Casamento coletivo vai realizar sonho de 50 casais LGBTI+

Cerimônia será no dia 22 de dezembro, em Belém. Voluntários apoiam e fazem mobilização pelas redes sociais.

qua, 05/12/2018 - 15:31

O dia 22 de dezembro nascerá muito mais alegre para alguns dos integrantes do grupo Resistência LGBTI pela Democracia. Isso porque 50 casais poderão dizer, oficialmente, sim para a vida a dois. Três deles irão casar-se pela manhã e os demais, à tarde.

Criada no mês de outubro, após o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018, a comunidade de Resistência LGBTI é a principal responsável por organizar a cerimônia. O grupo, que era formado, a princípio, somente por amigos, atualmente conta com mais de 700 curtidas na sua página na rede social Facebook e 100 integrantes no aplicativo WhatsApp. O coletivo tem como intuito principal promover uma mobilização dentro da comunidade LGBTI+ e defender os direitos dessa população.

Com receio das propostas conservadoras do governo de Jair Bolsonaro, os atvistas decidiram se organizar. “Jogaram essa ideia no grupo, o pessoal gostou e dissemos que íamos colocar em pauta. Levamos na reunião seguinte a discussão de que existia essa demanda e que íamos encaminhar e fazer uma campanha para o casamento LGBT. Foi surpreendente, porque não esperávamos a repercussão, demanda que foi na nossa página”, disse Lélia Oliveira, uma das organizadoras do casamento e integrante do grupo.

O número expressivo de pessoas interessadas foi espantoso. Entretanto, algumas não puderam participar por falta da documentação solicitada. “Tem muita gente que ficou de fora porque não conseguiu dar entrada na documentação. E com isso foi abrindo vagas para outras pessoas. Passou muita gente para casar, mas depois chegou nesse número que está”, relatou Lélia Oliveira.

Voluntários que se puseram à disposição para auxiliar na organização do evento estão trabalhando em diversas áreas. “Apareceu de tudo. Fotógrafos, designer, cerimonialista, artistas, cabeleireiros e maquiadores. São mais de 150 pessoas que se inscreveram para estar ajudando de alguma forma”, comentou Lélia. 

Para muitos dos colaboradores apoiar esse momento é algo que tem muitas causas e significados. “Na verdade, não é decisão. É um dever. Dever de cidadão e de ser humano, apoiar o amor, a vida e a felicidade. Vivemos em tempos sombrios e usarei minhas armas para defender os direitos LGBT+. Estamos juntos, de mãos dadas, e viva a diversidade”, ressaltou o cantor Anderson Moyses.

Muitos dos casais já vivem juntos só por questão oficial vão registrar a sua união e família. O planejamento já havia inclusive sido realizado por alguns que participarão da cerimônia. “É uma oportunidade importante de exercer um direito civil conquistado: o casamento igualitário. E ao mesmo tempo, reafirmar que nossas famílias existem e que juntos somos resistência. Estamos felizes por tomar parte neste grande ato de amor”, declarou o casal Rita Melem e Cris Rodrigues.

“O casamento, em si, já era algo planejado por nós, e estávamos conversando sobre isso. Tivemos a sorte e honra de participar desse casamento coletivo que visa a aproximação e força que nós, enquanto casais homoafetivos, precisamos demonstrar para esse novo governo opressor. Sentimos a imensa felicidade em não só partilhar esse momento com alguns amigos próximos  mas também com casais que vivem situações parecidas com a nossa ”, disse o casal Juliane e Jeane.

Rita Melem, integrante do grupo Resistência e noiva, procurou o Cartório do 4º Ofício para que fosse realizada a cerimônia, também política, da melhor maneira para todos os envolvidos. O grupo conseguiu o desconto no cartório e a partir disso mobilizou-se para garantir a gratuidade dos trâmites para realização do matrimônio, exceto a taxa de deslocamento

O coletivo, apesar do apoio de mais de 150 pessoas, necessita de ajuda para que a estrutura do evento, que será realizado no Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Pará (SINDTIFES), seja assegurada. O conjunto de casais ainda está vendo como pode adquirir a decoração da cerimônia, por exemplo. “Achamos por bem fazer o envolvimento da sociedade por meio das campanhas: adote um casal, doação de salgadinho e docinho. Nós pensamos ser possível realizar para 30 casais, mas quando a Rita, uma das noivas, fez o primeiro anúncio na página dela, e depois que fizemos no Resistência, a procura foi muito grande. Passou de 30 rapidamente. Então procuramos de novo o cartório e perguntamos se era possível fazer para 50 casais e eles disseram que sim desde que fosse fora do cartório. E, assim, entramos em contato com o SINDTIFES e ele cedeu a sede campestre”, explicou Lélia.

A campanha adote um casal possibilita que as pessoas interessadas em ajudar possam fazer doações e assim contribuir com um algum valor a partir de R$ 20,00, apadrinhando algum casal. Além disso, está sendo também feita uma rifa para ajudar na arrecadação de fundos. A rifa irá correr pela loteria federal no dia 08/12. A página para os interessados entrarem em contato com o grupo é: https://www.facebook.com/resistenciaLGBTIpelaDemocracia/

Por Wesley Lima.

 

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