Rally Dakar começa com expectativa de disputas e desafios
Mais uma vez Buenos Aires será o ponto de partida do Rally Dakar, assim como em 2009, 2010 e 2011. Pela primeira vez, no entanto, o parque fechado, local onde são feitas as vistorias, foi construído no Parque Tecnópolis, uma área de 50 hectares em Villa Martelli, a 17 quilômetros da capital argentina.
A 36.ª edição do evento reúne 414 competidores, dos quais 74 são novatos. Representantes de 53 nacionalidades diferentes estão envolvidos. O primeiro trecho oficial de disputa liga a cidade de Baradero, na província de Buenos Aires, a Villa Carlos Paz, em Córdoba, um percurso total de 838 quilômetros.
Uma das grandes novidades da edição deste ano será a estreia na categoria dos carros de Cyril Despres, piloto francês que se consagrou por cinco anos entre as motos.
É a sétima vez que a América do Sul recebe o Dacar. Neste ano, os pilotos terão de atravessar o Salar de Uyuni, o maior deserto salgado do mundo, situado na Bolívia, a 3.600 metros de altitude, e o deserto mais árido do planeta, o de Atacama, no Chile, além de ter de lidar com a ameaça de protestos indígenas no norte da Argentina.
A chegada será no dia 17 de janeiro, após a reentrada em território argentino. O percurso é de 9.200 quilômetros.
Despres se integrou à prestigiada equipe Peugeot e terá como colegas o também francês Stéphane Peterhansel, dono de 11 títulos (seis nas motos e cinco nos carros), e o espanhol Carlos Sainz, campeão em 2010.
"Eu sinto um pouco de saudades das motos, mas a gente se sente mais seguro dentro de um carro, protegido por placas de carbono. Porém, no Dacar nada é seguro. Quem quiser ter tudo controlado começa a se complicar por aí."
A Peugeot volta à competição, em grande estilo, após 25 anos. Sua grande adversária deverá ser a Mini, que aposta suas fichas no atual campeão, o espanhol Nani Roma, no catariano Al-Attayaj Nasser, no polonês Kzyztof Holowczyc e no argentino Osvaldo Terranova.
"Chego para ganhar o Dacar outra vez", bradou Roma logo em sua chegada a Buenos Aires. "Agora tenho motivações novas, como a chegada da Peugeot. O ingresso de uma marca tão forte obriga os participantes a elevar os parâmetros."
Entre as motos, o atual campeão, o espanhol Marc Coma, e seu conterrâneo Jordi Viladoms, ambos da KTM, despontam como favoritos, secundados pelo português Rubens Faria e o inglês Sam Sunderland, que também pilotam modelos da marca austríaca. Outro lusitano, Paulo Gonçalves, da Honda, corre por fora.
Na interessante categoria dos quadriciclos, pilotos da América do Sul chegam com força. É o caso do atual campeão, o chileno Ignacio Casale, e do uruguaio Sergio Lafuente. O polonês Rafal Sonik também apresenta credenciais de respeito.
Por fim, a categoria dos gigantes do deserto, a dos caminhões, deverá ter como protagonistas o russo Andrey Karginov, da Kamaz, e o holandês Gerard De Rov, que guia um Iveco. Eles foram campeão e vice, respectivamente, em 2014.
Antes de os motores começarem a roncar, comunidades indígenas da província de Jujuy deram seu recado, declarando-se em estado de "permanente mobilização e alerta" diante da passagem do Dakar por seus territórios. Os índios reclamam que a caravana deixou no ano passado estradas em mau estado, animais mortos ou desorientados e salares com barro.
O Brasil contará com cinco participantes: Guilherme Spinelli e Youssef Haddad formarão uma dupla entre os carros, Jean Azevedo disputa a prova entre as motos, Eduardo Sachs será navegador do português Ricardo Leal entre os carros, e André Suguita competirá nos quadriciclos.