Dia da mulher engenheira ocorre nesta terça (22)

Profissional conta quais foram seus maiores desafios para conquistar uma posição no mercado de trabalho

por Rafael Sales ter, 22/06/2021 - 20:35
Arquivo Pessoal /Denise Pavan Limpias Denise Pavam Limpias, gravida de cinco meses, trabalhando em obra do metrô em Dubai Arquivo Pessoal /Denise Pavan Limpias

Nesta terça-feira (22), comemora-se o Dia Internacional da Mulher Engenheira. A data foi instituída pela organização britânica Women’s Engineering Society (WES) e visa fortalecer o espaço conquistado pelas mulheres em uma área profissional com índices desproporcionais de ocupação masculina. De acordo com o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgado em outubro de 2019, apenas 37% dos formandos na área de Engenharia, Produção e Construção, são do sexo feminino.

Este é o caso de Denise Pavan Limpias, 41 anos, engenheira elétrica. A profissional conta que no período de sua graduação havia seis turmas de 120 alunos, sendo que em cada turma tinham no máximo 10 mulheres. Ao final de seus estudos, quando já estava na área de especificação, a turma de eletrotécnica tinha 25 alunos e três mulheres e até mesmo no mercado de trabalho Denise pôde perceber essa desproporção. “Eu trabalhei em obras no interior de São Paulo, na capital, no Rio de Janeiro e em uma obra de construção de metrô no Catar. E sim, no mundo todo, é massiva a presença masculina. Tanto em projetos, quanto na área da construção”.

Por conta do alto número de homens que compõem os ciclos profissionais, a engenheira conta que desde o começo sofreu preconceito, porque costumava trabalhar em obras. “No começo duvidavam bastante da minha capacidade, eu demorava um tempo para ganhar o respeito deles. Eu acho que a gente, como mulher na obra, tem muito a contribuir e deveria sim ser igualitário”. Apesar da presença masculino em peso, em alguns cargos já é possível ver uma crescente no número de mulheres. “Eu percebo que hoje em dia temos mais mulheres atuando nos cargos de coordenação, administração e gerência de obra”, aponta.

A profissional esteve a trabalho no Brasil de 1998 até 2013, após isto, ela teve a oportunidade de trabalhar em uma construção de linha de metrô em Dubai. “Eu sofri muito preconceito por aquela área no Oriente Médio ser muito machista”. Denise era a única mulher nesta ocasião, apesar de depois ter chegado uma coordenadora proveniente de uma empresa chinesa. “É engraçado porque no decorrer do tempo eles [homens no trabalho] iam me respeitando mais, por causa do meu conhecimento e experiência. Eles mandavam mensagem para os meus gerentes, me elogiando e como eu aguentava o calor, em sensação térmica de 50° C”, relembra Denise.

A engenheira já havia provado para sua equipe que estava apta a trabalhar nessas condições, até que veio sua maior dificuldade: a gravidez durante o trabalho em Dubai. “Quando eu engravidei, eu não contei para ninguém. Eu tinha que tomar quatro litros de água por dia, devido ao ambiente externo sem ar condicionado. Eu escondi a barriga com roupas largas e ninguém ficou sabendo até os seis meses de gravidez, quando não dava mais para esconder. Todos queriam que eu voltasse ao escritório para sair da obra, mas eu não parei. Eu trabalhei até os sete meses, atuando da mesma maneira, só que carregando um galão de água comigo”.

Uma história, uma inspiração

Toda essa jornada no campo da engenharia começou quando Denise ainda era uma adolescente e trabalhava com entrega de marmita. Alguns dos compradores que eram arquitetos e engenheiros a convidaram para ver os computadores, os projetos, maquetes e plantas. “Eu fiquei apaixonada por aquilo”, afirma a profissional. Após iniciar um um curso técnico em edificações, Denise pôde perceber que na área de engenharia, cada profissional pode ter sucesso e reconhecimento profissional. E assim aconteceu, até que se formou em engenharia elétrica no ano de 2007.

Mesmo com as dificuldades, Denise conquistou seu lugar no mercado de trabalho, seja no Brasil ou no exterior e o Dia Internacional da Mulher Engenheira celebra esta e outras histórias de superação feminina. De acordo com Denise: “assim como outras datas importantes, essa é significativa porque dá exemplo para outras mulheres que estão começando uma carreira, que tem o sonho de ser engenheira, a se inspirarem. Saber que temos capacidade, temos qualidade e que conseguimos chegar onde quer que seja”, finaliza.

