Sem coveiro,filho precisa enterrar o próprio pai em Manaus

Antes disso, ele passou três dias à procura do corpo do idoso no hospital

por Paula Brasileiro seg, 27/04/2020 - 09:36

O  Amazonas tem tido um crescimento preocupante de contaminações por coronavírus. Com 3.833 casos confirmados, sendo 71% deles na capital, Manaus, o estado também tem um alto número de mortes, 304 até agora. O aumento dos óbitos já causa um colapso nos sistemas de saúde e funerário da capital amazonense, com pouco espaço para condicionamento e sepultamento dos corpos. No último domingo (26), uma família precisou fazer o enterro do próprio parente por falta de coveiro. 

Com hospitais lotados e um alto número de mortes, a capital do Amazonas tem recorrido a algumas estratégias para dar conta da situação alarmante. Containers frigoríficos foram instalados nas áreas externas dos hospitais da cidade para acondicionar as vítimas fatais da Covid, após imagens de corpos amontoados nos corredores dos hospitais da cidade circularem pela internet. Nos cemitérios, valas comuns, chamadas de trincheiras, estão sendo abertas para os sepultamentos.

O esforço, no entanto, não foi suficiente para a família de John Magno Máximo. O homem afirmou, em entrevista ao G1, que após a morte de seu pai, Joaquim Lopes da Silva, de 82 anos, precisou procurar pelo corpo dele durante três dias, se expondo nos frigoríficos do hospital. “Muitos corpos em cima do outro, sem identificação nenhuma. Nós tivemos que nos arriscar, tivemos que nos arriscar dentro do freezer, dentro do frigorífico para identificar nosso pai”, disse.

Além disso, a própria família teve que fazer o enterro do idoso, no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, na capital, uma vez que no lugar não foram encontrados coveiros. “Nós mesmos estamos aterrando ele, porque não tem coveiro, não tem ninguém da administração, ninguém para nos ajudar".

Ainda de acordo com o G1, a Prefeitura de Manaus alegou ter se tratado de um caso isolado e vai apurar os fatos para tomar as medidas cabíveis. Segundo a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) da capital amazonense, estão sendo realizados cerca de 100 enterros por dia na cidade, a maioria deles no cemitério público local, o Nossa Senhora Aparecida. Já o Sindicato das Empresas Funerárias do Estado do Amazonas (Sefeam) afirma que as empresas de Manaus têm estoque de urnas para mais dez dias apenas. 

 

 

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