Parentes se desesperam diante da boate atacada em Istambul

O ataque deixou 39 mortos, entre eles ao menos 15 estrangeiros, e 65 feridos, segundo as autoridades

dom, 01/01/2017 - 14:09
OZAN KOSE Parentes de Ayhan Arik, uma das vítimas do ataque à boate Reina, em Istambul, no dia 1º de janeiro de 2017 OZAN KOSE

Grita, diz que precisa passar, que conhece alguém dentro da boate Reina, no coração de Istambul, onde um atirador acabou de cometer um massacre. Um policial coloca os braços sobre seus ombros e o homem começa a chorar.

Assim como dezenas de pessoas, este homem se dirigiu a Ortakoy, elegante bairro da margem europeia de Istambul, quando ouviu que a exclusiva boate havia sido alvo de um ataque que deixou 39 mortos, entre eles ao menos 15 estrangeiros, e 65 feridos, segundo as autoridades.

Em seguida, policiais e curiosos o afastam dos jornalistas. Desmorona, chora, grita. Um grupo de homens tenta tranquilizá-lo, um deles dá a ele seu casaco para que possa se proteger do frio.

À 01h15 da madrugada deste domingo (20h15 de sábado de Brasília), uma pessoa armada com um fuzil se dirigiu à entrada da boate e atirou contra um policial e um civil que estavam no local, antes de entrar na discoteca e abrir fogo contra centenas de pessoas que celebravam o Ano Novo.

Rapidamente, ambulâncias e veículos da polícia chegam ao local diante dos olhares atônitos de muitas pessoas vestidas com roupa de festa.

"Viemos para passar momentos agradáveis hoje, mas tudo se transformou repentinamente em caos e em uma noite de horror", conta à AFP Maximilien, um turista italiano.

Dezenas de jornalistas locais e estrangeiros se aglomeram atrás do cordão policial. Entre eles também há parentes das pessoas que estavam na boate no momento do atentado, com os rostos visivelmente marcados pelo cansaço e pela preocupação.

Uma mulher de cerca de 50 anos, com um xale sobre os ombros, olha para os arredores e se aproxima de diferentes grupos de pessoas para tentar reunir informações.

"Minha irmã estava lá dentro", diz. "Ela me telefonou e me disse que havia tiros. Não consegui voltar a me comunicar com ela desde então".

- 'Não chore' -

As dezenas de ambulâncias estacionadas nas imediações cruzam pouco a pouco o cordão para se dirigir à discoteca.

Uma mulher de 30 anos vestida com um longo casaco vermelho e uma grande bolsa no braço permanece imóvel. "Meu irmão está lá dentro. Tive notícias. Graças a Deus está bem. Agora o aguardo", suspira.

Em seguida se afasta caminhando rapidamente e repetindo em seu telefone: "Não chore, não chore, ele está vindo".

As ambulâncias voltam a sair, abrindo caminho entre as pessoas.

Pouco a pouco, o número de ambulâncias diminui, até que um policial anuncia que já não resta ninguém dentro do local.

Ao longe é possível ouvir a música de outros bares e discotecas, onde a população segue celebrando o início de 2017.

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