Pistorius e Hoketsu, exemplos do espírito olímpico

sex, 27/07/2012 - 09:33
Divulgação Pistorius teve pernas amputadas ainda com 11 meses de vida Divulgação

Ser atleta exige cuidados que vão muito além de aprimorar a técnica do esporte. Preparação física, psicológica e até biológica são fatores necessários para competir em alto rendimento nas modalidades. Porém, as vezes aparece aquele atleta que não segue o padrão, que se diferencia dos demais não por ser simplesmente diferente, e sim pela ousadia em lutar pelo sonho, mesmo que pareça impossível. O Portal LeiaJá separou duas histórias de superação e amor ao esporte.

O Japão será representado no adestramento pelo cavaleiro Hiroshi Hoketsu. Esta será quarta olimpíada do atleta. Até aí nada demais. Mas ao saber que sua primeira Olimpíada foi a de Tóquio, em 1964, disputando uma prova de salto, a história começar a ficar intrigante. Hoketsu é um experiente esportista de 71 anos, sendo o homem mais velho a competir nos Jogos de Londres 2012. Contudo, ele não é o atleta mais velho na história a disputar a competição. O feito é do atirador sueco Oscar Swahn, que aos 72 anos e dez meses ganhou uma medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920.

Após os Jogos de Tóquio, Hoketsu deixou o esporte de lado e foi ser executivo. Mas a paixão pelo adestramento fez com que ele voltasse a modalidade nas Olimpíadas de Seul 1988 e Pequim 2008. Porém, por pouco o sonho de disputar a quarta Olimpíada não desmoronou. Sua égua estava manca e precisava de uma cirurgia, mas graças a um tratamento feito por um médico holandês, o animal voltou ao esporte e conseguiu ajudar o cavaleiro a conquistar uma vaga para sua primeira Olimpíada na Europa.

Praticante de caminhada e cooper, Hoketsu ostenta uma forma física invejável até mesmo para os atletas mais novos. Após os jogos, engana-se quem pensa que o japonês pretende parar. Caso não possa competir, ele pretende ajudar a delegação do país como treinador de adestramento. Enquanto isso Hoketsu segue firme e forte mostrando que não há idade que supere sua vontade de seguir no esporte.

Se Hoketsu desafia os limites da idade, um sul-africano de 24 anos realizará um feito nunca visto na história dos Jogos. Oscar Pistorius será o primeiro atleta biamputado a disputar uma edição das Olimpíadas. Ele representará o país no revezamento 4x400m dos jogos, duelando lado a lado com atletas que possuem as duas pernas.

O desafio, contudo, não é novo na vida do atleta. No mundial de Daegu, na Coreia, ano passado, Pistorius correu o revezamento 4x400m e os 400 até as semifinais. No currículo, o sul-africano tem três ouros nas paralimpíadas de Pequim 2008 e mais outro ouro nos Jogos de Atenas 2004, além de ser recordista dos 100m, 200m e 400m rasos para amputados.

O atleta teve suas pernas amputadas ainda com 11 meses de vida, devido a ter nascido sem a fíbula. Antes do atletismo, se aventurou no rugby, pólo aquático e tênis. Os bons desempenhos nas pistas chamaram atenção dos adversários, que consideravam as próteses usadas pelo atleta como uma “ferramenta” que beneficiaria Pistorius. Ele chegou a ser proibido pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF, sigla em inglês) de disputar provas que na fossem com atletas paralímpicos. O caso foi levado ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), mas o sul-africano foi inocentado em 2008. De volta a categoria, o velocista espera mostrar ao mundo que não é preciso de pernas para correr pelos seus sonhos.

As chances de ambos conquistarem medalhas de ouro são escassas. Mas a superação demonstrada por eles serve de incentivo para milhares de outros atletas. Afinal, o espírito olímpico vai muito além de medalhas e troféus.

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