"Essa camisa do Ceará precisa ser honrada", pede Mota

Após despedida, atacante considerado por alvinegros como “torcedor de chuteiras” deu entrevista exclusiva ao Portal LeiaJá

por Roberto Junior ter, 03/12/2013 - 12:23

"Gostaria de deixar um legado no Ceará, não que se espelhem em mim, mas pela carreira do Mota, que entrem em campo como se fosse o primeiro jogo da vida". As palavras de João Soares da Mota Neto se alternam entre desabafo e orgulho. Sobre uma carreira que conta com amor, gols, momentos inesquecíveis, abdicações, idolatria, sucesso e frustrações. Na ultima quarta-feira (27), o jogador afirmou que não mais vestiria a camisa do Ceará Sporting Club, encerrando seu ciclo no clube em que aprendeu a amar desde que criança por influencia familiar, e conversou com o Portal Leia Já sobre futuro e última passagem no Alvinegro. O fim da relação de trabalho entre o Vovô e o “torcedor de chuteiras”.

A notícia pegou de surpresa, torcedores, dirigentes e desportistas cearenses. Aos 33 anos, o atleta possui história marcante no alvinegro de Porangabuçu pelo fato de ser considerado um ídolo dos torcedores do time. Mota começou a trilhar a vitoriosa carreira no futebol justamente pelo clube em que sempre sonhou jogar.

Ao todo, o atacante possui quatro passagens pelo Ceará, a primeira em 1998, com apenas 17 anos de idade e um contrato de apenas três meses, onde o jogador nem chegou a atuar com a camisa alvinegra e acabou saindo do clube de coração no anonimato.

Sobre sua primeira experiência com a camisa do Ceará, Mota contou: “Assinei, na época, com o Dimas Filgueiras, por três meses, no meio da temporada. Por ser torcedor, fiquei muito feliz. Mas, por ser novinho, acabei me machucando muito, não tinha a estrutura física necessária e fui dispensado. Há coisas que acontecem para o bem!”

Em setembro de 2001, aos 20 anos, o jogador chegou após sua primeira experiência internacional, a passagem pelo Mallorca, da Espanha. Mota começava a ficar conhecido em uma equipe jamais esquecida pelos torcedores alvinegros, que conseguiu evitar o rebaixamento do clube para o Campeonato Brasileiro da Série C, quando o atacante entrou nas graças dos torcedores, com gols e jogadas que na época, inclusive, lhe renderam vaga no time do Cruzeiro em 2003.

No ano de 2009, já com 29 anos, há oito anos na Coreia, status de ídolo, com propostas para jogar na seleção do país, campeão brasileiro pelo Cruzeiro e com interesse de clubes como Flamengo, Palmeiras e Cruzeiro, Mota demonstrou mais uma vez o tamanho do seu amor pelo alvinegro cearense, abdicando de propostas melhores financeiramente, e acertando seu retorno ao Ceará, no ano em que contribuiria com gols para o acesso e melhor fase do clube ao longo dos seus 99 anos, após 16 anos na Série B.

Logo após a conquista do histórico acesso, Mota retornou a Coreia, para o Pohang Steelers, onde passaria mais dois anos, mas não demoraria muito tempo para o coração falar mais alto. Tanto que, no início de 2012, após o alvinegro ser rebaixado para a Série B novamente, o Ceará anunciou que Mota estaria de volta ao time, no que até então, seria a ultima passagem do jogador pelo alvinegro.

Depois da decisão tomada, há cerca de um mês, em novembro deste ano, e deixando bem claro que realmente será um adeus e não um “até logo". Mas, continuará na torcida pelo sucesso do Vovô no futuro. “Gostaria de deixar um legado no Ceará, não que se espelhem em mim, mas pela carreira do Mota, que entra dentro em campo como se fosse o primeiro jogo da vida. Pois é uma responsabilidade muito grande. Essa camisa do Ceará precisa ser honrada”.

No total, Mota atuou em 181 partidas pelo Vovô e anotou 89 gols em redes adversárias, outro motivo para o atleta cair nas graças da torcida esteve sempre nos gols decisivos do jogador, principalmente contra o maior rival, o Fortaleza. Tanto que, com o manto preto e branco, o atacante se consagrou tetracampeão cearense (1998, 2002, 2012 e 2013), sempre demonstrando bom futebol nos clássicos regionais.

Com relação ao futuro, Mota se mostra bastante sincero e diz “não sei se vou encerrar a carreira, mas, quanto mais vai passando o tempo, o coração vai apertando. Estou triste, mas foi uma decisão pensada, não há um motivo específico, mas o meu ciclo como jogador do Ceará chegou ao fim”, finalizou o atacante, que recebeu férias do clube após seu ultimo jogo com a camisa do Vovô, no ultimo sábado (30), e ainda irá definir os desafios que almeja para 2014.

O que será sempre guardado na memória do jogador com certeza será o hino que faz parte da trilha sonora desta história: “Uh tá na moda, nosso atacante Mota”, que deixava em êxtase a torcida do Alvinegro a cada gol do artilheiro.

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