Jornalista leva tapa ao tentar ajudar adolescente no Rio

"Preto e pobre, o adolescente agonizando não era um menino, era um bandido. Merecia apanhar. Socorrendo o 'delinquente', eu não era uma jovem mulher. Era a 'defensora de bandido"

por Jameson Ramos sex, 12/04/2019 - 19:50

Após ver um adolescente negro no chão, gemendo e chorando de dor, a jornalista Bruna de Lara diz que foi agredida por um homem na Estação do Largo do Machado, no Rio de Janeiro, quando tentava ajudar o menor. Segundo confirma a Bruna, os seguranças da estação e policiais militares que foram acionados para auxiliar no caso, nada fizeram.

Bruna compartilhou a história em sua conta do twitter e, segundo publicação, as agressões aconteceram por volta das 22h desta última quinta-feira (11). A jovem diz que, ao ver o adolescente chorando de dor, ele afirmou que foi espancado por um vendedor da estação e os guardas do local teriam visto e nada fizeram.

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Em resposta a Bruna, os seguranças do MetrôRio responderam que o menino era usuário de drogas e não devia nem estar naquele local. O que Bruna responde não ser justificativa para que os guardas permitissem a agressão e não socorressem o garoto.

Socorrendo o adolescente, a jovem diz que um homem gritou: "tá com pena? leva pra casa. Tá gostando do bandidinho, é". Depois de ouvir as falas do homem, Bruna diz que respondeu e acabou levando um tapa no rosto e "caindo longe". "Ele era três vezes maior do que eu", diz a jovem.

"Preto e pobre, o adolescente agonizando não era um menino, era um bandido. Merecia apanhar. Socorrendo o 'delinquente', eu não era uma jovem mulher. Era a 'defensora de bandido'. Merecia apanhar também. Se fosse um assalto, os seguranças do MetroRio teriam feito corpo mole? (sic)", indaga Bruna de Lara.

A jovem afirma que ligou para a polícia e, neste momento, o homem agressor pediu desculpas, dizendo que nunca mais faria isso de novo e que havia perdido o controle - fugindo em seguida.

"Vimos uma viatura e corremos. Como os PMs reagiram a uma mulher agredida, encharcada e descalça? Se recusando a ver nossos vídeos, reclamando dos pinguinhos de chuva e metendo o pé, dizendo que procurariam um cara que não queriam nem saber como era. Isso aí: servir e proteger (sic)", acentua Bruna.

Ela reforça que, desde o início - quando o adolescente foi agredido -, não foi feito nada pela equipe da MetrôRio e, em seguida, pela Polícia Militar. "Só desdém de duas corporações que não estão nem aí pra agressão contra um jovem negro ou contra uma mulher" aponta.

Bruna de Lara afirma que fez um Boletim de Ocorrência e exame de corpo de delito. Com a viralização do caso compartilhado pela jovem, a assessoria da MetrôRio respondeu à própria Bruna, dizendo que está apurando os fatos para que as providências possam ser tomadas. Até a publicação dessa matéria, o LeiaJá não conseguiu resposta da assessoria.

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