Sandro Goiano expõe recepção hostil e rivalidade com Timbu

Ex-volante compartilha história polêmicas, fala opiniões firmes sobre bastidores da Batalha dos Aflitos e admite não simpatizar com Náutico

por Fernando Sposito qui, 26/11/2015 - 08:15
Reprodução Ex-jogador falou abertamente sobre sua antipatia com o Timbu Reprodução

Capitão do Grêmio na lendária Batalha dos Aflitos, em 2005, o ex-volante Sandro Goiano era referência do equipe tricolor daquela época. Sério dentro de campo e símbolo da equipe por tomar a dianteira ao costumar falar em nome do grupo, o atleta voltou a revelar suas lembranças daquele dia, dez anos depois. E mostrou que as memórias permanecem como se estivessem frescas. Afinal, ele admite que jamais viu algo parecido no futebol, em 21 anos de carreira. Tanto pela intensidade dos momentos vividos quanto pelo cunho inusitado dos fatos sequenciados no reduto alvirrubro.

Aos 42 anos, Sandro jogou até os 38 e, nos últimos quatro, assumiu funções na diretoria de três clubes: América de São José do Rio Preto, Catanduvense e Sport. No Leão, inclusive, ele atuou entre 2008 e 2009, ainda como jogador. Período no qual venceu a Copa do Brasil e aumentou ainda mais a rivalidade que ele admite ter criado com o Náutico em decorrência da Batalha.

Em entrevista exclusiva ao Portal LeiaJá, o ex-jogador falou abertamente sobre sua antipatia com o Timbu e revelou detalhes da recepção armada pelos alvirrubros para os gremistas no dia da partida – segundo os representantes do time tricolor, as ‘boas-vindas’ chegaram em forma de ‘sabotagens’. Sandro Goiano não economizou nas palavras. Ele expôs sem medo a visão de um líder que fez o possível – ainda que de forma restrita, pelo calor do momento – para manter a ordem entre os gremistas.

Recepção hostil

Primeiro, nosso ônibus teve janelas quebradas. No estádio, tivemos que descer na rua e passar pelo meio da torcida deles. Atiraram objetos. Quando chegamos no vestiário, subiu um cheiro horrível de tinta fresca: eles tinham acabado de pintar as paredes. Ah, tem mais. Fizeram uma divisória extra que diminuía o espaço do local e, junto com isso, havia uma sirene fazendo barulho lá dentro. Depois, vimos que o portão de acesso ao túnel estava trancado com cadeado e soldado em suas extremidades, para que nossa equipe não aquecesse no gramado. Diante da situação, o nosso zagueiro Pereira discutiu com a Polícia e, no fim das contas, todos terminamos nos envolvendo nessa confusão. Foi uma bagunça.

Arbitragem

O árbitro da partida (Djalma Beltrami, do Rio de Janeiro) estava completamente perdido. Não sabia o que fazia. Acho que foi a pior atuação da vida dele.

Motivação extra

Com toda a situação construída naquele dia, garanto que os jogadores do Grêmio ficaram muito mais pilhados do que o normal. A recepção que tivemos já deixou todos nervosos. Quando vieram as complicações do árbitro, então...Entramos ainda mais motivados, e essa sensação cresceu durante o confronto.

Liderança comprometida

Realmente, eu sempre tive um papel de líder naquele time. Tanto que era capitão. Mas, num jogo como esse, a equipe sai das nossas mãos. Não há como controlar os ânimos. Terminou que não consegui colocar minha liderança em prática como sempre fazia. Foi um dia impressionante. Eu nunca tinha vivido nada parecido e, mesmo depois, nunca ouvi falar de nada que chegue sequer perto daquela atmosfera que se criou. Por tudo. Pela tensão, pelos quatro jogadores expulsos que tivemos, pelo gol do Anderson (o único tento da partida, após o então goleiro gremista, Galatto, defender o segundo pênalti marcado para o Náutico).

Rivalidade com o Timbu

Acabou ficando uma rivalidade. Nunca torci pelo Náutico. É um time com o qual não simpatizo. Inclusive, nunca perdi para os alvirrubros. E não é só isso. Além da Batalha dos Aflitos, também fui bem contra eles nos dois anos que passei no Sport.

Brinde para torcedor corajoso

Tem uma história curiosa desse dia. Quando a confusão tomou conta do gramado, o árbitro queria acabar o jogo. Então o nosso meia da época, Marcel, foi até a torcida gremista e pediu para ninguém invadir o gramado. Só que um ‘corajoso’ não obedeceu. Ele pulou, apanhou da polícia e foi levado para o nosso vestiário. Mas, depois do jogo, quando o encontramos lá, fizemos a festa juntos. Eu presenteei aquele ‘doido’ com uma chuteira e o Marcel deu uma camisa. Ali, já era só felicidade para todos nós.

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