O difícil início do sonho americano de Harry e Meghan

Harry, sexto na linha de sucessão, e Meghan deixarão de ser membros ativos da família real na quarta-feira

ter, 31/03/2020 - 09:49
Tolga Akmen Harry e Meghan em 9 de março de 2020 na Abadia de Westminster, em Londres Tolga Akmen

O príncipe Harry, da Inglaterra, e sua esposa, Meghan, encerram oficialmente nesta terça-feira (31) seus deveres como membros da realeza britânica, apesar de já terem iniciado uma controversa nova vida nos Estados Unidos em meio à pandemia de coronavírus.

O presidente Donald Trump foi rápido em enfatizar que não pretende financiar sua proteção. E o jornal britânico The Times denunciou em um editorial a indiferença do casal à crise que os britânicos vivem pela COVID-19.

Harry, de 35 anos, sexto na linha de sucessão, e Meghan, 38, deixarão de ser membros ativos da família real na quarta-feira, menos de três meses depois de abalarem os pilares da instituição, anunciando que desejavam abandonar suas obrigações.

A partir de agora, não poderão mais usar o título de alteza real, nem representar a rainha oficialmente.

Depois de um tempo no Canadá, o casal se mudou na semana passada para a Califórnia, onde a atriz americana mantém contatos e onde vive sua mãe, Doria.

Segundo o jornal The Sun, o casal correu para se refugiar em Los Angeles antes do fechamento das fronteiras entre o Canadá e os Estados Unidos.

Na segunda-feira, os duques de Sussex disseram no Instagram que estavam se esforçando para "contribuir da melhor maneira" para a luta contra a pandemia.

"Talvez vocês não nos vejam mais aqui, mas nossas atividades continuam", disseram eles, anunciando que parariam de usar a conta oficial @sussexroyal, seguida por 11 milhões de internautas.

O Times criticou essa pressa, afirmando que "escolheram esse momento para mostrar sua riqueza e a liberdade que esta pode comprar". Já a escritora especializada na família real britânica Penny Junor considerou que eles podem contribuir para o desapego dos britânicos.

Agora, caberá à rainha Elizabeth II, a seu filho Charles e a seu neto William liderar o país nesses tempos difíceis, diz Junor.

"É um grande estímulo ter uma mensagem da rainha, ou de William, e ver seus filhos aplaudindo os trabalhadores da saúde. É importante", afirma.

"É exatamente disso que se trata a família real, e aqueles membros que se colocam à margem serão bastante irrelevantes", acrescenta.

Penny Junor lembrou que o príncipe Charles, de 71, experimentou ele mesmo a crise, ao testar positivo para a COVID-19 e permanecer em quarentena, encerrada na segunda-feira de acordo com o Palácio.

"Hipocrisia"

O príncipe Harry denunciou em muitas ocasiões a pressão implacável da mídia sobre o casal, assim com sua mãe, a princesa Diana, que morreu em um acidente de carro em 1997 enquanto era perseguida por paparazzi.

Esse foi o principal argumento usado para justificar sua retirada, afirmando que ele e Meghan queriam uma vida tranquila com seu filho, Archie. O pequeno comemora seu primeiro aniversário em maio.

Seu casamento em 2018 despertou uma certa esperança de modernização da monarquia com a chegada de Meghan: divorciada, afro-americana e atriz.

Agora, sua mudança para Los Angeles, coração da indústria do cinema e do entretenimento, reforça as críticas. Longe de se afastarem da mídia, "escolheram se estabelecer em Hollywood e plantar as bases para suas novas carreiras lucrativas, não muito longe dos projetores, mas sim no meio deles", observou o Times.

Na semana passada, a Disney anunciou que a duquesa de Sussex emprestou sua voz para um documentário dedicado à vida de uma família de elefantes africanos, com lançamento previsto para 3 de abril.

Como não recebem mais dinheiro público, os dois são livres para assinarem contratos comerciais e tirar proveito de sua fama.

Embora Meghan tenha dado sua voz em troca de uma doação para uma associação para a proteção dos elefantes, a imprensa britânica não hesitou em criticar este primeiro trabalho e denunciou a "hipocrisia" do casal que, segundo o Times, "tira proveito do status real" sem assumir as obrigações que o acompanham.

Outra questão que causou polêmica foram suas despesas de segurança.

"Os Estados Unidos não pagarão por sua proteção", tuitou Trump, "eles devem pagar!". Um problema que já gerou desconforto durante sua estada no Canadá.

Desta vez, Harry e Meghan garantiram que "organizaram sistemas de segurança financiados por meios privados", segundo seu porta-voz.

E, se o sonho americano não corresponder às expectativas, talvez o casal possa voltar à sua vida anterior, pois o acordo alcançado com a família real será revisto em um ano.

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