Motorista de app confunde menor com assaltante e atira

Condutor, que serviu ao Exército e é vigilante, recebeu o chamado nas proximidades do Complexo do Curado

seg, 25/02/2019 - 12:27
Divulgação/Polícia Civil Polícia Civil apresentou detalhes do caso nesta segunda-feira (25) Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil apresentou, nesta segunda-feira (25), a conclusão das investigações sobre um motorista de transporte de aplicativo que atirou em um adolescente que havia solicitado uma corrida nas proximidades do Complexo do Curado, presídio localizado na Zona Oeste do Recife. Atos Matias da Silva, de 29 anos, alegou ter agido em legítima defesa por acreditar que seria assaltado.

Levando em conta o argumento do suspeito, a Polícia Civil descartou o indiciamento por tentativa de homicídio. Entretanto, o motorista irá responder por lesão corporal de natureza grave e porte ilegal de arma de fogo. O caso ocorreu no dia 3 de fevereiro e o jovem alvejado só recebeu alta na última semana.

"Houve, na verdade, uma confusão. O indiciado acreditava se tratar de uma situação de assalto, acreditava estar diante de uma agressão injusta e que podia se defender daquela agressão", explica o delegado Carlos Couto, titular da 4ª Delegacia de Polícia de Homicídios (DPH).

Segundo o delegado, o fato se deu por volta das 22h. Dois jovens estavam na casa de uma amiga, no bairro do Sancho, nas imediações do complexo prisional, e decidiram ir para casa, no bairro de Coqueiral. "Eles resolvem utilizar o Uber, os motoristas recusam três corridas seguidas, instante em que eles decidem pedir por outro aplicativo, o 99Pop. Nenhum dos jovens tinha esse aplicativo, aí eles usam o instalado no celular da dona da casa", resume o delegado.

Um primeiro motorista do 99Pop também recusou a corrida, que foi aceita pelo segundo condutor. Os jovens chegaram a trocar mensagens diretas com o motorista. Conforme a polícia, o veículo fica parado com os vidros fechados em uma esquina próxima ao local chamado, porém quando os jovens tentam se aproximar, o condutor arranca bruscamente.

Pouco depois, os solicitantes visualizam o veículo retornando pelo outro lado da rua. Eles novamente se aproximam e, nesse momento, Atos realiza dois disparos, um tiro acerta um muro e outro o adolescente D.G.M.L., de 15 anos.

O indiciado já serviu às Forças Armadas por dois anos e também trabalha como vigilante patrimonial. A pistola que carregava estava regularizada para posse, porém não para porte, sendo assim, ele não podia circular com a mesma. Atos vai responder aos crimes em liberdade. "As investigações estão sendo concluídas e vão ser remetidas para o Ministério Público. Lá o representante vai verificar se é caso de denunciar, pedir novas diligências ou arquivar", complementa Carlos Couto.

Por nota, a empresa 99, proprietária do serviço 99Pop, afirmou que o perfil do condutor foi imediatamente bloqueado do aplicativo e que foram repassados para a polícia os dados da viagem. Segundo a empresa, a vítima tem direito a um seguro pessoal que cobre despesas hospitalares decorrentes de acidentes em corridas da plataforma. "A 99 lamenta essa e quaisquer outras ocorrências de violência e está trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana, para colaborar com a segurança dos usuários", disse através de nota.

 

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