Cerca de 77 mil crianças e adolescentes trabalham no Pará

Relatório do Dieese-PA foi apresentado no lançamento da campanha "Não ao trabalho infantil na cadeia produtiva", em Belém

sex, 10/06/2016 - 12:03
Thiago Barros/LeiaJáImagens Danila Cal debateu o trabalho infantil doméstico Thiago Barros/LeiaJáImagens

Cerca de 77 mil crianças e adolescentes trabalham no Pará, informou o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA) no lançamento da campanha nacional “Não ao trabalho infantil na cadeia produtiva”, no dia 7, no auditório do Fórum Cível de Belém. O evento, com a presença de vários especialistas, abriu caminho para as discussões sobre o tema, que culminarão no Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, neste domingo (12).

O Fórum Paraense de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção do Trabalho do Adolescente (FPETIPA) decidiu, neste ano, tratar do tema enfatizando a cadeia produtiva do açaí, informou a auditora fiscal do Trabalho Aline Calandrini.

Segundo Calandrini, para auxiliar na renda doméstica, crianças começam a trabalhar na extração do açaí e falam às aulas, prejudicadas pela rotina estafante. “Em 2015, foram realizadas 367 ações fiscais no Pará, nas quais foram afastados 152 crianças e adolescentes”, informou a auditora.

Calandrini diz que a campanha quer mostrar as cadeias produtivas que utilizam mão de obra infantil, ainda que seja em empreendimentos familiares e informais. “O objetivo é sensibilizar e convocar a sociedade, trabalhadores, empresariado e poder público para que se mobilizem contra essa prática. Ademais, a intenção é chamar atenção para um consumo mais consciente, ou seja, precisamos nos preocupar com a origem dos produtos que consumimos, a fim de dizermos não aos produtos oriundos do trabalho infantil”, afirmou. 

Doméstico - Um dos maiores problemas enfrentados no Estado é a visão sobre o trabalho infantil doméstico. Pensa-se, muitas vezes, que é um caminho natural para a criança pobre, de periferia. Para a doutora em Comunicação Social e professora da Universidade da Amazônia (Unama) Danila Cal, a mídia contribui para que essa modalidade de trabalho ilegal seja considerada “normal”.

O trabalho infantil doméstico precisa de combate, defende a professora, para que as desigualdades estruturais sejam atenuadas.  O processo de conscientização social também é necessário para o enfrentamento do sexismo, incentivando a discussão da distribuição do trabalho dentro das casas, onde muitas vezes as meninas são quase empregadas domésticas. 

Com informações de Mirelly Pires.

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