Júri do caso Maria Alice será composto por sete mulheres

A escolha aconteceu após um sorteio entre 16 jurados presentes nesta terça-feira (22) na Câmara de Vereadores de Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife

por Lorena Andrade ter, 22/05/2018 - 09:44

O júri popular de Gildo da Silva Xavier, 35 anos, acusado de agredir, dopar, estuprar e assassinar a enteada Maria Alice Seabra, será formado por sete mulheres. A escolha aconteceu após um sorteio entre 16 jurados presentes nesta terça-feira (22) na Câmara de Vereadores de Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife. 

O crime aconteceu em julho de 2015. Gildo responde por homicídio qualificado - por motivação torpe, uso de asfixia e meio cruel-; sequestro e cárcere privado; destruição, subtração e ocultação de cadáver; e estupro. O júri será presidido pela juíza Fernanda Vieira Medeiros.

Após a oitiva das testemunhas, será interrogado o réu. Em seguida, haverá o debate entre o promotor e a defesa. Cada um tem até 1h30 para expor seus argumentos. Depois, poderá haver a réplica para o promotor, que dura até 1h, e a tréplica para a defesa, com a mesma duração. Após isso, haverá o julgamento pelo conselho de sentença formado pelas sete mulheres sorteadas.

TESTEMUNHAS

Dez testemunhas do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) foram selecionadas para o julgamento. Dessas, até cinco poderão ser ouvidas pelo júri. O réu não tem nenhuma testemunha de defesa.

Uma das testemunhas do MPPE para o julgamento de Gildo Xavier é a delegada Gleide Ângelo, que investigou o caso. “O meu depoimento vai trazer a verdade. Porque eu comecei desde o desaparecimento e a gente que encontrou o corpo. A gente tem toda a cronologia do crime e está tudo provado. Eu tenho tudo gravado, ele narrando tudo”, afirmou a delegada.

Ao chegar à Câmara de Vereadores de Itapissuma na manhã desta terça-feira, Gleide Ângelo afirmou que esse foi um dos casos mais cruéis investigados por ela. “O que mais me chamou atenção foi a maldade dele. Eu passei três dias nos canaviais procurando. Então, eu senti junto com a mãe dela, toda a dor de procurar e acreditar que Alice poderia estar com vida. O que me impressionou foi a frieza e a forma que ele justificou toda a barbárie que ele fez”, explicou.

Gildo da Silva Xavier convivia com Alice Seabra desde quando a garota tinha 4 anos de idade. “Ele tinha um desejo sexual, e para ter esse desejo ele fez qualquer coisa, inclusive matar. Não interessa se eu [Gildo] criei ela a partir dos quatro anos, não interessa se eu [Gildo] criei como pai por 15 anos, mas o meu [Gildo] desejo é maior do que tudo”, detalhou a delegada Gleide Ângelo.

“Ele é mau, cruel, frio. É uma pessoa que não teve nenhum sentimento de pai, nem pela mãe [de Alice]. A vítima não foi só Alice, foi a família toda de Alice. Porque todo mundo acreditava e confiava nele”, desabafou. 

A delegada Gleide Ângelo, a mãe de Maria Alice Seabra, Maria José Seabra, e a irmã, Maria Angélica Seabra, foram as selecionadas entre as dez testemunhas para serem ouvidas pelo júri. “Foi tudo premeditado. Ele tinha intenção desde o começo de matar da forma que matou e ele vai ter que pagar por tudo que ele fez dentro da lei. A minha esperança hoje é que seja feita a justiça. A gente sabe que essa dor nunca vai ser reparada, Alice não volta. Mas pelo menos é uma resposta”, finalizou a delegada Gleide Ângelo.

DEFESA

Gildo Xavier tinha um advogado de defesa, que se afastou do processo. Após isso, o defensor público Jânio Bianco foi designado a defender o acusado. Segundo Bianco, a linha de defesa é a de tentar retirar as qualificações do crime.

“Sabemos que ele confessou que matou, mas vamos seguir uma linha técnica para provar que não ouve sequestro, porque realmente o sequestro não está caracterizado, o estupro também não está caracterizado. Existem perícias que foram feitas que concluem que não houve estupro”, explicou o defensor.

Ainda segundo Bianco, o uso de rupinol também não foi comprovado pela perícia. “Também não houve ocultação de cadáver”, acrescentou.

DEPOIMENTO

Durante o depoimento, Gildo Xavier acusou a delegada Gleide Ângelo de mudar a cena do crime. O acusado também afirmou que foi agredido pelos policiais e que, após a prisão, não foi examinado pelos peritos. 

Gildo também negou ter estuprado e matado Maria Alice Seabra, e disse que “apenas deu três murros" nela.

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