Mulher é acusada de furto e denuncia racismo em shopping

Maria Angélica Calmon, de 54 anos, teve que abrir sua bolsa na praça de alimentação de um shopping, para confirmar que não havia roubado nada

por Jameson Ramos ter, 07/05/2019 - 18:34
Reprodução/Facebook Maria Angélica denuncia a Drogasil por racismo Reprodução/Facebook

Acusada por um funcionário de ter roubado um creme preventivo de assaduras em uma farmácia, Maria Angélica Calmon, de 54 anos, veio à público desabafar sobre a situação motivada, segundo ela, por conta da cor de sua pele. O caso de racismo aconteceu na unidade da Drogasil que fica dentro do Salvador Shopping, na Bahia.

Angélica relata que a situação aconteceu no dia 17 de abril, quando foi encontrar com a sua mãe, filha e neta que estavam comprando remédios de uso diário da matriarca da família que tem 86 anos e sofre de pressão alta e problemas cardíacos.

"Enquanto elas compravam, fiquei olhando alguns hidratantes e depois fui ao encontro delas que já estavam se dirigindo ao caixa para efetuar o pagamento", compartilha Angélica. Ela afirma que por volta das 21h, mais de duas horas depois de ter saído da drogaria, foi abordada por um funcionário da empresa, que se apresentou como Willam.

Neste momento, Maria Angélica aponta que o rapaz disse que ela havia furtado o produto da farmácia. Ela chegou a dialogar com o Willam dizendo que se fosse uma brincadeira, "era de mau gosto".

"Nesta altura, minha neta estava apertando a minha mão com os olhos 'esbugalhados' de medo. Perguntei para o sujeito se ele tinha ciência de que estava me constrangendo por algo que tinha certeza absoluta de não ter feito, e ele tornou a repetir: 'nós vimos nas câmeras", relatou.

Se vendo numa situação constrangedora, já que a abordagem aconteceu na praça de alimentação que estava, segundo Angélica, lotada, ela confirmou sua inocência. "Moço, eu não peguei nada, minha mãe comprou um remédio e pagou, o senhor está me caluniando e me constrangendo em praça pública; o senhor quer ver minha bolsa? Ele disse: 'quero", lembra.

Calmon diz ter pedido para que uma funcionária do parque de brinquedos do shopping fosse testemunha da situação e abriu a bolsa para que o Willam confirmasse que ela não havia roubado nada.

"Quando ele viu que não tinha nada, disse para mim: 'não precisava disso'. Nesse momento, saí do sério e comecei a gritar: 'seu racista, mentiroso, preconceituoso, vou processar vocês, isto é crime de injúria e calúnia", acentua Angélica. Ela complementa que até o momento em que começou a gritar ninguém do Salvador Shopping apareceu em seu socorro.

"Só quando gritei, perturbando a paz e a ordem, apareceram dois seguranças. Mas enquanto eu estava sendo exposta junto com a minha neta, ninguém apareceu nem prestou qualquer tipo de auxílio ou ajuda", exclama.

Maria Angélica prestou queixa no Serviço de Atendimento ao Cliente do Salvador Shopping e na 16ª Delegacia de Polícia da cidade, entrando com um processo criminal contra a Drogasil. "Não acreditei que isso pudesse ter acontecido comigo. Até então, me iludia achando que em Salvador, por ter a maioria da sua população negra, não existia racismo", aponta.

A vítima confirma ainda que o fato só foi tardiamente compartilhado porque estava se recuperando do “susto”, após ter sua autoestima colocada em “migalhas”. O LeiaJá entrou em contato com a assessoria da Drogasil, mas não conseguiu posicionamento da empresa até o fechamento desta reportagem.

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