Cacique kaiapó Paulinho Paiakan morre de covid-19

Importante liderança indígena da Amazônia também enfrentou processo e condenação por estupro, na década de 1990. Pará já tem 4.395 mortos pela doença do novo coronavírus.

por Antônio Carlos qua, 17/06/2020 - 18:50
Mário Vilela/Funai Cacique Paulinho Paiakan: vítima da covid-19 Mário Vilela/Funai

O cacique kayapó Paulinho Paiakan, 67 anos, uma das lideranças indígenas mais importantes da Amazônia, morreu nesta quarta-feira (17), em Redenção, vítima da covid-19, a doença do novo coronavírus. Paiakan teve atuação destacada na luta em defesa dos povos indígenas e da floresta amazônica.

O cacique atuou durante anos contra grileiros, garimpeiros e denunciou os impactos do projeto hidrelétrico de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. A partir de 1992, perdeu espaço depois de ser condenado pelo estupro da estudante Silvia Letícia da Luz Ferreira.

Paiakan ficou preso preventivamente, num pocesso que teve repercussão internacional. Em 1998 foi condenado por unanimidade pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Pará, informa o site Terras indígenas.

A esposa do cacique, Irekrã, foi acusada de ter agredido a vítima e facilitado a ação do marido. Foi condenada a quatro anos de detenção em regime semiaberto.

Na semana passada, Paiakan deu entrada no hospital de Redenção, no sul do Estado, com sintomas da covid-19. Com o agravamento do quadro clínico, foi transferido para o Hospital Regional Público do Araguia, onde morreu.

Paiakan foi um dos primeiros kayapós a aprender português. Atuou junto à Fundação Nacional do Índio (Funai) e defendeu o território indígena ao lado de importantes figuras do indigenismo, como o cacique Raoni. Em 2008, conseguiu a homologação de terra indígena onde hoje vivem cerca de 12 mil pessoas.

Em nota publicada no seu site oficial, a Fundação Nacional do Índio (Funai) lamentou a morte de Paiakan. "Paulinho era morador da aldeia Aukre, a cerca de 300 quilômetros do município de Redenção, no Sul do estado do Pará. A Funai lamenta profundamente a perda da liderança e ressalta que Paulinho Paiakan deixa um legado de intensa dedicação à defesa dos direitos indígenas", diz o texto.

O Pará tem 76.623 casos confirmados de covid-19, com 4.395 mortes. Veja aqui o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

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