Denúncia aponta desvio de vacinas em Manaus

Segundo a página Bora Conversar Política, o prefeito David Almeida teria criado cargos comissionados para favorecer seus filhos e os de empresários amazonenses

qua, 20/01/2021 - 11:12
Arthur Souza/LeiaJáImagens Arthur Souza/LeiaJáImagens

Em meio a uma forte crise de saúde, causada pela alta da segunda onda da pandemia no estado amazonense, a cidade de Manaus já recebeu os primeiros lotes da vacina contra a Covid e deu início à imunização dos grupos prioritários. Porém, a vacinação na capital do Estado começou cercada de denúncias. Segundo a página Bora Conversar Política, o prefeito David Almeida (Avante) teria nomeado os filhos dele e de alguns empresários para cargos comissionados na área de saúde a fim de “furarem a fila” da vacina. Além disso, caixas com o imunizante teriam sido desviados para outros órgãos na cidade. 

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De acordo com os Tweets da “BCPolítica”, o suposto esquema teria sido descoberto após filhas de um empresário do Amazonas terem postado em suas redes sociais fotos durante a vacinação. “Em Manaus, filhos(as) de empresários e políticos que acabaram de se formar em Medicina estão sendo nomeados pelo Prefeito para atuar na linha de frente da COVID-19 e furam fila da vacina. Milhares de doses estão sumindo e ninguém sabe para onde foram”. A denúncia foi feita na madrugada desta quarta (20). 

Além disso, o perfil também indica que alguns lotes da vacina teriam sido desviados para outras áreas, que não a da saúde, na capital amazonense. “Dizem que algumas caixas foram desviadas para o Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Ministério Público, políticos e empresários.” Em um dos comentários da postagem, um seguidor repostou um vídeo no qual David Almeida aparece dizendo que será emitida uma portaria proibindo a publicação de fotos nas redes sociais durante a imunização. 

Entre as postagens, a página também mostrou alguns prints de Isabelle Lins, filha de um empresário amazonense, se defendendo das acusações. Segundo Isabelle, ela é médica formada e, portanto, parte do grupo prioritário na imunização. “Eu sou profissional de saúde e tive o meu direito. Falem qualquer coisa, menos que furei a fila por ser herdeira”. A jovem também disse que entraria com processos caso fosse preciso. 

Procurada pelo LeiaJá, a Prefeitura de Manaus falou sobre as denúncias. Confira a nota na íntegra: 

A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou na tarde desta terça-feira, 19/1, a vacinação dos profissionais de saúde da rede pública da cidade. A equipe de imunização da Semsa iniciou os trabalhos pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), com atendimento exclusivo para casos suspeitos de Covid-19.

Com o baixo volume de doses de vacinas contra a Covid-19 repassado pelo governo do Estado à Prefeitura de Manaus - apenas 40.072 das 282 mil recebidas do Ministério da Saúde, na última segunda-feira, 18 -, o Executivo municipal precisou rever o plano de vacinação.

Do total de doses recebido, a prefeitura reservou 12,2% delas para os profissionais da rede municipal, que estão atuando no enfrentamento à Covid-19.

Com o baixo volume de vacinas, a Semsa solicitou ao Estado a lista de prioridades das suas unidades de média e alta complexidades. No entanto, o documento final só foi enviado por volta das 15h30.

Seguindo a programação, com escolta, a equipe de imunização saiu, às 14h, do complexo oeste da divisão do Programa Nacional Imunização municipal, no bairro da Paz, onde está localizada a rede de frio municipal, onde são armazenadas todas as vacinas.

Com a lista de prioridades da rede de saúde do Estado, a Semsa começa nesta quarta-feira, 20, a vacinação dos profissionais da saúde dos hospitais, prontos-socorros, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Serviços de Pronto Atendimento (SPAs) escolhidos pelo governo.

Sobre o caso das médicas Gabrielle Kirk Lins e Isabbele Kirk Lins, vacinadas neste primeiro dia de imunização, não há nenhuma irregularidade, uma vez que se encontram nomeadas e atuando legitimamente no plantão da unidade de saúde, para a qual foram designadas, em razão da urgência e exceção sanitárias, estabelecidas nos primeiros 15 dias da nova gestão.

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