Brasileiro que assediou mulher na Rússia é tenente da PM

Entre os integrantes do grupo que gravou o vídeo está o tenente Eduardo Nunes, que trabalha na PM de Santa Catarina

ter, 19/06/2018 - 14:59

A Polícia Militar de Santa Catarina confirmou, na manhã desta terça-feira (19), a identidade de mais um brasileiro que participou do vídeo assediando uma jovem, aparentemente russa, durante a Copa do Mundo. O tenente Eduardo Nunes serve no município de Lages e já foi notificado. Por meio de nota, o comando da PM catarinense revelou que o "abrirá um processo administrativo-disciplinar para apurar a conduta irregular do militar" tão logo o policial volte da viagem à Rússia.

"A corporação não corrobora com este tipo de atitude, que é incompatível com a profissão e o decoro da classe, previsto no Regulamento Disciplinar e no Estatuto da PMSC, independentemente de estar em período de férias, folga de serviço ou qualquer outra situação de afastamento, devendo, portanto, responder por suas atitudes", diz o comunicado oficial da polícia.

No início deste ano, o tenente Eduardo Nunes participou de uma ação de conscientização em Santa Catarina. Ele foi um dos entrevistados em uma reportagem exibida no Jornal do Almoço, da NSC TV, no Dia Internacional da Mulher em março. Na ocasião, ele falou sobre ações para combater o assédio na saída das universidades.

Na última segunda-feira, o pernambucano Diego Valença Jatobá, que foi secretário de Turismo de Ipojuca (PE), município onde está localizada a praia de Porto de Galinhas, foi o primeiro reconhecido no vídeo.

Apesar da manifestação de vários brasileiros na Rússia pedindo a deportação do político e dos outros homens que aparecem no vídeo, as autoridades russas não podem fazer nada diante do caso se a própria jovem não der queixa. Caso ela a faça, eles poderão ser presos e até extraditados.

A Ordem dos Advogados do Brasil, em Permambuco, também confirmou a identidade de Diego e divulgou nota da repúdio, assinada pelos presidentes Ronnie Preuss Duarte (da OAB/PE) e Ana Luiza Mousinho (da Comissão da Mulher Advogada).

“A preconceituosa atitude é causa de vergonha para todos nós, brasileiros, e vai na contramão do atual contexto de luta contra a desigualdade de gênero, em que cada dia mais as instituições públicas e privadas estão em busca de soluções conjuntas para que nenhuma mulher sofra qualquer tipo de violência ou discriminação pelo fato de ser mulher”, diz a nota.

Nas redes sociais, artistas brasileiras condenaram o conteúdo do vídeo. “Não é engraçado. É machismo. Misoginia. E vergonha. Muita vergonha”, escreveu a atriz Bruna Linzmeyer em seu perfil no Instagram, publicando o vídeo com o rosto da moça borrado. “Que vergonha, Meu Deus”, disse a também atriz Laura Neiva.

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