PF atua contra grupo empresarial que desviou R$ 8 bilhões

Com apoio da Receita Federal, as autoridades identificaram que os sócios do Grupo João Santos realizaram crimes tributários e desviaram os direitos trabalhistas de centenas de funcionários

por Victor Gouveia qua, 05/05/2021 - 08:00
Tânia Rego/Agência Brasil O Grupo João Santos, conhecido pela marca Nassau, enriqueceu com o desvio dos direitos de seus empregados Tânia Rego/Agência Brasil

Na manhã desta quarta-feira (5), a Polícia Federal (PF) cumpre 53 mandados de busca e apreensão em Pernambuco pela Operação Background, que investiga crimes tributários e lavagem de dinheiro superior a R$ 8 bilhões. As autoridades disponibilizaram mais de 240 agentes e também cumprem ordens judiciais em São Paulo, Amazonas, Pará e no Distrito Federal

Com apoio da Receita Federal e da Procuradoria Regional da Fazenda, a PF apura uma organização criminosa responsável por crimes tributários e financeiros, fraude à execução e contra a organização do trabalho por uma organização criminosa formada por integrantes de um dos maiores grupos empresariais do Nordeste, o Grupo João Santos, conhecido por produzir o cimento Nassau, com atuação em todo o Brasil.

A investigação aponta um prejuízo de aproximadamente R$ 8.644.641.483,69 aos cofres públicos, ocasionado por um sofisticado esquema contábil-financeiro, que desviou o patrimônio das empresas do grupo e transferiu para os sócios e seus respectivos 'laranjas'. A movimentação visava evitar o pagamento de tributos e direitos trabalhistas de centenas de funcionários.

Desde 2016 os ex-empregados protestam pelo pagamento dos acordos trabalhistas aos que aderiram ao Programa de Demissão Voluntária (PDV). Eles apontam que não receberam os valores prometidos em negociações judiciais que, na época, resultaram em dois leilões de bens do Grupo.

A 4ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco também autorizou o sequestro e o bloqueio de bens dos suspeitos e dos valores investigados para reparar o dano à União através dos débitos tributários e liquidar os créditos trabalhistas de centenas de trabalhadores.

"As empresas do grupo investigado deixaram centenas de trabalhadores sem receber salários e outros direitos trabalhistas, sendo um dos objetivos da investigação permitir que essas famílias de trabalhadores recuperem os seus direitos por meio da Justiça do Trabalho", aponta a comunicação da PF em nota. 

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