Covid-19: povo Pankararu registra 1ª morte pela doença

Dona Lourdes, de 64 anos, estava internada em um hospital em Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco

por Vitória Silva qui, 03/12/2020 - 11:21
Acervo Pankararu/Cimi Filha da indígena que morreu está em uma UTI também com Covid-19 Acervo Pankararu/Cimi

Com uma crescente nos casos da Covid-19, a aldeia indígena Espinheiro, do povo Pankararu, confirmou na terça-feira (1º) o seu primeiro óbito pela doença. Dona Lourdes, de 64 anos, como foi identificada, vivia em Tacaratu, no Sertão de Pernambuco, um dos três municípios ocupados por esse mesmo povo na região, e estava internada em um hospital em Serra Talhada, também no Sertão.

Segundo o boletim de saúde gerado pelos próprios Pankararu, Lourdes era diabética e faleceu por comorbidades associadas à Covid-19. A informação foi divulgada pela Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme).

Ainda segundo a nota da Apoinme, a aldeia luta também pela vida da filha de Lourdes, Sinésia, que se encontra internada em uma Unidade de Terapia Intensiva em Serra Talhada. À população, Larissa Santos, neta de Lourdes e prima de Sinésia, deixou uma mensagem em apelo.

“Mulher forte, guerreira, especial, uma das pessoas mais importantes que já conheci, e que dava e sempre dará orgulho para todos. Um vírus terrível a tirou de nós, mas tudo é como Deus quer. Peço que se conscientizem, a vida é só uma e é passageira, passa num piscar de olhos e a gente não percebe. A prova que esse vírus é cruel e existe, ele não escolhe nem cor nem raça. Se cuidem e usem máscara”, escreveu a familiar.

O caso de Sinésia é um dos 43 ativos entre as três aldeias do povo Pankararu: Espinheiro, Agreste e Macaco. De acordo com o boletim, o povo já confirmou 74 casos, mas recuperou 31 deles e os demais estão sob monitoramento. Foram descartados 202 casos, dos quais 197 passaram pelo teste rápido com resultado negativo, e cinco realizaram o exame RT-PCR em laboratório.

Há ainda 47 casos suspeitos. Em distribuição por aldeia, são 38 casos na aldeia Espinheiro, onde vivem cerca de 480 pessoas; quatro casos na aldeia do Macaco, e um caso na aldeia Agreste.

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