Assédio sexual ainda assombra o ambiente de trabalho

Especialistas explicam a importância da denúncia e quais medidas são necessárias para a proteção das mulheres

sex, 06/03/2020 - 10:21
Quezia Dias/LeiaJáImagens Denúncia é a principal arma contra o assédio sexual Quezia Dias/LeiaJáImagens

O assédio sexual é um comportamento abusivo que constrange e amedronta mulheres. Muitos casos ocorrem no ambiente de trabalho.

Uma estudante entrevistada para esta reportagem, que preferiu não se identificar, foi vítima de um caso. “Eu já sofri várias vezes assédio tanto no local de trabalho quanto fora dele. Teve um que eu nunca vou esquecer”, contou.

O primeiro caso, em  2016, relatou, ocorreu em uma entrevista de emprego. “Ele (o empregador) falou que queria marcar uma reunião comigo, um jantar. No decorrer do caminho eu percebi que não era isso, e ele me levou para outro lugar”, disse a estudante. “Ele tentou me agarrar dentro do carro dizendo que eu só ia conseguir o emprego se ficasse com ele, ou seja, ele queria que eu dormisse com ele. Então quer dizer que só pelo fato de ser mulher e aparecer uma proposta eu vou ter que me deitar com uma pessoa para poder subir na vida? Não. É errado”, afirmou.

Para o advogado João Paulo Bentes Martins, existem várias legislações que protegem as mulheres. A primeira é a lei Maria da Penha, especifica para que elas não sofram com agressões tanto psicológicas quanto físicas. As mulheres podem denunciar casos de assédio na Delegacia da Mulher. “Em relação a outras leis, temos a Consolidação das Leis Trabalhistas, que visa à proteção jurídica tanto pro empregador quanto para o empregado. Se for mulher, existem dois tipos de assédio na relação de trabalho: o assédio moral, que se encaixa na legislação trabalhista, e o assédio sexual, que vai para o Código Penal”, explica.

Muitas mulheres optam por não fazer a denúncia por medo de serem expostas ou sofrerem retaliações. Segundo a psicóloga Amanda Almeida, as medidas psicológicas que podem ser  tomadas são as preventivas e reativas. “Os treinamentos de ética e treinamentos jurídicos para assédio moral podem ser preventivos e como medidas reativas, o afastamento de vítima e agressor e acompanhamento psicológico”,  explica.

Para a especialista, o acompanhamento psicoterápico é de extrema importância. ”Outra forma é ter suporte no ambiente de trabalho, saber mais e ler sobre, porque muitas mulheres nem sabem que estão passando por assédio. Esclarecer isso é ter a segurança de como agir caso passe por uma situação dessa novamente”, conclui.

 Por Ana Luisa Damasceno e Carla Alves.

 

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