demais sentimentos que exalam em seus pequenos olhos brilhantes, a pequena sertaneja só conseguiu dizer: "Eu olho pra ele e ele é tudo". Não há o que se dizer após isso. Dentre tantas fãs do Luan Santana - Bell Marques e Jonas Esticado - que estavam no Tamandaré Fest, talvez apenas uma encontrou tudo. E após sair, saiu com tudo gravado em si. Para a felicidade da tia Rosana, que, em tempo, não sabia uma música do Luan de cor. "Prefiro MPB", disse. Inclusive, ela é fã de Ana Carolina.        

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