Comércio de praia volta a funcionar com poucos clientes

No primeiro dia de retorno às praias, barraqueiros estavam atentos aos protocolos de segurança para trabalhar

por Paula Brasileiro seg, 31/08/2020 - 11:17

Com a chegada da oitava fase do Plano de Convivência com a Covid-19, barraqueiros de praia e vendedores ambulantes retornaram ao trabalho, nesta segunda (31). Além dos vários protocolos de segurança, e muita vontade de trabalhar, eles receberam os consumidores, na praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, com a expectativa de recuperar o prejuízo amargado nos vários meses em que ficaram parados.

Para receber a clientela, os barraqueiros precisam disponibilizar álcool em gel, colocar os guarda-sóis a uma distância de quatro metros, um do outro, e em cada ponto, só é permitido, a permanência de 10 pessoas no máximo. A fiscalização da Prefeitura do Recife, segundo vendedores, chegou logo cedo na praia de Boa Viagem, nesta segunda (31), para conferir a retomada.

Após 7 meses sem trabalhar na praia, o barraqueiro Italo Ferreira estava animado com o retorno. Segundo ele, a volta só foi possível com a ajuda financeira de um grupo empresarial. "Eles fizeram um cadastro com os barraqueiros e deram um cartão com mil reais para a mercadoria. Se não fosse isso, ia voltar todo mundo morrendo".

Já Roberto Cabral, que tem um ponto na mesma praia há cinco anos, reclamou um pouco da "burocracia" imposta pelos protocolos. "Um casal não pode ficar junto nas cadeiras, tem que ter distância de um metro. Eu não tenho como controlar isso, tenho mais de 200 cadeiras", disse. No entanto, a expectativa do barraqueiro é ver o movimento crescer ao longo dos dias, sobretudo no próximo "feriadão" de 7 de Setembro.

No calçadão, em um dos quiosques de coco, o comerciante Orlando Domingos da Silva estava "tranquilo" com o retorno. Há 28 anos no mesmo ponto, ele conta que vários colegas, assim como ele, tiveram prejuízos altos durante o tempo em que não puderam trabalhar, tanto pela perda de mercadoria que acabou estragando como pelos arrombamentos e roubos. Segundo Orlando, seu quiosque só não foi roubado porque ele próprio fazia a vigilância. "Eu dormia aqui dentro dia sim, dia não. Não tem policiamento à noite, é complicado".

Em Brasília Teimosa, ponto bastante frequentando nas segundas-feiras, o movimento de clientes ainda estava tímido. Na Barraca da Galega, eles encontraram álcool em gel, máscaras à disposição, além de sinais informativos a respeito dos protocolos de segurança. 

A comerciante Andrea Almeida, a Galega, investiu bastante para retornar ao seu ponto, aberto há 25 anos, atendendo ao solicitado pelo Plano de Convivência. "Antigamente o pessoal ficava sentado na areia, comendo na areia mesmo, agora tem álcool, máscara. A gente tem que investir, né, pra ter o retorno". 

Movimento fraco

Na primeira manhã de retomada do comércio de praia, o movimento foi fraco, segundo os barraqueiros. Poucos clientes compareceram nas areias e o fluxo maior de pessoas ficou restrito ao calçadão.

A aposentada Salma Cavalcanti, no entanto, fez questão de ir à praia neste dia de retomada. Ela comemorou a volta dos barraqueiros e garantiu se sentir segura em frequentar o local. "Já era pra ter liberado há muito tempo. Eles liberaram as academias, que é muito mais perigoso. Pra gente, é muito ruim ficar na areia; eu vim hoje só porque liberou mesmo".

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