Após #MeToo, canção natalina causa polêmica nos EUA

Letra de Baby, It's Cold Outside, escrita em 1944, é considerada ofensiva com as mulheres

qua, 05/12/2018 - 16:35
John Lamparski A 86° cerimônia anual de iluminação da árvore de Natal do Rockefeller Center, em Nova York, em 28 de novembro de 2018 John Lamparski

Nesta época do ano, as estações de rádio americanas começam a tocar ininterruptamente músicas natalinas, mas uma canção tradicional gerou controvérsias neste ano, após o movimento #MeToo.

"Baby, It's Cold Outside", dueto escrito em 1944 e interpretado ao longo dos anos por diversos artistas, como Dolly Parton, Ray Charles e Lady Gaga, virou uma questão para as rádios por sua letra ser considerada ofensiva com as mulheres.

Uma rádio no estado americano de Ohio foi a primeira a anunciar a retirada da música de sua lista no fim de semana passado, após receber queixas de ouvintes. Outras estações no país, e até no Canadá, seguiram seu exemplo.

A polêmica sobre esta canção existe há anos, mas, em 2018, com a força que ganhou o movimento #MeToo - surgido nos Estados Unidos há mais de um ano em resposta às acusações de abuso e assédio sexual por parte de homens poderosos - ela foi contestada mais duramente.

No dueto, um homem tenta convencer uma mulher a passar a noite com ele. Os versos incluem "Diga-me, o que há nesta bebida?", "Você é muito intrometido, sabia?" e "Eu deveria dizer que não, não, não, senhor".

O compositor da Broadway Frank Loesser escreveu a canção em 1944 e ganhou um Prêmio da Academia em 1950 de melhor canção original no filme "A filha de Netuno", cantada por Esther Williams e Ricardo Montalban.

"Me dou conta de que quando a música foi escrita, em 1944, era uma época diferente, mas agora, ao lê-la, parece muito manipuladora e incorreta", disse Glenn Anderson, um dos apresentadores da rádio de Ohio WDOK, que proibiu a música, em um comunicado.

"O mundo em que vivemos agora é extremamente sensível, e as pessoas se ofendem facilmente, mas em um mundo onde o #MeToo finalmente deu às mulheres a voz que elas merecem, a música não tem lugar", concluiu.

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