Goleiro colombiano brilha, mas dá Argentina nos pênaltis
Ospina foi o melhor jogador em campo
Em duelo em que os goleiros foram os protagonistas, Argentina dominou completamente a Colômbia, mas ficou no 0 a 0 no tempo regulamentar e garantiu a classificação para as semifinais apenas nos pênaltis, nesta sexta-feira pelas quartas de final da Copa América, em Viña del Mar.
No tempo normal, ambas as equipes falharam em balançar as redes, principalmente os argentinos, que mandaram no jogo por 90 minutos, mas tiveram que se contentar com uma classificação nos pênaltis.
"Foi muito injusto chegar aos pênaltis, mas foi isso que aconteceu", afirmou o treinador na entrevista coletiva depois da partida. "No geral, não achei nenhum ponto fraco na nossa atuação, a não ser a falta de definição, mas isso também tem a ver com a atuação do goleiro adversário", ressaltou.
"Não quero colocar a dúvida a justiça do resultado, mas muitas das jogadas tiveram foram iniciadas com perdas de bola nossas", comentou por sua vez o técnico da Colômbia, o também argentino José Pekerman.
Nas cobranças alternadas, foram necessários oito chutes de cada time para definir a Argentina como classificada, para tristeza do goleiro colombiano David Ospina, melhor jogador da partida, mas que não conseguiu fazer a diferença na 'loteria' dos pênaltis.
Melhor para o argentino Romero, que praticamente não teve trabalho com a bola rolando, mas foi decisivo nas penalidades máximas.
"Tentamos fazer uma partida tática, mas perdemos para um grande time da Argentina", lamentou Ospina.
A cobrança vencedora da 'Alviceleste' foi de Carlos Tévez, ídolo argentino que voltará a defender seu time de coração, o Boca Juniors, na próxima temporada.
"Esta vitória não é só minha. O futebol te dá a possibilidade de revanche, mas o que aconteceu, aconteceu. Hoje é uma vitória dos meus companheiros, que foram incríveis, e estou muito orgulhoso por fazer parte desta equipe", vibrou o atacante.
Com a vitória, a Argentina se classificou para enfrentar na próxima terça-feira Brasil ou Paraguai, que duelam neste sábado em Concepción pela última vaga nas semifinais.
Domínio argentino
Para o duelo contra a Colômbia, o técnico Gerardo Martino não inovou, apostando na equipe que venceu o Uruguai na segunda rodada da fase de grupos (1-0).
Com isso, Sergio Aguero, recuperado da lesão no ombro, voltou ao time titular no ataque, ao lado de Lionel Messi e Angel di Maria, mandando de volta para o banco Gonzalo Higuaín. Na defesa, o veterano Martin Demichelis foi substituido por Nicolás Otamendi, ex-zagueiro do Atlético Mineiro.
A surpresa ficou por conta da escalação da Colômbia. Técnico da seleção argentina na Copa do Mundo da Alemanha-2006, José Pekerman, que foi o primeiro a convocar Messi apostou num time ofensivo para brigar de igual para igual com o adversário.
Pekerman tirou o atacante estrela Radamel Falcao, que vinha fazendo péssima Copa América, e promoveu a entrada de Jackson Martínez ao lado do Teo Gutiérrez.
Não satisfeito, o atacante Víctor Ibarbo, da Roma, foi escalado como volante, no intuito de dar melhor saída de bola aos 'Cafeteros' para não depender tanto do xodó James Rodríguez.
O fato é que, desde o momento em que o juiz autorizou a saída de bola, a estratégia colombiana foi por água abaixo.
A Argentina dominou completamente a posse de bola, encontrou muito espaço para atacar e só não abriu grande vantagem no placar porque o goleiro Ospina estava inspiradíssimo.
O plano de Pekerman deu tão errado que, aos 20 minutos de jogo, o treinador tirou Teo Gutiérrez e colocou o volante Edwin Valencia para tentar deixar a disputa no meio de campo mais parelha.
"Entramos mal na partida e Teo não conseguiu sustentar algumas jogadas. Tínhamos que melhorar, e era preciso reagir rápido", justificou o técnico da Colômbia. "A Argentina dominou no jogo porque nos acomodamos, e permitimos que tenha o controle da bola. Não conseguíamos acertar três passes seguidos", lamentou.
A substituição não foi suficiente e a Argentina continuou perdendo gols.
Na chance mais clara da 'Alviceleste', Pastore fez grande jogada pela direita e cruzou rasteiro para Aguero finalizar de primeira. Ospina pulou para pegar.
No rebote, a bola sobrou livre para Messi cabecear sem marcação de dentro da pequena área, mas o goleiro colombiano, que adivinhou onde o craque ia cabecear, fez outro milagre espetacular, aos 25 minutos.
Para se ter noção do domínio argentino na partida, bastam duas estatísticas: 75% de posse de bola dos comandados de 'Tata' Martino e 11 chutes a gol, contra nenhuma finalização colombiana.
Ospina brilha
No segundo tempo, o jogo continuou sob domínio argentino, mas Messi e companhia perderam um pouco agressividade, levando menos perigo ao gol de Ospina.
Com isso, a Colômbia finalmente conseguiu chutar a primeira bola ao gol de Sergio Romero... aos 22 minutos da segunda etapa.
No lance, James cobrou escanteio e Jackson Martínez cabeceou sem marcação, mas nas mãos do goleiro argentino, que pegou sem dificuldade.
Pouco acionado no jogo, Aguero foi substituído aos 27 minutos por Carlos Tévez, ídolo da torcida argentina que entrou em campo mostrando sua famosa garra, apertando a saída de bola 'cafetera'.
A Argentina esbarrou novamente em Ospina, disparado o melhor jogador em campo, aos 34 minutos, quando Otamendi aproveitou um escanteio para finalizar a gol.
O goleiro colombiano, vivendo noite iluminada, voou para defender no puro reflexo. A bola ainda bateu na trave e passeou pela linha do gol antes de Zúñiga afastar o perigo.
Na última grande chance de escapar dos pênaltis, Tévez, que entrou a 15 minutos do fim, recebeu ótimo lançamento de Messi e tentou finalizar, mas dividiu a bola com Ospina e Zapata. No rebote, a bola foi rolando devagarinho em direção às redes, mas Murillo chegou antes de Lavezzi e salvou a Colômbia em cima da linha, aos 43.
Nos pênaltis, tudo indicava que os colombianos finalmente teriam alguma vantagem, já que Ospina parecia iluminado.
O goleiro, porém, não fez nenhuma defesa e, depois de oito cobranças de cada lado, Tévez chutou com categoria e colocou a Argentina nas semifinais, onde espera o vencedor de Brasil e Paraguai.