"Menti para polícia", disse namorado de jovem desaparecida

O fotógrafo Caio José Gomes, de 20 anos, gravou áudios de Whatsapp dizendo que temia pela própria vida se revelasse o que teria acontecido com a jovem Alana Sá Barreto

por Mellyna Reis sex, 23/03/2018 - 07:36 Atualizado em: sex, 23/03/2018 - 09:48
Mellyna Reis/LeiaJáImagens Pai e mãe de Alana estão na casa de amigos, na Barra da Tijuca Mellyna Reis/LeiaJáImagens

Depois de quatro noites em claro, buscando qualquer informação que levasse ao paradeiro de Alana Sá Barreto, de 17 anos, a família da jovem sentiu-se aliviada. 

O reencontro entre pai, mãe e adolescente, que foram submetidos a um acompanhamento psicológico para certificar se a fuga não foi motivada por algum tipo de violência, foi intermediado pelo Conselho Tutelar de Niterói na tarde desta quinta-feira (22).

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Alana estava desaparecida desde o último sábado (17), quando foi deixada no Shopping Center Recife, em Boa Viagem, para ir ao cinema.

Seus familiares peregrinaram por várias delegacias no Recife até receber a informação do delegado Guiherme Caraciolo, da Divisão de Homicídios, de que a jovem havia pego um Uber para o aeroporto e embarcado para o Rio de Janeiro, atrás do sonho de ser cantora.

Ela teria vendido uma câmera fotográfica e uma lente, além de ter juntado o dinheiro da mesada para conseguir comprar a passagem áerea no valor de R$ 832. Apesar de ainda estarem acomodados em lugares distintos na capital carioca, o pai e a mãe da garota se libertaram da angústia de que algo grave pudesse ter acontecido. 

"De terça-feira à noite pra quarta de manhã, foi o pior momento pra gente, que passou a acreditar que ela tava morta", desabafou o pai, Samuel Barreto, que não fazia ideia de que o sonho da filha pudesse levá-la a tomar uma atitude às escondidas. 

Toda essa aflição foi impulsionada por áudios de Whatsapp enviados pelo fotógrafo Caio José Gomes, de 20 anos, que admitiu à polícia ter um relacionamento virtual com a garota há quatro meses. No entanto, a família suspeita que a jovem interagia com Caio há uns 3 anos e que ele teria incentivado a sua vinda com promessas de alavancar a sua carreira.

"O agravante foi que o rapaz que ela namorava virtualmente e conheceu quando chegou aqui, em um dia ela sumiu dele. Estranho uma pessoa namorar um bocado de tempo na internet, conhecer e passar um dia, sumir e desistir do namoro em um dia, né? Então, pra gente, algo tinha acontecido aí e a gente não sabia o quê", presumiu. 

Nos áudios, Caio diz que teme pela própria vida e que 'causaria comoção se revelasse o que realmente teria ocorrido com a garota' e contasse 'quem eram os verdadeiros culpados'. O fotógrafo também assume que mentiu para a polícia no primeiro depoimento, quando falou que Alana tinha ido para São Paulo: "Eu vou fazer isso de divulgar pra ver se eu tento uma proteção". 

A mãe Patrícia Bezerra de Sá acredita que o rapaz, identificado com a ajuda de amigos da adolescente, sempre soube onde Alana filha estava. "Em nenhum momento ele aliviou a nossa pressão", comentou. Caio Gomes poderá responder pelo crime de falso testemunho, cuja pena prevista é de 2 a 4 anos de reclusão e pagamento de multa. 

A família não confirmou o retorno para o Recife, pois pretende passar uns dias buscando uma reaproximação maior com a garota. "A gente tem que dar mais ouvido e atenção aos filhos, prestar atenção mais em cada palavra, cada detalhe, pra que a gente possa ajudar", enfatizou Patrícia, que agradeceu ao apoio de todas as pessoas empenhadas na localização da filha.

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