 

 

Dia da mulher engenheira ocorre nesta terça (22)

Profissional conta quais foram seus maiores desafios para conquistar uma posição no mercado de trabalho

 

Nesta terça-feira (22), comemora-se o Dia Internacional da Mulher Engenheira. A data foi instituída pela organização britânica Women’s Engineering Society (WES), e visa fortalecer o espaço conquistado pelas mulheres em uma área profissional com índices desproporcionais de ocupação masculina. De acordo com o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgado em outubro de 2019, apenas 37% dos formandos na área de Engenharia, Produção e Construção, são do sexo feminino.

Este é o caso de Denise Pavan Limpias, 41 anos, engenheira elétrica. A profissional conta que no período de sua graduação, haviam seis turmas de 120 alunos, sendo que em cada turma tinham no máximo 10 mulheres. Ao final de seus estudos, quando já estava na área de especificação, a turma de eletrotécnica tinha 25 alunos e três mulheres, e até mesmo no mercado de trabalho Denise pôde perceber essa desproporção. “Eu trabalhei em obras no interior de São Paulo, na capital, no Rio de Janeiro, e em uma obra de construção de metrô no Catar. E sim, no mundo todo, é massiva a presença masculina. Tanto em projetos, quanto na área da construção”.

Por conta do alto número de homens que compõem os ciclos profissionais, a engenheira conta que desde o começo sofreu preconceito, porque costumava trabalhar em obras. “No começo duvidavam bastante da minha capacidade, eu demorava um tempo para ganhar o respeito deles. Eu acho que a gente, como mulher na obra, tem muito a contribuir, e deveria sim ser igualitário”. Apesar da presença masculino estar em peso, em alguns cargos já é possível ver uma crescente no número de mulheres. “Eu percebo que hoje em dia temos mais mulheres atuando nos cargos de coordenação, administração e gerência de obra”, aponta.

A profissional esteve a trabalho no Brasil de 1998 até 2013, após isto, ela teve a oportunidade de trabalhar em uma construção de linha de metrô em Dubai. “Eu sofri muito preconceito por aquela área no Oriente Médio ser muito machista”. Denise era a única mulher nesta ocasião, apesar de depois ter chegado uma coordenadora proveniente de uma empresa chinesa. “É engraçado porque no decorrer do tempo eles [homens no trabalho] iam me respeitando mais, por causa do meu conhecimento e experiência. Eles mandavam mensagem para os meus gerentes, me elogiando e como eu aguentava o calor, em sensação térmica de 50°C”, relembra Denise.

A engenheira já havia provado para sua equipe que estava apta a trabalhar nessas condições, até que veio sua maior dificuldade: a gravidez durante o trabalho em Dubai. “Quando eu engravidei, eu não contei para ninguém. Eu tinha que tomar quatro litros de água por dia, devido ao ambiente externo sem ar condicionado. Eu escondi a barriga com roupas largas e ninguém ficou sabendo até os seis meses de gravidez, quando não dava mais para esconder. Todos queriam que eu voltasse ao escritório para sair da obra, mas eu não parei. Eu trabalhei até os sete meses, atuando da mesma maneira, só que carregando um galão de água comigo”.

Uma história, uma inspiração

Toda essa jornada no campo da engenharia começou quando Denise ainda era uma adolescente, e trabalhava com entrega de marmita. Alguns dos compradores que eram arquitetos e engenheiros a convidaram para ver os computadores, os projetos, maquetes e plantas. “Eu fiquei apaixonada por aquilo”, afirma a profissional. Após iniciar um um curso técnico em edificações, Denise pôde perceber que na área de engenharia, cada profissional pode ter sucesso e reconhecimento profissional. E assim aconteceu, até que se formou em engenharia elétrica no ano de 2007.

Mesmo com as dificuldades, Denise conquistou seu lugar no mercado de trabalho, seja no Brasil ou no exterior, e o Dia Internacional da Mulher Engenheira celebra esta e outras histórias de superação feminina. De acordo com Denise: “assim como outras datas importantes, essa é significativa porque dá exemplo para outras mulheres que estão começando uma carreira, que tem o sonho de ser engenheira, a se inspirarem. Saber que temos capacidade, temos qualidade e que conseguimos chegar onde quer que seja”, finaliza.

 

Palavras-Chave: Engenheira, Mulher, Dia Internacional, Obras, Brasil, Dubai

COMENTÁRIOS dos leitores