Comunidade pede recuperação do Rio Tatuoca, em Ipojuca

Curso d’água, fundamental para a subsistência da população quilombola da Ilha de Mercês, foi interrompido por um dique que dá passagem ao Estaleiro Atlântico Sul, em Suape

seg, 26/07/2021 - 14:14
Divulgação/Forum Suape Fórum Suape argumenta que o dique não possui licenciamento ambiental. Divulgação/Forum Suape

A comunidade quilombola de Ilha Mercês, localizada no município de Ipojuca lança, nesta segunda (26), ao lado do Fórum Suape e da Ação Comunitária Caranguejo Uçá, uma campanha para cobrar a recuperação do Rio Tatuoca, essencial para a subsistência da população. O curso d’água foi interrompido por um dique, o qual a princípio deveria ser provisório, construído para dar acesso ao Estaleiro Atlântico Sul, em Suape. Intitulada “Rio livre, mangue vivo”, a iniciativa conta com apoio das organizações Both ENDS e Fundo Casa Socioambiental.

A luta da comunidade contra o fechamento do rio ocorre há mais de dez anos.De acordo com o Fórum Suape, o dique permanece no local bloqueando a foz do rio, sem possuir licenciamento ambiental. A instituição aponta que a estrutura é ilegal e impede o meio de vida de mais de 213 famílias quilombolas, além de causar danos graves ao ecossistema de mangue existente no local.

“O maior desejo dessa comunidade tradicional é ver o rio livre, o mangue vivo e, assim, poder restaurar seu modo de vida. O rio e o mangue são as principais fontes de sustento da comunidade e ter os dois vivos e preservados é preservar também o povo de Mercês.A data de 26 de julho, inclusive, não foi escolhida à toa para o lançamento da Campanha. Trata-se do Dia Mundial da Proteção aos Manguezais, e também o dia de Nanã, orixá da terra molhada e da vida que dela brota. No lançamento, pescadores e pescadoras sairão em barqueata, num ato simbólico, para exigir a reabertura total do rio”, informa o Fórum Suape, em comunicado à imprensa.

A campanha, voltada para a divulgação da causa, contará com a publicação, nas redes sociais, de peças de comunicação (fotos, vídeos, podcasts etc.) abordando os problemas envolvidos no fechamento do rio e as dificuldades da população para sobreviver sem sua preservação. As peças apresentam, sobretudo, a visão dos moradores da comunidade de Mercês, de pescadores e pescadoras afetados pelo barramento, de representantes da sociedade civil, pesquisadores, comunicadores, bem como de membros de organizações jurídicas.

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